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Estado de Minas

'Peguei covid na volta �s aulas presenciais': os riscos para professores na pandemia

Retorno de aulas pelo pa�s tem se tornado alvo de impasse. Profissionais da educa��o relatam temor de serem infectados pelo novo coronav�rus.


10/03/2021 20:54 - atualizado 10/03/2021 20:54

Entre orientações para retorno de aulas presenciais está uso de máscara e álcool em gel e que as janelas das salas estejam abertas(foto: Getty Images)
Entre orienta��es para retorno de aulas presenciais est� uso de m�scara e �lcool em gel e que as janelas das salas estejam abertas (foto: Getty Images)
"Sou professora da Educa��o Infantil (para alunos de at� cinco anos de idade). Parte de mim foi trabalhar (presencialmente) morrendo de medo e pensando: � quest�o de tempo at� eu pegar (o novo coronav�rus)... S�o muitas turmas, muitas chances diferentes todos os dias", escreveu Luiza* em mensagem � BBC News Brasil no Instagram.

 

Ap�s retornar � escola, no m�s passado, Luiza, que � professora de ingl�s em Jo�o Pessoa (PB), contraiu o novo coronav�rus. "Peguei covid-19 na segunda semana de aulas (presenciais)", relatou na mensagem. A situa��o trouxe revolta para ela, que diz ter tomado muito cuidado para evitar a infec��o pelo coronav�rus desde o in�cio da pandemia.

 

Para Luiza, n�o h� d�vidas de que foi infectada no trabalho. "Outros cinco professores da escola tamb�m pegaram o v�rus no mesmo per�odo."

 

A situa��o de ang�stia relatada por Luiza diante das aulas presenciais no atual per�odo tem sido um sentimento comum entre trabalhadores da educa��o de todo o pa�s nas �ltimas semanas. Enquanto o Brasil enfrenta a sua pior fase de covid-19 desde o in�cio da pandemia, com sucessivos recordes de mortes, diversas escolas p�blicas e particulares retomaram o ensino nas unidades f�sicas.

 

Desde o in�cio do ano letivo, h� diversos relatos de infec��es pelo novo coronav�rus e at� mortes registradas ap�s o retorno das atividades presenciais nas unidades de ensino.

 

O ensino presencial virou alvo de debates constantes. Muitos profissionais da educa��o relatam o temor da covid-19 e, por isso, defendem que o ensino remoto seja adotado integralmente no atual per�odo. Por�m, h� segmentos que defendem que � poss�vel retomar a educa��o presencial com seguran�a e argumentam que a volta �s salas de aula � fundamental para que os estudantes possam ter um melhor desempenho.

 

A diverg�ncia sobre o retorno ao ensino presencial � ilustrada pelos posicionamentos de duas entidades nacionais. Na semana passada, o Conselho Nacional de Secret�rios de Sa�de (Conass) defendeu a suspens�o das atividades presenciais nas escolas no atual per�odo, para conter o avan�o do novo coronav�rus. Posteriormente, o Conselho Nacional de Secret�rios de Educa��o (Consed) afirmou, em nota, estar preocupado com a defesa da "suspens�o das atividades presenciais de todos os n�veis da educa��o do pa�s".

 

A reportagem questionou o Minist�rio da Educa��o sobre o ensino presencial no atual momento. Por�m, a pasta n�o se pronunciou sobre o tema.


Diversas escolas decidiram retomar o ensino presencial neste ano, mas a explosão de casos da covid-19 trouxe temor(foto: EPA)
Diversas escolas decidiram retomar o ensino presencial neste ano, mas a explos�o de casos da covid-19 trouxe temor (foto: EPA)

O retorno ao ensino presencial

Desde o in�cio deste ano, muitas escolas das redes estaduais, municipais e privadas de todo o pa�s adotaram o ensino de forma h�brida, que combina o presencial com o remoto. Assim, as turmas s�o divididas em pequenos grupos para que n�o haja a mesma quantidade de alunos em sala como era comum antes da pandemia. A cada semana uma parte dos alunos acompanha as disciplinas presencialmente, enquanto os outros assistem ao conte�do online.

 

Para retomar o ensino presencial, as orienta��es de especialistas s�o a ado��o de medidas como o uso de m�scaras, o distanciamento social de, ao menos, 1,5 metro, medi��o de temperatura e a utiliza��o de �lcool em gel. Al�m disso, cientistas recomendam que o ar-condicionado seja desligado para que as janelas sejam abertas, para facilitar a circula��o do ar e evitar a propaga��o do coronav�rus.

 

Mas as recomenda��es nem sempre t�m sido seguidas nas unidades de ensino que retomaram as aulas presenciais. Segundo a Confedera��o Nacional dos Trabalhadores da Educa��o (CNTE), em todo o pa�s h� diversos relatos sobre escolas em que n�o h� �lcool em gel ou m�scaras suficientes para professores e outros trabalhadores da unidade de ensino.

 

"A comunidade escolar est� apavorada e muito preocupada, por isso o nosso movimento � para n�o retornar ao ensino presencial no momento. Muitas fam�lias tamb�m est�o com medo e n�o t�m coragem de mandar seus filhos para a escola neste per�odo", declara o presidente da CNTE, Heleno Ara�jo. Segundo ele, os relatos de irregularidades s�o encaminhados para sindicatos locais que representam profissionais da Educa��o para que apurem cada caso.

 

Heleno conta tamb�m que recebe diversos relatos de unidades de ensino que n�o afastaram professores que tiveram contato com alunos infectados. A orienta��o de especialistas � que todos que tiveram contato com um estudante infectado, ou com suspeita de infec��o, sejam isolados e testados. "Mas o que est� escrito nos protocolos n�o est� sendo seguido", afirma.

 

Para Gilson Reis, coordenador-geral da Confedera��o Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), as unidades de ensino com aulas presenciais est�o falhando no controle epidemiol�gico. "� preciso fazer esse controle. Se houver algum infectado em uma turma, � preciso isolar todos, inclusive o professor (para evitar poss�vel propaga��o do v�rus)", diz.

 

Professor da Faculdade de Educa��o da Universidade de S�o Paulo (USP) e dirigente da Campanha Nacional pelo Direito � Educa��o, Daniel Cara afirma que tem recebido diariamente mensagens de profissionais da educa��o, familiares ou estudantes sobre infec��es em escolas que reabriram. Segundo ele, os relatos envolvem casos de adoecimentos pelo coronav�rus, interna��es em UTI, falta de leitos e at� mortes pela doen�a.


Retorno às aulas presenciais no atual período causou revolta em profissionais da educação e gerou protestos(foto: Getty Images)
Retorno �s aulas presenciais no atual per�odo causou revolta em profissionais da educa��o e gerou protestos (foto: Getty Images)

"� um cen�rio de total ang�stia. Agora cresce tamb�m os n�meros de crian�as internadas com a covid-19 ou com sequelas, mesmo tendo sido assintom�ticas", diz Cara � BBC News Brasil. Ele declara que a reabertura das escolas n�o deveria ser um debate no atual momento. "O �nico foco deve ser vencer a pandemia"', afirma.

 

Um levantamento da CNTE no fim de fevereiro estimou que aproximadamente metade dos Estados brasileiros adotaram algum tipo de ensino presencial no atual per�odo. Os membros da confedera��o avaliam que a tend�ncia � de que, com a explos�o de casos de covid-19 no pa�s, as escolas cada vez mais abandonem temporariamente as atividades presenciais.

 

Nas �ltimas semanas, houve diversas manifesta��es de profissionais da Educa��o contra o retorno �s aulas presenciais no atual per�odo.

 

N�o h� um levantamento nacional sobre casos de infec��es ou mortes pela covid-19 relacionadas ao ambiente escolar.

 

No Estado de S�o Paulo, um monitoramento feito pela Secretaria Estadual de Educa��o apontou que foram registrados 4.084 casos de covid-19 em escolas p�blicas e particulares entre 3 de janeiro e 6 de mar�o deste ano. No per�odo, foram registradas 21 mortes pelo coronav�rus na rede de ensino — sendo dois alunos e 19 servidores.

 

O Sindicato dos Professores de S�o Paulo (Sinpro-SP) aponta que somente na capital paulista recebeu 231 relatos de contamina��es pela covid-19 em escolas particulares, do in�cio do ano letivo de 2021 at� a �ltima sexta-feira (05/03).

 

Contr�rios �s aulas presenciais, professores de escolas particulares da cidade de S�o Paulo decidiram que entrar�o em greve a partir desta quinta-feira (11/03). A decis�o foi tomada durante assembleia realizada pelo Sinpro-SP. Os trabalhadores planejam retomar as atividades somente se o ensino for totalmente remoto no atual per�odo.

 

Na ter�a-feira (09/03), o Tribunal de Justi�a de S�o Paulo determinou que os profissionais de educa��o do Estado n�o poder�o ser convocados para aulas presenciais em escolas p�blicas e privadas durante as fases laranja e vermelha do plano estadual. Ainda cabe recurso ao governo estadual. Atualmente, S�o Paulo enfrenta a fase vermelha, mas as escolas continuam abertas porque foram colocadas na �rea de servi�os essenciais.


Pelo país há diversos relatos de professores que foram infectados pela covid-19 após o retorno das aulas presenciais(foto: Miguel Schincariol/Getty Images)
Pelo pa�s h� diversos relatos de professores que foram infectados pela covid-19 ap�s o retorno das aulas presenciais (foto: Miguel Schincariol/Getty Images)

'Peguei covid no retorno �s aulas presenciais'

Cada vez mais comuns, os relatos de profissionais da educa��o e alunos que contra�ram a covid-19 causam apreens�o entre aqueles que precisam ir presencialmente �s escolas.

Pelo pa�s, h� casos de escolas p�blicas e particulares que suspenderam completamente as atividades presenciais nas �ltimas semanas ap�s surtos de covid-19 entre funcion�rios ou alunos.

 

Na escola de Luiza, a professora de ingl�s que abre esta reportagem, houve v�rios registros de infec��es pelo coronav�rus. Ela relata que estava temporariamente na unidade de ensino particular para substituir um outro professor que havia sido afastado ap�s contrair o novo coronav�rus. "Esse professor pegou covid na segunda semana de aula, assim como uma coordenadora e uma outra professora de Educa��o Infantil tamb�m tinham pegado na �poca", relembra.

 

Ela relata que soube de diversos casos de pais de alunos que testaram positivo. "As crian�as acabavam ficando de quarentena junto com a fam�lia", diz.

 

Pouco ap�s Luiza concluir os 15 dias de substitui��o do outro professor na escola, ela testou positivo para a covid-19.

 

Ela afirma ter certeza de que foi infectada na unidade de ensino porque outros professores tamb�m foram contaminados no mesmo per�odo. Al�m disso, ela conta que estava em isolamento desde o in�cio da pandemia. "N�o fui a nenhum outro lugar, al�m da escola, nesse per�odo. At� porque o trabalho na escola estava bem puxado, porque ficaram poucos professores para todas as turmas", diz.

 

A professora comenta que a escola adotou medidas contra a covid-19, mas havia algumas falhas. Ela cita, por exemplo, que as salas ficavam fechadas na maioria do tempo. "�s vezes as janelas eram abertas, quando era feita uma limpeza na sala", diz.

 

Al�m disso, ela comenta que teve alguns descuidos na rotina com as crian�as. "Houve algumas bobeiras da minha parte, porque eu ia �s carteiras das crian�as, muitas estavam com m�scara ca�da, sem trocar depois do lanche…", detalha.


Entidades ligadas a profissionais da educação recebem constantes relatos de trabalhadores sobre dificuldades do ensino presencial(foto: Bruna Prado/Getty Images)
Entidades ligadas a profissionais da educa��o recebem constantes relatos de trabalhadores sobre dificuldades do ensino presencial (foto: Bruna Prado/Getty Images)

A infec��o pela doen�a causada pelo novo coronav�rus trouxe revolta a Luiza. Na semana passada, ela decidiu enviar uma mensagem � BBC News Brasil no Instagram para contar a sua hist�ria.

 

"Voc�s j� fizeram alguma mat�ria sobre covid nas escolas? O perigo para os professores? Porque a maioria das crian�as s�o assintom�ticas! N�o t�m febre, frequentam a escola normalmente. Vi muitos colegas e ex-colegas nesse pouco tempo ficando doentes tamb�m.

Os m�dicos aos quais recorri falaram que estavam recebendo muitos professores em seus consult�rios", escreveu a professora em trecho de mensagem � BBC News Brasil.

 

Luiza, que tem 34 anos, relata que desde os primeiros sintomas ficou isolada em sua casa. Ela comenta que seu quadro foi leve e teve, principalmente, dor de cabe�a constante e febre. Mais de duas semanas depois de cumprir o per�odo de isolamento, ela afirma que est� recuperada da doen�a.

 

Assim como Luiza, o professor de educa��o f�sica Marcos*, de 47 anos, tamb�m relata ter sido infectado pela covid-19 durante a volta �s aulas presenciais em uma uma escola municipal de S�o Caetano do Sul, em S�o Paulo.

 

Ele conta que voltou a frequentar a escola presencialmente em 10 de fevereiro. "Mas n�o tive contato com as crian�as no per�odo, apenas com v�rios funcion�rios", diz. Ele detalha que suas fun��es eram no per�odo da tarde, enquanto os alunos iam no per�odo da manh�. "Como n�o havia alunos no meu hor�rio presencialmente, fui dois dias � escola apenas", explica Marcos, que continuou o trabalho remoto.

 

Cerca de cinco dias ap�s frequentar a escola presencialmente, ele foi diagnosticado com a covid-19. Os sintomas de Marcos tamb�m foram leves. O professor acredita que pegou o coronav�rus na unidade de ensino porque outros cinco funcion�rios do local tamb�m foram infectados no mesmo per�odo. "Inclusive, um desses funcion�rios est� internado", diz Marcos � BBC News Brasil.

 

Entidades que representam profissionais da educa��o consideram que � poss�vel associar uma infec��o a uma unidade escolar quando h� v�rios casos de covid-19 entre funcion�rios ou alunos em um mesmo per�odo durante atividades presenciais.

 

Trabalhadores da educa��o afirmam que h� muita subnotifica��o da covid-19 na categoria e, por isso, apontam que � dif�cil haver um levantamento que mostre a realidade da doen�a no ambiente escolar brasileiro. Eles alegam que h� dificuldades para que possam comprovar que foram infectados nas escolas. O principal problema, dizem, � que autoridades ou propriet�rios de escolas argumentam que n�o � poss�vel afirmar que a infec��o ocorreu na unidade de ensino por se tratar de um v�rus que circula intensamente pelo pa�s.

O impasse do ensino presencial

Em meio ao atual cen�rio da pandemia, o retorno �s aulas presenciais cada vez mais se torna uma d�vida para pais, alunos e profissionais da educa��o.

 

Uma das motiva��es para a volta ao ensino presencial s�o os levantamentos que apontam que a pandemia pode causar perda de aprendizagem na m�dia do brasileiro, em raz�o do ensino remoto. Muitos estudantes sofrem com acesso prec�rio � internet ou falta de aparelhos eletr�nicos para acompanhar as aulas virtuais. Al�m disso, h� uma preocupa��o intensa com a evas�o escolar em decorr�ncia das aulas virtuais.

 

O Consed afirma, em nota de 2 de mar�o, que entende a atual realidade da pandemia, mas frisa que a maioria das escolas brasileiras, principalmente na educa��o p�blica, est� fechada h� quase um ano, "com graves preju�zos para aprendizagem e para os aspectos socioemocionais".

 

"O direito � vida e o direito � educa��o s�o inalien�veis, complementares e devem ser respaldados, nesse momento de crise pand�mica, em evid�ncias cient�fica", diz o conselho dos secret�rios de educa��o.

 

Ainda em nota, o Consed afirma que cada regi�o deve analisar a situa��o local para definir sobre a volta �s aulas. A entidade orientou que a decis�o deve ser tomada "com seguran�a para estudantes e profissionais, observando os poss�veis preju�zos educacionais que podem penalizar milh�es de estudantes brasileiros".

 

Para aqueles que defendem a volta �s aulas presenciais no atual per�odo, um dos principais argumentos � de que estudos apontam que crian�as de at� dez anos adquirem e transmitem o v�rus com menos frequ�ncia do que as mais velhas ou os adultos. Em raz�o disso, elas representam uma taxa baix�ssima dos casos de covid-19 na popula��o em geral.

 

Um levantamento da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) de outubro passado com base em informa��es globais sobre a volta �s aulas, abordado em reportagem recente da BBC News Brasil, mostrou que nos surtos identificados dentro de escolas pelo mundo, "na maioria dos casos de covid-19 em crian�as a infec��o foi adquirida dentro de casa".

"Nos surtos escolares, a probabilidade maior era de que o v�rus tivesse sido introduzido por adultos", diz o documento da OMS.

 

"A transmiss�o funcion�rio-para-funcion�rio foi a mais comum; (a transmiss�o) entre funcion�rios e estudantes foi menos comum; a mais rara foi de estudante para estudante", prossegue o documento. A OMS destaca que os estudos analisados ainda s�o considerados limitados.

 

Aglomera��es, deslizes no uso de m�scara ou outros comportamentos de risco adotados por adultos que t�m contato (mesmo que pequeno ou espor�dico) com crian�as podem acabar, inadvertidamente, levando o coronav�rus para dentro do ambiente escolar.

 

Em �ltima inst�ncia, portanto, manter a seguran�a sanit�ria das escolas abertas � obriga��o primordial de gestores, mas tamb�m responsabilidade coletiva de toda a sociedade, explicam os especialistas.

 

Os levantamentos analisados pela OMS foram feitos em diversos pa�ses pelo mundo. Na �poca, as aulas presenciais ainda n�o haviam sido retomadas no Brasil.

� poss�vel voltar �s salas de aulas agora?

H� muitos estudos que somente recomendam o retorno das aulas presenciais quando a transmiss�o comunit�ria do v�rus estiver sob controle — o que n�o � o caso do Brasil no atual momento.

 

Diante da alta transmiss�o do coronav�rus no pa�s atualmente, as entidades que representam os profissionais da educa��o defendem que o retorno das aulas presenciais devem ocorrer somente quando houver um ambiente seguro, como quando a pandemia for considerada controlada ou com a vacina��o dos trabalhadores da educa��o.

 

Na semana passada, o governo federal informou que os profissionais de educa��o foram inclu�dos no grupo priorit�rio de vacina��o contra a covid-19. Por�m, diante da lenta vacina��o no pa�s, esses trabalhadores ainda n�o possuem um prazo para que comecem a ser imunizados. "N�o h� uma data para isso. O Minist�rio da Sa�de foi questionado por e-mail e disse que n�o sabia a data", diz Heleno Ara�jo.

 

O Conass divulgou, em 1 de mar�o, um comunicado no qual destaca que o pa�s vive o "pior momento da crise sanit�ria provocada pela covid-19". O conselho afirma que a "aus�ncia de uma condu��o nacional unificada e coerente dificultou a ado��o e implementa��o de medidas qualificadas para reduzir as intera��es sociais que se intensificaram no per�odo eleitoral, nos encontros e festividades de final de ano, do veraneio e do Carnaval".

Em raz�o disso, o Conass defende, entre diversos pontos, "a suspens�o das atividades presenciais de todos os n�veis da educa��o" nas regi�es com ocupa��o de leitos acima de 85% ou com "tend�ncia de eleva��o no n�mero de casos e �bitos".

 

Pediatra e infectologista pedi�trico do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), M�rcio Nehab afirma que as escolas que permanecerem abertas no atual per�odo precisam controlar e rastrear os casos confirmados ou suspeitos. "� preciso haver envolvimento dos pais nesse tipo de prote��o. N�o d� para simplesmente os pais mandarem para a escola sem saber o que est� acontecendo", diz o especialista � BBC News Brasil.

 

Ele recomenda tamb�m que os pais n�o devem mandar os filhos para a escola se o estudante apresentar qualquer tipo de sintoma, como tosse leve ou febre. "N�o deve mandar para a escola tamb�m quando algu�m em casa est� com a covid", explica o infectologista pedi�trico.

 

O m�dico afirma que o debate sobre o ensino presencial no atual per�odo � complexo e destaca que n�o h� respostas claras sobre o assunto. "N�o h� um consenso. Mas de forma geral, o que se tem percebido � que � �bvio que � muito complicado manter uma escola aberta quando os leitos de UTI est�o lotados, h� pessoas morrendo na emerg�ncia ou em casa e h� uma fal�ncia total dos servi�os de sa�de. E essa situa��o tem acontecido em diversas cidades do pa�s", diz.

 

"Mas � muito complicado que as escolas, que s�o essenciais, estejam fechadas enquanto outros servi�os como bares e restaurantes est�o abertos", afirma Nehab. No atual contexto da pandemia no pa�s, ele defende que a melhor medida � um lockdown, com o fechamento completo das atividades como as escolas e com�rcios, para reduzir a transmiss�o do coronav�rus.

 

*Nomes alterados para preservar as identidades dos entrevistados


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