
O casal Felipe Magnani Mesquita, de 34 anos, e Gabriela, de 30, cuida de uma propriedade que vive por meio de nascentes que v�m da serra. Com a �gua eles irrigam uma horta hidrop�nica, criam cerca de 4 mil til�pias e ainda conseguem aproveitar o espa�o para receber turistas.
“Moro aqui na serra do curral, trabalho aqui nesse local onde eu sobrevivo com a �gua da Serra do Curral, �gua cristalina que abastece minha cria��o de peixes, minha horta sem agrot�xicos, sustent�vel. Ent�o eu amo esse lugar, eu preservo esse lugar, eu cuido desse lugar e eu gostaria que o mesmo fosse feito por todos”, conta Gabriela.
Instalados em uma �rea j� cercada por atividades mineradoras de menor porte (se comparadas ao projeto da Tamisa), eles convivem com o medo de ver o avan�o sobre as �reas verdes minar n�o apenas a riqueza ambiental da regi�o, como tamb�m a possibilidade de um usufruto sustent�vel das caracter�sticas naturais do local.
“Meu medo � ficarmos sem essa �gua, uma �gua cristalina, sem impureza, sem esgoto e est� a� dispon�vel o meio ambiente proporciona pra gente e eu acredito que vou enxergar com meus olhos essa �gua jorrando aqui at� eu morrer. Essa instala��o pode causar a escassez desses recursos h�dricos em um momento em que a gente vive uma luta pela �gua, sou totalmente contra essa degrada��o, esse preju�zo pelo meio ambiente e porque vai me afetar diretamente”, comenta Gabriela.

O risco �s nascentes e ao abastecimento de �gua � uma das preocupa��es levantadas por ambientalistas, que temem que estruturas respons�veis por levar 70% da �gua consumida por moradores de BH e 40% da Regi�o Metropolitana sejam comprometidas pelo empreendimento.
Felipe Mesquita explica que, para a popula��o de Sabar�, o contato com a atividade mineradora n�o � uma novidade. Ainda assim, eles percebem um aumento do movimento na regi�o e o �nico contato entre as empresas e os moradores � feito atrav�s de caminh�es em profus�o.
“Eles n�o v�m falar nada, a gente vem vendo aqui � muito fluxo de caminh�o, dia e noite, inclusive tem muitos caminh�es a� sem seta, que n�o tem nem placa para falar a verdade. � um perigo que a gente tem nessas estradas, um risco aos recursos h�dricos e aos animais que vivem aqui. A gente tem macaco aqui, n�o � mico, � macaco. Eu fico me perguntando se tem lugar para esses animais que vivem aqui”, protesta.

Riqueza natural sob risco
Aos fundos da propriedade onde Felipe e Gabriela trabalham se encontra uma das grandes atra��es naturais e tur�sticas: uma cascata com �gua cristalina que vem direto da serra, forma o Riacho Tri�ngulo e des�gua no Rio das Velhas.
Gabriela conta que a cascata se encontra entre duas propriedades privadas, uma da Igreja Cat�lica e outra da Companhia de Desenvolvimento Econ�mico de Minas Gerais (Codemig), que votou a favor da Tamisa no Conselho Estadual de Pol�tica Ambiental (Copam).
O casal teme que a explora��o da Serra do Curral seque ou polua a fonte que abastece o riacho, mas se diz esperan�oso sobre a possibilidade de barrar a minera��o no local. “Eu fico feliz de ver muitas pessoas se unindo contra essa situa��o, porque n�o pode ficar assim”, disse Felipe.
