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Estado de Minas PANDEMIA

Seis efeitos da cat�strofe provocada pela COVID-19 na educa��o da Am�rica Latina

A pandemia afetou 160 milh�es de alunos na regi�o, muitos dos quais ficaram distantes do ensino por falta de acesso � internet


16/09/2020 05:56 - atualizado 16/09/2020 08:03

Cerca de 20% da população latino-americana não tem acesso adequado à internet(foto: Getty Images)
Cerca de 20% da popula��o latino-americana n�o tem acesso adequado � internet (foto: Getty Images)

Por causa da pandemia de coronav�rus, escolas no mundo inteiro tiveram de fechar — por v�rios meses — e se preparar, da noite para o dia, a ensinar � dist�ncia.

Mas nas �reas rurais mais remotas ou em bairros carentes %u200B%u200Bcom pouco acesso � internet, as aulas online s�o praticamente imposs�veis.

Algumas alternativas foram criadas, como os professores distribu�rem guias de trabalhos escolares de porta em porta ou os pais irem buscar estes na escola. Mas nem sempre isso foi poss�vel e grande parte das crian�as simplesmente ficou sem aulas.

A pandemia do coronav�rus causou o fechamento tempor�rio de milhares de escolas na Am�rica Latina, afetando 160 milh�es de alunos, segundo estimativas da Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura (Unesco).

"H� crian�as que ficaram sem aprender a ler ou escrever", disse � BBC Mundo Wilson Le�n, um professor prim�rio de Loman, uma �rea agr�cola na Bol�via com acesso m�nimo � internet.

Uma das coisas que mais o preocupa � a incerteza quanto ao futuro dos alunos e a impossibilidade de contat�-los. "Onde meus alunos moram n�o h� sinal de internet", diz Le�n, que costumava caminhar por horas para levar material did�tico de casa em casa, algo que n�o pode mais fazer.

Primeiro, porque o cont�gio disparou em seu distrito. E, segundo, porque o governo boliviano anunciou em agosto o encerramento antecipado do ano letivo, por falta de condi��es para garantir o acesso � educa��o virtual.

Como resultado, os alunos foram promovidos automaticamente ao ano seguinte, com um vazio de conhecimento que provavelmente ser� dif�cil de recuperar.


As famílias tiveram que se adaptar às duras condições impostas pelo confinamento(foto: Getty Images)
As fam�lias tiveram que se adaptar �s duras condi��es impostas pelo confinamento (foto: Getty Images)

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) estima que cerca de 20% da popula��o latino-americana n�o tem acesso adequado � internet m�vel. E se n�o estiverem conectados, a possibilidade de fam�lias com filhos acompanharem as aulas � bastante baixa.

"A conectividade deve ser um direito humano", argumenta Claudia Uribe, diretora de Educa��o para a Am�rica Latina da entidade, em conversa com a BBC News Mundo (o servi�o em espanhol da BBC). Mas enquanto isso n�o acontece, a regi�o est� exposta a "enfrentar uma cat�strofe geracional" na educa��o, alerta Uribe.

Entenda esses e outros efeitos da pandemia na educa��o da regi�o.

1. Interrup��o da aprendizagem

O efeito mais �bvio do fechamento de escolas � a interrup��o no aprendizado de milh�es de crian�as e adolescentes. Embora seja um problema em todos os n�veis educacionais, quem mais sofre s�o as crian�as que est�o entrando na escola e os alunos que est�o se formando.

Entre os mais novos, o risco est� no d�ficit em habilidades b�sicas como ler e escrever ou somar e subtrair, essenciais para avan�ar nos pr�ximos n�veis. J� para os que est�o se formando, o problema � que suas perspectivas de ingressar no ensino superior ou no mercado de trabalho se tornam mais dif�ceis.

2. Fome

A maioria das escolas p�blicas da Am�rica Latina distribui refei��es gratuitas para crian�as que n�o t�m recursos econ�micos para financiar o caf� da manh� e o almo�o. Sem aulas, as crian�as em situa��es mais vulner�veis ficam tamb�m sem a merenda, que muitos pais n�o conseguem substituir com refei��es em casa.

3. Fam�lias despreparadas para ensinar

Nos casos em que alunos estudam online ou recebem roteiros de estudos, muitos pais n�o est�o preparados para responder a perguntas e auxiliar no processo de ensino.

Durante a pandemia, essa grande responsabilidade recaiu sobre eles e geralmente se soma �s responsabilidades de trabalho.

4. Desigualdade no acesso �s aulas digitais

Em muitas �reas da regi�o n�o h� sinal de internet e h� diversas dificuldades para sua implementa��o. H� pa�ses na �frica onde empresas como o Google investiram em experimentos como o envio de sinais por bal�es de ar quente, mas s�o iniciativas muito complexas para replicar em escala mais massiva, explica � BBC News Mundo Valtencir Mendes, especialista em programas de educa��o e inova��o da Unesco.

"� dif�cil implementar essas alternativas porque o custo � muito alto", afirma.


O professor boliviano Wilson León diz que há muitas crianças que não estão aprendendo a ler e a escrever(foto: Wilson León)
O professor boliviano Wilson Le�n diz que h� muitas crian�as que n�o est�o aprendendo a ler e a escrever (foto: Wilson Le�n)

Tamb�m h� casas onde h� acesso � internet, mas ele � limitado. "H� pais que me dizem que precisam escolher entre comprar cr�dito (para acessar a internet via 3G) ou comprar comida", diz um professor chileno que enfrenta esse tipo de problema trabalhando em �reas vulner�veis %u200B%u200Bde Santiago.

Os especialistas concordam que, embora a exclus�o digital sempre tenha existido, a pandemia destacou a desigualdade no acesso tecnol�gico.

5. Aumento da evas�o escolar

Embora ainda n�o haja n�meros sobre a evas�o escolar na Am�rica Latina durante a pandemia, fontes consultadas pela BBC News Mundo em escolas e organiza��es que atuam em bairros pobres ou �reas remotas, dizem que h� muitos alunos que abandonaram as aulas nos �ltimos meses em decorr�ncia da pandemia.

"O maior problema � que alguns desses alunos n�o v�o voltar", diz Uribe, porque alguns saem e se integram ao mercado de trabalho e muitas meninas ficam em casa ajudando no cuidado de familiares que precisam de assist�ncia.

6. Viol�ncia dom�stica e gravidez precoce

"Essa crise afetou mais as meninas", diz Mendes, porque em casa elas ficam expostas a situa��es de abuso ou simplesmente s�o relegadas ao trabalho dom�stico.

A face mais dram�tica desta situa��o � que aumentaram as gravidezes prematuras e, em alguns pa�ses, os casamentos for�ados.

O que pode ser feito?

Como o fechamento de escolas � uma situa��o muito grave, surgiram algumas iniciativas de emerg�ncia — por governos, empresas ou pela pr�pria comunidade — que tentam mitigar parcialmente os efeitos disso.

Em muitos pa�ses da regi�o, incluindo Brasil e M�xico, governos centrais e locais lan�aram programas educacionais por televis�o e r�dio, pensando especificamente nas fam�lias sem acesso � internet.


No final de agosto, o governo mexicano introduziu um programa de aulas pela TV(foto: Getty Images)
No final de agosto, o governo mexicano introduziu um programa de aulas pela TV (foto: Getty Images)

Especialistas como Mendes, da Unesco, dizem que estudos t�m mostrado que as aulas por esses meios s�o uma boa op��o se forem acompanhadas de material impresso, tutoriais por telefone ou algum tipo de acompanhamento aos alunos.

Se forem aulas na televis�o ou no r�dio sem nenhum outro suplemento, n�o geram bons resultados. "Os mais eficazes s�o os modelos h�bridos", diz Mendes, citando como exemplo o plano que est� sendo implementado no Estado de S�o Paulo que combina aulas na televis�o, recursos online e conte�do em papel.

As aulas no Estado foram interrompidas em meados de mar�o com o fechamento de 5,4 mil escolas e, em setembro, apenas alguns estabelecimentos come�aram a reabrir suas portas.

"Criamos um aplicativo para celulares, negociamos com operadoras de telefonia, para oferecer internet gratuita aos alunos mais pobres e transmitimos as aulas em dois canais de televis�o", explica Rossieli Soares da Silva, secret�rio de Educa��o do Estado de S�o Paulo, � BBC Mundo.

E no M�xico, desde o final de agosto, os alunos passaram a ter aulas pela televis�o ap�s um acordo do governo com emissoras para divulga��o de conte�do � dist�ncia, j� que apenas 56% dos domic�lios t�m acesso � internet, segundo dados oficiais.


Especialistas em educação recomendam modelos híbridos de educação para enfrentar o fechamento de escolas(foto: Getty Images)
Especialistas em educa��o recomendam modelos h�bridos de educa��o para enfrentar o fechamento de escolas (foto: Getty Images)

As autoridades esperam produzir 4.550 programas de televis�o e 640 programas de r�dio em espanhol e l�nguas ind�genas. No entanto, os sindicatos de professores manifestaram obje��es � iniciativa, argumentando que a aprendizagem n�o funciona atrav�s da observa��o de conte�dos informativos, mas por meio da intera��o com os alunos.

As alian�as entre empresas e governos ou organiza��es internacionais tamb�m renderam formas de aumentar o acesso dos alunos aos conte�dos. Este ano, com a urg�ncia imposta pela pandemia, novos projetos surgiram e os que j� existiam foram ampliados.

Por exemplo, na Argentina, a empresa Telef�nica fez um acordo com o governo para dar acesso gratuito a sites educacionais na internet durante a pandemia para fam�lias que n�o podem pagar pelo servi�o.

E no Peru, a mesma empresa, em conjunto com o Facebook, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco de Desenvolvimento da Am�rica Latina (CAF), criou a "Internet para Todos", uma firma que oferece servi�os a operadoras m�veis locais ajudando-as a chegar em �reas remotas.

Em menor escala, existem organiza��es que distribuem chips, telefones celulares, pacotes de dados, computadores e qualquer ferramenta que ajude a melhorar o acesso � internet.


Dona de uma loja de tortilhas no México, Dávila converteu porta-malas de caminhonete em espaço de estudos(foto: Dalia Dávila)
Dona de uma loja de tortilhas no M�xico, D�vila converteu porta-malas de caminhonete em espa�o de estudos (foto: Dalia D�vila)

E nas circunst�ncias atuais, naquelas �reas onde as fam�lias n�o t�m possibilidade de se conectar, existem organiza��es que distribuem tinta para impressoras nas escolas, para que os pais levem os deveres de casa para casa.

Existem tamb�m iniciativas para capacitar professores em habilidades digitais b�sicas. � o caso de um programa da Unicef com a empresa Tigo-Millicom, que j� formou cerca de 130 mil professores na Bol�via e no Paraguai.

Ou o que a Technovation Chile est� fazendo, com o apoio da operadora de telefonia Wom e outros fundos internacionais, distribuindo conte�do digital — que tamb�m pode ser baixado e impresso em papel — em escolas que entregam cestas b�sicas para seus alunos.

Iniciativas das pr�prias comunidades

Embora existam iniciativas dos setores p�blico e privado, a verdade � que a Am�rica Latina est� repleta de lugares onde as crian�as foram completamente exclu�das do sistema escolar.

E enquanto a covid-19 continua a se espalhar, �s vezes, a �nica alternativa � a ajuda dos vizinhos.

Vizinhos que, por exemplo, se juntam para conseguir impressoras e compartilhar as aulas, ou que se revezam compartilhando computadores ou a senha do wi-fi. Existem at� pessoas que ajudam os alunos em seus locais de trabalho.


Dalia divide a internet de sua lojinha de tortilhas com as crianças do bairro.(foto: Dalia Dávila)
Dalia divide a internet de sua lojinha de tortilhas com as crian�as do bairro. (foto: Dalia D�vila)

� o que faz Dalia D�vila, mexicana de Tlalpan, que divide a internet de sua lojinha de tortilhas com as crian�as do bairro.

D�vila deixa � disposi��o delas um laptop, um celular e uma televis�o. E para que as crian�as n�o fiquem sentadas no ch�o, D�vila transformou o porta-malas de uma caminhonete em um local de aprendizado, apelidado de "cantinho da esperan�a".

Sua iniciativa fez tanto sucesso que as pessoas passaram a oferecer ajuda financeira por meio de "patroc�nios" �s crian�as e a professores volunt�rios que refor�am o conte�do veiculado na televis�o.

"Encontrei outros lugares por perto onde as crian�as podem continuar a aprender", diz D�vila, que agora compartilha o espa�o com quase 60 crian�as procurando ajuda.

"Estou muito feliz", diz ela com entusiasmo. "Gostaria que todas as crian�as pudessem estudar."


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O que � o coronav�rus

Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.

V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 � transmitida? 

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?


Como se prevenir?

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia

Em casos graves, as v�timas apresentam:

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus. 

V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 ï¿½ transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

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