Um grupo de estudantes ocupou na tarde deste domingo o comando de campanha da socialista Michelle Bachelet – a favorita, segundo as pesquisas oficiais, entre os nove candidatos �s elei��es presidenciais que se realizam hoje. A ocupa��o ocorreu enquanto muitos dos 12 milh�es de chilenos em idade de votar estavam indo �s urnas. Foi o primeiro sinal de que o pr�ximo governo, qualquer que seja o vencedor do pleito, enfrentar� muitas demandas sociais.
“Queremos uma verdadeira reforma no sistema de educa��o e n�o pequenas mudan�as”, disse a presidente da Federa��o de Estudantes da Universidade do Chile, Melissa Sepulveda, uma das l�deres do movimento estudantil. “O movimento estudantil radicalizou-se por falta de avan�os”, disse.
O movimento estudantil come�ou no governo de Michelle Bachelet (2006-2010), quando os alunos de ensino m�dio se organizaram para pedir transporte p�blico gratuito. No Chile, o ensino foi privatizado na ditadura militar. O governo prefere subsidiar escolas secund�rias privadas, que, por sua vez, cobram menos dos seus alunos, do que investir mais na educa��o p�blica. J� as universidades s�o todas pagas. Quem n�o tem dinheiro pode pedir empr�stimos, mas, quando se forma, j� tem uma d�vida que pode demorar mais de dez anos para ser paga.
Por isso, os universit�rios somaram-se aos estudantes de ensino m�dio, em 2011, durante o governo de direita do atual presidente, Sebastian Pi�era, e paralisaram o pa�s exigindo educa��o gratuita e de qualidade para todos. Pi�era reduziu os juros dos cr�ditos estudantis, mas n�o cedeu a todas as exig�ncias. Agora, Bachelet disputa um segundo mandato e todas as pesquisas de opini�o indicam que ela ganhar� – possivelmente no primeiro turno.
Mas, antes mesmo das urnas fecharem, o que ocorrer� �s 19h de Bras�lia (18h em Santiago), os estudantes ocuparam o centro de comando da campanha de Michelle Bachelet, para demonstrar que v�o continuar protestando – mesmo se o novo governo for de esquerda e tiver o apoio de ex-l�deres estudantis. Dois l�deres estudantis que convocaram os protestos de 2011 e 2012 – Camilla Vallejos e Giorgio Jackson - s�o candidatos ao Congresso pela alian�a de partidos de centro-esquerda que apoia Bachelet. Os chilenos est�o escolhendo hoje o presidente, os deputados e senadores.
O problema, no Chile, � que o presidente tem pouca margem de manobra a n�o ser que consiga mudar a Constitui��o, herdada da ditadura de Augusto Pinochet. Pelo atual sistema eleitoral, o chefe de Estado s� tem maioria no Congresso se seus candidatos dobrarem o n�mero de votos do advers�rio. Caso contr�rio, tem que ceder vagas ao segundo colocado – ou seja, a disputa parlamentar termina em empate e qualquer mudan�a s� pode ser feita atrav�s de uma negocia��o.