O pastor Jos� Dilson da Silva, da Igreja Presbiteriana Bet�nia, e a mission�ria Zeneide Moreira Novaes est�o presos em Mbour, no Senegal, desde o dia 6 de novembro. L�deres do projeto Obadias, voltado � assist�ncia e ao acolhimento de crian�as de rua, os dois, segundo o Itamaraty, foram denunciados por forma��o de quadrilha, aliciamento e tr�fico de menores.
Segundo o pastor Josu� Oliveira, da Igreja Presbiteriana em Niter�i, as duas institui��es em que os mission�rios atuam, uma na cidade de Dacar e outra em Mbour, oferecem abrigo a talib�s - crian�as que acabam nas ruas ap�s fugirem de internatos controlados pelos marabus, l�deres mu�ulmanos e professores de Cor�o.
A pris�o tempor�ria dos dois foi decretada ap�s a den�ncia do pai de uma das crian�as atendidas pelo projeto. O homem teria acusado os mission�rios de maus-tratos e de acolherem seu filho sem que ele tenha autorizado. Ap�s a den�ncia, a pol�cia realizou uma opera��o de busca e apreens�o e, ap�s interrogados, Silva e Zeneide foram presos. Eles est�o na pris�o de Thi�s, capital da regi�o hom�nima.
O Itamaraty afirma que um advogado teria sido contratado pelos mission�rios para obter autoriza��o judicial para a guarda de novas crian�as. Mais tarde descobriu-se, no entanto, que o profissional era apenas um funcion�rio da firma de advocacia - sem registro como advogado. Isso invalidou o processo e deixou as institui��es irregulares.
Silva faz parte do corpo de mission�rios enviados ao exterior pela Ag�ncia Presbiteriana de Miss�es Transculturais, que mant�m 130 mission�rios em 30 pa�ses - 9 no Senegal. Ele trabalha h� 22 anos em projetos mission�rios na �frica, tendo passado a maior parte deles em Guin�-Bissau. Em 2005, foi para o Senegal com a mulher e os tr�s filhos.
O porta-voz da institui��o, reverendo Marcos Agripino, nega os crimes e diz que s� houve uma den�ncia, mas n�o uma acusa��o formal da Justi�a. A pris�o, diz, deu-se por causa de uma especificidade do sistema senegal�s, que prev� a pris�o do acusado enquanto a investiga��o � conduzida. "Quando Silva se apresentou � delegacia, ficou retido. N�o teve tempo de apresentar sua defesa. Mas temos todo o apoio do governo brasileiro para que se resolva r�pido e para que haja a preserva��o da integridade f�sica de ambos."
Segundo Agripino, que deve ir para o Senegal na pr�xima semana, as crian�as procuram voluntariamente a institui��o. "O projeto � um trabalho social e educacional que oferece alimenta��o, cursos profissionalizantes e atendimento m�dico. S�o esses meninos moradores de rua que procuram a equipe."
Uma comiss�o formada por um senador e dois deputados da bancada evang�lica - Magno Malta (PR-ES), Ronaldo Fonseca (PR-DF) e Paulo Freire da Costa (PR-SP) - foi tamb�m criada para tentar resolver a situa��o.
Em discurso nesta quarta-feira no Senado, Malta disse estar acompanhando o caso a pedido da comunidade evang�lica e informou que se reuniu com o ministro das Rela��es Exteriores, Antonio Patriota, e com o embaixador do Senegal no Brasil, El Hadji Abdoul Aziz Ndiaye, para encontrar uma solu��o. Na pr�xima ter�a-feira, Malta ir� ao Senegal conversar com o ministro da Justi�a, o delegado que recebeu a den�ncia e a comiss�o de direitos humanos do pa�s. Tamb�m visitar� os mission�rios na pris�o.
Silva � diab�tico e n�o pode se alimentar da refei��o oferecida no pres�dio. Para que sua sa�de n�o seja prejudicada, sua mulher Marli, foi autorizada a lhe levar uma marmita todos os dias.