
Depois de quase um m�s, acabou a saga dos brasileiros que estavam retidos no Equador devido � pandemia do novo coronav�rus. Cerca de 150 pessoas chegaram a S�o Paulo nesta semana depois de viverem dias de inseguran�a, sem saber o que fazer e de onde tirar dinheiro para sobreviver em um lugar a quil�metros de casa, com uma outra l�ngua e com o d�lar como a moeda local.
Em conversa com o Estado de Minas, um desses turistas relatou como � a vida atual do segundo pa�s da Am�rica Latina que mais registra casos e comparou a situa��o de l� com o Brasil.
Por l�, tudo ocorria normalmente, at� que no �ltimo dia 15, o Peru (pa�s em o casal faria escala para volta ao Brasil) resolveu fechar seus aeroportos, para evitar a intensa propaga��o do v�rus.
Com a medida, eles e mais outras dezenas de brasileiros n�o conseguiram embarcar e ficaram retidos no Equador. Desde ent�o, eles vinham sendo obrigados a bancar hospedagem e comida em d�lar, moeda oficial do pa�s vizinho - toda a trama foi relatada e registrada no perfil @ossaboresdomundo.
A situa��o come�ou a melhorar quando a embaixada brasileira mapeou o grupo e fez um plano para tir�-los do pa�s.
A situa��o come�ou a melhorar quando a embaixada brasileira mapeou o grupo e fez um plano para tir�-los do pa�s.
“O governo do Equador decretou estado de exce��o, ent�o as ruas estavam perigosas, inclusive brasileiros foram assaltados l� e teve um outro hotel que chegou a ser invadido e roubado. A gente s� podia sair nas ruas at� as 14h, mesmo assim com m�scaras e luvas e apenas para ir a supermercados e farm�cias", conta.
"Quando cheg�vamos aos estabelecimentos, eles nos obrigavam a pisar em uma po�a com algum desinfetante e depois aplicavam �lcool em gel em nossa luva. Quando retorn�vamos para o hotel era a mesma coisa.”
"Quando cheg�vamos aos estabelecimentos, eles nos obrigavam a pisar em uma po�a com algum desinfetante e depois aplicavam �lcool em gel em nossa luva. Quando retorn�vamos para o hotel era a mesma coisa.”
A situa��o no Equador � dr�stica. De acordo com o site WorldMeters, plataforma que mede o n�mero de casos no mundo, o pa�s j� registra 3.368 pessoas diagnosticadas com o v�rus e outras 145 j� morreram.
Na cidade portu�ria de Guayaquil, a 425 quil�metros da capital, familiares j� s�o obrigados a deixar os corpos de v�timas nas ruas. Isso porque os servi�os funer�rio e sanit�rios j� est�o em colapso, al�m do medo de cont�gio. Desde domingo, uma for�a-tarefa montada pelo Ex�rcito e pela pol�cia removeu 150 cad�veres das resid�ncias – n�o h� confirma��o de que todos os mortos estejam diagnosticados com a COVID-19.
Na cidade portu�ria de Guayaquil, a 425 quil�metros da capital, familiares j� s�o obrigados a deixar os corpos de v�timas nas ruas. Isso porque os servi�os funer�rio e sanit�rios j� est�o em colapso, al�m do medo de cont�gio. Desde domingo, uma for�a-tarefa montada pelo Ex�rcito e pela pol�cia removeu 150 cad�veres das resid�ncias – n�o h� confirma��o de que todos os mortos estejam diagnosticados com a COVID-19.
A situa��o do Equador � comparada por Ricardo � Chernobyl, cidade ucraniana que foi palco de um dos maiores acidentes nucleares do mundo e deixou milhares de mortos : “Parecia que a gente estava em Chernobyl l�, todo mundo usando m�scara, aquele medo danado. L� em Guayaquil, as pessoas est�o jogando corpos nas ruas e colocando fogo , � um cen�rio apocal�ptico”.
No dia de irem embora, outra cena chamou a aten��o: a forma como as autoridades equatorianas se protegiam de uma poss�vel contamina��o. “No dia 29, fomos informados que ir�amos conseguir ir embora. A�, fomos a uma pra�a e, chegando l�, mantidos � dist�ncia de 2 metros dos outros. Estava todo mundo usando luva e m�scaras. Al�m disso, havia dezenas de policiais, militares e at� caminh�es do Ex�rcito. Os policiais estavam armados com escopeta, foi tenso”, relembra.
EQUADOR X BRASIL
Na �ltima ter�a-feira, quando os brasileiros desembarcaram em S�o Paulo, os ent�o ex-turistas perceberam a diferen�a da terra natal para o pa�s vizinho, quanto �s medidas de conten��o. “A �nica coisa que fizemos aqui no Brasil foi medir a temperatura. Mediram de cada um, mas depois disso, em nenhum momento, aplicaram �lcool em gel em nossas m�os. Tamb�m n�o deram nenhuma orienta��o para fazer quarentena ou ir direto para casa, nada disso. Eu fiquei impressionado.”
Segundo Ricardo, as pr�prias pessoas decidiram se isolar, sem nenhuma medida da administra��o p�blica. A orienta��o foi feita por m�dicos e outros profissionais de sa�de que faziam parte do grupo de brasileiros repatriados. “N�o tinha ningu�m com sintoma, inclusive tinha gente que n�o estava concordando muito em se isolar, mas tentamos convenc�-los”, conta.
Agora, Ricardo decidiu se isolar por sete dias no apartamento do namorado, em Santos, cidade litor�nea de S�o Paulo. Caso apresente sintomas da doen�a, a previs�o � de que ele fique mais uma semana confinado. “Minha preocupa��o maior � que eu olho aqui da janela e vejo obras acontecendo e pessoas assando churrasco na rua. N�o vejo ningu�m usando m�scara, parece que a vida est� normal”, diz o brasileiro.
Depois de ser obrigado a aumentar os gastos com a viagem estendida, o casal ainda sofreu com outro problema na chegada ao Brasil. Com o isolamento proposto pelo pr�prio grupo, eles evitam, ao m�ximo, sair de casa, o que aumentam as despesas com servi�os de delivery. Al�m disso, a �nica fonte de renda da dupla � um perfil de viagens no Instagram, um dos setores que foram mais afetados pela pandemia.
“Est� dif�cil n�o sair, estamos tendo que pedir tudo e acaba encarecendo, ainda mais que j� gastamos tudo em d�lar l� no Equador. Uma viagem que era pra ter durado uma semana e pouco, acabou durando quase um m�s”, lamenta.
* Estagi�rio sob a supervis�o da editora Teresa Caram