Adam Noel achou que era apenas uma picada de mosquito. Ele notou um leve calombo vermelho na parte de tr�s do tornozelo cerca de uma semana antes, mas n�o melhorava. Os m�dicos atribu�ram a algum tipo de irrita��o na pele. No entanto, mais duas semanas se passaram, e seu calcanhar agora tinha um buraco.
"H� algo muito estranho acontecendo", ele pensou, e decidiu ir at� o Hospital Austin, em Melbourne, para ser examinado novamente.
- Por que os camelos podem ser a origem da pr�xima pandemia
- H1N1: as raz�es para um poss�vel retorno da pandemia de 2009
Em vez disso, depois de mais alguns dias, era poss�vel ver seu tend�o de Aquiles por meio do buraco do tamanho de uma bola de pingue-pongue em seu calcanhar.
Desta vez, ele foi para o St Vincent's, um dos principais hospitais da Austr�lia. E ficou internado por cerca de uma semana fazendo bi�psias at� finalmente confirmarem o diagn�stico: �lcera de Buruli. Uma doen�a bacteriana que pode causar grandes feridas abertas e, se n�o for tratada, levar � desfigura��o permanente.
Foram cerca de seis semanas desde que Noel percebeu o calombo at� fazer uma bi�psia definitiva e tomar a medica��o certa. Os m�dicos disseram que ele podia ter perdido o p�.
Antes de notar o que pensava ser uma mera mordida de mosquito, Noel vinha trabalhando muito no jardim, mexendo na terra para abrir espa�o para um grande galp�o.
"Cortei um monte de �rvores que n�o eram mexidas h� 20 anos", diz ele.
"Estou bastante convencido de que [pegar a �lcera] coincidiu com a destrui��o das �rvores e do habitat dos gamb�s."
Sim, gamb�s. Os cientistas acreditam que essas criaturas noturnas fofas podem desempenhar um papel fundamental na transmiss�o da �lcera de Buruli para os humanos.
Eles tamb�m sofrem com a doen�a, e a bact�ria do Buruli — chamada Mycobacterium ulcerans — � encontrada em grandes quantidades em suas fezes.
Os gamb�s perderam grande parte do seu habitat natural para o desenvolvimento urbano nos �ltimos anos, o que os aproximou dos humanos enquanto as duas esp�cies competem por espa�o e, possivelmente, gerando casos da doen�a.
Antes restrita aos sub�rbios, a �lcera de Buruli est� agora se aproximando de Melbourne, e m�dicos e cientistas est�o tentando impedir seu avan�o antes que ela atinja a popula��o de cinco milh�es de habitantes.
Uma amea�a crescente
Noel mora em Melbourne, mas sua fam�lia tem uma casa de praia a cerca de 100 km de dist�ncia, na Pen�nsula de Mornington. � uma �rea nobre que aparece no mapa como uma perna do continente, com a ponta do dedo do p� apontando para o oeste.
� um destino de f�rias popular entre os moradores da cidade, com suas praias cercadas por cabanas coloridas e passarelas de madeira que serpenteiam as colinas com vista para o mar.
Trilhas levam a lugares como a "Diamond Bay" e o "Millionaire's Walk", onde as casas s�o grandes e modernas, muitas com piscina e jardins enormes.
N�o � exatamente o tipo de lugar em que voc� esperaria ouvir falar sobre uma bact�ria devoradora de carne � solta, mas os casos de �lcera de Buruli no estado de Victoria tendem a ser encontrados nessa regi�o.
Em todo o estado, o n�mero de casos mais do que triplicou nos �ltimos anos: em 2014, os m�dicos notificaram 65 casos da doen�a; em 2019, foram registrados 299, enquanto no ano passado, 218.
Quando h� suspeita da doen�a, o paciente geralmente � encaminhado para o m�dico Daniel O'Brien, infectologista especialista em �lceras de Buruli que tem uma cl�nica nas proximidades de Geelong.
Ele come�ou a fazer a travessia de 40 minutos de balsa semanalmente para ver o n�mero crescente de pacientes com a doen�a. Ele conta que atende de cinco a dez novos pacientes por semana.
A �lcera de Buruli pode destruir rapidamente a pele e os tecidos moles se n�o for tratada com uma combina��o de antibi�ticos e esteroides espec�ficos ao longo de semanas e, em muitos casos, meses.
"N�o importa o qu�o pequena ou grande seja a les�o, n�o h� ningu�m que n�o seja significativamente afetado por essa doen�a", diz O'Brien.
Os impactos f�sicos s�o significativos: a �lcera agressiva pode causar desfigura��o, exigindo cirurgia e levando � incapacidade de longo prazo.
"Ela pode realmente devorar um membro inteiro", explica O'Brien, cuja lista de pacientes inclui crian�as que precisaram de at� 20 opera��es para combater a �lcera.
A doen�a tamb�m tem um impacto econ�mico. Noel trabalha na novela Neighbours e teve de se ausentar por um m�s porque o buraco no calcanhar o impediu de ficar de p� por um longo per�odo de tempo.
Os tratamentos tamb�m podem fazer com que as pessoas se sintam muito mal. Foi o caso de Noel com os esteroides.
"Fiquei muito feliz quando paramos", diz ele.
Mas, sete meses depois, ele ainda precisa tomar antibi�ticos.
Outros pacientes relatam que os antibi�ticos causam n�usea, candid�ase vaginal e oral e dor de est�mago.
"� dif�cil. � muito desconfort�vel e muito desagrad�vel", afirma Cheryle Michael, aposentada que teve �lcera de Buruli no rosto em agosto de 2020 e ainda est� tomando medicamentos.
"Os esteroides me deixaram muito deprimida, cansada e desmotivada", acrescenta.
Os antibi�ticos, por sua vez, provocam problemas estomacais que a deixam nervosa ao sair de casa.
"Para ser franca, prefiro n�o ficar muito longe do meu banheiro."
A �lcera de Buruli � tratada com uma dose forte de dois antibi�ticos potentes que precisam ser tomados por v�rias semanas e, muitas vezes, meses: a rifampicina, que tamb�m � usada no tratamento de outras infec��es bacterianas graves, incluindo tuberculose e hansen�ase, e a moxifloxacina, que pode ser usada para tratar a peste.
Dependendo da gravidade da �lcera, altas doses de esteroides tamb�m s�o necess�rias, assim como cirurgia.
"Eu n�o diria que qualquer tratamento � f�cil. [Os pacientes] todos sofrem em um grau significativo", diz O'Brien.
�lcera desconhecida
Enquanto a �lcera de Buruli devora os tecidos moles dos pacientes, algumas perguntas sem resposta atormentam m�dicos e cientistas encarregados de tentar impedir que outras pessoas sejam infectadas.
"N�o sabemos o suficiente a respeito. H� algumas quest�es cient�ficas realmente importantes sobre onde ela deixa o meio ambiente, os outros reservat�rios animais e como os humanos realmente a contraem", explica O'Brien.
"A menos que obtenhamos respostas para essas perguntas vitais, realmente vamos ter dificuldade para controlar a doen�a."
Atualmente, os cientistas est�o trabalhando com a hip�tese de que a bact�ria � amplificada por gamb�s e suas fezes.
Mosquitos e outros insetos que picam transportam ent�o essa bact�ria dos gamb�s ou do ambiente para os humanos, ao perfurar sua pele e deixar a bact�ria que vai causar a �lcera de Buruli.
Mas isso continua sendo uma teoria, e ningu�m sabe ao certo se os humanos est�o contraindo a doen�a de mosquitos, do solo ou dos pr�prios gamb�s.
A �lcera de Buruli � classificada como uma doen�a "negligenciada" pela Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS): n�o recebe muita aten��o e n�o se sabe muito sobre ela.
Foi descoberta pela primeira vez em 1897 em Uganda, mas como afeta sobretudo comunidades pobres com cuidados de sa�de limitados, "simplesmente n�o havia dinheiro para realmente investir tempo, esfor�o e recursos na pesquisa", afirma O'Brien.
Sua pr�pria experi�ncia vem de passar anos trabalhando na �frica Ocidental, tratando de pacientes com �lcera de Buruli e doen�as relacionadas: lepra e tuberculose.
Quando a �lcera de Buruli apareceu pela primeira vez no estado de Victoria em 1948, havia apenas um punhado de casos. Mas agora, segundo especialistas, a doen�a est� se tornando mais comum na Austr�lia.
Ningu�m sabe como ela chegou aqui. At� mesmo algumas pessoas que vivem no meio da pen�nsula dizem que nunca ouviram falar dela, afirma Kim Blasdell, pesquisadora s�nior da CSIRO, ag�ncia nacional de ci�ncias da Austr�lia. Ela est� liderando um estudo para entender a poss�vel liga��o entre gamb�s, a �lcera de Buruli e os humanos.
"Se h� pessoas que vivem nas �reas de foco da doen�a que n�o ouviram falar dela, ent�o a maioria das pessoas fora dessas �reas tamb�m n�o ter� ouvido falar", diz ela.
Isso pode ser um grande problema: pacientes desinformados que esperam semanas pelo diagn�stico podem ser potencialmente desastrosos, como aconteceu no caso de Noel.
"Ent�o, voc� realmente quer ser capaz de evitar", afirma O'Brien.
Desenvolvimento da doen�a
Uma parte fundamental da preven��o est� em entender o que pode estar acontecendo na regi�o para aumentar o n�mero de casos da doen�a. Buscar mudan�as no ambiente local � vital, de acordo com Blasdell.
"H� muitos empreendimentos em desenvolvimento nas �reas onde houve muitos casos em humanos", diz ela.
Os humanos est�o transformando a Pen�nsula de Mornington desde que os europeus chegaram em 1803 e come�aram derrubando grande parte da floresta nativa para fornecer lenha para a rec�m-criada cidade de Melbourne.
Mas, � medida que a popula��o cresceu nos �ltimos anos, o desenvolvimento urbano aumentou e cada vez mais habitats naturais foram perdidos.
"Quando as pessoas limpam o terreno para construir uma casa nova ou derrubam a vegeta��o nativa, isso significa que os animais nativos que vivem naquela terra, inclusive os gamb�s, migram para a vegeta��o remanescente daquela �rea. Isso concentra o n�mero de gamb�s ", explica Blasdell.
E tamb�m pode concentrar a quantidade de Mycobacterium ulcerans em uma pequena �rea.
O desenvolvimento humano tamb�m significa que as pessoas est�o tendo um contato mais pr�ximo com os animais. Os gamb�s vivem naturalmente em �rvores nativas como as �rvores-do-ch�, mas essas criaturas fofas podem se adaptar bem a um ambiente mais urbano quando s�o obrigadas — como o jardim da casa das pessoas.
Em suas novas moradias, os gamb�s tamb�m t�m acesso a mais recursos do que teriam em seus habitats naturais.
Essas criaturas t�m uma queda por plantas frondosas, desde as folhas dos carvalhos dos parques p�blicos �s rosas, magn�lias e �rvores frut�feras que s�o encontradas em abund�ncia nos jardins da regi�o.
Uma planta florida pode ser reduzida a um caule nu por um gamb� faminto, para desespero dos jardineiros do sub�rbio.
"Muitas casas na regi�o t�m muitas esp�cies nativas [de plantas e �rvores]. Os gamb�s amam; vivem nelas e fazem coc� por todo ch�o. Eles correm sobre telhados e garagens", diz Blasdell.
Pode parecer um estorvo, mesmo sem a �lcera de Buruli, mas os gamb�s s�o esp�cies protegidas na Austr�lia — � ilegal mat�-los ou feri-los.
Muitas vezes, as pessoas tentam se livrar dos gamb�s sacudindo as �rvores para tir�-los de l�, ou at� mesmo usando "spray de pimenta e molho de peixe", diz Blasdell.
Ao fazer isso, eles podem se colocar em contato ainda mais pr�ximo com os gamb�s, aumentando o risco de contrair doen�as.
Al�m de acabar com seu habitat natural e, inadvertidamente, aproximar animais selvagens e humanos, os novos projetos de desenvolvimento podem estar involuntariamente atraindo doen�as, diz Blasdell.
Os novos empreendimentos na Pen�nsula Bellarine, no lado oposto � Pen�nsula de Mornington, s�o repletos de lagos e canais. Pode parecer bacana. Mas n�o para ela e seus colegas.
Eles pensam imediatamente nos mosquitos que podem estar envolvidos na transmiss�o do Buruli, al�m de serem portadores conhecidos de outros pat�genos.
Da mesma forma que os empreendedores precisam fazer avalia��es de impacto ambiental, diz Blasdell, eles tamb�m deveriam levar em considera��o os riscos � sa�de.
Cheryle Michael, que chegou � regi�o com sua fam�lia no in�cio dos anos 1990, notou a diferen�a.
"Costum�vamos dizer que era bom porque n�o havia mosquitos, mas sem d�vida as popula��es de mosquitos aumentaram ao longo das d�cadas", afirma.
Assim como os casos de �lcera de Buruli. "A �lcera de Buruli n�o fazia parte do ambiente at� recentemente. Simplesmente n�o era algo com que nos preocup�ssemos", acrescenta..

A �lcera de Buruli n�o � o �nico exemplo. Um relat�rio de 2018 encontrou muitas rela��es entre a perda da vegeta��o nativa e a mudan�a no uso da terra e o surgimento de doen�as na Austr�lia.
O desenvolvimento de doen�as � um processo no qual os humanos est�o muito envolvidos, diz Rosemary McFarlane, professora assistente de sa�de p�blica na Universidade de Canberra, na Austr�lia, e uma das coautoras do estudo.
"Estamos colocando uma press�o incr�vel sobre os sistemas naturais; temos muito mais humanos e rebanhos do que vida selvagem, mas eles est�o todos se sobrepondo enquanto competem por recursos. � um problema que n�s mesmos criamos", avalia.
Portanto, o problema n�o s�o os gamb�s em si — � que estamos mais perto deles do que nunca. Parte da raz�o pela qual n�o devemos culp�-los. Sem falar que os gamb�s s�o uma parte importante do ecossistema australiano, com suas fezes nutrindo o solo.
Al�m disso, Blasdell destaca que, se o gamb� fosse o culpado, era esperado ver �lcera de Buruli em outras partes superdesenvolvidas semelhantes da Austr�lia, onde tamb�m h� gamb�s. Em vez disso, o problema est� centralizado perto de Melbourne e Geelong.
Uma combina��o de desenvolvimento e outros fatores ambientais parecem estar contribuindo para a propaga��o desta doen�a. Entender como e por que a doen�a existe — tanto em gamb�s quanto no meio ambiente de Victoria — � vital para saber se vai se espalhar ainda mais pelo pa�s.
Em busca de respostas
Cada vez mais frustrado com o aumento no n�mero de pacientes que sofrem com a doen�a, O'Brien publicou em 2018 um artigo no Medical Journal of Australia, pedindo financiamento para uma resposta cient�fica urgente ao crescente n�mero de casos.
Por volta da mesma �poca, uma menina de 13 anos chamada Ella Crofts lan�ou uma peti��o pedindo fundos ao governo depois de sofrer com uma �lcera grave no joelho que exigiu tr�s opera��es e meses de tratamento.
Uma semana ap�s a publica��o, O'Brien havia garantido mais de 3 milh�es de d�lares australianos (cerca de R$ 13 milh�es).
Com essa verba, O'Brien tem colaborado com outros especialistas para responder � pergunta fundamental: como acontece a transmiss�o?
"Essa � uma doen�a que tem uma intera��o complexa entre o meio ambiente, os animais e os humanos", afirma.
Mas sem um entendimento melhor da transmiss�o, sua preven��o continuar� dif�cil.
O'Brien se juntou a pesquisadores ambientais, cientistas de doen�as infecciosas e especialistas em comportamento humano para conseguir montar todas as pe�as do quebra-cabe�a e descobrir o que est� acontecendo.
Um dos pesquisadores com quem ele tem trabalhado nos �ltimos dois anos � Blasdell.
Em uma manh� ensolarada de outubro de 2020, Blasdell vagava pelas ruas do sub�rbio da Pen�nsula de Mornington equipada de m�scara, luvas azuis e um saco pl�stico amarelo. Ela parou ao lado de uma �rvore e levantou a cabe�a para olhar para sua copa.
A �rvore Melaleuca preissiana � um dos pontos de encontro favoritos de gamb�s e — bingo! — ela avistou um ninho. Na grama logo abaixo, achou rapidamente o que procurava: bolinhas marrom-escuras de coc� de gamb�.
De sua sacola pl�stica, Blasdell tirou um pequeno tubo de ensaio e uma pin�a verde. Decantando algumas fezes no tubo, ela colou uma etiqueta nele e guardou na bolsa com outras amostras.
Enquanto isso, sua equipe enviou question�rios aos moradores da Pen�nsula de Mornington — tanto para aqueles que tiveram a doen�a quanto para aqueles que n�o tiveram.
Eles querem conhecer seus h�bitos: ser� que usam luvas na jardinagem, por exemplo, e moram perto de reservat�rios de �gua parada, que podem atrair mosquitos?
Blasdell e sua equipe tamb�m visitaram as casas de alguns moradores e coletaram amostras ambientais para ver se a bact�ria se encontrava no solo ao redor de suas resid�ncias.
Ao relacionar todas essas informa��es, eles esperam obter uma imagem mais clara de como a doen�a est� passando do meio ambiente para os humanos.
Depois do p�r do Sol, Saras Windecker e sua equipe se dirigiram para l�. Na escurid�o da noite, Windecker, pesquisadora da Universidade de Melbourne, se p�s a caminhar lentamente pelas ruas do sub�rbio da pen�nsula, enquanto a lanterna presa � sua cabe�a iluminava as �rvores ao redor, e come�ou a contar. Ela estava fazendo um levantamento para ver quantos gamb�s existem na regi�o.
Ela come�ou no norte de Melbourne, onde encontrava cerca de 30 por noite. Mas, � medida que se aproximava da Pen�nsula de Mornington, "come�amos a ver n�meros realmente altos — mais de 100 gamb�s em uma �nica noite", diz ela.
Como os cientistas acreditam que os mosquitos provavelmente tamb�m desempenham um papel nesta complexa cadeia de transmiss�o, al�m de contabilizar os gamb�s, eles tamb�m t�m realizado levantamentos de mosquitos.
"Podemos usar isso para criar um mapa espacial de onde o mosquito � mais abundante e em que per�odos de tempo", afirma Windecker.
Ao obter todas essas informa��es —a abund�ncia de gamb�s, a quantidade de bact�rias em suas fezes e no meio ambiente e a profus�o de mosquitos —, Windecker pretende criar um sistema de alerta para as comunidades e autoridades de sa�de.
"Vamos [criar] um mapa de risco espacial mais amplo de onde a bact�ria pode estar em maior risco de infectar mais humanos no futuro", explica.
Mas a import�ncia de encontrar respostas vai muito al�m da costa da Pen�nsula de Mornington: quase 3 mil pessoas no mundo todo sofrem de �lcera de Buruli a cada ano.
A pesquisa estava indo bem at� a primavera de 2020, mas a pandemia de covid-19 prejudicou seu andamento — e � dif�cil obter mais financiamento.
Por enquanto, os pesquisadores ainda n�o descobriram com certeza como a bact�ria infecta os humanos.
Diante de uma pandemia global, O'Brien teme que a �lcera de Buruli possa cair no esquecimento mais uma vez. E receia que seria imprudente ignor�-la.
"A covid-19 est� nos mostrando que n�o podemos ver doen�as isoladamente. [Os coronav�rus] podem ser respirat�rios, e [a �lcera de] Buruli bacteriana, mas ambos v�m da natureza, ambos s�o um alerta sobre nossas intera��es com a natureza, os dois s�o imensamente prejudiciais � sa�de humana", afirma.
"Aprender as li��es de um � muito importante para o outro."
Leia a vers�o original desta reportagem (em ingl�s) no site BBC Future.
J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!