O Papa Bento XVI reuniu-se nesta sexta-feira, em Erfurt, Alemanha, com v�timas de religiosos ped�filos, um gesto muito esperado pela sociedade, ap�s prestar uma homenagem ao reformador Martinho Lutero. "O Santo Padre, consternado e chocado com o sofrimento das v�timas de abusos, manifestou sua profunda simpatia e pesar por tudo o que elas e suas fam�lias passaram", assinala a confer�ncia episcopal alem� em um comunicado, ap�s a primeira reuni�o entre o Papa e v�timas alem�s de abusos.
Horas antes da reuni�o com as v�timas, o Papa homenageou Martinho Lutero - um gesto simb�lico para os protestantes de Erfurt, onde foi concebida a Reforma -, mas sem fazer an�ncios concretos envolvendo o ecumenismo, no segundo dia de sua visita � Alemanha.
"O que n�o deixava Lutero em paz era a quest�o de Deus, que era a paix�o profunda e a for�a de sua vida e de toda a sua trajet�ria", disse o Papa no convento dos Agostinianos, onde o pensador da Reforma viveu de 1505 a 1511, quando ainda era cat�lico.
Bento XVI discursou durante uma reuni�o de meia hora com 20 representantes da Igreja Protestante alem�. "O pensamento de Lutero e toda a sua espiritualidade estavam totalmente centrados em Cristo", disse o pont�fice, que tem Santo Agostinho como uma de suas principais refer�ncias, o que o aproxima de Lutero.
Em seguida, o Papa concelebrou uma missa ecum�nica na igreja medieval do convento onde Lutero foi ordenado padre em 1507. Diante de 300 personalidades, entre elas a chanceler alem�, Angela Merkel - filha de um pastor protestante -, e o presidente alem�o, o cat�lico Christian Wulff, Bento XVI convocou cat�licos e luteranos a valorizarem o que os une diante de perigos como a expans�o das seitas evangelistas.
"Em um encontro ecum�nico, dever�amos n�o apenas lamentar as divis�es e separa��es, mas tamb�m agradecer a Deus por todos os elementos de uni�o que ele conservou para n�s", disse o Papa. Ap�s a cerim�nia, o presidente do Conselho de Igrejas Protestantes da Alemanha, Nikolaus Schneider, elogiou a "reabilita��o de Lutero" promovida por Bento XVI, mas pediu avan�os concretos no ecumenismo.
Desde que foi eleito, o Papa enviou sinais contradit�rios em mat�ria de ecumenismo, um tema que domina, uma vez que seu pa�s natal tem tantos protestantes, principalmente luteranos, quanto cat�licos: 24,1 milh�es, contra 24,6 milh�es, respectivamente. Pela manh�, o bispo de Roma pediu um di�logo maior entre o cristianismo e o isl�. � tarde, 90 mil fi�is cat�licos receberam o Papa em torno do santu�rio mariano de Etzelsbach, na regi�o de Eichsfeld, reduto do catolicismo nos tempos da Alemanha comunista.