
Em lugares com expectativa de vida alta, como o Brasil e os Estados Unidos, um percentual acima de 2% da popula��o infectada com a COVID-19 poder� j� ser capaz de quebrar uma hist�rica tend�ncia de crescimento neste indicador, em que conforme os anos passam, mais longamente as pessoas tendem a viver.
� o que diz um estudo publicado nesta quinta-feira (17/9) no peri�dico PLOS ONE, que combinou em um modelo matem�tico dados da probabilidade de se infectar e morrer por COVID-19 dentro de um ano em diferentes faixas et�rias, al�m de n�meros sobre outras causas de mortalidade e expectativa de vida em quatro grandes regi�es do mundo.
Com a nova doen�a, � esperado um decl�nio pelo menos em curto prazo na expectativa de vida em v�rios pa�ses, sobretudo aqueles com maior expectativa de vida, na Europa e na Am�rica do Norte; e particularmente em localidades espec�ficas fortemente afetadas pela doen�a, como Nova York, nos EUA, e Bergamo, na It�lia.
De acordo com a publica��o, uma preval�ncia (parcela de infectados em rela��o � popula��o total) de 10% poder� levar � perda de um ano na expectativa de vida na Europa, Am�rica do Norte, Am�rica Latina e Caribe.
Para que tal perda aconte�a no Sudeste Asi�tico e na �frica Subsaariana, seria necess�ria uma preval�ncia de 15% e 25% respectivamente. O impacto � menor em lugares com expectativa de vida mais baixa pois, neles, a sobreviv�ncia em idades mais avan�adas j� � menor.
Com uma preval�ncia de 50% de COVID-19 na popula��o dentro de um ano, a expectativa de vida poderia cair de 3 a 9 anos na Am�rica do Norte e Europa; de 3 a 8 anos na Am�rica Latina e Caribe; de 2 a 7 anos no Sudeste Asi�tico; e de 1 a 4 anos na �frica Subsaariana.
"A Europa levou quase 20 anos para que a expectativa de vida m�dia ao nascer crescesse seis anos - de 72,8 anos em 1990 para 78,6 anos em 2019. A COVID-19 pode fazer retroceder este indicador para valores de algum tempo atr�s", diz um dos autores do estudo, Sergei Scherbov, do Centro Wittgenstein para Demografia e Capital Humano Global, na Universidade de Viena, �ustria.
Ele assina o trabalho junto com Guillaume Marois, do Instituto de Pesquisas Demogr�ficas da �sia, na Universidade de Xangai, China; e Raya Muttarak, da Universidade de East Anglia, no Reino Unido.
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"No entanto, n�o temos certeza do que vai acontecer ainda. Em muitos pa�ses a letalidade da COVID-19 est� diminuindo fortemente, provavelmente porque o protocolo de tratamento ficou melhor definido", pondera Sherbov sobre a possibilidade dos cen�rios serem confirmados ao longo do tempo ou n�o.
No �ltimo s�culo, a expectativa de vida cresceu significativamente em v�rias partes do mundo.
Este � um dos indicadores que entra na conta do �ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) e � influenciado por condi��es sociais, econ�micas, e de acesso � educa��o e sa�de.

O artigo na PLOS ONE considerou a seguinte classifica��o por regi�es do mundo: expectativa de vida muito alta (Am�rica do Norte e Europa, 79,2 anos); alta (Am�rica Latina e Caribe, 76,1 anos); m�dia (Sudeste Asi�tico, 73,3 anos); e baixa (�frica Subsaariana, 62,1 anos).
Epidemias do passado j� mostraram que curvas podem ser alteradas de repente, como a pandemia de influenza em 1918 e o surto de ebola em 2014, que diminu�ram a expectativa de vida em 11,8 anos nos EUA e de 1,6 a 5,6 anos na Lib�ria, respectivamente, segundo calcularam estudos anteriores.
Os autores destacam, por�m, que o impacto da COVID-19 na expectativa de vida pode n�o ser t�o �bvio.
Isto porque, por um lado, o v�rus � mais letal em idades mais avan�adas, ent�o o n�mero de anos perdidos n�o � t�o grande na soma final da expectativa de vida; por outro, a doen�a pode ter impacto devastador e r�pido em certas localidades, sendo capaz de afetar, sim, o indicador de um pa�s ou regi�o.
Outra ressalva feita pela equipe � sobre os dados de preval�ncia e mortalidade por COVID-19, que n�o s�o t�o confi�veis e completos; por isso, foi escolhido um modelo matem�tico que combinasse v�rios tipos de dados, apontando para tend�ncias e diferentes cen�rios e focado em grandes regi�es.
S� para se ter um par�metro da situa��o do Brasil, o pa�s contabilizava, at� esta quinta, 4,4 milh�es de diagn�sticos positivos de COVID-19, cerca de 2% da popula��o de 212 milh�es estimada pelo IBGE.
Sabe-se, no entanto, que os n�meros s�o provavelmente subestimados. O balan�o mais recente do estudo EpiCovid-19, feito pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e financiado pelo Minist�rio da Sa�de, apontam que o total de infectados no pa�s pode ser at� sete vezes maior.
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