UFMG tem 64 cientistas entre os mais influentes do mundo
Ranqueamento foi criado nos EUA, produzido na Stanford University com dados da base Scopus, da editora Elsevier. A UFMG � a federal com mais nomes na lista
Premia��o: a UFMG � a primeira universidade federal no ranqueamento e a quarta entre todas as brasileiras, depois das estaduais paulistas (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mais uma vez, tem sua compet�ncia ci�ntifica reconhecida n�o s� no Brasil, mas no mundo. Nada menos do que 64 pesquisadores da institui��o mineira s�o listados em ranqueamento dos cientistas mais influentes do mundo produzido na Stanford University (EUA) com dados da base Scopus, da editora Elsevier, e divulgado neste m�s.
A UFMG � a primeira universidade federal no ranqueamento e a quarta entre todas as brasileiras, depois das estaduais paulistas. O estudo tamb�m resultou em uma lista dos cientistas mais influentes ao longo da carreira. Nesse caso, a UFMG tem 46 pesquisadores classificados, aparecendo tamb�m entre as quatro universidades brasileiras mais bem posicionadas.
"A UFMG est� em uma sucess�o de premia��es e avalia��es positivas. Somos a melhor entre as federais do Brasil, reconhecimento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais An�sio Teixeira (Inep), estamos entre as sete universidades latino-americanas, enfim, o que no enche de orgulho. Mas digo que n�o nos envaidece, mas sim aumenta a reponsabilidade que temos com Belo Horizonte e o Brasil. Agora, sobre os 64 cientistas mais influentes no mundo, � muito importante. E olha que tem o recorte das �reas exatas e biol�gicas. Destaco que se a premia��o tamb�m contemplasse as humanidade e as ci�ncias sociais, que somos fortes, estar�amos ainda melhores colocados", destaca a reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida.
Para Sandra Regina Goulart Almeida, a valoriza��o desses cientistas ganha ainda mais relev�ncia e impacto diante das dificuldades financeiras que a institui��o tem de lidar, assim como as ag�ncias que fomentam a pesquisa: "Mesmo com o corte or�ament�rio, a pesquisa neste pa�s � feita pelas universidades p�blicas, n�o tem como prescindir. A UFMG jamais deixou de investir em ensino, pesquisa e extens�o. N�o como gostar�amos, mas n�o abrimos m�o. Optamos por cortes em outras �reas".
Ali�s, a reitora destaca que a UFMG s� est� em quarto lugar no ranking entre as brasileiras, atr�s da Universidade de S�o Paulo (USP), Unicamp e Unesp porque "S�o Paulo faz da ci�ncia um projeto de estado, com estrutura robusta, al�m de ter autonomia na gest�o financeira, ou seja, decidem onde colocar o dinheiro, o recurso. Nada menos do que 1% do PIB de S�o Paulo vai para as universidades. Ent�o, a UFMG, ressalto, faz milagres".
Reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, diz que 'a UFMG � um patrim�nio do Brasil' e que a institui��o opera "milagre com resili�ncia' (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Mas o milagre que Sandra Almeida enfatiza � um milagre com muito trabalho, talento, luta e jogo de cintura para enfrentar os problemas e desviar dos obst�culos que a educa��o, forma��o e ci�ncia encaram diariamente neste pa�s: "Milagre que significa resili�ncia da comunidade, dos pesquisadores e da gest�o. A UFMG leva � s�rio e � comprometida com sua miss�o, que � educar, ensinar e fazer pequisa de ponta".
Sandra Almeida lembra que "a UFMG � um patrim�nio do Brasil e vamos continuar lutando pelos recursos que, mesmo diante da escassez, conseguimos um crescimento de 30 a 40% maior que h� 15 anos, ainda que o corte no or�amento o coloque com recursos de 15 anos atr�s. Como fechar a conta? Mas n�o desistimos. Financiamento em ci�ncia no Brasil � investimento no pa�s".
As institui��es brasileiras t�m 1.294 entre os 100 mil mais influentes ou na faixa dos 2% melhores em suas respectivas �reas de conhecimento, no ano de 2022. A lista re�ne 210.198 nomes, e os pesquisadores vinculados a institui��es brasileiras representam 0,61% do total (o pa�s est� na 25ª posi��o).
“O n�mero de pesquisadores da UFMG ranqueados cresce, ano a ano, mais rapidamente que o n�mero total de pesquisadores da Universidade e que a quantidade de trabalhos publicados, o que denota eleva��o significativa de cita��es e, portanto, aumento da qualidade e do impacto da nossa produ��o”, enfatiza o professor Fernando Reis, pr�-reitor de Pesquisa.
Na primeira lista, divulgada em 2017, a UFMG contava com 18 cientistas com produ��o de alto impacto – cinco anos depois, esse n�mero � 3,5 vezes maior.
De acordo com Reis, o ranking n�o considera autocita��es e valoriza muito mais os trabalhos em que o pesquisador aparece como protagonista, e n�o apenas como colaborador.
Criado pelo professor John Ioannidis, o ranqueamento mede o impacto da pesquisa, levando em considera��o par�metros como o �ndice H de cita��o, o �ndice Hm de cita��o em coautoria e o n�mero de artigos com cita��es em v�rios campos do conhecimento. Os cientistas s�o classificados em 22 campos e 174 subcampos, segundo o padr�o Science-Metrix.
Responsabilidade aumentada
A professora Deborah Carvalho Malta, da Escola de Enfermagem, � a pesquisadora da UFMG mais bem pontuada no ranqueamento atual e a d�cima no crit�rio de carreira (foto: Arquivo Pessoal )
A professora Deborah Carvalho Malta, da Escola de Enfermagem, � a pesquisadora da UFMG mais bem pontuada no ranqueamento atual e a d�cima no crit�rio de carreira: "O ranking � um reconhecimento internacional e estar nesta lista s� aumenta a responsabilidade. � o reconhecimento do trabalho, da universidade, dos nossos pesquisadores e pelos pares, o que � muito importante. E tamb�m tem seu valor para dar destaque para a ci�ncia, j� que sa�mos de quatro anos de enorme desprest�gio, sendo muito questionada, com falta de apoio e financiamento".
Para Deborah, o fundamental nesta conquista � que ela espera "incluir mais pesquisadores". A professora destaca que, ainda que a chamada 'fuga de c�rebros" seja uma repara��o a m�dio prazo, ao menos "em termos de financiamento j� estamos revertendo com o governo atual, que tem valorizado mais as bolsa dos alunos e temos seguran�a de que o apoio vai ser progressivo. S� no meu departamento este ano abrimos cinco novas vagas para professores".
Deborah destaca ainda que h� mais di�logo: "A premia��o tamb�m nos d� mais voz e aumenta a capaciadade de negociar e influenciar. Assim, a UFMG e seus docentes t�m mais espa�o para verbalizar seja junto ao Minist�rio da Educa��o (MEC), Minist�rio da Sa�de (MS), Minist�rio da Ci�ncia, Tecnologia e Inova��o (MCTI)".
De acordo com Deborah, "o destaque alcan�ado, mais uma vez, pela Universidade aumenta a responsabilidade, tanto para assegurar que o trabalho fa�a cada vez mais sentido para a sociedade quanto para continuar contribuindo com a forma��o de novas gera��es de pesquisadores. Temos um longo caminho a percorrer e devemos lutar por mais verbas para a produ��o de ci�ncia, que � fundamental para o Brasil”, diz a professora, que tem sido reconhecida no Brasil e no mundo.
A trajet�ria de Deborah Malta come�ou quando ela se formou em medicina na d�cada de 1980 e, desde o in�cio da carreira, aliou a cl�nica � pesquisa. Deborah nasceu em Prados, perto de Tiradentes e de S�o Jo�o del-Rei, no Campo das Vertentes.
Aprovada em quinto lugar no vestibular de medicina na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), D�borah conta que n�o foi apenas a primeira m�dica da fam�lia, mas tamb�m a primeira de Prados. Depois da gradua��o, cursou duas resid�ncias m�dicas: pediatria e medicina preventiva social. Esta �ltima surgiu do desejo da rec�m-formada em atuar na sa�de p�blica com epidemiologia, ci�ncia que estuda o processo de sa�de-doen�a e seus determinantes sociais.
"Vejo como uma trajet�ria emocionante e, de fato, n�o pensava em chegar neste lugar. Mas com humildade, sei que n�o � s� m�rito meu, mas de um grupo de pesquisadores, de um coletivo de parceiros, enfim, um grande esfor�o coletivo. E o principal � a busca da inclus�o de novos pesquisadores com sustentabilidade", exp�e a professora.
Al�m da professora Deborah Malta, a classifica��o dos 10 cientistas mais influentes da UFMG em 2022 tem, pela ordem, os professores Herman Mansur (Escola de Engenharia), Robson Santos (ICB), Geraldo Wilson Fernandes (ICB), Maria Isabel Toulson Davisson Correia (Faculdade de Medicina), Ado Jorio (ICEx), Antonio Luiz Pinho Ribeiro (Faculdade de Medicina), Mauro Martins Teixeira (ICB), Marcos Pimenta (ICEx) e Ary Teixeira Oliveira-Filho (ICB).
O professor Virg�lio Almeida, do Departamento de Ci�ncia de Computa��o do ICEx, n�o est� na lista da UFMG, mas aparece vinculado � Harvard University (EUA). Em raz�o de um poss�vel erro do levantamento, o professor Ant�nio Luiz Pinho Ribeiro figura duas vezes na rela��o da UFMG.