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Estado de Minas BARRAGEM DO FUND�O

Atingidos de Mariana vencem apela��o e podem processar BHP no Reino Unido

Processo tem valor calculado em R$32 bilh�es. A decis�o foi proferida nesta sexta-feira (08/07), pelo Tribunal de Apela��o (Divis�o Civil), em Londres


08/07/2022 06:42 - atualizado 08/07/2022 17:12

Helicóptero da Polícia Militar sobrevoa Bento Rodrigues, povoado de mariana mais devastado pelo rompimento da Barragem do Fundão casas cobertas por rejeitos
Helic�ptero da Pol�cia Militar sobrevoa Bento Rodrigues, povoado de Mariana mais devastado pelo rompimento (foto: Antonio Cruz/ Ag�ncia Brasil)
A Justi�a do Reino Unido considerou que os atingidos pelo rompimento da Barragem do Fund�o, em Mariana, podem processar a mineradora BHP Billiton nas cortes brit�nicas. A decis�o foi proferida nesta sexta-feira (08/07), pelo Tribunal de Apela��o (Divis�o Civil), em Londres.

Todos os pontos requeridos pelos advogados dos brasileiros foram contemplados e podem ir a julgamento. Havia receio de que apenas os munic�pios que integram a a��o pudessem ter o direito de processar a companhia de capital ingl�s e australiano que, ao lado da Vale, controla a Samarco, mineradora que operava a barragem rompida no Brasil.

Em 2018, advogados ingleses e brasileiros do escrit�rio PGMBM ingressaram com a a��o internacional pedindo que a mineradora BHP Billiton indenizasse em 5 bilh�es de libras (mais de R$ 32 bilh�es) os atingidos, munic�pios e empresas afetados pelo rompimento, ocorrido em 5 de novembro de 2015.

A reportagem do Estado de Minas revelou com exclusividade o processo quando esse come�ou a ser elaborado, em Mariana, e acompanha seus desdobramentos desde 2018, tendo duas vezes feito a cobertura dos julgamentos que antecederam a admiss�o do processo, em 2020 e em 2022, em Manchester e em Londres.

A admiss�o da causa nos tribunais do Reino Unido renova a esperan�a dos cerca de 200 mil atingidos representados pelo escrit�rio anglo-brasileiro PGMBM, que at� o momento n�o foram compensados no Brasil pela trag�dia ocorrida em 2015.

Ap�s a ruptura do barramento, 19 pessoas morreram, 500 mil foram atingidas e 40 milh�es de metros c�bicos de min�rio de ferro foram despejados na Bacia Hidrogr�fica do Rio Doce, entre Minas Gerais e o Esp�rito Santo, chegando at� o Oceano Atl�ntico.

Tamb�m ingressaram na a��o 25 munic�pios mineiros e capixabas, incluindo de Mariana, cinco autarquias, seis institui��es religiosas e 530 empresas de diferentes portes.

A BHP Billiton pode recorrer em at� 28 dias para ter direito a uma an�lise da Suprema Corte, mas o recurso nessa inst�ncia normalmente s� � aceito quando se trata de um ponto considerado de import�ncia p�blica.

Na primeira inst�ncia, o juiz da Corte de Justi�a Civil de Manchester considerou que seria um abuso de jurisdi��o julgar a BHP ao mesmo tempo que processos ocorrem no Brasil. J� os advogados da PGMBM afirmam que n�o h� justi�a suficiente sendo feita no Brasil.

Em uma primeira decis�o, a Corte de Apela��o manteve a decis�o de primeira inst�ncia. Mas uma conting�ncia do c�digo civil para que grandes injusti�as n�o sejam cometidas foi concedida aos atingidos e por isso ocorreu nova apela��o.

Atingidos, desalojados de Bento Rodrigues se juntaram em protestos pelas ruas cobertas de rejeitos nas ruinas do povoado atingido pelo rompimento da Barragem do Fundão em Mariana
Atingidos, desalojados de Bento Rodrigues se juntaram em protestos. N�o foram reassentados at� hoje (foto: T�lio Santos/EM/D.A.Press)
Ao longo do processo, os advogados da BHP descreveram os esfor�os de repara��o da empresa aos atingidos por meio da Funda��o Renova, apontando que a Justi�a estaria ao alcance de qualquer brasileiro e que um processo na Inglaterra duplicaria a��es j� em curso no Brasil.

Por outro lado, os advogados dos atingidos, do escrit�rio internacional PGMBM, argumentaram que, mais de 6 anos depois do rompimento, n�o h� em curso um processo indenizat�rio que abranja as v�timas no Brasil e possibilite uma total compensa��o. Na �tica deles, sendo a BHP um empresa brit�nica, seus clientes poderiam escolher a processar na Inglaterra.

Justi�a no exterior

O desenrolar judicial dos atingidos no Reino Unido

5 de novembro de 2015

» Barragem do Fund�o, operada pela mineradora Samarco, em Mariana, se rompe, liberando 40 milh�es de metros c�bicos de rejeitos de min�rio de ferro. Um contingente estimado em 700 mil pessoas � impactado na Bacia do Rio Doce. Dezenove morreram depois do rompimento, sendo que uma das v�timas n�o teve seu corpo recuperado at� o momento

21 de setembro de 2018

» Sob risco de as a��es de indeniza��o prescreverem ap�s tr�s anos do desastre, o escrit�rio ingl�s SPG Law, atualmente PGMBM, anunciou que ingressaria com a��o em cortes do Reino Unido contra a BHP Billiton SPL, controladora da Samarco ao lado da Vale. Na �poca era estimado em 5 bilh�es de libras

3 de outubro de 2018

» Acordo firmado entre o Minist�rio P�blico, a Samarco e suas controladoras (al�m da BHP, a Vale) previu a interrup��o do prazo legal de prescri��o

2 de Novembro de 2018

» O escrit�rio PGMBM protocola na Justi�a do Reino Unido os pedidos de indeniza��o contra a BHP Billiton SPL representando mais de 200 mil atingidos pelo rompimento da barragem

16 de novembro de 2018

» Funda��o Renova pressiona prefeituras e atingidos a desistir da a��o internacional como condi��o para receber compensa��es acordadas. Advogados do escrit�rio internacional reagem

13 de mar�o de 2020

» A PGMBM apresenta � BHP um amplo conjunto de documentos sustentando que � leg�tima a inten��o dos clientes de moverem uma a��o perante a Justi�a do Reino Unido. H� pareceres de juristas, depoimentos de v�timas e advogados brasileiros que atuaram no Brasil em favor dos atingidos e popula��es afetadas pelo rompimento da barragem de Fund�o

22 a 31 de julho de 2020

» Advogados dos atingidos e da BHP Billiton levam o caso internacional ao Centro de Justi�a C�vel em Manchester, onde o juiz sir Mark Turner julga se as indeniza��es poder�o ser processadas pelas cortes do Reino Unido

9 de novembro de 2020

» O juiz sir Mark Turner considera abusivo o pedido de indeniza��o dos atingidos contra a empresa anglo-australiana BMP Billiton. Advogados das v�timas recorrem

23 de mar�o de 2021

» A Corte de Apela��o em Londres nega o recurso e extingue o caso. Advogados apontam que a decis�o foi tomada fora dos argumentos apresentados, desconsidera precedentes e ainda traz risco de grave injusti�a sobretudo por fatos em andamento no Brasil, como poss�vel suspei��o da Justi�a Federal, pedidos do MP para extin��o da Renova e recupera��o judicial da Samarco

04 de maio de 2021

» Juiz da Corte de Apela��o em Londres se julga suspeito e transfere peti��o ao vice-presidente da institui��o, que reabre a an�lise


27 de julho de 2021

» Tribunal de Apela��o da Royal Courts of Justice de Londres decide que o recurso dos atingidos deve ser novamente ouvido e reabre o processo internacional


14 de outubro de 2021

» Advogados dos atingidos incluem novas provas e atualizam a situa��o dos atingidos para julgamento no Tribunal de Apela��o, em Londres

Entre 4 e 8 de abril de 2022

» Os ju�zes do tribunal de Apela��o ouviram os argumentos da BHP e dos atingidos sobre a admiss�o da a��o no Reino Unido


8 de julho de 2022

» Tribunal de Apela��o em Londres decide que todas as quest�es trazidas pelos atingidos poder�o ser julgadas em processo no Reino Unicdo contra a BHP Billiton. Empresa pode tentar recurso
 
 

O que diz a Funda��o Renova

A repara��o conduzida pela Funda��o Renova se encontra em um momento de avan�os consistentes nos programas que tiveram defini��o clara pelo sistema de governan�a participativo. At� maio, mais de 376 mil pessoas foram indenizadas ou receberam aux�lios financeiros emergenciais, totalizando R$ 9,87 bilh�es pagos a atingidos do Esp�rito Santo e de Minas Gerais.
 
No reassentamento de Bento Rodrigues, 47 casas foram conclu�das e 103 est�o em constru��o. Em Paracatu de Baixo, 36 tiveram as obras iniciadas. Foi conclu�da a implanta��o da restaura��o florestal em �reas onde houve dep�sito de rejeitos. Uma �rea equivalente a 16 mil campos de futebol ser� reflorestada em terrenos n�o impactados por meio de editais de reflorestamento em Minas Gerais e no Esp�rito Santo.

A �gua do rio Doce se encontra em condi��es similares �s anteriores ao rompimento e pode ser consumida ap�s tratamento. Tamb�m foi conclu�do o repasse de R$ 830 milh�es para os estados do Esp�rito Santo e de Minas Gerais e 38 munic�pios para investimentos em educa��o, infraestrutura e sa�de. Cerca de R$ 21,8 bilh�es foram desembolsados nas a��es socioambientais e socioecon�micas.
 



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