
Se leva apenas cinco minutos, voc� acaba se perguntando: por que diabos voc� n�o fez? Voc� perde tempo pensando em como isso � irritante — mas � claro que isso n�o resolve.
- A t�cnica de Hemingway para vencer a procrastina��o
- A lei que explica por que desperdi�amos tempo
Pequenas tarefas tendem a ocupar uma quantidade extraordinariamente grande de espa�o em nossas mentes. No entanto, h� maneiras simples de reduzi-las ao tamanho normal, algo que come�a com entender como permitimos exatamente que se tornem t�o grandes.
Sendo assim, ao reformular nossa abordagem em rela��o �s tarefas, mudar nossa resposta emocional e praticar alguma autocompaix�o, podemos trabalhar no sentido de concluir os pequenos itens da lista de tarefas que nos consomem.
Por que pequenas tarefas se tornam monstruosas
Em sua ess�ncia, a procrastina��o envolve o adiamento volunt�rio de uma tarefa pretendida, apesar da expectativa de piorar a situa��o ao fazer isso, explica Fuschia Sirois, professora de psicologia da Universidade de Sheffield, na Inglaterra.
"Voc� tem todo tipo de gente dizendo que [procrastina��o �] bom para isso ou bom para aquilo, mas embutido na defini��o est� que nenhuma forma de procrastina��o � boa para voc�."
Pessoas que procrastinam cronicamente tendem a ter n�veis mais altos de estresse, padr�es de sono insatisfat�rios e perspectivas de emprego piores, especialmente quando se trata de ser promovido para fun��es em que a autonomia e a tomada de decis�es s�o necess�rias.
No caso da sa�de mental, a procrastina��o tamb�m est� ligada � depress�o e ansiedade. Da mesma forma, pode prejudicar os relacionamentos, porque, quando procrastinamos, acabamos n�o honrando compromissos com outras pessoas.
� f�cil entender por que procrastinamos em tarefas grandes; elas podem ser assustadoras ou mentalmente desgastantes e requerem muito tempo, energia e dedica��o. Por outro lado, tarefas pequenas podem levar a uma forma particularmente inc�moda de procrastina��o.
Sirois diz que n�o procrastinamos em rela��o a elas porque escapam da nossa mente; em vez disso, fazemos uma escolha consciente e intencional de adiar algo que possa despertar d�vidas, inseguran�a, medo ou sentimentos de incompet�ncia.
Pode ser algo t�o simples como preencher uma papelada com a qual voc� n�o est� familiarizado, trocar o cartucho de tinta da impressora quando voc� n�o sabe como, ou algo um pouco mais capcioso, como escrever um e-mail curto para um colega quando est� com medo da resposta dele.
E embora muitos acreditem que procrastinar tarefas como essas tem a ver com mau gerenciamento de tempo, Sirois diz que se trata, na verdade, de gerenciamento de estado de esp�rito.
"Procrastinadores n�o s�o essas pessoas pregui�osas e despreocupadas que apenas falam 'que se dane, eu realmente n�o me importo'", afirma.
"Eles s�o, na verdade, muito autocr�ticos e se preocupam bastante com sua procrastina��o."
Essa preocupa��o permanece em suas mentes e esgota seus recursos cognitivos, reduzindo sua capacidade de resolver problemas. E os faz pensar: o que h� de errado comigo? Por que n�o posso simplesmente fazer essa pequena coisa?
E ent�o eles come�am a ruminar sobre a tarefa, aumentando os sentimentos negativos em rela��o � mesma e dificultando sua capacidade de v�-la racionalmente pelo o que realmente �.
"Ent�o, voc� tem essa coisinha, em rela��o � qual voc� tem um pouco de incerteza, e agora ela est� se transformando em uma coisa enorme com todo esse medo, incerteza e pavor", explica Sirois.
"Simplesmente se torna uma coisa monstruosa — um montinho de terra que agora � uma montanha."
Outra raz�o pela qual as pequenas tarefas podem se acumular � que muitas vezes n�o possuem as mesmas estruturas e prazos r�gidos que as tarefas maiores contemplam; voc� acha que pode simplesmente encaix�-las em algum momento ao longo do dia.
Portanto, � mais f�cil ter uma rea��o de fuga porque, diferentemente das grandes tarefas, �s quais reservamos uma parte do tempo para resolver, n�o h� nada que te leve a realizar pequenas tarefas imediatamente.
Como lidar com as pequenas tarefas
Mas ent�o como nos motivamos para enfrentar uma tarefa que tememos? Timothy Pychyl, professor de psicologia da Carleton University em Ottawa, no Canad�, e autor de Solving the Procrastination Puzzle, diz que muitas vezes a motiva��o acompanha a a��o.
Portanto, se voc� simplesmente fizer algo imediatamente, sem primeiro parar para pensar sobre por que n�o quer fazer aquilo, talvez seja prefer�vel no longo prazo.
"Da pr�xima vez que voc� sentir que todo o seu corpo est� gritando: 'Eu n�o quero, n�o estou com vontade', pergunte-se: Qual � a pr�xima a��o que eu precisaria realizar para esta pequena tarefa se eu fosse fazer", sugere.

"O que acontece � que voc� est� desviando sua aten��o de suas emo��es para a a��o."
O consultor de produtividade americano David Allen, autor de Getting Things Done, chama isso de regra de dois minutos — se uma tarefa leva menos de dois minutos, o tempo gasto para adicion�-la � sua lista de pend�ncias exceder� o tempo que leva de fato para concluir a tarefa imediatamente. Ent�o, em vez de programar, apenas se jogue nela.
Essa mentalidade pr�-ativa pode te ajudar a contornar a rumina��o desnecess�ria.
Um estudo conduzido por Pychyl com estudantes universit�rios mostrou que, uma vez que eles realmente come�avam uma tarefa, a consideravam muito menos dif�cil e estressante do que quando estavam procrastinando em rela��o � mesma.
"Trata-se de reconhecer que as coisas est�o sendo influenciadas por seu estado emocional", explica.
Segundo ele, trabalhar para reduzir sua resposta emocional vai ajudar a gerenciar melhor as pequenas tarefas.
"Adiamos muitas pequenas coisas, e elas se tornam grandes em nossas mentes porque sofremos o sequestro da am�gdala", explica ele, se referindo a uma resposta emocional imediata desmedida em rela��o ao que a desencadeou de fato.
"Temos uma rea��o negativa no momento em que pensamos na tarefa, e isso tende a se retroalimentar."
Outro truque para lidar com tarefas menores � incorpor�-las em outras maiores.
"Tente encontrar um espa�o em que a tarefa se encaixe em sua rotina normal", sugere Pychyl, observando que ele aspira a casa durante os 15 minutos que leva para sua aveia cozinhar todas as manh�s.
Isso n�o apenas ajudar� a evitar qualquer sensa��o de perda de tempo durante a tarefa, como voc� tamb�m usar� o est�mulo externo da tarefa maior para mascarar quaisquer rea��es negativas que possa ter em rela��o � tarefa menor.
Praticando autocompaix�o
Sirois explica que temos mem�ria das respostas emocionais que desencadearam a procrastina��o no passado.
"Se voc� est� se lembrando de uma emo��o negativa, uma maneira de dissip�-la e voltar � realidade � come�ar a pensar em como voc� pode ressignificar a tarefa", diz ela.
Voc� pode, por exemplo, olhar para a tarefa como uma oportunidade de aprender uma nova habilidade.
"Se voc� puder dar um curto-circuito logo no in�cio, ressignificando (a tarefa) — talvez para algo que possa ser divertido ou agrad�vel — isso � muito importante", observa.
Outro truque quando algo � simplesmente enfadonho ou mon�tono � "mudar as lentes que voc� coloca quando est� visualizando a tarefa" para ajudar a diminuir os sentimentos negativos, mudando sua perspectiva emocional desde o in�cio.
"Parece um pouco bobo", acrescenta ela, "mas na verdade � muito poderoso."
Tanto Pychyl quanto Sirois afirmam que � importante n�o nos punirmos muito, especialmente devido ao estresse adicional da pandemia. Afinal, embora toda procrastina��o seja um adiamento, nem todo adiamento � uma procrastina��o.
"Adiar faz parte da vida", observa Pychyl.
"Posso deixar as coisas para depois e n�o � nenhum tipo de falha moral; faz parte do meu racioc�nio pr�tico" de priorizar uma coisa em detrimento de outra.
Se voc� se pegar procrastinando, ambos dizem que um pouco de autocompaix�o pode ser o segredo para voltar ao eixo.
Pychyl foi o autor de um estudo que mostrou que pessoas que se perdoavam procrastinavam menos no futuro diante da mesma tarefa em rela��o � qual haviam se perdoado. J� Sirois liderou uma pesquisa sobre como o aumento da autocompaix�o pode ser particularmente ben�fico para reduzir o estresse associado ao adiamento de tarefas.
"Assim que pararmos de nos culpar", diz Sirois, "ser� mais f�cil cair na real novamente."
Leia a vers�o original desta reportagem (em ingl�s) no site BBC Work Life.
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