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Estado de Minas TR�S ANOS

Entre luto e sequelas, v�timas da Backer aguardam conclus�o de processos

Em janeiro de 2020 dezenas de casos de intoxica��o come�aram a ser ligados � contamina��o da cerveja Belorizontina, da f�brica mineira


04/01/2023 19:30 - atualizado 04/01/2023 20:48
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Vanderlei Oliveira, vítima no Caso Backer
Vanderlei foi uma das primeiras v�timas da cerveja contaminada e ainda lida com sequelas motoras (foto: Marcos Vieira/EM/D.A. Press)

H� tr�s anos, diagn�sticos relacionando pacientes que ingressaram em unidades de sa�de com dores abdominais, v�mitos, problemas renais e altera��es neurol�gicas ao consumo da cerveja Belorizontina, fabricada pela Backer, deixaram a Grande BH em alerta. A contamina��o por dietilenoglicol na produ��o da bebida culminou na morte de dez pessoas. Outras 19 ainda seguem em tratamento enquanto esperam o desfecho de processos judiciais do caso.

Entre o luto e o tratamento das sequelas, v�timas e familiares tamb�m aliaram os �ltimos tr�s anos ao acompanhamento dos processos c�vel e criminal do caso, ambos inconclusos.

Vanderlei de Paula Oliveira foi uma das primeiras v�timas da contamina��o na cerveja. Em fevereiro de 2019, quase um ano antes das primeiras investiga��es que relacionam a Belorizontina � intoxica��o de consumidores, ele deu entrada em um hospital onde ficou internado por cinco meses, sendo tr�s na Unidade de Terapia Intensiva. O caso foi analisado e faz parte da lista das v�timas inclu�das nos processos contra a Backer.

Morador de BH, o especialista em seguran�a da informa��o conta que costumava beber a Belorizontina e relacionou os sintomas que o deixaram hospitalizado � cerveja ap�s o caso ganhar repercuss�o. Ainda hoje, Vanderlei trata as sequelas da contamina��o.

“Foi um tratamento que n�o tinha protocolo. Tentamos todos os tratamentos poss�veis de fisioterapia e de fonoaudiologia. Tiveram evolu��es, mas ainda tenho problemas de mobilidade e de express�o. At� o final do ano passado eu era dial�tico, fazia hemodi�lise quatro vezes por semana e no final do ano passado, o processo de transplante de um dos meus irm�os foi conclu�do e ele conseguiu me doar um rim”, conta Vanderlei, que ainda ressaltou o fato de ter passado pela pandemia com um processo de isolamento ainda mais r�gido por conta da imunossupress�o.

Vanderlei foi uma das quatro v�timas que participaram das oitivas do julgamento do caso, na primeira fase do processo, em maio do ano passado. Tamb�m foram ouvidas 23 testemunhas.

Desde ent�o, o processo est� parado na 2ª Vara Criminal de Belo Horizonte e sem previs�o de data para os passos seguintes. A defesa dos acusados formulou novos quesitos � per�cia t�cnica, todos j� respondidos pela Pol�cia Civil. A pr�xima fase do julgamento � a audi�ncia com testemunhas de defesa e os acusados, grupo que inclui os tr�s propriet�rios da cervejaria, tr�s propriet�rios da empresa Tr�s Lobos, que s�o Ana Paula Lebbos, Munir Lebbos e Salim Lebbos.


� reportagem do Estado de Minas, Vanderlei Oliveira manifestou descontentamento com o andamento do processo criminal e disse que, na vara c�vel, o caso tamb�m n�o teve progressos recentes.

“Do processo criminal, ainda n�o tivemos nenhuma not�cia. � algo que realmente nos estarrece. O c�vel ainda est� em andamento, a �nica parte do processo que ainda est� acontecendo � que foi negociado entre as partes que seria criada uma associa��o das v�timas. Essa associa��o foi criada, por�m ainda n�o temos nenhum resultado pr�tico disso. As v�timas recebem algumas ajudas da Backer, mas elas n�o cobrem todos os custos”, comentou.

A A��o Civil P�blica foi movida pelo Minist�rio P�blico ainda em fevereiro de 2020 contra a cervejaria e seus s�cios e demanda indeniza��o das v�timas. At� o momento j� foram juntadas aos autos a per�cia de engenharia mec�nica e a econ�mica-financeira, mas, de acordo com a assessoria do Tribunal de Justi�a de Minas Gerais (TJMG), algumas quest�es foram levantadas pelas partes e ainda devem ser respondidas pelo perito.

A Backer afirma que um acordo judicial foi feito entre cervejaria, Minist�rio P�blico, v�timas e demais interessados, pelo qual foi institu�do um fundo constitu�do de parcela do faturamento da empresa para indenizar as pessoas que sofreram consequ�ncias diretas.

Ant�nio Carlos de Oliveira foi uma dessas pessoas. O engenheiro mec�nico de 59 anos se coloca � disposi��o de acordos e tenta n�o se preocupar com os processos, mas critica os valores oferecidos pela Backer.

“Eu n�o guardo datas do processo, est� correndo no ritmo da Justi�a brasileira. A Backer, desde o fim de 2020, tem feito os pagamentos. � muito aqu�m do que eu ganhava e do que eu preciso, mas eu sou da opini�o que temos que fazer acordos”, disse.

O tom conciliador e otimista vem de quem ainda precisa viver diariamente ligado �s sequelas da contamina��o ocorrida no final de 2019. Ant�nio Carlos trabalhava h� mais de 30 anos na mesma empresa e estava empolgado com novos projetos quando foi hospitalizado.

“Eu quero viver minha vida da melhor maneira que puder no tempo que ainda falta. Eu fiquei cego, sem os rins e sem andar, estou voltando a andar agora, mas com muita dificuldade. N�o consigo dar um passo dentro da minha casa sem ter que me segurar em algu�m. Minhas m�os n�o t�m a sensibilidade que tinham antes e tenho que passar cinco noites por semana na hemodi�lise”, relata.

O que diz a Backer


Em nota enviada ao Estado de Minas, a Backer diz que foram feitas melhorias importantes nos processos internos, todas elas submetidas a �rg�os de fiscaliza��o como o Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Mapa), a Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Belo Horizonte, a prefeitura da capital e o Corpo de Bombeiros. A cervejaria, sob o nome de Tr�s Lobos, retomou suas atividades em abril do ano passado.

A empresa ainda afirmou que n�o � poss�vel estimar o prazo para o pagamento das indeniza��es com a conclus�o do processo c�vel, mas ressaltou que “o fundo criado para as indeniza��es ser� constitu�do de valores provenientes de parcela do faturamento da empresa e do valor correspondente a im�veis que integram um loteamento”.

“As vari�veis de faturamento e valoriza��o dos im�veis impactar�o objetivamente no prazo para pagamento. Mas todos os esfor�os estar�o concentrados em liquidar esses passivos o quanto antes”, conclui a companhia.


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