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Estado de Minas

Cientistas de Cambridge tentam descobrir o que acabar� com a humanidade (e como nos salvar)

Centro para Estudo de Risco Existencial da Universidade de Cambridge investiga perigos que podem levar � extin��o de humanos ou ao colapso da civiliza��o


13/10/2020 09:51 - atualizado 13/10/2020 11:06

Desde 2015, um pequeno grupo interdisciplinar de pesquisadores investiga os perigos que podem levar à extinção da humanidade ou ao colapso da civilização(foto: Getty Images)
Desde 2015, um pequeno grupo interdisciplinar de pesquisadores investiga os perigos que podem levar � extin��o da humanidade ou ao colapso da civiliza��o (foto: Getty Images)

A Terra existe h� 45 milh�es de s�culos e, no entanto, este em que estamos vivendo � �nico na hist�ria. "� o primeiro s�culo em que uma esp�cie, a nossa, possui tanto poder e � t�o dominante que tem o futuro do planeta em suas m�os", escreve o prestigioso astr�nomo brit�nico Martin Rees em On The Future: Prospects for Humanity (Sobre o Futuro: Perspectivas para a Humanidade, em tradu��o livre).

"O que est� em jogo � mais importante do que nunca; o que acontecer neste s�culo ser� sentido por milhares de anos", diz ele no livro, lan�ado em 2018.

Na verdade, Rees vinha repetindo esses avisos h� mais de duas d�cadas. Para muitos, elas pareciam interessantes, mas improv�veis. Talvez naquela �poca, essas advert�ncias tivessem mais cara de fic��o cient�fica do que ci�ncia.

Ele mesmo reconheceu em uma palestra de TED que "nos preocupamos muito com riscos menores: acidentes de avi�o improv�veis, alimentos carcinog�nicos, baixas doses de radia��o... Mas n�s e os pol�ticos que nos governam vivemos na nega��o dos cen�rios catastr�ficos".

Mas quando veio 2020, cada palavra de Rees passou a ter uma atualidade assustadora.Por exemplo, naquela palestra que proferiu em 2014, ele afirmou que agora "os piores perigos v�m de n�s": "E n�o h� s� a amea�a nuclear. No nosso mundo interligado (...) as viagens a�reas podem espalhar pandemias em quest�o de dias e as redes sociais podem espalhar p�nico e boatos literalmente � velocidade da luz".

Mas havia quem n�o precisasse da pandemia da covid-19 para prestar aten��o a Rees. Desde 2015, um pequeno grupo interdisciplinar de pesquisadores trabalha sob sua lideran�a no chamado Centro de Estudos de Risco Existencial (CSER) da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

O centro, que conta com a assessoria de personalidades da academia e da ind�stria — como o empres�rio Elon Musk —, investiga os perigos que podem levar � extin��o da humanidade ou ao colapso da civiliza��o e o que fazer para mitig�-los.

� justamente nesse segundo aspecto que atua a bi�loga molecular peruana Clarissa R�os Rojas, que ingressou no CSER em mar�o, pouco antes de o governo brit�nico decretar a quarentena do coronav�rus.


A bióloga molecular peruana Clarissa Rios Rojas atua no CSER na área de políticas públicas(foto: Gentileza Clarissa Ríos Rojas )
A bi�loga molecular peruana Clarissa Rios Rojas atua no CSER na �rea de pol�ticas p�blicas (foto: Gentileza Clarissa R�os Rojas )


"J� tivemos pandemias antes, mas a covid-19 nos pegou desprevenidos", disse R�os � BBC Mundo, o servi�o hisp�nico da BBC. "Ent�o, o que deu errado? Quais s�o as li��es que podemos aprender com este experimento e como podemos nos preparar novamente para o futuro?", questiona.

Seu trabalho em Cambridge � identificar por que previs�es baseadas em dados cient�ficos n�o s�o ouvidas e, assim, gerar pol�ticas p�blicas que preparem a humanidade para a pr�xima cat�strofe global.

A crise profunda causada pelo coronav�rus n�o foi a primeira — e n�o ser� a �ltima.

Cinco �reas de risco

A primeira coisa que R�os explica � que existe uma diferen�a entre risco catastr�fico e risco existencial.

Embora as defini��es variem ligeiramente entre elas, geralmente entende-se que eventos de risco catastr�fico s�o aqueles que, se ocorrerem, matariam 10% da popula��o mundial ou causariam danos equivalentes.

Para refer�ncia, considera-se que o acontecimento mais letal do s�culo 20 foi a pandemia de influenza de 1918, mais conhecida como gripe espanhola, em que entre 1% e 5% da popula��o mundial morreu, segundo diferentes estimativas.


(foto: Getty Images)
(foto: Getty Images)

Por outro lado, um evento de risco existencial implica o aniquilamento de todos os seres humanos ou uma redu��o populacional t�o grande que n�o permita continuar com os padr�es de vida atuais, que acabe dr�stica e permanentemente com seu potencial.

O CSER estuda este �ltimo tipo de eventos, que divide em cinco grandes �reas: riscos biol�gicos, ambientais, tecnol�gicos, derivados da intelig�ncia artificial e injusti�as sociais.

Alguns exemplos s�o muito claros, como pandemias, na �rea biol�gica, ou mudan�as clim�ticas na �rea ambiental. Outros perigos naturais — como o impacto de um asteroide ou a erup��o de um supervulc�o — est�o muito presentes no imagin�rio coletivo, pois j� demonstraram seu poder devastador no passado.

Mas existem outros riscos existenciais menos �bvios, como a intelig�ncia artificial.

"O medo da intelig�ncia artificial n�o � que surja um Arnold Schwarzenegger que mate todos", diz R�os em refer�ncia ao personagem do filme O Exterminador do Futuro.

"Na realidade, pode acontecer que, para atingir o objetivo de salvar a humanidade, todo o ecossistema seja destru�do porque n�o foram dados os par�metros necess�rios para guiar aquela intelig�ncia artificial que continua a aprender por si mesma", explica.


Martin Rees é um dos principais pesquisadores do mundo em evolução cósmica, buracos negros e galáxias(foto: Getty Images)
Martin Rees � um dos principais pesquisadores do mundo em evolu��o c�smica, buracos negros e gal�xias (foto: Getty Images)

Nesse caso, a tarefa de R�os seria, por exemplo, trabalhar em conjunto com os governos para estabelecer protocolos e ferramentas de monitoramento para institui��es da �rea, ou garantir que os programas de estudos das universidades vinculadas � engenharia tenham uma s�lida base �tica.

A injusti�a social � outra �rea cujo n�vel de risco pode n�o ser t�o percept�vel. Mas h� um exemplo muito claro na hist�ria: a conquista europeia da Am�rica.

Este epis�dio "resultou na perda potencial de mais de 80% das popula��es ind�genas, no colapso das civiliza��es asteca, inca e zapoteca e na morte, tortura, ruptura cultural e desestabiliza��o pol�tica que ocorreram como resultado do com�rcio transatl�ntico de escravos", o CSER afirma em seu site.

E acrescenta: "At� hoje, a coloniza��o europeia continua a ter impactos catastr�ficos em escala global, incluindo a neglig�ncia com as doen�as tropicais".

Efeito covid-19

Para R�os, a pandemia de covid-19 — que j� matou mais de 1 milh�o de pessoas em todo o mundo — est� ensinando aos governos e � sociedade o que significa se preparar para o pior.


(foto: Getty Images)
(foto: Getty Images)

"A covid-19 mostrou como os sistemas come�am a entrar em colapso um por um", diz ela.

"Poderia se pensar que s� o setor sa�de seria afetado, mas, na verdade, o transporte, a agricultura, a educa��o, a economia, o trabalho foram afetados...", acrescenta.

Segundo a pesquisadora peruana, uma forma de incorporar essas li��es nas pol�ticas p�blicas seria criar equipes de governo que analisassem os potenciais riscos catastr�ficos vinculados ao pa�s ou � regi�o (como mudan�as clim�ticas na Am�rica Central ou armas nucleares na pen�nsula coreana) e gerar protocolos de a��o.

Mas, como reconhece R�os, "as pol�ticas podem ser belas, mas se a sociedade n�o as quiser aceitar e, por exemplo, continuar a sair sem m�scaras, ent�o s�o in�teis".

Para alcan�ar o compromisso social, ela diz que poderia ser incorporado um m�dulo sobre o que aprendemos com a pandemia covid-19 no ensino m�dio e criado um mestrado em risco catastr�fico global poderia ser criado.

"Se quisermos colocar esses temas na agenda pol�tica, � preciso haver um esfor�o conjunto e n�o s� da Universidade de Cambridge", diz R�os. "Precisamos de uma mentalidade de cidadania global."


(foto: BBC)
(foto: BBC)

(foto: BBC)
(foto: BBC)

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