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Estado de Minas

A emo��o das m�es que s� viram filhos com doen�as graves ap�s meses de quarentena

Uma delas ficou 145 dias sem ver a filha hospitalizada nos EUA, devido a restri��es a visitas por causa da COVID-19


16/08/2020 20:07 - atualizado 16/08/2020 20:19

Durante os �ltimos quatro anos e meio, Katherine Rivera percorreu quase diariamente o trajeto de 30 minutos entre sua casa, no Estado de Connecticut, e o Hospital Infantil Blythedale, no condado de Westchester, em Nova York, para visitar sua filha Maria.

 

Diagnosticada ainda no �tero com artrogripose, uma doen�a cong�nita rara que afeta todas as suas articula��es, o torso e o maxilar, Maria nasceu em outubro de 2015 e passou praticamente a vida inteira internada. Nas visitas, m�e e filha conviviam e brincavam durante v�rias horas.

 

"Eu dava banho, arrumava seu cabelo, deitava ao seu lado na cama, contava hist�rias", diz Katherine � BBC News Brasil.

Mas essa rotina foi abruptamente interrompida pela pandemia de covid-19, a doen�a causada pelo novo coronav�rus. Em mar�o, quando Nova York se transformou no epicentro da pandemia nos Estados Unidos, o governo estadual passou a proibir visitas hospitalares para evitar o risco de propaga��o do v�rus.

 

Essas restri��es foram especialmente dif�ceis para fam�lias de crian�as como Maria, portadoras de doen�as raras ou outros problemas graves de sa�de e com necessidade de interna��o de longo prazo.

 

"Foi muito dif�cil", diz Katherine, obrigada a ficar 145 dias sem poder ver a filha. "Ir ao hospital ficar com ela era parte da minha rotina. Eu me senti perdida."

Desde a metade de mar�o, o �nico contato da fam�lia com Maria era por chamadas de v�deo feitas pelos m�dicos e enfermeiros do hospital.

 

Mas, na semana passada, depois de quase cinco meses, Katherine e outras fam�lias de crian�as internadas no hospital em Nova York puderam finalmente reencontrar seus filhos.

 

"Eu n�o sabia o que esperar. N�o sabia como ela iria reagir depois de 145 dias. Estava com medo de que, apesar de termos nos visto por v�deo (durante esse per�odo), ela fosse ficar assustada ao me ver pessoalmente", conta Katherine.

"Mas ela me olhou e come�ou a rir. E foi maravilhoso saber que, mesmo depois de tantos dias, ela sabia exatamente quem eu era."

'Foi muito emocionante poder estar fisicamente perto dela'


Na semana passada, Marie Phanor pôde visitar sua filha Taylor, de 18 anos, pela primeira vez desde março(foto: Blythedale Children's Hospital)
Na semana passada, Marie Phanor p�de visitar sua filha Taylor, de 18 anos, pela primeira vez desde mar�o (foto: Blythedale Children's Hospital)

Maria � uma entre 24 pacientes da unidade de cuidados prolongados do Hospital Infantil Blythedale. S�o beb�s, crian�as e adolescentes que necessitam de cuidados altamente especializados.

 

Com a queda no n�mero de novos casos de covid-19 em Nova York, o Estado come�ou a relaxar as restri��es, e no dia 2 de agosto a unidade p�de come�ar a retomar as visitas de familiares.

 

"Foi muito emocionante poder estar fisicamente perto dela novamente", disse Marie Phanor depois de visitar sua filha Taylor, de 18 anos, pela primeira vez desde mar�o.

 

Marie conta que, h� seis anos e meio, Taylor foi atropelada quando caminhava para pegar o �nibus escolar.

 

"Era cedo da manh�, hor�rio de ver�o", lembra a m�e. "Nunca pensei que seria a �ltima vez que eu veria minha filha andar ou falar. � muito dif�cil, mas felizmente ela ainda est� aqui. Ela poderia ter morrido."

 

Marie diz que o estresse de n�o poder visitar a filha durante as restri��es nos �ltimos meses foi aliviado pelo fato de saber que a equipe de m�dicos e enfermeiros estava fazendo o poss�vel para cuidar dela.

 

"Isso me deixou segura", afirma. "Com um filho nessa situa��o, voc� precisa enfrentar muito mais do que jamais imaginou. � parecido com o que est� ocorrendo agora no mundo, nenhum de n�s imaginou que estaria lidando com isso (a pandemia)."

 

Marie diz que a coragem e a perseveran�a da filha servem de inspira��o. "N�o importa que desafios e obst�culos encontre, voc� � capaz de superar."

'Eu passei esse tempo todo chorando'

Felicita Melendez n�o parava de sorrir ao reencontrar o bisneto, Abner, de tr�s anos de idade.

 

"Eu passei esse tempo todo chorando", conta, ao relembrar os mais de quatro meses vendo o bisneto somente por chamadas de v�deo.

 

"Ele � a minha vida. Me acalmei quando o vi chegar (na sala do hospital reservada para a visita)."


Felicita Melendez não parava de sorrir ao reencontrar o bisneto, Abner, de três anos de idade, hospitalizado desde que nasceu(foto: Blythedale Children's Hospital)
Felicita Melendez n�o parava de sorrir ao reencontrar o bisneto, Abner, de tr�s anos de idade, hospitalizado desde que nasceu (foto: Blythedale Children's Hospital)

Abner nasceu extremamente prematuro, ap�s apenas 23 semanas de gesta��o, e enfrentou v�rias complica��es m�dicas. Internado desde que nasceu, ele � considerado um "beb� milagroso" pelos m�dicos.

 

Ele j� n�o precisa mais de respirador, mas ainda usa uma sonda para alimenta��o e precisa de fisioterapia, terapia ocupacional e terapias para melhorar a alimenta��o. Felicita diz que a fam�lia espera um dia poder lev�-lo para casa.

 

"Tivemos v�rias mudan�as no cuidado das crian�as (desde o in�cio da pandemia), para garantir sua seguran�a", diz o diretor m�dico do Blythedale, Scott Klein, ressaltando que n�o houve nenhum caso de covid-19 entre pacientes do hospital.

 

"As restri��es a visitas foram muito dif�ceis para as fam�lias. Fizemos o poss�vel para oferecer visitas virtuais, mas n�o se compara a estar pessoalmente com seu filho", reconhece Klein.

 

Antes da pandemia, as fam�lias podiam visitar as crian�as internadas na unidade de cuidados prolongados em seus quartos, a qualquer hora e sem limite de tempo. Dependendo do caso, tamb�m podiam passar algumas noites no hospital ao lado dos filhos.

 

Agora, apesar da retomada das visitas, ainda h� algumas restri��es. As visitas na unidade t�m dura��o m�xima de uma hora, s�o feitas em uma sala especial e limitadas a duas fam�lias por dia, para evitar aglomera��o e garantir que haja tempo para higieniza��o das instala��es entre um visitante e outro.

 

Com isso, as fam�lias podem ver seus pacientes no m�ximo uma vez por semana. Antes de entrar na unidade, todos os visitantes recebem uma m�scara cir�rgica e t�m de passar por checagem de temperatura, responder a um question�rio sobre sintomas e contato com doentes e higienizar as m�os com �lcool gel.

'Como ela estar� se sentindo, sem ningu�m da fam�lia?'

Katherine diz que seus outros tr�s filhos - Matthew, de sete anos, Jesse, de tr�s, e Khloe, de quase um ano - ainda n�o visitaram Maria ap�s o relaxamento das restri��es e est�o ansiosos para rever a irm�.


Em foto tirada antes da pandemia, Maria recebe visita dos irmãos Khloe, de quase um ano, Matthew, de sete, e Jesse, de três(foto: Blythedale Children's Hospital)
Em foto tirada antes da pandemia, Maria recebe visita dos irm�os Khloe, de quase um ano, Matthew, de sete, e Jesse, de tr�s (foto: Blythedale Children's Hospital)

"Nas chamadas de v�deo, sua irm�zinha menor fica superempolgada, bate palmas, quer beijar o telefone", conta.

 

Segundo Katherine, quando os filhos ficavam frustrados por estar dentro de casa durante a quarentena, ela pensava em Maria.

 

"Eu comparava (sua situa��o) com a dos irm�os em casa. Pensava, se eles est�o se sentindo assim, como ela estar� se sentindo, sem ningu�m da fam�lia com ela (no hospital)?"

 

Katherine se diz grata � equipe m�dica que cuidou da filha e fez o poss�vel para que Maria se sentisse feliz durante esse per�odo.

 

"Eu conhe�o essas pessoas h� tantos anos, ela est� l� basicamente desde que nasceu", observa. "Confio neles, sei que a amam, mimam, d�o toda a aten��o, sempre me mandavam fotos."

 

Agora, Katherine tenta se ajustar �s novas regras de visita��o. "� �timo poder (voltar a) ver Maria, mas � muito diferente (de antes da pandemia), ser� uma grande adapta��o."

 

Ela ressalta que sua filha � uma menina irreverente, esperta e divertida, que gosta de usar vestidos coloridos e grandes la�os no cabelo.

 

"Maria � uma menina forte. Os m�dicos nem esperavam que ela fosse sobreviver. Quando descobri seu diagn�stico, recomendaram que eu interrompesse a gravidez", lembra.

 

"Eu decidi que queria continuar e que, se fosse sua hora ap�s o nascimento, queria ter a tranquilidade de ter lhe dado uma chance. E olhe onde estamos hoje, quase cinco anos depois."

 

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