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Estado de Minas MACI�OS EM PERIGO

Risco m�ximo: barragem amea�a comunidade, BR-381 e reservat�rio Rio Manso

Semelhante a uma cidade-fantasma, �rea de influ�ncia imediata de barragem da reserva de Serra Azul, em Itatiaiu�u, se degradou. Moradores pedem respostas


09/03/2022 06:00 - atualizado 09/03/2022 16:41

Moradores foram evacuados das imediações da área do dique há três anos
Imagens feitas por drone da reserva mineral mostram reservat�rio j� classificado no n�vel 3 de emerg�ncia, o mais cr�tico (foto: Mateus Parreiras/EM/D.A Press)

Itatiaiu�u – Um gigante de 89 metros de altura e 5 milh�es de metros c�bicos de rejeitos de min�rio de ferro, – que se projeta sobre Itatiaiu�u, o reservat�rio Rio Manso, da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), e a rodovia BR-381 (Fern�o Dias) –, ingressou no grupo de amea�a mais cr�tica de barramentos em Minas. A barragem da Mina de Serra Azul (C�rrego Fundo), operada pelo grupo sider�rgico ArcelorMittal, atingiu o n�vel 3 de emerg�ncia. Nessa classifica��o, est� sob risco iminente de rompimento. A estrutura tem metade da capacidade do reservat�rio que se rompeu no munic�pio de Brumadinho, em 2019.

Abaixo da barragem da ArcelorMittal, localizada na Grande Belo Horizonte, o Plano de A��o de Emerg�ncia (PAE) contemplava 200 pessoas diretamente impactadas, mas a empresa j� evacuou essa �rea redirecionando as fam�lias e restringindo o acesso � mancha de inunda��o. Um dos poss�veis locais afetados � a Barragem de Rio Manso, principal reservat�rio de �gua da regi�o metropolitana da capital mineira, respons�vel por cerca de 35% do que � captado e distribu�do a 6 milh�es de pessoas.

A ArcelorMittal desenvolve junto da Copasa e da empresa Arteris/Fern�o Dias, a concession�ria que administra a BR-381, formas de conter os rejeitos de um poss�vel rompimento com obras e estruturas, bem como planos de desvios de rodovias. A situa��o da barragem se degradou, pois a nova Resolu��o da Ag�ncia Nacional de Minera��o 95/2022, determina crit�rios pr�prios para a classifica��o de risco e n�o apenas de auditorias externas contratadas pelas mineradoras.

Casa de Hernâni Pereira Neves está no caminho que os rejeitos de minério podem percorrer, em caso de rompimento da barragem em Itatiaiuçu
''Agora � s� medo e lembran�a'' - Hern�ni Pereira Neves, morador retirado de casa (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)

De acordo com esses crit�rios, o n�vel 1 de emerg�ncia � usado quando se identifica uma anomalia ou avaria que pode comprometer a estabilidade da barragem. O n�vel 2, que era aquele em que a Barragem de Serra Azul se encontrava, define est�gio de anomalias que n�o foram sanadas pelas interven��es previstas no n�vel anterior e demanda a evacua��o das Zonas de Auto Salvamento. O n�vel 3 � o de ruptura iminente ou em andamento.

Outras tr�s barragens se encontram no mesmo est�gio. S�o elas Forquilha III, em Outro Preto, na Regi�o Central do estado; B3/B4, em Macacos, Nova Lima, no entorno de BH, e Sul Superior, no munic�pio de Bar�o de Cocais, todas controladas pela mineradora Vale e em processo de descaracteriza��o. A express�o � usada quando as estruturas s�o desmanchadas e a �rea reintegrada ao meio ambiente. O perigo � t�o alto e os trabalhos t�o delicados que a Vale n�o utiliza trabalhadores de forma presencial nesses maci�os, recorrendo a maquin�rio controlado remotamente.

A reportagem do Estado de Minas esteve na �rea da barragem da mina de Serra Azul e constatou cuidados diferentes. Diversos oper�rios perambulavam por entre as vias formadas pelos an�is de encostas (taludes) que foram sucessivamente aumentadas (alteadas) ao longo da vida do represamento, bem como o tr�nsito de ve�culos da mina pelos mesmos espa�os.

Por respostas 

Abaixo desse gigante amea�ador, a comunidade vive com medo, mesmo quem n�o mora mais na chamada Zona de Auto Salvamento, a �rea por onde os rejeitos passariam em caso de rompimento. Ela � t�o cr�tica que n�o haveria tempo para uma evacua��o coordenada pelos �rg�os de defesa civil, restando a cada pessoa salvar a si pr�pria. Em caso de tentar ajudar algu�m com dificuldades motoras, correria perigo.

Desde 8 de fevereiro de 2019, as pessoas que viviam na parte amea�ada do distrito de Pinheiros tiveram de deixar suas casas. Nesses tr�s anos, receberam aluguel pago pela empresa que opera a mina, mas elas querem uma defini��o se poder�o retornar para suas casas, Muitos est�o insatisfeitos e chegaram a se manifestar pelas ruas no in�cio do m�s passado.

O distrito se tornou uma cidade-fantasma. V�rios im�veis est�o abandonados, n�o apenas na Zona de Auto Salvamento. Quase n�o se encontra moradores em deslocamento pelas ruas. Os poucos com�rcios ainda abertos ficam �s moscas. No alto da comunidade, v�rias torres com sirenes foram posicionadas cercando o Pinheiros para alertar as pessoas em caso de rompimento.

Pelas ruas, o problema � lembrado a todo momento, com a distribui��o de dezenas de placas de alerta que direcionam o tr�fego por rotas seguras de fuga e a pontos de encontro para a comunidade, em caso de lama e rejeitos descerem da mina e a evacua��o imediata ser necess�ria.

Todos os acessos � Zona de Auto Salvamento est�o fechados com cavaletes, cones e outras barreiras que s�o controladas por seguran�as da ArcelorMittal equipados com r�dios. At� mesmo os moradores dessa �rea precisam de autoriza��o para prosseguir, sendo levados pelos ve�culos da empresa e tendo depois de deixar os seus im�veis tamb�m a bordo desses ve�culos at� que deixem a zona quente.

Sem futuro 

Por v�rios desses acessos foram instaladas faixas com reclama��es a respeito da empresa mineradora, do valor dos im�veis estimados pela prefeitura, bem como protestos pela indefini��o do destino das pessoas deslocadas depois de tr�s anos. Um dos atingidos � o aposentado Hern�ni Pereira Neves, de 68 anos, que precisou deixar a casa onde pretendia viver pelo resto da vida porque o im�vel est� situado no caminho que os rejeitos percorreriam.

“Essa situa��o espantou as pessoas daqui, mas quem ainda tem a sua casa n�o sai de perto. A minha casa era toda cercada, tinha �rea e quintal para a gente ter as planta��es e ter a nossa liberdade. Com o aluguel que me passaram tive de viver em uma casa muito abaixo, muito pior. Agora, arrumei o lote onde estou morando com a fam�lia e aos poucos vou tentando arrumar, com o que sobra de dinheiro”, conta.

O aposentado afirma ter medo de ir at� o seu lote na Zona de Auto Salvamento e acabar sendo pego por um rompimento enquanto tenta conservar as coisas que ficaram para tr�s. “Sem falar que a gente ter de ir para a pr�pria casa acompanhado � muita humilha��o. Parece at� que a gente � ladr�o. Mas a casa � nossa, eles vieram depois e t�m de resolver. At� quem n�o tem nada no caminho da barragem est� indo embora, n�o tem mais emprego, n�o tem mais a vida que a gente tinha. Agora � s� medo e lembran�a. Ningu�m sabe como vai ser amanh�", lamenta.

ArcelorMittal diz atuar com refor�o de medidas

A ArcelorMittal informou que medidas est�o sendo adotadas para garantir a seguran�a do Sistema Rio Manso e da BR-381. “A empresa est� construindo uma Estrutura de Conten��o a Jusante (ECJ), que conter� os rejeitos na hip�tese de rompimento da barragem. Adicionalmente, planos de a��es espec�ficos para o per�odo de constru��o foram acordados junto � COPASA e ARTERIS prevendo, dentre outras medidas, a instala��o de cortinas de reten��o de sedimentos no reservat�rio, estudos de viabilidade t�cnica e temporal de capta��o alternativa emergencial e defini��o de rotas alternativas para o tr�fego na regi�o”.

A companhia afirma que a reclassifica��o “em nada mudou as condi��es de seguran�a da barragem. Desde 2019, a empresa optou por adotar, preventivamente, medidas de seguran�a superiores �s exigidas pela legisla��o, incluindo a realoca��o da comunidade”, destaca em resposta ao EM.

Segundo a ArcelorMittal, o acesso de trabalhadores na estrutura se d� em car�ter extraordin�rio, mediante ado��o de procedimentos pr�vios de seguran�a e com objetivo exclusivo de manuten��o da estrutura. De acordom com a empresa,“boa parte desses servi�os � feita de maneira automatizada e � dist�ncia”.

Em rela��o ao plano de descaracteriza��o da barragem, no dia 25 de fevereiro deste ano, a ArcelorMittal firmou Termo de Compromisso com autoridades estaduais e federais, que estabeleceu o prazo de novembro de 2022 para a apresenta��o do projeto de descaracteriza��o da barragem.

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (SEMAD) informou que ao atingir o n�vel 3 de emerg�ncia os operadores das barragens ficam sujeitos a uma s�rie de responsabilidades, “tais como: plano de mitiga��o do carreamento de rejeitos, res�duos ou sedimentos para os corpos h�dricos da �rea da mancha de inunda��o; e invent�rio dos usos e interven��es em recursos h�dricos existentes na �rea da mancha de inunda��o, bem como o respectivo plano de garantia de disponibilidade de �gua bruta”. A Semad informou, ainda, que a ArcelorMittal n�o reportou “nenhuma altera��o no estado de conserva��o da barragem. A comunidade j� havia sido evacuada da Zona de Auto Salvamento (ZAS) em 2019”. (MP)

Instabilidade


Est�gios da emerg�ncia em barragens em Minas Gerais e as estruturas classificadas

N�vel de Alerta

Anomalia que n�o implica risco imediato para a seguran�a, mas requer ser controlada e monitorada

N�vel de Emerg�ncia 1

Categoria de risco alto, caracterizando situa��o de potencial comprometimento, com necessidade de obras corretivas e monitoramento, e interrup��o do lan�amento de efluentes ou rejeitos

19 reservat�rios inclu�dos:

Sul Inferior (Bar�o de Cocais), Mar�s 2 (Belo Vale), Santana (Itabira), Sistema Pontal (Itabira), Borrachudos 2 (Itabira), Maravilhas 2 (Itabirito), Campo Grande (Mariana), Vargem Grande (Nova Lima), Dique B (Nova Lima), Peneirinha (Nova Lima), Cinco MAC (Nova Lima), Barragem do Doutor (Ouro Preto),  Norte Laranjeiras (S�o Gon�alo do Rio Abaixo),  Dic�o Leste (Catas Altas), Barragem Seis (Nova Lima), Barragem 7A (Nova Lima), Barragem 5 (Nova Lima), Dique Paracatu (Catas Altas) e Dique PDE 3 (S�o Gon�alo do Rio Abaixo)

N�vel de Emerg�ncia 2

Anomalia n�o controlada, que leva � evacua��o da Zona de Auto Salvamento
 
9 barragens inclu�das:

Xingu (Mariana), Capit�o do Mato (Nova Lima), Forquilha 1 (Ouro Preto), Forquilha 2 (Ouro Preto), Barragem Auxiliar B2 (Rio Acima), �rea 9 (Ouro Preto), Dique de Pedra (Ouro Preto) e Dique Cachoeirinha (Lisa) (Brumadinho)

N�vel de Emerg�ncia 3

Ruptura iminente ou em progresso

4 reservat�rios inclu�dos:
 
Sul Superior (Bar�o de Cocais), Barragem Mina Serra Azul (Itatiaiusul), B3/B4 (Macacos/Nova Lima) e Forquilha 3 (Ouro Preto)

Fonte: ANM e Feam


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