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Estado de Minas CORONAV�RUS

COVID-19: li��es que Brasil pode aprender com segunda onda na Europa

N�meros de casos explodiu em pa�ses do outro lado do Atl�ntico; quais s�o os fatores que contribuem para esse aumento? E o que podemos fazer para evitar esse mesmo cen�rio daqui alguns meses?


28/10/2020 08:40 - atualizado 28/10/2020 10:42


Homem caminha na avenida Las Ramblas, Barcelona, após toque de recolher imposto na Espanha como tentativa de conter segunda onda(foto: EPA/ENRIC FONTCUBERTA)
Homem caminha na avenida Las Ramblas, Barcelona, ap�s toque de recolher imposto na Espanha como tentativa de conter segunda onda (foto: EPA/ENRIC FONTCUBERTA)

A primeira onda de covid-19 na Europa come�ou a tomar forma a partir do in�cio de mar�o de 2020 e atingiu seu pico durante o m�s de abril. Em maio, a situa��o j� parecia estar mais estabilizada, com uma queda importante no n�mero de casos e mortes pela infec��o provocada pelo Sars-CoV-2, o coronav�rus respons�vel pela pandemia atual.

Mais recentemente, por�m, a situa��o fugiu novamente do controle e o continente acumula n�meros cada vez mais alarmantes: nos �ltimos 14 dias, a Fran�a, por exemplo, confirmou 421.799 novos casos e 2.193 mortes pela enfermidade. Os dados s�o do Centro Europeu de Controle e Preven��o de Doen�as.

Na Fran�a, a taxa de acometidos e de �bitos por 100 mil habitantes no per�odo de duas semanas chega a ser pior que das na��es que lideram o ranking geral da pandemia, como Estados Unidos, �ndia e Brasil.

O panorama da covid-19 tamb�m est� preocupante em outros pa�ses da regi�o, como Reino Unido, R�ssia, Holanda, Espanha, B�lgica, It�lia e Rep�blica Tcheca.

Os �nicos locais em que os n�meros permanecem relativamente controlados at� o momento s�o Alemanha, Gr�cia, Noruega e Finl�ndia.

O crescimento gerou uma s�rie de rea��es de governos e autoridades p�blicas: para conter a transmiss�o do v�rus, medidas como toques de recolher, volta das aulas � dist�ncia e fechamento de bares, restaurantes e lojas foram anunciadas por governos nos �ltimos dias.

Os especialistas divergem se o que a Europa est� vivendo � mesmo uma segunda onda ou apenas uma continua��o da primeira, uma vez que os casos e mortes diminu�ram, mas nunca cessaram.

Defini��es � parte, quais foram os motivos por tr�s dessa guinada?

Retorno ao (novo) normal

"Com a chegada do ver�o, os abalos econ�micos e a queda na transmiss�o do v�rus entre a comunidade, houve uma enorme press�o para que as coisas voltassem a funcionar como antes por l�", analisa o m�dico Airton Stein, professor titular de sa�de coletiva da Universidade Federal de Ci�ncias da Sa�de de Porto Alegre.

Em v�rios pa�ses, as aulas presenciais em escolas e universidades foram retomadas. Restaurantes e bares passaram a funcionar regularmente. Com o clima ameno, muitos europeus decidiram sair de casa e viajar.

O fato de esta segunda onda atingir principalmente os mais jovens �, inclusive, um indicativo de que a reabertura das atividades teve um papel decisivo neste processo — afinal, trata-se da faixa et�ria que predomina nas escolas e costuma estar em viagens ou eventos sociais com mais frequ�ncia.


Jovens em Paris; casos nesta faixa etária indicam que reabertura das atividades teve papel decisivo na segunda onda(foto: REUTERS/Charles Platiau)
Jovens em Paris; casos nesta faixa et�ria indicam que reabertura das atividades teve papel decisivo na segunda onda (foto: REUTERS/Charles Platiau)

Evento programado?

Um novo aumento do n�mero de casos e mortes por covid-19 era algo que os cientistas j� esperavam — e que pode acontecer em boa parte do mundo se algumas medidas n�o forem tomadas.

O primeiro motivo para isso � o fato de que uma parcela significativa da popula��o parece ainda n�o ter tido contato com o v�rus. Em alguns pa�ses europeus, estima-se que a soropreval�ncia (a porcentagem de pessoas que apresentam anticorpos contra o Sars-CoV-2) esteja abaixo dos 15%. Na pr�tica, isso significaria que os 85% restantes ainda est�o vulner�veis � covid-19.

Vale ponderar que essa soropreval�ncia e o papel dela na pandemia ainda � muito incerta. N�o se sabe, por exemplo, quanto tempo dura uma eventual imunidade contra a covid-19 ou se todos os acometidos geram uma resposta parecida do sistema de defesa.

Um segundo aspecto que influencia nessa quest�o � a sazonalidade do v�rus. Ao que parece, ele sobrevive mais tempo no inverno e se aproveita do fato de as pessoas ficarem aglomeradas em locais fechados quando a temperatura despenca, o que facilita a transmiss�o do pat�geno. O continente europeu est� agora no outono e a temperatura vai cair ainda mais a partir de dezembro, com a chegada do inverno.

Outro fator que contribui bastante para a segunda onda � a maior disponibilidade de m�todos de diagn�stico. "Quando a pandemia come�ou, os pa�ses estavam despreparados. Muitos casos estavam ocorrendo, mas eles n�o foram registrados por falta de estrutura. Sete meses depois e com mais testes em m�os, � poss�vel detectar um n�mero maior de pacientes", explica o virologista Anderson Brito, pesquisador na Escola de Sa�de P�blica da Universidade Yale, nos Estados Unidos.

Um dos indicadores de que a situa��o estava piorando na Europa foi justamente a quantidade de testes com resultados positivos: atualmente, entre 4 e 9% dos exames feitos para a covid-19 por l� confirmam o diagn�stico (antes, esse �ndice ficava pr�ximo de 1%). O n�mero crescente ligou o sinal de alerta das autoridades sanit�rias locais.

Uma boa not�cia?


Reino Unido enfrenta segunda onda de casos de covid-19 desde o fim de setembro(foto: PA Media)
Reino Unido enfrenta segunda onda de casos de covid-19 desde o fim de setembro (foto: PA Media)

Se h� algo de positivo a ser destacado da atual experi�ncia europeia at� o momento � o fato de a taxa de mortalidade estar mais baixa durante essa segunda onda.

Dados do Centro de Pesquisa e Auditoria em Cuidados Intensivos do Reino Unido revelam que a taxa de pacientes com covid-19 que morreram em at� 28 dias ap�s a interna��o caiu de 39% do in�cio da pandemia a agosto para 27% a partir de setembro.

Mas esses achados iniciais precisam ser olhados com muita precau��o. "A literatura nos mostra que o tempo entre a pessoa se infectar pelo coronav�rus e precisar de interna��o � de uma semana. Da hospitaliza��o at� morrer, pode levar mais cinco semanas. E ainda h� a demora entre o �bito e a notifica��o do caso para as autoridades", pondera o m�dico Marcio Sommer Bittencourt, do Centro de Pesquisa Cl�nica e Epidemiologia do Hospital Universit�rio da Universidade de S�o Paulo.

Portanto, se os casos de covid-19 na Europa est�o come�ando a subir nas �ltimas semanas, � poss�vel que o efeito disso sobre a mortalidade s� venha a ser conhecido a partir de meados de novembro ou dezembro.

A maior disponibilidade de testes tamb�m t�m influ�ncia sobre a taxa de �bitos. Um exemplo pr�tico: no in�cio da pandemia, havia um n�mero muito limitado de kits para realizar a detec��o da covid-19. Eles eram, portanto, destinados aos casos mais graves, com sintomas preocupantes.

Se determinada cidade l� no in�cio da pandemia tinha 100 indiv�duos infectados, os hospitais e postos de sa�de s� tinham capacidade para testar dez deles. Vamos supor que, desses que foram diagnosticados, dois morriam. A taxa de mortalidade ficava, ent�o, em 20%.

Imagine que esse mesmo local agora consegue fazer um n�mero bem maior de testes e � capaz de detectar 100 pessoas com coronav�rus. Se, neste grupo, duas delas morrem, a taxa de mortalidade despenca para 2%.

Al�m dessas quest�es, vale citar ainda que a experi�ncia acumulada dos �ltimos meses serviu de aprendizado para os profissionais de sa�de. "Hoje sabemos melhor como manejar os casos graves e isso permite um progn�stico mais favor�vel", concorda Stein, que tamb�m atua como m�dico de fam�lia e comunidade do Grupo Hospitalar Concei��o, na capital ga�cha.

Houve tamb�m um tempo para que os hospitais se organizassem, constru�ssem novas estruturas e treinassem profissionais de sa�de para trabalhar na terapia intensiva. Isso evita filas de espera e garante um melhor tratamento aos pacientes que precisam dos cuidados.

D� para se preparar?


Especialista aponta que curvas de cidades brasileiras como Manaus lembram padrão da Europa, enquanto outros municípios seguiram tendência diferente(foto: Reuters)
Especialista aponta que curvas de cidades brasileiras como Manaus lembram padr�o da Europa, enquanto outros munic�pios seguiram tend�ncia diferente (foto: Reuters)

Se compararmos as curvas da covid-19 na Europa e no Brasil, � poss�vel reparar que estamos alguns meses atrasados nos eventos: nosso pa�s chegou a um pico a partir de maio ou junho de 2020, quando a situa��o come�ava a ser controlada do outro lado do Atl�ntico.

N�o � poss�vel, por�m, fazer compara��es precisas entre lugares t�o distintos. Cada peda�o do Brasil teve comportamentos epid�micos pr�prios.

"As curvas que aconteceram em cidades como Manaus, Bel�m e S�o Lu�s lembram muito o que ocorreu na Europa, enquanto outros lugares do pa�s tiveram curvas longas e achatadas ao longo de um per�odo de tempo", analisa Bittencourt.

Mas, guardadas as devidas particularidades, ser� que o Brasil tem algo a aprender com essa segunda onda na Europa para evitar ou minimizar os danos?

"O v�rus depende da proximidade entre duas pessoas para continuar circulando. Portanto, as medidas de distanciamento f�sico, o uso de m�scaras e a lavagem de m�os continuam important�ssimas", destaca Brito.

Ao mesmo tempo, as autoridades de sa�de p�blica precisam refor�ar as medidas preconizadas pela Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) para conter a pandemia. Uma dessas pol�ticas est� na cria��o de um amplo programa de testagem. "S� assim conseguimos detectar os casos, especialmente os assintom�ticos, e isol�-los pelos pr�ximos 14 dias", diz Stein.

Nessa mesma linha, outra a��o que faz a diferen�a � o rastreamento de contatos. Na pr�tica, isso significa ir atr�s e informar rapidamente os indiv�duos que estiveram pr�ximos a algu�m infectado pelo coronav�rus de que eles tamb�m precisam fazer o teste e, se for o caso, obedecer uma quarentena.

Dificuldades pelo caminho

De acordo com os especialistas ouvidos para essa reportagem, o Brasil apresenta falhas nesse momento de prepara��o para conter uma eventual segunda onda da covid-19.

"Um aspecto preocupante � uma diminui��o do n�mero de testes distribu�dos pelo Minist�rio da Sa�de durante o m�s de setembro", aponta Stein.

Com a atual tend�ncia de queda nos n�meros de casos e mortes, esse � justamente o momento de ampliar o diagn�stico, pois fica mais f�cil acompanhar o avan�o do coronav�rus pelo pa�s e tomar as medidas necess�rias citadas acima: isolar e rastrear poss�veis contatos.

De acordo com os dados disponibilizados no site do pr�prio Minist�rio da Sa�de, at� o momento, o Brasil realizou 15,5 milh�es testes para detectar a covid-19. Desses, apenas 7,5 milh�es eram exames de PCR, que detectam o v�rus ativo, com capacidade de ser transmitido para outros indiv�duos.

Os 8 milh�es restantes, que representam mais da metade do total informado pela pasta, s�o os testes r�pidos. Eles apenas constatam se a pessoa j� teve contato com o Sars-CoV-2 no passado, mas n�o t�m o poder de avaliar se o coronav�rus est� circulando naquele momento pelo organismo.

Com apenas a informa��o do teste r�pido, de nada adianta fazer o isolamento ou o rastreamento de contatos: como a doen�a possivelmente j� passou (muitas vezes sem dar sinal algum), o paciente pode ter transmitido o v�rus para muitas pessoas com quem interagiu.

O Brasil ainda tem um tempo para fazer a li��o de casa e estar mais preparado para uma eventual segunda onda. Se esse fen�meno vai se concretizar, isso se relaciona a uma s�rie de vari�veis.

"N�o � poss�vel ter certeza, pois isso depende de coisas que a gente n�o sabe e tamb�m de interven��es que podemos colocar em pr�tica. A gente vai se preparar? Ou vai deixar rolar? Qual vai ser o status de desenvolvimento de rem�dios ou vacinas daqui a alguns meses? N�o sabemos tudo o que vai acontecer, mas podemos tomar as decis�es adequadas para este momento", analisa Bittencourt.


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O que � o coronav�rus


Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 � transmitida? 

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?


Como se prevenir?

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�

Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia

Em casos graves, as v�timas apresentam:

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus. 

V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'

Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 ï¿½ transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia

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