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Estado de Minas GUERRA EM GAZA

'Eu vi a barb�rie, vi crian�as mortas e casas queimadas': os brasileiros convocados pelo Ex�rcito de Israel

Israel convocou mais de 360 mil reservistas para o conflito com o Hamas, ap�s ataques do �ltimo s�bado. Nessa lista h� brasileiros com dupla nacionalidade.


13/10/2023 10:32 - atualizado 13/10/2023 11:35
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Em poucas horas, a vida do empres�rio brasileiro Moti**, de 32 anos, mudou completamente.

Na manh� do �ltimo s�bado (7/10), ele estava com a fam�lia em uma comemora��o judaica em Israel, mas precisou deixar o lugar �s pressas.

Ele colocou algumas roupas na mochila, se despediu dos filhos e da esposa e logo seguiu para aquele que se tornaria o maior desafio de sua vida: participar ativamente da guerra entre Israel e Hamas.

Moti, que nasceu em S�o Paulo (SP) e mora em Israel desde 2016, conta que logo nas primeiras horas do conflito presenciou cenas tr�gicas.

“Chegamos imediatamente na �rea de fronteira quando eles (os militantes do Hamas) fugiram com os sequestrados. Eu vi a barb�rie, vi crian�as mortas, casas queimadas, vi po�as de sangue, pessoas baleadas com tiros nas costas ou na cabe�a e outros em posi��o fetal de desespero. Presenciei toda essa barbaridade”, diz � BBC News Brasil.

Naquele dia, o Hamas, o maior grupo de militantes isl�micos da Palestina, fez um ataque surpresa contra Israel. Combatentes do grupo invadiram o territ�rio israelense por meio da Faixa de Gaza e mataram centenas de pessoas, al�m de levar ref�ns.

Diante da situa��o, Israel declarou guerra e atacou o territ�rio palestino com m�sseis. E assim, o conflito hist�rico chegou ao seu n�vel mais intenso dos �ltimos anos.

Em meio ao an�ncio de guerra, mais de 360 mil reservistas – um n�mero recorde no pa�s – foram convocados pelo Ex�rcito de Israel.

Nesse n�mero h� brasileiros como Moti, que tamb�m t�m nacionalidade israelense e anteriormente j� prestaram servi�o obrigat�rio ao Ex�rcito no pa�s.

‘Fuzilaram muitos carros’

N�o h� dados oficiais sobre quantos brasileiros com dupla nacionalidade participam do conflito. O governo de Israel n�o fornece esses n�meros, apenas divulga que convocou milhares de reservistas, incluindo homens e mulheres.

Entre os brasileiros que est�o participando do confronto pelo Ex�rcito israelense est� o brasiliense Artur, de 28 anos, que mora em Israel desde 2015 e trabalha em um �rg�o governamental em Tel Aviv.

Na manh� de s�bado, ele havia encerrado um turno de trabalho de madrugada quando estava em casa e ouviu o som de sirenes.

“Parecia uma situa��o normal, porque volta e meia h� sirenes na regi�o, mas normalmente o domo de ferro (poderoso escudo antim�ssil israelense) protege. Mas logo depois soube de toda a barbaridade que tinha acontecido”, conta � BBC News Brasil.


Militares israelenses
Militares israelenses se concentram na fronteira com Gaza (foto: Getty Images)

Ainda no s�bado, um comandante do Ex�rcito ligou para o brasileiro e o convocou para participar do confronto.

Desde que chegou na �rea do Ex�rcito para a qual foi chamado, as cenas mais chocantes que presenciou foram os carros que ele viu em uma regi�o pr�xima � Faixa de Gaza – �rea em que come�aram os conflitos armados.

“O que mais me chocou foram os carros queimados ou atingidos por balas. Fizeram blitz em todos os carros que passavam e metralharam esses ve�culos. Fuzilaram muitos carros nesse caminho. � muito dif�cil imaginar o que as pessoas que estavam nesses carros passaram. Eram pessoas que estavam indo para casa e enfrentaram isso”, diz o brasileiro.

“� muito dif�cil expressar exatamente o que a gente tem sentido. � uma esp�cie de revolta e extrema tristeza, porque muitas fam�lias foram afetadas”, acrescenta.

O sentimento de revolta e tristeza tamb�m faz parte da rotina do universit�rio Daniel, de 23 anos, que nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e mora em Tel Aviv h� cerca de cinco anos.

Ele celebrava o fim do feriado judaico Sucot (tamb�m conhecido como "Festa dos Tabern�culos" ou "Festa das Cabanas") quando soube dos ataques do Hamas no s�bado.

“Todo mundo ficou em choque quando recebeu a not�cia, porque a gente n�o esperava que isso fosse acontecer. Nisso, eu j� sabia que seria chamado. Ent�o, fui pra casa, preparei a mochila e dei um beijo nos meus pais”, conta � BBC News Brasil.

Na manh� seguinte, ele foi convocado, se despediu da esposa e seguiu para uma �rea determinada pelo Ex�rcito.

Daniel est� em uma regi�o que n�o � considerada o principal alvo dos ataques, mas que j� chegou a ser alvo de explos�es. “A situa��o est� come�ando a ficar mais tensa”, diz.

O universit�rio define a atual experi�ncia como “traumatizante”.

“Est� todo mundo bem, mas todos estamos muito tristes pelas perdas e por tudo isso”, comenta.

Em nome de Israel

Os brasileiros que conversaram com a reportagem dizem que o medo faz parte da nova rotina deles, mas afirmam que lutam pelo bem dos israelenses.

O conflito j� causou mais de mil mortes em cada um dos lados. Os dados atuais apontam para mais de 1,3 mil israelenses mortos e mais de 1,5 mil palestinos. E o conflito segue sem previs�o de tr�gua, ao menos por ora.

“Se a pessoa � a favor da paz, ela vai ter paz. Mas isso (a guerra) tem a ver com quem quer nos matar”, comenta Daniel.

Para o paulistano Moti, defender Israel no conflito � uma forma de honrar o pa�s, para o qual ele chegou a se mudar aos 18 anos somente para se alistar no Ex�rcito local – posteriormente, ele passou um per�odo no Brasil, antes de se mudar de vez do pa�s.

“Sempre acreditei que n�s, como judeus, dever�amos morar em Israel”, diz Moti.

“Todos os soldados da minha unidade est�o muito motivados, preparados e com toda a for�a necess�ria para podermos devolver a paz“, acrescenta o paulistano.

Desde s�bado, diversos israelenses se mobilizaram para apoiar os soldados e t�m enviado comida, suprimentos e mensagens de solidariedade.

Essa vontade de defender o pa�s faz com que os soldados brasileiros enfrentem at� mesmo a saudade da fam�lia.

“Meus pais moram no Brasil e est�o preocupados, mas confiantes de que a gente vai vencer e de que isso vai passar. Eles confiam no Ex�rcito israelense”, afirma Artur.

“Nos �ltimos 50 anos, ningu�m havia presenciado um conflito dessa magnitude. Ent�o, eu me senti aliviado quando me convocaram. Olhar essas cenas s� pelo celular n�o � f�cil, causam muita revolta, e eu queria dar alguma resposta, fazer algo e ter um papel nessa situa��o”, acrescenta.

Para Artur, Daniel e Moti, n�o h� d�vidas: enquanto houver guerra, eles devem permanecer lutando no Ex�rcito israelense.

*Colaborou Julia Braun, da BBC News Brasil em S�o Paulo.

** A pedido dos envolvidos, por quest�es de seguran�a, os sobrenomes nesta reportagem foram emitidos.


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