(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas SPUTNIK V

As conclus�es do estudo sobre a vacina russa contra o coronav�rus

Pesquisadores publicaram na revista Lancet alguns resultados que sugerem efic�cia e seguran�a da vacina, mas muitos seguem c�ticos


04/09/2020 13:32 - atualizado 04/09/2020 15:24

Pesquisador russo mostra a vacina desenvolvida no Instituto Gamaleya(foto: Reuters)
Pesquisador russo mostra a vacina desenvolvida no Instituto Gamaleya (foto: Reuters)

Resultados preliminares de um estudo foram publicados nesta sexta-feira (04/09) sobre a Sputnik V — a vacina que o governo da R�ssia diz ter conseguido criar contra o coronav�rus.

 

 

 

O novo estudo foi publicado na prestigiosa revista cient�fica brit�nica The Lancet e envolveu testes com 76 pessoas ao longo de 42 dias, nos dois primeiros est�gios de desenvolvimento de vacina.

Os autores do estudo s�o do Centro Nacional de Investiga��o de Epidemiologia e Microbiologia (Instituto Gamaleya), que est� desenvolvendo a vacina. Segundo eles, "n�o houve resultados adversos" da Sputnik V entre as pessoas testadas e o composto conseguiu "provocar uma resposta imunol�gica".

A vacina vem provocando pol�mica no mundo — com alguns pa�ses interessados em compr�-la. Mas ao mesmo tempo vozes da comunidade cient�fica veem com ceticismo o f�rmaco russo, j� que as pesquisas foram conduzidas de forma muito acelerada, e sem passar por todos os est�gios normais.

Enquanto isso, a R�ssia promete come�ar a imunizar seus cidad�os em outubro. No Brasil, o governo do Paran� assinou um memorando de coopera��o para ter acesso � Sputnik V.

O que diz o novo estudo?

A vacina foi testada em duas fases, sendo aplicada em cada fase em 38 adultos saud�veis, com idades entre 18 e 60 anos. Na primeira fase, tentou se estabelecer se a vacina era segura — sem provocar outros danos ao corpo das pessoas.

J� na segunda, os autores disseram ter identificado a efic�cia da Sputnik V. Eles dizem que os resultados sugerem que a vacina produz uma resposta das c�lulas T, um tipo de c�lula de defesa do corpo, dentro de 28 dias.

O f�rmaco russo � uma vacina de vetor: o material gen�tico do v�rus � transportado por um v�rus in�cuo, que n�o consegue se reproduzir (chamado de "n�o replicante"), com o intuito de estimular a produ��o de anticorpos contra o Sars-CoV-2.

A vacina russa usa dois vetores de adenov�rus: um � o adenov�rus humano recombinante tipo 26 (rAd26-S) e o outro � o adenov�rus humano recombinante tipo 5 (rAd5-S), que foram modificados para expressar a prote�na S do novo coronav�rus.


Governo russo quer começar a vacinar cidadãos em outubro(foto: Reuters)
Governo russo quer come�ar a vacinar cidad�os em outubro (foto: Reuters)

A prote�na S � usada pelo v�rus para ingressar nas c�lulas e infect�-las. Os adenov�rus usados foram enfraquecidos para que n�o consigam se replicar nas c�lulas humanas, causando novas doen�as.

Os testes foram feitos com vacinas em formato congelado, j� pensando na necessidade de se produzir e distribuir a solu��o em larga escala. Outra vers�o liofilizada (um processo de desidrata��o e congelamento a v�cuo) tamb�m foi testada. Essa vers�o permite que a vacina seja enviada a lugares remotos e se mantenha est�vel em temperaturas baixas.

Os indiv�duos se isolaram assim que se voluntariaram a receber a vacina, para evitar cont�gio pr�vio por coronav�rus. Ap�s a inocula��o, eles seguiram em dois hospitais russos ao longo de 28 dias.

A vers�o congelada foi ministrada no hospital Burdenko, que � uma ag�ncia do minist�rio da Defesa, e incluiu militares. A vers�o liofilizada foi testada na universidade Sechenov apenas com volunt�rios civis.

Alguns efeitos colaterais foram relatados pelos pacientes, mas nenhum deles foi considerado grave: temperatura alta (50%), dor de cabe�a (42%), falta de energia (28%) e dores em juntas e m�sculos (24%). Os sintomas s�o semelhantes aos de outras vacinas do tipo.

Para avaliar a efic�cia da vacina, os cientistas compararam o plasma dos volunt�rios inoculados com o de pessoas infectadas. Segundo eles, a resposta de anticorpos foi maior entre as amostras dos vacinados.

Os pr�prios autores do estudo ressaltam que o estudo foi pequeno, incluiu apenas homens, n�o foi feito com placebo ou com vacina de controle. Eles tamb�m dizem que apesar de haver pessoas de diversas faixas et�rias entre 18 e 60 anos, a maioria dos volunt�rios era jovem.

Eles ressaltam que � importante realizar novos testes com variedades maiores de indiv�duos, inclusive com pessoas de grupos de risco.

O pesquisador Alexander Gintsburg, do instituto Gamaleya diz que o estudo da fase 3 da vacina (a fase final, considerada a mais importante) foi aprovada no dia 26 de agosto, e envolver� 40 mil volunt�rios, com idades e estados de sa�de variados.

O professor Naor Bar-Zeev, da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, que n�o participou da pesquisa, comentou o estudo na Lancet. Segundo ele, os resultados s�o "encorajadores, mas pequenos".

Para ele, a efic�cia cl�nica n�o foi comprovada ainda e isso � fundamental no meio da pandemia. Ele alertou tamb�m para o fato de que qualquer erro no desenvolvimento da vacina pode piorar ainda mais a pandemia de COVID-19.

"Uma vacina que reduz a doen�a, mas n�o funciona para prevenir a infec��o pode paradoxalmente piorar as coisas. Ela poderia dar a sensa��o falsa de imunidade aos que a tomarem, reduzindo os comportamentos de mitiga��o de transmiss�o. E isso, por sua vez, poderia aumentar a dissemina��o do v�rus entre adultos mais velhos, para quem a efic�cia da vacina deve ser menor, assim como em outros grupos de risco."

Por que existe tanto ceticismo sobre a vacina russa?

Alguns fatores despertam cr�ticas e d�vidas sobre o projeto do instituto Gamaleya. Um deles � a pressa. Pa�ses do mundo todo se lan�aram em uma esp�cie de corrida contra a COVID-19, semelhante � corrida espacial, em que buscam demonstrar supremacia cient�fica sobre pa�ses rivais.


Vladimir Putin tem incentivado pressa no desenvolvimento da vacina(foto: Reuters)
Vladimir Putin tem incentivado pressa no desenvolvimento da vacina (foto: Reuters)

Dado o clima de concorr�ncia por vezes hostil entre a R�ssia e pa�ses do Ocidente, muitos acham que etapas est�o sendo queimadas para se poder fazer um an�ncio de sucesso, antes que a efic�cia seja confirmada.

O pr�prio nome da vacina — Sputnik V, em homenagem ao primeiro sat�lite artificial a orbitar em volta da Terra, um feito da ent�o Uni�o Sovi�tica no auge da Guerra Fria — remete a esse per�odo de competi��o.

E � claro a vantagem econ�mica obtida por quem conseguir desenvolver primeiro a vacina � incalcul�vel. Nos �ltimos meses houve acusa��es de que hackers chineses estariam tentando roubar dados americanos de desenvolvimento de vacina. O Reino Unido, os Estados Unidos e o Canad� tamb�m j� acusaram ag�ncias de espionagem da R�ssia de interferir em pesquisas de vacinas, o que o Kremlin negou.

Outro problema � a que n�o se sabe a dura��o da resposta imunol�gica.

Durante o an�ncio do registro da vacina, o presidente russo Vladimir Putin disse que ela oferece "imunidade sustent�vel" contra o coronav�rus.

O ministro da Sa�de, Mikhail Murashko, por sua vez, afirmou que a imunidade duraria por dois anos — mas n�o h� evid�ncias cient�ficas nesse sentido.

Mais de 100 vacinas em todo o mundo est�o em desenvolvimento, algumas delas sendo testadas em pessoas em ensaios cl�nicos.



(foto: BBC)
(foto: BBC)

(foto: BBC)
(foto: BBC)

J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)