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Paris invadida por percevejos? O que est� por tr�s de p�nico que tomou cidade-sede da Olimp�ada

Percevejos 'invadiram' Paris e outras cidades francesas, provocando uma onda de insectofobia e levantando quest�es sobre sa�de e seguran�a durante os Jogos Ol�mpicos do pr�ximo ano.


03/10/2023 20:05 - atualizado 05/10/2023 09:42
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percevejo
Parisienses est�o em p�nico com uma 'invas�o' de percevejos (foto: Getty Images)

Percevejos "invadiram" Paris e outras cidades francesas, provocando uma onda de p�nico e levantando quest�es sobre sa�de e seguran�a durante os Jogos Ol�mpicos do pr�ximo ano.

� assim que o fen�meno tem sido amplamente descrito nos meios de comunica��o franceses – e agora, nos internacionais.

Em parte, a hist�ria � verdadeira. Mas em outra, n�o.

O que acontece � que o n�mero de avistamentos de percevejos aumentou nas �ltimas semanas - e essa tend�ncia crescente remonta a v�rios anos.

"Todo final de ver�o vemos um grande aumento de percevejos", diz Jean-Michel Berenger, entomologista do principal hospital de Marselha e um dos maiores especialistas franceses em insetos.

"Isso porque as pessoas se movimentaram durante julho e agosto e trazem os insetos de volta na bagagem. E a cada ano, o aumento sazonal ap�s as f�rias � maior que o anterior", explica.

Em Paris, um em cada 10 moradores de apartamentos teve problemas com percevejos nos �ltimos cinco anos, segundo dados oficiais.

Agora, o tradicional medo de infesta��o se soma a novas ang�stias.

H� in�meros relatos de que percevejos foram vistos recentemente em salas de cinema, e de pessoas que dizem terem sido mordidas em trens. Essas informa��es muitas vezes s�o levadas extremamente a s�rio pelos parisienses.

Tanto a C�mara Municipal de Paris como o governo do presidente Emmanuel Macron se mostraram preocupados com o problema.

A a��o visa mostrar a seriedade com que o governo encara a quest�o para proteger a imagem de Paris antes dos Jogos Ol�mpicos de 2024 - e n�o como um pequeno problema amplificado rapidamente pelas redes sociais.

Propriet�rios de cinemas, preocupados com o decl�nio do p�blico, ficaram assustados com v�deos mostrando �caros em assentos.

Passageiros do metr� parisiense come�aram a verificar os estofados dos bancos - alguns preferem ficar de p�.

homem aplicando veneno
Residentes de Paris est�o convocando exterminadores para resolver o problema (foto: BBC)

"H� um elemento novo neste ano: a psicose geral que se instalou", diz Berenger.

"De certa forma, � bom porque serve para conscientizar as pessoas sobre o problema, e quanto mais cedo voc� agir contra os percevejos, melhor. Mas grande parte do problema est� sendo exagerado."

O fato � que os percevejos est�o retornando, mas essa n�o � uma not�cia recente. Acontece h� 20 ou 30 anos. E n�o apenas na Fran�a, mas sim em v�rios lugares.

Existem v�rios fatores que podem explicar o fen�meno, como a globaliza��o, o com�rcio feito por containers, turismo de massa e imigra��o.

O percevejo - cimex lectularius, em latim - � uma criatura “domesticada”: vai aonde os humanos est�o.

Ap�s a Segunda Guerra Mundial, os percevejos - como muitos outros animais - foram dizimados pelo uso generalizado do inseticida DDT. Mas, ao longo dos anos, o DDT e muitos outros produtos qu�micos foram proibidos devido aos seus efeitos colaterais nos seres humanos.

Por outro lado, a popula��o de percevejos foi “modificada” pela elimina��o daquelas criaturas que eram geneticamente suscet�veis � erradica��o qu�mica em primeiro lugar. Aqueles que sobreviveram � uso do DDT s�o os ancestrais da ra�a atual, que s�o, como resultado, muito mais resistentes.

Um terceiro fator pode ser o decl�nio das baratas, em grande parte gra�as a uma maior preocupa��o com elas e resid�ncias de maneira geral mais limpas. As baratas s�o predadoras de percevejos.

A verdade � que os percevejos s�o de fato uma amea�a, mas o perigo � mais psicol�gico do que f�sico. Pelo que se sabe, ele n�o pode transmitir doen�as. Suas mordidas s�o dolorosas, mas a dor passa r�pido.

Ele troca seus exoesqueletos em intervalos regulares; deixa fezes em forma de pontos pretos; ele se mexe de alegria ao sentir o cheiro de um humano; e pode viver um ano sem comida.

Mas o verdadeiro dano do percevejo � para a sa�de mental.

percevejos na tela
Percevejos - mostrados aqui em uma tela em um hospital de Marselha - est�o se espalhando pela Fran�a (foto: BBC)

H� um ano, meu filho, de 29 anos, encontrou percevejos em seu apartamento no 20º andar. Ele jogou fora a cama; lavou todas as suas roupas; esfregou a casa toda. Mas ainda assim ele n�o conseguia dormir. Ent�o come�ou a imaginar o animal rastejando sobre sua pele. Tornou-se uma obsess�o.

S� depois de uma limpeza com vapor em seu apartamento, realizado por uma empresa antipragas, ele conseguiu respirar novamente. Alguns controladores de pragas usam c�es farejadores para localizar os insetos.

“Percevejos n�o s�o motivo de riso”, diz Berenger. "Mas h� muitas hist�rias absurdas por a� sobre a facilidade com que eles podem se espalhar. Na minha opini�o, a maneira de combater os percevejos � apostar em pol�ticas p�blicas para grandes espalhadores dos insetos."

Estas s�o as pessoas, explica ele, que, embora em n�mero reduzido, causam a maior parte dos danos. S�o frequentemente pessoas marginalizadas: popula��o em situa��o de rua ou muito pobres, doentes mentais e com pouco acesso a servi�os sociais.

Ele e sua equipe j� encontraram em apartamentos centenas de percevejos rastejando uns sobre os outros, nas roupas, nas t�buas do ch�o, atr�s de quadros.

“Cada vez que uma dessas pessoas sai de casa, elas est�o espalhando percevejos. S�o elas que precisam de ajuda”.


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