Donos da cl�nica odontol�gica Arcata s�o alvo de opera��o da pol�cia

Documentos, notebooks e celulares dos s�cios-propriet�rios da cl�nica odontol�gica Arcata foram apreendidos na manh� desta segunda-feira (3 /4 ) em Belo Horizonte. As provas foram colhidas durante opera��o da Pol�cia Civil nos bairros Vila Paris, Regi�o Centro-Sul, Gameleira, Regi�o Oeste, Palmares e Silveira, ambos na Regi�o Nordeste. 

Os quatro empres�rios s�o suspeitos de estelionato depois de emitirem uma nota informando sobre a fal�ncia da cl�nica,  deixando diversos clientes sem reembolso. Conforme informa��es iniciais da apura��o do caso, um dia antes do an�ncio ser feito, in�meros contratos foram firmados.

Desde o dia 9 de mar�o, 618 ocorr�ncias j� foram registradas contra a empresa. O preju�zo estimado � de R$ 4 milh�es. 

Durante coletiva de imprensa, a delegada respons�vel pelo caso, Dan�bia Quadros, da Delegacia Especializada em Defesa do Consumidor, afirmou que a maioria dos consumidores lesados s�o idosos, e que, muitas vezes, ainda est�o com implantes provis�rios, ou mesmo apenas com o pino dent�rio. Conforme levantamento da corpora��o, alguns tratamentos chegam a R$ 30 mil. 

“Assim que tivemos not�cia do caso, instauramos o inqu�rito policial e, rapidamente, conseguimos junto � Justi�a os mandados judiciais de busca, al�m de requerer o bloqueio de bens dos donos e a reten��o de passaporte”, afirmou Dan�bia.

Assim que a suspeita de estelionato surgiu, a reportagem do Estado de Minas tentou entrar em contato com a cl�nica Arcata, mas os telefonemas n�o foram atendidos. A cl�nica apagou todas as publica��es de sua conta no Instagram, deixando apenas um comunicado, onde afirma que a pandemia da Covid-19 e “as imposi��es de restri��es dos �rg�os p�blicos � atividade da Arcata” causaram “descapitaliza��o de todo o patrim�nio” da empresa.

Ainda de acordo com a delegada do caso, uma das linhas de investiga��o apura as circunst�ncias da suposta fal�ncia da empresa. “Sabemos que pode ser t�nue a linha entre o estelionato e a fal�ncia, contudo, se j� havia a previs�o de fechamento, h� irresponsabilidade, e poss�vel crime, em mesmo assim se comprometer com tantos contratos pouqu�ssimo antes do fechamento”, pontuou. 

O chefe do Departamento Estadual de Combate � Corrup��o e a Fraudes, delegado J�lio Wilke, refor�ou que o inqu�rito sobre o caso ainda n�o foi conclu�do. Al� o momento, nenhum dos quatro s�cios-propriet�rios foi preso. 

“Com a conclus�o das apura��es, vamos saber responder h� quanto tempo os investigados sabiam da sa�de financeira do neg�cio deles, h� quanto tempo continuaram a vender o servi�o, se n�o pensaram em dar continuidade aos tratamentos por meio de parceiros depois que viessem a encerrar as atividades", destacou Wilke.

A Pol�cia Civil orienta que, para poss�veis ressarcimentos de valores, os consumidores devem procurar a esfera c�vel.N�o h� necessidade de que v�timas localizadas em outras cidades se dirijam para Belo Horizonte para buscarem provid�ncias, bastando que procurem a delegacia mais pr�xima do munic�pio de origem, que ser� respons�vel pelas apura��es. 

No comunicado em suas redes sociais, a Arcata afirma que “os pacientes que possuem contratos ativos poder�o entrar em contato com o e-mail [email protected] para tratar da negocia��o para suspens�o dos pagamentos, suspens�o de parcelamentos em cart�o de cr�dito e cheque”. Apesar disso, clientes afirmaram � reportagem que n�o conseguem contato com a empresa e que nada foi dito sobre a continuidade de tratamentos j� iniciados.

De acordo com Dan�bia, os s�cios s�o suspeitos de estelionato por darem ind�cios de que agiram de “m�-f�”. Ione Val�ria Monteiro, de 67 anos, pagou quase R$ 4 mil � vista e parcelou R$ 7 mil em 12 presta��es, um dia antes da cl�nica informar sobre o fechamento de suas filiais em Belo Horizonte. "Quando eu consegui juntar um dinheiro para dar entrada, aconteceu isso. Era o sonho da minha vida arrumar meus dentes", lamenta a cozinheira, preocupada se conseguir� reaver o dinheiro investido.

Hebe Maria Melo, 69 anos, � advogada e parcelou um tratamento no valor de R$ 18 mil no cart�o de cr�dito. J� seu irm�o, Ant�nio Carlos Cavalcanti, 60 anos, administrador, parcelou um servi�o de R$ 15 mil em seis vezes e estava aguardando a retirada dos pontos de uma cirurgia feita no dia 1 de mar�o. O procedimento aconteceria na sexta-feira, no dia seguinte ao fechamento. “Meu irm�o est� com o rosto inchado, sem dentes e cheio de pontos. Isso � um absurdo, falta de organiza��o, planejamento. � um roubo. Lesionaram um monte de pessoas”, reclamou. 

Alguns pacientes denunciaram, ainda, procedimentos abusivos. "Arrancaram sete dentes meus de uma s� vez", afirmou uma paciente, que preferiu n�o ser identificada. Segundo ela, os profissionais n�o haviam dito a quantidade de dentes que seriam extra�dos nem tinham a permiss�o dela para fazer o procedimento. "Eu n�o sabia que seria isso tudo. Fiquei indignada, porque n�o falaram nada comigo", revelou � reportagem.