
O ex-delegado detalhou como foi feita a investiga��o do caso e descarta que Ant�rio seja o mandante da chacina. Ele acredita que o irm�o Norberto � que ordenou as mortes dos fiscais.
“Se tivesse mais alguma coisa em rela��o ao Ant�rio, eu teria investigado.”
Ant�nio contou que estava em Bras�lia e foi acionado para ir at� Una�. Segundo ele, v�rios fazendeiros eram suspeitos, principalmente porque o fiscal Nelson Soares da Silva era conhecido por ser rigoroso nas fiscaliza��es.
Ele disse que, com base nas investiga��es, Norberto M�nica seria o principal interessado no crime, embora outros irm�os da fam�lia estivessem sendo investigados, al�m de outros fazendeiros da regi�o.
Segundo o ex-delegado, Nelson deveria ser morto em Paracatu, mas por v�rios problemas a a��o foi adiada.
A �nica suspeita em rela��o a Ant�rio foi que funcion�rios do Minist�rio do Trabalho relataram duas liga��es dele para saber se havia alguma ocorr�ncia com fiscais. Mas a testemunha disse que eles n�o conseguiram determinar que o telefonema foi feito de forma privilegiada, ou seja que s� Ant�rio poderia saber do fato.
Ele afirmou que nunca sofreu qualquer press�o para n�o investigar os fazendeiros de Una�.
Ind�cios t�nues
O ex-delegado disse que relatou o inqu�rito, fez an�lise t�cnica, com provas. “S� indiciamos quem t�nhamos alguma prova concreta. As provas e ind�cios contra Anterio eram muito t�nues. Nas intercepta��es o nome dele n�o apareceu em nada relacionado ao crime.”
“Tenho �tica profissional de indiciar somente quem tem pelo menos alguma prova. Se fosse me apegar a coisas que ouvi, teria que indiciar metade da cidade de Una�, todos os fazendeiros”, completou.
Ele afirmou que apesar de checar diversas conversas, fruto de intercepta��es telef�nicas, nunca escutou que Ant�rio teria interesse na morte dos fiscais. J� Norberto sim, principalmente porque ele era muito amigo de Hugo Alves Pimenta, considerado intermedi�rio do crime.
O ex-delegado disse que Hugo reclamou dos fiscais para Chico Pinheiro, outro intermedi�rio. E Pinheiro teria dito que arrumaria os pistoleiros para mat�-los.
Na �poca do pagamento de Chico Pinheiro, segundo as investiga��es, Pimenta descontou um cheque de R$ 40 mil, quantia pr�xima da que Chico Pinheiro recebeu. Ele chegou com R$ 39 mil em dinheiro para pagar os pistoleiros.
MP questiona andamento de investiga��o
Membros do Minist�rio P�blico questionaram o ex-delegado sobre n�o dar andamento � investiga��o do Fiat Marea.
Ele disse que investigadores levantaram quantos ve�culos da marca estavam registrados em Una�, mas que n�o conseguiram provas de que o Marea escuro relatado no depoimento do pistoleiro Willian Gomes pertencia a Hugo Pimenta ou � esposa de Ant�rio.
Os assistentes de acusa��o e os membros do Minist�rio P�blico questionaram o fato de algumas dessas dilig�ncias n�o terem sido juntadas aos autos do processo.
Julgamento retomado
Ap�s um intervalo, o julgamento recome�ou com o depoimento de Jos� M�rio Karmircsak, conhecido como Juca. Ele era gerente da Cooperativa Agr�cola de Una� (Coagril). Ant�rio era um dos diretores da cooperativa.
No dia da chacina, ao ficar sabendo sobre a morte dos fiscais, Juca ligou para Ant�rio. Ele disse que o contato foi feito em raz�o do v�nculo de amizade entre eles.
“Ele foi o primeiro presidente da cooperativa e me convidou para tomar o lugar dele. T�nhamos um projeto pol�tico, ele estava se candidatando � prefeitura. Dentro de uma hierarquia da cooperativa, sem nenhuma inten��o liguei pra ele.”
Perguntado pelo representante do Minist�rio P�blico (MP) se o relacionamento com Ant�rio pode interferir nos seus esclarecimentos, Juca respondeu que n�o.
Ele disse ainda que n�o tinha conhecimento sobre as irregularidades nas fazendas de Ant�rio. “Sabia que ele cumpria todas as exig�ncias.”
Diante dos relatos feitos pelo MP de jornadas de trabalho excessivas por parte dos funcion�rios nas fazendas de Ant�rio, a testemunha preferiu n�o comentar. Disse ainda que n�o soube das amea�as sofridas pelos fiscais.
Juca � a segunda das seis testemunhas arroladas pela defesa. A ju�za ainda pretende ouvir o depoimento das demais ainda nesta quarta-feira.
A Chacina de Una�
Em 28 de janeiro de 2004, Erat�stenes de Almeida Gon�alves, Jo�o Batista Soares Lage e Nelson Jos� da Silva foram assassinados a tiros em uma emboscada quando investigavam condi��es an�logas � escravid�o na zona rural de Una�, incluindo as propriedades da fam�lia M�nica. O motorista Ailton Pereira de Oliveira, que acompanhava o grupo, tamb�m foi morto.
Al�m de Ant�rio M�nica, o irm�o dele, Norberto, foi condenado como outro mandante da chacina. Ele, por�m, est� em liberdade. Outros condenados pelos crimes foram Hugo Alves Pimenta, Jos� Alberto de Castro, Erinaldo de Vasconcelos Silva, Rog�rio Alan Rocha Rios e Willian Gomes de Miranda, que cumprem pena na pris�o.