
Representando o Brasil na C�pula Internacional da Paz em Cairo, no Egito, o ministro das Rela��es Exteriores, Mauro Vieira, condenou, neste s�bado (21/10), os ataques do grupo extremista Hamas a Israel e tamb�m denunciou a crise humanit�ria que ocorre na Faixa de Gaza , em meio a contraofensiva israelense. A regi�o, que abriga mais de 2 milh�es de habitantes, � alvo de constantes bombardeios e vivencia o corte de servi�os essenciais, como �gua, alimentos, medicamentos e energia el�trica.
"O Brasil tem acompanhado com preocupa��o a escalada de viol�ncia e a deteriora��o da situa��o de seguran�a na regi�o recentemente e nos �ltimos meses. Lamentamos testemunhar tais condi��es no ano do trig�simo anivers�rio dos Acordos de Oslo. Se tiv�ssemos visto progressos desde ent�o, estar�amos celebrando a paz e a amizade. No entanto, a situa��o que temos hoje diante de n�s � muito terr�vel", iniciou o chanceler brasileiro.
"O governo brasileiro rejeita e condena inequivocamente os ataques terroristas perpetrados pelo Hamas em Israel no dia 7 de outubro, bem como a tomada de ref�ns civis. Cidad�os brasileiros est�o entre as v�timas, tr�s deles foram assassinados em Israel. Como muitos outros pa�ses, o Brasil tamb�m tem cidad�os � espera de serem evacuados de Gaza , enquanto observamos com alarme a deteriora��o da situa��o humanit�ria na regi�o, especialmente a escassez de suprimentos m�dicos, alimentos, �gua, eletricidade e combust�vel. Israel, como pot�ncia ocupante, tem responsabilidades espec�ficas no �mbito dos direitos humanos internacionais e do direito humanit�rio. Estas devem ser cumpridas em qualquer circunst�ncia", continuou Mauro Vieira.
O ministro tamb�m criticou as ocupa��es israelenses na Palestina, afirmando que o conflito na regi�o afeta principalmente os civis. Segundo Mauro, o Brasil vai continuar com o apelo pelo di�logo e respeito ao direito humanit�rio. "O impasse no processo de paz; a estagna��o social e econ�mica que prevalece h� muito tempo em Gaza; a expans�o cont�nua dos colonatos israelitas nos territ�rios ocupados, a viol�ncia contra os civis, a destrui��o de infra-estruturas b�sicas, as viola��es do “status quo” hist�rico dos locais sagrados em Jerusal�m, todos estes factores se combinam para gerar um ambiente social e cultural que p�e em risco a “solu��o de dois Estados” e gera �dio, viol�ncia e extremismo", ressaltou o chanceler.
Mauro Vieira lembrou do bombardeamento do hospital Al Ahli-Arab em Gaza, que causou centenas de mortes. Para ele, a destrui��o de estruturas de sa�de � "inaceit�vel". "A comunidade internacional deve exercer os m�ximos esfor�os diplom�ticos para garantir o r�pido estabelecimento de corredores e pausas humanit�rias e um cessar-fogo imediato. Como afirmou o presidente Lula, a crise actual exige uma ac��o humanit�ria multilateral urgente para acabar com o sofrimento dos civis apanhados no meio das hostilidades", frisou.
"Paralisia"
Ao longo do discurso na c�pula do Egito, Mauro Vieira afirmou que a "paralisia" do Conselho de Seguran�a da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) tem causado "consequ�ncias prejudiciais para a seguran�a e a vida de milh�es de pessoas". Na �ltima quarta-feira (18/10), o Conselho da ONU rejeitou uma resolu��o proposta pelo Brasil para solucionar o conflito entre Israel e o grupo radical Hamas. Ao todo, doze pa�ses se manifestaram favor�veis a proposta, entre eles a Fran�a e a China, no entanto, o texto foi rejeitado ap�s os Estados Unidos, que t�m poder de veto, votarem contra. R�ssia e Reino Unido se abstiveram.
Apesar do veto dos Estados Unidos, o chanceler brasileiro avalia que os doze votos favor�veis expressam o desejo por uma "a��o r�pida" no conflito, que j� matou mais de 4 mil pessoas na Faixa de Gaza e 1,4 mil em Israel. "Temos de encontrar formas de revitalizar o processo de paz, de fazer avan�ar as negocia��es pol�ticas no sentido de uma paz abrangente, justa e duradoura no M�dio Oriente", defendeu Mauro.
"S� a retomada de negocia��es eficazes poder� trazer resultados concretos para a implementa��o da solu��o de dois Estados, em conformidade com todas as resolu��es relevantes da Assembleia Geral e do Conselho de Seguran�a, com Israel e a Palestina a viverem em paz e seguran�a, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e reconhecidas internacionalmente", acrescentou o ministro.