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Estado de Minas

Sa�da de Bento XVI abre o Per�odo de Sede Vacante

Per�odo come�ou nesta quinta-feira �s 20h de Roma (16h de Bras�lia) e vai at� o final de conclave de cardeais que escolhe o sucessor


postado em 01/03/2013 00:12 / atualizado em 01/03/2013 06:44

(foto: AFP PHOTO / ALBERTO PIZZOLI )
(foto: AFP PHOTO / ALBERTO PIZZOLI )

A Sede Vacante, em latin Seden Vacans, � o per�odo que vai desde que papa falece ou renuncia at� ser eleito o sucessor. O per�odo come�ou ontem, �s 20h de Roma (16h de Bras�lia) e vai at� o final do conclave de cardeais que escolher� o 266° sucessor do ap�stolo Pedro. Durante esse intervalo o princ�pio determinado pelo direito can�nico � do inihil innovetour (que n�o se inove nada). O twitter do papa Bento XVI mudou no in�cio da Sede Vacante e passou a se chamar Sede Vacante e os arquivos antigos ficar�o armazenados no site de not�cias Vaticano.

Em sua �ltima mensagem como papa, Bento XVI agradeceu pelo amor e apoio de seus fi�is. "Queria que cada um sentisse a alegria de ser crist�o, de ser amado por Deus, que entregou o seu filho por n�s", postou, ap�s a audi�ncia p�blica das quartas-feiras. O secret�rio do Conselho Pontif�cio para as Comunica��es Sociais, Paul Tighe, disse que a conta foi criada para uso de Bento XVI e permanecer� fechada durante o conclave. Assim que terminar o conclave, o novo pont�fice decidir� o que fazer com as mensagens. A conta pontifex tem mais de 1,5 milh�o de seguidores e foi criada em dezembro do ano passado.

Apenas um peregrino
Sai o papa Bento XVI, entra o peregrino, obediente ao pr�ximo pont�fice e recluso do mundo at� o fim de seus dias. Desde as 20h de ontem (16h em Bras�lia), a Igreja Cat�lica Apost�lica Romana est� sem um l�der. No hor�rio previsto, os sinos tocaram seis badaladas. Sob aplausos e gritos, os dois oficiais da Guarda Su��a deixaram suas lan�as, fecharam os pesados port�es da resid�ncia oficial de ver�o de Castel Gandolfo, a sudoeste de Roma, e foram substitu�dos por tr�s policiais da Gendarmeria. Josef Ratzinger, o cardeal alem�o que ascendeu ao trono de S�o Pedro ap�s exercer o cargo de prefeito da Congrega��o para a Doutrina da F�, renunciava efetivamente, depois de quase oito anos de um pontificado turbulento. A partir daquele instante, era declarada, na Cidade do Vaticano, a Sede Vacante. O cardeal camerlengo, Tarcisio Bertone, assumia a fun��o de preparar o conclave, a elei��o que escolher� o pr�ximo papa. Os aposentos do pont�fice, no Pal�cio Apost�lico, foram selados, � espera do sucessor de Bento XVI. Hoje, Bertone enviar� mensagens aos 115 cardeais, convocando-os a estar no Vaticano na segunda-feira, para as primeiras reuni�es preparat�rias. A data do conclave dever� ser divulgada na pr�xima semana.

Mais cedo, no �ltimo contato com o p�blico, Bento XVI, de 85 anos, agradeceu o carinho dos turistas e da popula��o da comuna de Castel Gandolfo, onde viver� por dois meses. "Obrigado, obrigado de cora��o. Caros amigos, estou feliz por estar com voc�s. (…) Obrigado por vossa amizade e por vosso afeto", declarou Bento XVI a cerca de 7 mil fi�is reunidos diante da resid�ncia oficial de ver�o, �s 17h31 (13h31 em Bras�lia). "Bento, eu te amo!", gritavam, muitos sem conseguir conter as l�grimas. "Agora, sou apenas um peregrino que inicia a �ltima etapa de sua peregrina��o nesta terra. (…) Vamos adiante, pelo bem da Igreja", acrescentou, antes de se retirar da sacada, enfeitada com o bras�o de seu pontificado. Ele usava uma t�nica e solid�u brancos, e trazia um enorme crucifixo ao peito.

A viagem de 25 quil�metros at� Castel Gandolfo foi uma despedida cheia de simbolismo. V�rios cardeais, bispos, freiras e funcion�rios da Santa S� aguardavam Bento XVI no p�tio de S�o Dam�sio, no Pal�cio Apost�lico. Muitos se ajoelharam diante dele e beijaram sua m�o. Ao entrar no carro que o levou ao heliporto, Ratzinger foi aclamado com palmas. A aeronave decolou �s 17h06 (13h06) da Cidade do Vaticano. Durante o voo, de apenas 18 minutos, o bispo de Roma p�de contemplar a capital italiana. Estava acompanhado do secret�rio particular, o arcebispo alem�o Georg G�nswein, que j� est� ao seu lado no retiro em Castel Gandolfo. O helic�ptero branco, adornado com um falc�o nas cores da Santa S�, sobrevoou a Bas�lica de S�o Pedro e o Coliseu, dois monumentos simb�licos para o cristianismo. Do alto dos pr�dios, moradores acenaram e tremularam bandeiras. Na Pra�a de S�o Pedro, a poucos metros do p�tio, uma multid�o de cat�licos acompanhou a sa�da de seu pastor por meio de tel�es instalados na Colunata de Bernini.

ESPECULA��O Pela manh�, Bento XVI se reuniu com 144 cardeais e foi saudado por cada um deles. O Brasil esteve representado por dom Geraldo Majella Agnelo, dom Jo�o Braz de Aviz (ex-arcebispo de Bras�lia), dom Odilo Scherer e dom Raymundo Damasceno de Assis. "Entre v�s, entre o Col�gio dos Cardeais, est� tamb�m o futuro papa, ao qual j� hoje prometo a minha rever�ncia e obedi�ncia incondicionais", afirmou Ratzinger, diante de parte dos eleitores de seu sucessor. "Nos �ltimos oito anos, n�s vivemos, com f�, momentos bonitos de luz radiante no caminho da Igreja, junto com momentos em que poucas nuvens no c�u engrossaram. N�s tentamos servir a Cristo e � sua Igreja com profundo e total amor, que � a alma de nosso minist�rio", acrescentou. Ao cumprimentar o cardeal filipino Luis Antonio Tagle, Bento XVI sussurrou-lhe algumas palavras e foi recebido com um sorriso. O gesto levantou especula��es sobre a for�a da candidatura de Tagle ao pontificado.

Para o monsenhor norte-americano Charles Hilken, p�s-doutor em hist�ria das religi�es e autor de S�o Pedro e o Vaticano: o legado dos papas, a promessa de Bento XVI de rever�ncia e de obedi�ncia incondicionais ao pr�ximo papa n�o causa surpresa. "Bento � um te�logo, com uma profunda compreens�o da primazia de Pedro. Ele assinala que n�o existe a possibilidade de outro papa � sombra", afirmou em entrevista por e-mail. O padre e te�logo italiano Ariel Levi di Gualdo explica que o ato de ren�ncia de papa � definitivo e o impede de influenciar o pr�ximo pontificado. "O Sumo Pont�fice Bento XVI foi confiado � hist�ria, seu reinado acabou e, em um certo sentido, ele morreu enquanto pont�fice romano. � natural que o bispo de Roma, depois de se aposentar, prometa obedi�ncia ao sucessor", disse.

De acordo com Di Gualdo, a met�fora das nuvens carregadas, adotada ontem por Bento XVI, remonta a v�rios problemas enfrentados pela C�ria Romana. "Os abusos sexuais foram fontes de grande sofrimento para o Santo Padre Bento XVI. Eles se somaram a v�rios outros esc�ndalos, como o fato de a C�ria Romana ter sido quase impossibilidade de se governar", comentou o italiano, tamb�m por e-mail. O tamb�m padre jesu�ta norte-americano Thomas J. Reese, autor de O Vaticano por dentro: a pol�tica e a organiza��o da Igreja Cat�lica, lembra que a Igreja sempre foi afetada por crises. "Al�m de divis�es internas, como cismas, reformas e guerras religiosas, ela tamb�m sofreu com amea�as externas, como imperadores, reis, nazistas e comunistas. A Igreja � uma institui��o fundada por Deus, mas dirigida por seres humanos, que s�o santos e pecadores", declarou.

Reese concorda com Hilken sobre a linha de a��o de Bento XVI, agora como papa em�rito. "Na Igreja, s� h� espa�o para um �nico l�der. Ao prometer obedi�ncia, Bento mostra que n�o pretende ser usado por ningu�m para minar a autoridade do novo pont�fice", afirmou. Segundo ele, existe o risco de a m�dia sugerir controv�rsias entre Ratzinger e seu sucessor ou de a amigos que o visitarem em Castel Gandolfo e no convento Matter Eclesiae revelarem � imprensa que ele n�o gostou de uma decis�o do novo papa. "Isso causaria uma grande divis�o na Igreja", disse o jesu�ta. A �ltima ren�ncia de um l�der cat�lico, por vontade pr�pria, havia ocorrido em 1294, quando Celestino V, um eremita, abandonou o trono, em meio a intrigas e corrup��o.


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