(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas POR TR�S

Elei��es nos EUA 2020: por que o presidente dos EUA � sempre dos partidos Republicano ou Democrata

Nos Estados Unidos, � inconceb�vel que algu�m que n�o seja o Partido Republicano ou Democrata ganhe as elei��es, apesar de haver mais candidatos. O que est� por tr�s desse bipartidarismo arraigado nos EUA?


23/10/2020 14:46 - atualizado 23/10/2020 15:36


Um democrata ou um republicano ocupará a Casa Branca até 2024(foto: BBC)
Um democrata ou um republicano ocupar� a Casa Branca at� 2024 (foto: BBC)

Nas elei��es presidenciais nos Estados Unidos, uma certeza persiste ao longo dos anos: o vencedor � sempre um candidato republicano ou democrata.

Assim ser� nas elei��es de 3 de novembro, e assim tem sido por mais de 160 anos, apesar de outros grupos ou candidatos independentes terem competido contra eles para ocupar a Casa Branca.

Esse bipartidarismo arraigado pode encontrar explica��o em uma velha "lei" da ci�ncia pol�tica, a "lei de Duverger", de Maurice Duverger, o soci�logo franc�s que divulgou as bases dessa teoria.

O que diz e em que medida ela de fato ocorre?

Maioria relativa e turno �nico

Duverger publicou em 1951 o livro Partidos Pol�ticos, no qual afirma que o sistema de vota��o de um pa�s � determinante para que seja bipartid�rio ou multipartid�rio.

Em seu texto, Duverger diz que "a vota��o por maioria e um turno tende ao dualismo partid�rio".

Ou seja, o bipartidarismo ser� a norma nos casos em que para ganhar o processo eleitoral basta obter o maior n�mero de votos, o que se denomina voto por maioria simples ou relativa.

Este sistema difere daqueles que preveem um segundo turno entre os candidatos mais votados se nenhum exceder o limite da maioria qualificada (por exemplo, 50% mais um ou, como na Bol�via, 40% com dez pontos de diferen�a).


Maurice Duverger publicou o livro 'Partidos Políticos' em 1951(foto: Getty Images)
Maurice Duverger publicou o livro 'Partidos Pol�ticos' em 1951 (foto: Getty Images)

"A aus�ncia de um segundo turno (...) principalmente na elei��o presidencial, constitui uma das raz�es hist�ricas para o advento do bipartidarismo e sua manuten��o", diz Duverger em seu livro.

Duverger aponta que, nos EUA, "o bipartidarismo tradicional tamb�m coincide com o escrut�nio da maioria em uma rodada".

A elei��o presidencial nos EUA � indireta: o voto dos cidad�os serve para formar o Col�gio Eleitoral, que se encarrega de eleger o presidente.

� por isso que devemos entender a diferen�a entre o voto popular, que � feito diretamente pelos cidad�os, e o voto no Col�gio Eleitoral dos EUA.

Por que o voto � indireto nos EUA e como funciona o Col�gio Eleitoral?

Cada Estado dos EUA elege um certo n�mero dos 538 membros que comp�em o Col�gio Eleitoral. Para ganhar a Presid�ncia, um candidato deve obter, no m�nimo, 270 desses votos eleitorais.

Em 48 Estados e em Washington D.C., o candidato que obtiver a maioria simples dos votos populares obt�m todos os representantes do Col�gio Eleitoral. Apenas Maine e Nebraska s�o exce��es, pois tamb�m concedem votos eleitorais aos vencedores de cada distrito.

Assim, os EUA podem ser vistos como um sistema de maioria simples ou relativa (uma das condi��es de que fala Duverger): um �nico candidato ganha todos os votos eleitorais do Estado e nada � distribu�do entre segundo ou terceiro lugares.

"N�o h� vantagem em ser o segundo, os eleitores n�o est�o divididos", disse Brian Gaines, professor de Ci�ncia Pol�tica da Universidade de Illinois, � BBC News Mundo, o servi�o em espanhol da BBC.

"O sistema bipartid�rio foi elevado �s elei��es presidenciais gra�as ao componente de pluralidade das se��es eleitorais", acrescenta Gaines.


Ross Perot tirou uma porcentagem significativa de votos de George H. Bush em 1992(foto: Getty Images)
Ross Perot tirou uma porcentagem significativa de votos de George H. Bush em 1992 (foto: Getty Images)

Por exemplo, em 1992, o candidato independente Ross Perot concorreu nas elei��es presidenciais contra o democrata Bill Clinton e o republicano George H. W. Bush, e obteve 19% do voto popular.

Perot n�o foi bem o suficiente para conquistar nenhum voto eleitoral.

Al�m dessa din�mica dos col�gios, n�o h� segundo turno das elei��es presidenciais nos EUA.

Se ningu�m chegasse a 270 votos eleitorais — algo que j� aconteceu uma vez nos Estados Unidos — o Congresso decidiria a elei��o.

Voto �til

Esse sistema de vota��o por maioria de um turno tem efeitos psicol�gicos sobre os eleitores, observa Duverger em seu livro.

Se surge um terceiro partido, "os eleitores muitas vezes entendem que seus votos ser�o perdidos caso votem no terceiro: da� sua tend�ncia natural de escolher o menos ruim de seus advers�rios, para evitar o sucesso do pior", diz o autor.

"Acho que essa lei (de Duverger) reflete muito bem o que vemos no sistema bipartid�rio", disse David Paleologos, diretor do Centro de Pesquisa Pol�tica da Universidade de Suffolk, nos Estados Unidos, � BBC News Mundo.

Segundo essa teoria, "com um sistema (de vota��o) proporcional, bastaria ganhar apoio pol�tico para 5%, 10%, 20% dos votos, mas isso n�o acontece neste pa�s", acrescenta.

O sistema "obriga as pessoas a pensar em termos de dois partidos e impede que candidatos de terceiros recebam apoio porque n�o recebem nenhuma percentagem significativa", diz Paleologos.

Ent�o, pequenos partidos perdem incentivos para participar de elei��es.


O rapper Kanye West não poderá aparecer nas cédulas eleitorais de todos os Estados dos EUA(foto: Reuters)
O rapper Kanye West n�o poder� aparecer nas c�dulas eleitorais de todos os Estados dos EUA (foto: Reuters)

"Embora sempre haja pessoas que votam em um terceiro ou escrevem o nome de outra pessoa. N�o � que n�o haja outras op��es", diz Paleologos. "N�o h� um �nico Estado que tenha apenas Biden ou Trump. � o que dizem as pesquisas, mas est� incorreto."

Mas, no final das contas, de acordo com a lei Duverger, "o comportamento do eleitor tende a se conformar com o sistema eleitoral", afirma o especialista.

Outros fatores

O bipartidarismo tamb�m prevalece no Congresso dos EUA, onde h� apenas dois senadores independentes (Bernie Sanders e Angus King) de um total de 100, e um representante do Partido Libert�rio, Justin Amash (embora tenha sido originalmente eleito republicano), de um total de 435.

Mas h� pa�ses em que mais de dois partidos t�m representa��o parlamentar, como �ndia e Canad�, apesar de elegerem os membros das c�maras baixas de seus congressos e seus governantes por maioria de votos em um �nico turno.

 

 

 

Essas exce��es levaram alguns a ver a "lei" de Duverger mais como uma "hip�tese", disse Kenneth Benoit, professor de ci�ncias sociais da London School of Economics (LSE), em um artigo de 2006.


Bernie Sanders foi eleito independente para o Senado, mas buscou a indicação presidencial dentro do Partido Democrata(foto: Getty Images)
Bernie Sanders foi eleito independente para o Senado, mas buscou a indica��o presidencial dentro do Partido Democrata (foto: Getty Images)

Mas o pr�prio Duverger esclarece em seu livro que o sistema eleitoral apenas "empurra" o bipartidarismo e que "n�o leva necess�ria e absolutamente a ele, apesar de todos os obst�culos".

Pode haver muitas outras tend�ncias "que diminuem, desaceleram ou interrompem" a tend�ncia para o bipartidarismo.

E nos EUA, ao contr�rio, existem outros fatores que tamb�m contribuem para o bipartidarismo.

Um deles � o sistema presidencial, diz Patrick Dunleavy, professor de ci�ncia pol�tica da LSE em um artigo de 2012 intitulado "A Lei Duverger � algo morto. Fora dos EUA, a vota��o no primeiro turno n�o tem nenhuma tend�ncia para produzir sistemas bipartid�rios", no qual ele argumenta que essa teoria se tornou obsoleta fora dos EUA.

Mais uma raz�o � que os americanos votam em muito mais elei��es do que outras democracias, diz Brian Gaines � BBC News Mundo, como elei��es para a C�mara dos Representantes, o Senado, casas estaduais de representantes, Senados estaduais, cargos municipais, etc., ent�o o bipartidarismo simplifica as coisas.

Todos esses fatores indicam que os republicanos e democratas provavelmente continuar�o a alternar a presid�ncia dos Estados Unidos por v�rios anos.

Outro fator que contribui para o bipartidarismo nos EUA � o fato de cada estado ter suas pr�prias regras para se inscrever como candidato nas elei��es presidenciais.

"O que apoia o bipartidarismo nos EUA � uma ampla gama de leis que privilegiam democratas e republicanos e dificultam a participa��o de outros partidos na vota��o", disse Shaun Bowler, professor de Ci�ncia Pol�tica dos Estados Unidos. Universidade da Calif�rnia em Riverside e editora do livro "Duverger Law of plurality vote", para a BBC News Mundo.

"Veja os obst�culos que Kanye West tem que enfrentar para cumprir o cronograma."

At� o fechamento desta reportagem, o rapper americano s� conseguiu figurar nas c�dulas de 11 Estados.

"Voc� tem que atender aos requisitos de todos os 50 Estados, voc� precisa de dinheiro, opera��es de campo. Ross Perot era um bilion�rio, ent�o ele poderia estar nas c�dulas de todos os Estados. Mas a maioria prefere concorrer dentro da estrutura do Partido Democrata ou Republicano", diz Paleologos � BBC.

N�o em v�o Bernie Sanders, um senador independente de Vermont, buscou a indica��o como candidato do Partido Democrata e o presidente Donald Trump veio � Casa Branca com o Partido Republicano.

Para Bowler, outro dos grandes incentivos do bipartidarismo "� o dinheiro".

"Os doadores realmente n�o querem doar para partidos menores com poucas chances de sucesso", disse ele � BBC News Mundo.


J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)