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Estado de Minas INTERNACIONAL

EUA dizem que Bolsonaro tem 'responsabilidade' de confrontar Putin

Visita de mandat�rio brasileiro ao Kremlin acontecer� em fevereiro, em meio � escalada de tens�o na Europa


28/01/2022 22:38 - atualizado 28/01/2022 22:39

Bolsonaro sentado em evento com feição séria olhando para frente
Visita de Bolsonaro � R�ssia acontecer� em fevereiro, em meio � escalada de tens�o na Europa (foto: Reuters)
O governo dos Estados Unidos afirmou nesta sexta-feira (28/01) que "o Brasil tem a responsabilidade de defender os princ�pios democr�ticos e proteger a ordem baseada em regras, e refor�ar esta mensagem para a R�ssia em todas as oportunidades''.

 

A declara��o foi dada diante de questionamento da BBC News Brasil sobre a visita do presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) ao mandat�rio russo Vladimir Putin, marcada para fevereiro.

 

A viagem foi confirmada ontem por Bolsonaro, em meio a uma escalada de tens�es militares na fronteira entre R�ssia e Ucr�nia.

 

"Ele [Putin] � conservador sim. Eu vou estar m�s que vem l�, atr�s de melhores entendimentos, rela��es comerciais. O mundo todo � simp�tico com a gente", disse Bolsonaro a apoiadores nesta quinta, 27/1, em frente ao Pal�cio da Alvorada.

 

H� meses os russos estacionam tropas em pontos estrat�gicos pr�ximos ao territ�rio ucraniano e exigem a proibi��o do ingresso da Ucr�nia na Otan (Organiza��o do Tratado do Atl�ntico Norte).

 

Do outro lado, os EUA e os membros da alian�a militar prometem socorrer a Ucr�nia, a quem t�m abastecido com armas, e o presidente americano Joe Biden mant�m 8,5 mil soldados americanos de prontid�o para enviar a bases nos pa�ses b�lticos se Moscou seguir em frente com alguma iniciativa b�lica na regi�o.

 

O Brasil � hoje um aliado americano militar extra-Otan - t�tulo concedido ao pa�s ainda na gest�o de Donald Trump - e, no ano passado, recebeu endosso dos Estados Unidos para se tornar um parceiro global da alian�a militar, o que expandiria ainda mais acessos brasileiros a armamentos e treinamentos militares conjuntos.

 

Al�m disso, o pa�s acaba de assumir um assento tempor�rio no Conselho de Seguran�a da ONU. H� pouco mais de duas semanas, o secret�rio de Estado americano Antony Blinken falou com o chanceler brasileiro Carlos Fran�a por telefone sobre o que o Departamento de Estado dos EUA afirmou serem "prioridades compartilhadas, incluindo a necessidade de uma resposta forte e unida contra novas agress�es russas � Ucr�nia".

 

J� o Itamaraty confirmou em nota que a Ucr�nia fez parte da conversa entre os ministros, no entanto, com �nfase muito menor ao assunto do que a dada pelos americanos.

 

Apesar de o assunto fazer parte do di�logo, os americanos n�o foram comunicados por canais diplom�ticos pelos brasileiros a respeito da viagem.

"Estamos cientes da viagem (de Bolsonaro � R�ssia) por causa de informa��es p�blicas", afirmou � BBC News Brasil um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA.

 

O governo americano ainda disse que "os EUA e um n�mero significativo de pa�ses est�o preocupados com o papel desestabilizador que a R�ssia est� desempenhando na regi�o".

 

Questionado sobre qual seria o teor da agenda tratada pelo presidente brasileiro com Putin e se, como aliado extra-Otan, se posicionar� sobre o conflito entre R�ssia e pa�ses da alian�a, o Itamaraty apenas recomendou que a BBC News Brasil consultasse o Pal�cio do Planalto.

 

J� o Planalto respondeu � reportagem que n�o tem detalhes da viagem at� o momento e n�o comentou as declara��es do Departamento de Estado.

 

Reservadamente, um diplomata brasileiro afirmou � BBC News Brasil que o pa�s trata de modo "soberano" de seus interesses, "sem ter que pedir autoriza��o a nenhum outro pa�s" e, historicamente, "conversa com todo mundo, sem que isso signifique concordar com tudo o que o interlocutor faz".

Commodities e Telegram

Logo do Telegram
TSE est� estudando a��es para lidar com o Telegram, aplicativo que n�o tem escrit�rio no Brasil (foto: Getty Images)

 

Ao contr�rio dos EUA e da China, a R�ssia n�o � um aliado comercial de grande import�ncia para o Brasil (n�o est� nem entre os dez principais parceiros).

Dentre os produtos brasileiros, os russos importam soja, prote�na animal, a��car, caf� e tabaco. De outro lado, exportam para o Brasil insumos agr�colas como fertilizantes, pot�ssio e ureia.

 

Nos �ltimos anos, enquanto aumentam barreiras de prote��o a produtos brasileiros como a carne bovina, eles t�m demonstrado interesse em investir na Usina Nuclear de Angra 3 e em obras de infraestrutura, como terminais portu�rios.

 

As conversas sobre acordos comerciais bilaterais nunca avan�aram a contento e n�o h� neste momento, ao menos da parte brasileira, qualquer expectativa de que um tratado desse tipo possa ser firmado entre os dois pa�ses.

 

Aos apoiadores, al�m de genericamente falar em avan�ar "entendimentos" e "rela��es comerciais", Bolsonaro citou o aplicativo de mensagens russo Telegram. A rede, uma das preferidas para comunica��o com eleitores pela fam�lia Bolsonaro, virou alvo de a��es do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), preocupado com o potencial do aplicativo de dissemina��o em massa de desinforma��o. Ao contr�rio de outras plataformas, o Telegram n�o tem escrit�rio no Brasil.

 

"Est� tratando, est� tratando do assunto a�", disse Bolsonaro, quando perguntado sobre o Telegram. "A gente est� vendo aqui a covardia que est�o querendo fazer com o Brasil. Covardia, n�", afirmou o presidente, que � contr�rio �s restri��es impostas ao aplicativo pela Justi�a.

Simpatia entre Putin e Bolsonaro

Putin e Bolsonaro se cumprimentam durante encontro em 2019
Putin e Bolsonaro j� se encontraram anteriormente, em novembro de 2019 (foto: Marcos Corr�a/PR)

 

A simpatia entre Putin e Bolsonaro n�o � recente. Em 2020, durante a C�pula dos BRICS, bloco composto pelos dois pa�ses, mais China, �ndia e �frica do Sul, o mandat�rio russo disse que o chefe de Estado brasileiro detinha "as melhores qualidades masculinas".

 

"O senhor expressou as melhores qualidades masculinas e de determina��o. O senhor foi buscar a solu��o de todas as quest�es, antes de tudo na base dos interesses do seu povo, seu Pa�s, deixando para depois as solu��es ligadas aos problemas de sua sa�de pessoal. Isso � para todos n�s um exemplo de relacionamento corajoso com o cumprimento de seu dever e a execu��o de suas obriga��es na qualidade de chefe de Estado", disse Putin, a respeito da gest�o de Bolsonaro da pandemia, que gerou cr�ticas internacionais ao brasileiro.

 

Em dezembro, pouco depois da visita do chanceler brasileiro � R�ssia, Putin formalizou um convite a Bolsonaro para visitar o Kremlin. "Ficaremos felizes em ver o presidente do Brasil na R�ssia", disse � ag�ncia estatal russa Tass, e complementando que o Brasil � "um dos pa�ses mais estrat�gicos" com quem a R�ssia mant�m rela��es. Diante do convite, Bolsonaro se disse "muito feliz, muito honrado" e afirmou se tratar de uma janela de oportunidade.

 

"Vamos nos preparar para fazer dessa visita uma oportunidade de alavancarmos a nossa economia", disse o presidente ainda em dezembro do ano passado.

 

Diplomatas e especialistas em com�rcio exterior veem na visita uma tentativa pol�tica por parte de Bolsonaro de mostrar aos eleitores dom�sticos que mant�m interlocutores internacionais de alto n�vel.

 

J� para Putin, que acusa os americanos de se aproximarem militarmente de seu territ�rio, receber o presidente do maior pa�s da Am�rica Latina � um ativo enquanto o restante do Ocidente endurece sua posi��o contra ele. Antes do brasileiro, Putin receber� tamb�m em fevereiro o presidente argentino Alberto Fernandez.

 

Ao contr�rio do que desejam os Estados Unidos, � improv�vel que o Brasil fa�a qualquer admoesta��o p�blica ou privada a Putin. Em 2014, quando os russos anexaram a at� ent�o ucraniana Crimeia, o Brasil, � �poca presidido por Dilma Rousseff, se omitiu por completo em rela��o ao conflito.

 

Em 2015, o Brasil passou a ser um dos apoiadores dos termos da Resolu��o 2022 do Conselho de Seguran�a da ONU, que trata dos Acordos de Minsk para o fim do conflito entre os separatistas pr�-R�ssia e as for�as armadas da Ucr�nia na por��o leste do territ�rio ucraniano.

 

Por�m, os acordos, que previam a retirada do armamento pesado e o respeito ao cessar-fogo, foram desrespeitados sucessivas vezes.

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