
Vende-se. Aluga-se. E, muitas vezes, abandona-se. As duas primeiras placas est�o na fachada de v�rios im�veis da Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte e de bairros pr�ximos, enquanto a terceira, invis�vel, encontra-se no pr�prio estado de degrada��o de constru��es que contam a hist�ria da cidade e afagam a mem�ria afetiva dos moradores. Tombadas ou n�o pelos �rg�os do patrim�nio, h� um tra�o em comum nessas edifica��es p�blicas ou particulares: est�o fechadas. Quando as placas n�o se encontram � vista de quem passa nas vias p�blicas, resta o sil�ncio atr�s de portas e janelas permanentemente trancadas.
Basta andar pelas ruas para ver muros e alpendres protegidos pela cerca concertina, paredes fechando todos os espa�os, e, muitas vezes, o ar de descaso dominando o im�vel vazio. No giro pela capital, a equipe do Estado de Minas identificou 10 im�veis fechados. Olhando para cada um, n�o fica dif�cil imaginar que, habitados ou reabilitados para estabelecimentos comerciais, poderiam tornar a cidade mais bonita ou com mais oportunidade de emprego e renda. “Casa fechada cria mofo, estraga, atrai animais, e, em tempos de dengue, se torna um perigo para a sa�de. Sem vida, a casa � s� uma constru��o”, diz uma moradora do Bairro Floresta.
Como ponto de partida desse roteiro pela cidade, sobressai o Solar Narbona, vizinho do Pal�cio da Liberdade, no ponto mais nobre da cidade, a Pra�a da Liberdade, na Regi�o Centro-Sul. Passando por ali, o aposentado Darcy Faria, residente na Savassi, enaltece o conjunto arquitet�nico do espa�o p�blico e diz ficar na expectativa. “Temos, aqui, uma harmonia de estilos, de v�rias �pocas. Espero que o Solar Narbona seja restaurado, a exemplo do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e outros”, afirmou o admirador da pra�a.
Espa�o para artistas da periferia
O vizinho Palacete Dantas, de 1915, tamb�m fechado, j� teve seu destino selado. Ser� restaurado pelo Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG) e transformado em espa�o para artistas pobres da periferia de BH, que s�o carentes de oportunidades, bem como exposi��es e outras atividades culturais.
Uma viagem pela beleza de pr�dios emblem�ticos de Belo Horizonte, com algumas escalas, o espanto pela situa��o de deteriora��o, desrespeito ao patrim�nio e completo desleixo com a capital. A primeira parada ocorre num dos �cones da Pra�a da Liberdade, tombada pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha): o Solar Narbona, que atrai naturalmente os olhos de quem passa pela Avenida Crist�v�o Colombo. Constru�do em 1911, em estilo ecl�tico, pelo espanhol Francisco Narbona, o palacete pertencente ao governo de Minas se encontra sob responsabilidade da Secretaria de Estado de Planejamento e Gest�o (Seplag).
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Conta a hist�ria que, durante a c�lebre visita a BH, em 1920, dos reis da B�lgica – Alberto I e Elizabeth, na primeira viagem de um monarca europeu ao Brasil ap�s a Proclama��o da Rep�blica –, o casal dormiu no Pal�cio da Liberdade, enquanto a fam�lia do presidente de Minas (ainda n�o se usava a palavra governador), Arthur Bernardes (1875-1955), residente no local, deslocou-se para o Solar Narbona e o Palacete Dantas.

Para quem, a exemplo do aposentado Darcy Faria, morador da Savassi, na Regi�o Centro-Sul, preocupa-se e quer a salva��o do conjunto arquitet�nico – melhor ainda se for com fins culturais –, vale prestar aten��o na nota enviada pela assessoria da Seplag: “Foi aberto um procedimento de cess�o de interesse p�blico para o im�vel, que inclui, entre os requisitos, a responsabilidade do cession�rio pela sua restaura��o. O processo est� em fase de negocia��o e a previs�o � de que, em breve, seja assinado termo de cess�o com eventuais interessados.”
"� um sinal de desrespeito"
Ainda no Circuito Liberdade, no entorno da Pra�a da Liberdade, fica a Casa Azul, primeira sede do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha-MG), que completar� 52 anos no pr�ximo dia 30. Cercada de tapumes, a constru��o localizada na Rua da Bahia, 2287, est� fechada h� muito anos, deixando um vazio na mem�ria da cidade e na paisagem do Bairro de Lourdes, na Regi�o Centro-Sul. “� um sinal de desrespeito � pr�pria hist�ria da institui��o”, afirmou o advogado Daniel Harder, ao passar diante da Casa Azul, na qual nasceu uma trajet�ria fundamental de preserva��o dos tesouros materiais e imateriais de BH e do interior.
Segundo a dire��o do Iepha, hoje instalado no Pr�dio Verde, na Pra�a da Liberdade, a Casa Azul foi devolvida pela Prodemge (Companhia de Tecnologia da Informa��o do Estado de Minas Gerais) ao Iepha, em maio deste ano. Como alento para quem se preocupa com o destino do im�vel e poss�vel deteriora��o, por estar fechada a casa, o Iepha informa que “est� em defini��o do novo uso e ocupa��o do espa�o”. Em estilo ecl�tico, de 1929, o pr�dio, conforme a placa na fachada, � obra dos arquitetos Octaviano Lapertosa e Salvatore Impellizieri.
Ilustre desconhecido
Depois da Pra�a da Liberdade, a equipe do EM parte rumo ao Centro de BH, mais exatamente � Rua Tamoios, 62, entre a Avenida Afonso Pena e a Rua da Bahia. Nesse trecho, poucos notam, o que � uma pena, a fachada do Palacete Viaducto. � que a copa das �rvores frondosas, no lado esquerdo de quem segue para o Viaduto Santa Tereza, impede que se leia o nome do bem tombado pelo Conselho Deliberativo do Patrim�nio Cultural do Munic�pio. Em estilo art-d�co, o Palacete Viaducto tem tr�s andares, sendo o primeiro ocupado por uma sequ�ncia de seis lojas sob marquise e 24 salas nos demais andares.
A ocupa��o inicial do terreno, no qual se encontra o Palacete Viaducto, e do seu entorno, est� vinculada � hist�ria da Igreja Metodista em BH. Os membros dessa Igreja j� se faziam presentes, na cidade, desde a �poca de sua inaugura��o (12/12/1897), sendo que, em virtude da aus�ncia de um templo, esses se congregavam em casas particulares.
Portas e janelas fechadas em BH
- Solar Narbona, na Avenida Crist�v�o Colombo, 290, na Pra�a da Liberdade – Constru�do em 1911, em estilo ecl�tico, � uma das mais bonitas edifica��es da capital.
- Casa Azul, na Rua da Bahia, 2.287 – Primeira sede do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha), que completa 52 anos este m�s.
- Palacete Viaduto, na Rua Tamoios, 62, no Centro – Em estilo art-d�co, tem tr�s andares, sendo o primeiro ocupado por uma sequ�ncia de seis lojas sob marquise.
- Edif�cio Chagas D�ria, na Rua Sapuca�, 571, na esquina com Avenida Assis Chateaubriand – Constru�do pelo engenheiro civil e ge�grafo mineiro Alfredo Carneiro Santiago, entre 1932 e 1934.
- Im�vel da Avenida Assis Chateaubriand, 524, no Bairro Floresta – Em estilo ecl�tico da primeira fase com influ�ncia neocl�ssica, � tombado como parte do Conjunto Urbano do Bairro Floresta.
- Im�vel da Rua Silva Jardim, 183, no Bairro Floresta – A constru��o de dois pavimentos est� com processo de tombamento municipal aberto, mas inconcluso.
- Im�vel na Rua Plombagina, 61, no Bairro Col�gio Batista – Constru��o em estado lament�vel nessa via p�blica onde h� v�rias casas da d�cada de 1920.
- Im�vel na Rua Ita�na, 269, no Bairro Col�gio Batista – Edifica��o na esquina com a Rua Guaran�sia, em avan�ado estado de degrada��o.
- Casa na Avenida Bias Fortes, 1034, no Bairro de Lourdes – Bem tombado pelo munic�pio de Belo Horizonte e localizado em um dos pontos mais nobres da capital.
- Casa na Avenida Bias Fortes, 368, no Bairro de Lourdes – Tamb�m em ponto nobre e tombado pelo munic�pio, o im�vel pintado de amarelo j� foi hostel
Fonte: Informa��es da Funda��o Municipal de Cultura, da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), acrescidas de opini�es de vizinhos e relatos de antigos moradores.