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Estado de Minas �NDIA

Na �ndia, mulheres impulsionam cultivo de alga 'ecomilagrosa'

Cientistas estudam como cultivo de algas pode ajudar a reduzir impacto das emiss�es de gases de efeito estufa e melhorar o ambiente marinho


28/10/2021 10:28 - atualizado 28/10/2021 12:16

Mulheres cultivando a alga 'ecomilagrosa' na Índia
(foto: Arun SANKAR / AFP )
Vestida com um s�ri colorido e blusa, Lakshmi Murgesan mergulha nas �guas azuis da costa sul da �ndia para coletar algas marinhas, destacadas pelos cientistas como uma cultura milagrosa que absorve mais CO2 do que as �rvores.

A �ndia � o terceiro maior emissor de carbono, atr�s da China e dos Estados Unidos, e n�o estabeleceu um prazo para atingir a neutralidade de carbono, em vez disso, impulsiona novos investimentos em carv�o e minera��o.

Mas os cientistas estudam como o cultivo de algas pode ajudar a reduzir o impacto das emiss�es de gases de efeito estufa, reverter a acidifica��o dos oceanos e melhorar o ambiente marinho, al�m de fornecer meios de subsist�ncia para comunidades costeiras pobres.

"Fa�o isso pelos meus filhos (...) D� trabalho, � duro, mas posso ter um bom lucro com quatro meses de trabalho", diz Murgesan, que ganha 20.000 r�pias (US $ 265) por m�s cultivando a microalga fibrosa.

"N�o teria sido capaz de educar meus filhos, mas com isso (cultivo de algas) pude mandar meus filhos para a universidade", acrescenta com um sorriso, saindo da �gua em Rameswaram, no estado de Tamil Nadu.

Ganesan, um cientista do governo, comenta que as algas s�o uma alternativa positiva porque os habitats costeiros e os p�ntanos absorvem cinco vezes mais carbono do que as florestas terrestres.

"Em muitos aspectos, � uma cultura milagrosa, � ecologicamente correta, n�o requer o uso de terra ou �gua doce. Absorve o CO2 dissolvido na �gua durante a fotoss�ntese e oxigena todo o ecossistema marinho", explica Ganesan � AFP.

A �ndia, com um litoral de 8.000 km, pretende aumentar a produ��o de algas marinhas das atuais 30.000 toneladas para mais de um milh�o de toneladas at� 2025.

Globalmente, a produ��o de algas marinhas atingiu quase US $ 12 bilh�es em 2019 e deve crescer para US $ 26 bilh�es em 2025. China e Indon�sia det�m 80% do mercado do produto.

Alimento, combust�vel, fertilizante

Murgesan faz parte de uma equipe de mulheres que trabalham juntas para cultivar algas em jangadas de bambu, antes de colh�-las e sec�-las.

Os produtores tamb�m colhem algas selvagens, que mergulham para pegar com as m�os.

As �guas tropicais do Tamil Nadu s�o um ambiente ideal para as plantas aqu�ticas, e uma �nica jangada pode render at� 200 quilos em 45 dias.

O produto � ent�o enviado para mercados em toda a �ndia e outros pa�ses, como Estados Unidos e Austr�lia, por meio da AquAgri, uma empresa privada que promove o cultivo de algas marinhas por meio de grupos de autoajuda na �ndia.

Popular na culin�ria do Leste e Sudeste Asi�tico, usada em sopas e rolos de sushi, a planta marinha tamb�m � ingrediente de medicamentos, cosm�ticos, biofertilizantes e at� biocombust�veis.

"A alga tamb�m serve como bioestimulante das safras para aumentar a produtividade e tornar a colheita mais resistente ao estresse causado pelo clima. Tamb�m � usada no processamento de carnes e alimentos", destaca � AFP Abhiram Seth, diretor administrativo da AquAgri.

Embora n�o seja tradicionalmente popular na �ndia, o governo anunciou em julho US $ 85 milh�es em subs�dios para iniciativas de cultivo de algas marinhas nos pr�ximos cinco anos.

Seth observa que tem potencial para beneficiar o meio ambiente e produtores, como Murgesan.

"As algas limpam a �gua. Ao mesmo tempo, os produtores recebem uma renda sustent�vel sem ter que se deslocar para as �reas urbanas em busca de emprego", diz.

Cultivar o necess�rio

As algas n�o exigem fertilizantes, �gua pot�vel ou pesticidas.

A variedade kelp, uma das mais cultivadas, cresce cerca de 61 cm por dia.

Estima-se que absorvam cerca de 173 milh�es de toneladas m�tricas de carbono por ano em todo o mundo, compar�vel �s emiss�es do estado de Nova York, de acordo com um estudo de 2016 da Nature Geosciences.

Um estudo recente da Universidade da Calif�rnia descobriu que a combina��o de algas vermelhas na alimenta��o animal pode ajudar a reduzir suas emiss�es de metano.

"J� temos evid�ncias de que a combina��o de algas na dieta do gado � eficaz na redu��o dos gases de efeito estufa e que a efic�cia n�o diminui com o tempo", disse Ermias Kebreab, diretor do World Food Center, no estudo.

Al�m de absorver di�xido de carbono quando vivas, as algas que morrem e caem no fundo do oceano mant�m o carbono no sedimento, acrescentou Ganesan.

No entanto, os cientistas alertam que seu cultivo pode ter desvantagens.

"H� uma desvantagem na supercultura de algas, porque elas servem de alimento para muitas esp�cies nos recifes, como ouri�os-do-mar e peixes", explica o bi�logo marinho Naveen Namboothri, da Funda��o Dakshin, que alerta que a extra��o pode afetar o recife.

Ciente do risco, Murgesan e outras cultivadoras trabalham apenas 12 dias por m�s e n�o fazem a colheita durante a principal �poca de reprodu��o dos peixes, entre abril e junho.

A cultivadora Vijaya Muthuraman, que nunca foi � escola, confia no conhecimento tradicional.

"N�s s� cultivamos o que precisamos e de uma forma que n�o machuca ou mata os peixes", explica, sentada na praia ap�s seu dia de trabalho.

O perigo de se ferir nas rochas ou ser picado por uma �gua-viva est� sempre presente, mas as cultivadoras n�o parecem preocupadas e conversam e riem enquanto trabalham.

"Existem perigos, mas este trabalho deu a mim e � minha fam�lia dignidade", conclui Muthuraman.


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