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Estado de Minas Entrevista C�lia Xakriab� (PSOL)

"A urg�ncia deles � pelo passar da boiada", diz 1� deputada ind�gena de MG

Com base em S�o Jo�o das Miss�es, C�lia Xakriab� (PSOL-MG) fala da luta em Bras�lia pelos povos origin�rios e seus planos para a cidade de maioria ind�gena


05/10/2023 04:00 - atualizado 05/10/2023 08:26
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BH, MG. Célia Xakriabá (PSOL-MG), deputada federal de origem indígena, durante campanha em Belo Horizonte em 2022
"O projeto do marco temporal � uma verdadeira demonstra��o de que o debate n�o � algo que os senhores de gravata prezam ou querem", C�lia Xakriab� (PSOL-MG) (foto: T�lio Santos/Em/D.a Press - 6/9/2022)

Os Xakriab� chegaram � Prefeitura de S�o Jo�o das Miss�es em 2004 e, 18 anos depois, conseguiram eleger a primeira deputada federal ind�gena da hist�ria de Minas Gerais. C�lia Xakriab� ultrapassou a marca dos 100 mil votos, conseguiu eleitores em todas as regi�es do estado e ganhou notoriedade nacional pela luta pelos direitos ind�genas, em meio � tramita��o e aprova��o no Congresso Nacional de projetos que colocam em risco a cultura e sobreviv�ncia dos povos origin�rios do Brasil .

 

A maior concentra��o de eleitores da parlamentar veio da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, com mais de 60% do montante total. O Norte de Minas, onde est�o os Xakriab�, representou 8,33% de sua vota��o. Em S�o Jo�o das Miss�es, teve 44% dos votos v�lidos registrados no munic�pio: 3.025.

 

Em entrevista ao Estado de Minas, a parlamentar, professora e doutoranda em Antropologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), falou sobre a recente aprova��o de projeto do marco temporal no Congresso Nacional, a luta de seu povo pela retomada das margens do Rio S�o Francisco e tamb�m sobre seus planos para a pol�tica local em S�o Jo�o das Miss�es. Leia os principais trechos da entrevista.

 

 

Como a senhora avalia a aprova��o do marco temporal no Senado? Como ele afeta especificamente o povo Xakriab� no Norte de Minas?

 

O marco temporal aprovado no Senado em forma do PL 2.903 impacta n�o somente o povo Xakriab�, mas todos os povos ind�genas do Brasil que t�m �reas que passam por algum procedimento demarcat�rio. Digo mais, que essa tese atinge todos povos ind�genas, mesmo aqueles que j� t�m territ�rio demarcado, porque existem artigos que abrem brechas para regulamenta��o de explora��o em terras ind�genas, de maneira que as quest�es ambientais de modo geral tamb�m ser�o impactadas. Al�m disso, projeto traz em seu texto diversos ataques aos povos ind�genas e formas de flexibilizar a explora��o em nossos territ�rios. Um absurdo hist�rico, que segue o projeto programado de ecoc�dio do �ltimo governo. Em apenas um dia, o PL teve parecer favor�vel na CCJ, urg�ncia e m�rito aprovados. Uma verdadeira demonstra��o de que o debate n�o � algo que os senhores de gravata prezam ou querem. A urg�ncia deles � pela destrui��o e pelo passar da boiada. Estamos falando de um projeto inconstitucional, votado �s pressas e com recusa de debate.

 

 

Qual ser� a postura diante da aprova��o do projeto?

 

Vamos resistir sempre, mesmo diante ao absurdo colocado nesta Casa de senhores que muito falam e pouco escutam. Agora, a bancada do cocar segue a mobiliza��o em campanha pelo veto presidencial. Somos pela vida e recha�amos essa posi��o do Senado Federal. Sou deputada do estado de Minas Gerais, do povo Xakriab�, do munic�pio com maior popula��o ind�gena que est� me emprestando para o Brasil. J� fui em 15 estados brasileiros em apenas em 200 dias de mandato. Eu sei o que � a guerra no campo. O Congresso tenta justificar o PL 2.903 com seguran�a jur�dica, mas a verdade � que ele aumenta e acirra o conflito e coloca o povo em inseguran�a de exist�ncia, quando incita a popula��o do entorno dos territ�rios ind�genas a ser contra a esse direitos origin�rios.

 

 

Como representante do povo Xakriab� em Bras�lia, como a senhora v� a viabilidade de concretizar a luta dos ind�genas pela retomada das margens do Rio S�o Francisco?

 

Estou do lado da luta do povo, mas a demarca��o dos territ�rios ind�genas n�o � uma atribui��o do Legislativo. Xakriab�s n�o t�m acesso ao rio, esse bem t�o sagrado que completa 522 anos, o Velho Chico, basicamente a mesma idade de luta e resist�ncia dos povos ind�genas do Brasil. Digo que a terra � m�e e o rio � pai e queremos o Velho Chico vivo e livre. Para n�s, que vivemos no extremo Norte de Minas, � importante pensar a democratiza��o do acesso � �gua.

 

 

A senhora pretende apoiar algum candidato nas elei��es para prefeito de S�o Jo�o das Miss�es no ano que vem?

 

Primeiro, gostaria de externar satisfa��o alegria orgulho de ser eleita com mais de 80% dos votos ind�genas do meu povo Xakriab�, com uma porcentagem alta no munic�pio de S�o Jo�o das Miss�es e munic�pios do entorno. Sou a �nica mulher eleita deputada federal do Norte de Minas e tenho orgulho disso. Fui votada em 804 dos 853 munic�pios do estado. Quanto a apoio a candidatura para o munic�pio, ainda n�o discutimos. Essa discuss�o sempre passa primeiro por momentos coletivos no territ�rio. Assim foi em outros momentos, bem como minha candidatura, ela passa por uma aprecia��o do povo. Sempre digo que o povo � o quarto poder, � sempre importante fazer essa consulta. Pol�tica significa ci�ncia de governar e eu acredito numa ci�ncia de governar onde haja consulta. Mas defendo sempre a import�ncia da amplia��o da presen�a ind�gena comprometida com as pautas de luta no Legislativos e Executivo, verean�a e prefeituras.

 

 

Fomos at� S�o Jo�o das Miss�es e conversamos com o prefeito. Como se d� a rela��o da senhora com a atual administra��o da cidade? A senhora pretende destinar emendas parlamentares a S�o Jo�o das Miss�es a partir de seu segundo ano de mandato?

 

Pretendo destinar emendas para atender o povo Xakriab� e o munic�pio de S�o Jo�o das Miss�es na �rea da sa�de, educa��o, cultura e esportes. Sei o quanto precisamos ter um olhar de fortalecer pol�ticas sociais e que gere tamb�m possibilidade de uma circula��o econ�mica para estruturar uma autonomia. Para isso, � importante a parceria com o munic�pio na responsabilidade de entes federados. Dizem que nossas cabe�as pensam onde nossos p�s pisam e embora eu pise em muitos ch�os, meus p�s e cora��o est�o conectados a onde venho e, por isso, sigo em defesa deste projeto t�o caro a n�s entre o ch�o da aldeia e o ch�o do mundo, em defesa da terra, das �guas, das montanhas gerais. Porque entendemos que essa luta � para al�m do nosso povo, � para Minas Gerais, para o Brasil e pelo planeta. 


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