
Eventos clim�ticos extremos - como secas, inunda��es e ondas de calor - t�m sido cada vez mais frequentes. O relat�rio do Painel Intergovernamental de Mudan�as Clim�ticas da ONU (IPCC), mostrou este ano que o planeta deve ficar 1,5ºC mais quente do que na era pr�-industrial j� na d�cada de 2030, dez anos antes do previsto inicialmente.
Por isso, decis�es pol�ticas tomadas pelos l�deres ao longo da confer�ncia s�o determinantes para o planeta.
O relat�rio anual sobre Lacuna de Emiss�es lan�ado pelo Programa das Na��es Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que mensura a diferen�a entre as emiss�es previstas e aquelas consistentes com o controle de aumento da temperatura previsto no acordo de Paris, foi lan�ado esta semana. O documento revelou que as metas atualizadas dos pa�ses apenas reduzem a previs�o de emiss�es para 2030 em 7,5%, quando comparadas com os compromissos pr�vios.
Se o ritmo continuar assim ao longo deste s�culo, isso poderia gerar um aquecimento de 2,7ºC, ligeiramente abaixo dos 3ºC previstos pelo Pnuma no relat�rio anterior. � necess�ria uma redu��o de 30% nas emiss�es para que a temperatura seja contida em 2ºC; e de 55% para que ela chegue a apenas 1,5ºC.
O presidente brit�nico da COP-26, Alok Sharma, disse esperar que o poder do carv�o seja definitivamente abandonado nesta edi��o da confer�ncia. A ONU tem pedido que o carv�o acabe at� 2030 nos pa�ses membros da Organiza��o para a Coopera��o e Desenvolvimento (OCDE).
Corte de emiss�es de gases do efeito estufa
Na segunda-feira (1°/11), o presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, anunciaram aumento da meta clim�tica do pa�s em discursos transmitidos no pavilh�o do Brasil na COP-26. Segundo o an�ncio do governo federal, a nova previs�o � cortar 50% das emiss�es de gases de efeito estufa at� 2030 - antes, esse patamar era de 43%. O governo tamb�m anunciou que vai antecipar a meta de zerar o desmatamento ilegal de 2030 para 2028, e alcan�ar uma redu��o de 50% at� 2027.
A decis�o vem ap�s a gest�o Bolsonaro promover uma mudan�a que tem sido chamada por ambientalistas de "pedalada clim�tica", j� que a meta de 43% de cortes nas emiss�es at� 2030 tinha como base os lan�amentos de gases de efeito estufa na atmosfera em 2005.
Mas o governo federal fez um novo c�lculo da base de emiss�es, o que aumentou essa quantidade de gases emitidos em 2005. Assim, ainda que a meta de corte n�o tenha sido alterada, o ponto de partida das emiss�es ficou maior, fazendo com que o corte de 43% ficasse menos ambicioso do que na vers�o original.
Bolsonaro destacou a necessidade de esfor�os para a conserva��o da floresta e para a cria��o de "empregos verdes". J� Leite defendeu que estados mais ricos sejam "mais ambiciosos" em suas metas para reduzir a polui��o atmosf�rica.
Redu��o do desmatamento em 2030
Mais de cem l�deres mundiais se comprometeram nessa ter�a-feira (2/11) a deter e reverter o desmatamento em 2030 com medidas apoiadas por US$ 19 bilh�es de fundos p�blicos e privados, que ser�o investidos na prote��o e restaura��o das florestas. O Brasil faz parte da lista.
Ser�o US$ 12 bilh�es de d�lares de dinheiro p�blico, aportado por 12 pa�ses entre 2021 e 2025, al�m de US$ 7,2 bilh�es de investimento privado de mais de 30 institui��es financeiras mundiais.
O dinheiro deve apoiar principalmente atividades em pa�ses em desenvolvimento, como a restaura��o de terras degradadas, a luta contra os inc�ndios florestais e a defesa dos direitos das comunidades ind�genas.
As florestas absorvem cerca de 30% das emiss�es de di�xido de carbono, de acordo com a ONG World Resource Institute (WRI). Mas, a prote��o natural clim�tica est� desaparecendo. O planeta perdeu 258 mil quil�metros quadrados de floresta no ano passado, segundo acompanhamento do desmatamento do WRI, a Global Forest Watch. A �rea � maior do que o Reino Unido.
Com�rcio sustent�vel
Mais de 30 institui��es financeiras se comprometeram a eliminar o investimento em atividades vinculadas ao desmatamento. Juntas, essas institui��es administram US$ 8,7 trilh�es em ativos.
Tamb�m foram anunciadas mudan�as no com�rcio sustent�vel de commodities florestais e agr�colas, al�m de a��es de apoio aos povos ind�genas e comunidades locais. “O objetivo � se distanciar de portf�lios que investem em cadeias de suprimentos de commodities agr�colas com alto risco de desmatamento e buscar uma produ��o sustent�vel”, informou o Departamento de Meio Ambiente, Alimenta��o e Assuntos Rurais (Defra), do Reino Unido, sede do evento.
“Isso fornecer� financiamento para pa�ses que reduzirem com sucesso as emiss�es do desmatamento, desde que essas redu��es tenham sido verificadas e confirmadas de forma independente”, completou.
A ag�ncia brit�nica acrescentou que o financiamento ser� fornecido apenas por empresas j� comprometidas com os cortes de emiss�es em suas pr�prias cadeias de abastecimento.
A iniciativa batizada de Finan�as Inovadoras para a Amaz�nia, Cerrado e Chaco (IFACC, na sigla em ingl�s) anunciar� US$ 3 bilh�es para acelerar o combate ao desmatamento e a soja livre de convers�o.
Um novo roteiro de transa��es sustent�veis foi divulgado para quebrar o v�nculo entre o desmatamento e as commodities agr�colas. O manifesto foi lan�ado por 28 pa�ses produtores e consumidores, incluindo Indon�sia, Brasil, Col�mbia, os da Uni�o Europeia, Reino Unido e Estados Unidos.
A transi��o global para um sistema sustent�vel de uso da terra e alimentos pode fornecer 4,5 trilh�es de libras por ano de novas oportunidades de neg�cios at� 2030, segundo o Defra. “Na �ltima d�cada, cerca de 40 vezes mais montantes em financiamento flu�ram para pr�ticas destrutivas de uso da terra, em vez de prote��o florestal, conserva��o e agricultura sustent�vel”, apontou o comunicado.
O departamento explicou que esses investimentos e transa��es ser�o apoiados por uma declara��o conjunta de nove bancos multilaterais de desenvolvimento - incluindo o Banco Mundial - que os compromete a integrar a natureza em seus investimentos e no di�logo pol�tico com os pa�ses.
Redu��o das emiss�es de metano
Outro compromisso global assinado por cem pa�ses, na ter�a-feira (2/11), prev� reduzir as emiss�es de metano em 30% at� 2030, ante os n�veis do ano passado. O pacto foi liderado pelos Estados Unidos e a Uni�o Europeia e teve a ades�o do Brasil, um dos cinco principais emissores de metano do planeta. Tr�s membros do grupo de maiores emissores de metano - China, R�ssia e �ndia - ficaram fora da lista.
Embora desapare�a mais r�pido da atmosfera que o g�s carb�nico, o metano tem um potencial de aquecimento cerca de 80 vezes maior. Assim, reduzir a libera��o desse poluente � considerada uma estrat�gia para acelerar o combate �s mudan�as clim�ticas. Depois do g�s carb�nico, o metano � o segundo maior poluente do planeta.
“Juntos, estamos nos comprometendo coletivamente a reduzir o metano em 30%. E penso que podemos ir al�m”, disse o presidente americano, Joe Biden.
A meta � coletiva, mas n�o h� especifica��es para os pa�ses - a n�o ser que eles anunciem planos pr�prios. Os Estados Unidos, por exemplo, tem uma previs�o nacional de corte de 30%. J� o Brasil, segundo apurou o Estad�o/Broadcast, n�o tem a inten��o de criar uma nova previs�o em rela��o a esse poluente.
A meta apresentada pelo governo brasileiro para reduzir emiss�es � calculada em “g�s carb�nico equivalente”. Isso inclui todos os Gases de Efeito Estufa (GEE), como di�xido de carbono, oz�nio, vapor de �gua, oz�nio, �xido nitroso, clorofluorcarbonos e o pr�prio metano.
Uma das preocupa��es do Brasil em se comprometer com o metano � a atividade agropecu�ria, que tem grande import�ncia econ�mica para o pa�s. No mundo, quase um ter�o (27%) das emiss�es provenientes da atividade humana est� ligada � cria��o de animais.
A Argentina, signat�ria do pacto, enfatizou "o princ�pio de responsabilidades comuns, mas diferenciadas" entre pa�ses desenvolvidos e em desenvolvimento. "O aporte da nossa agroind�stria para a seguran�a alimentar mundial n�o deve ser exclu�do das negocia��es clim�ticas para n�o gerar novas formas de protecionismo", defendeu o presidente Alberto Fern�ndez.
Segundo o an�ncio, as na��es que aderiram ao plano representam 70% das emiss�es de metano no planeta. Por outro lado, as aus�ncias de China, R�ssia e �ndia exp�em as dificuldades de chegar a acordos mais ambiciosos na confer�ncia.
Neutralidade de emiss�es at� 2050
Outra meta anunciada pelo governo brasileiro na segunda-feira foi de atingir a neutralidade (saldo zero) de emiss�es at� 2050 – compensar cada tonelada de carbono com algum tipo de absor��o, como o reflorestamento.
A neutralidade tamb�m dividiu os emergentes. Estados Unidos, Reino Unido e Uni�o Europeia pressionaram pela data de 2050. China e R�ssia optaram pela d�cada seguinte. J� a �ndia deixa para 2070.
(com informa��es Estad�o Conte�do)
*Estagi�ria sob supervis�o do subeditor Jo�o Renato Faria