
A Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) da Covid vai interrogar nesta semana todos os ministros da Sa�de do presidente Jair Bolsonaro, com objetivo de escrutinar a atua��o do governo federal no enfrentamento da pandemia de coronav�rus.
Os depoimentos come�am na ter�a-feira (04/05), com os dois primeiros chefes da pasta, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich.
O dia seguinte foi todo reservado para a CPI ouvir as explica��es do general Eduardo Pazuello, quem mais tempo comandou o minist�rio durante a pandemia. O militar est� sendo treinado no Pal�cio do Planalto para enfrentar uma dura sabatina por parte dos senadores.
J� na quinta-feira falar�o o atual ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga, e o presidente da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa), Antonio Barra Torres. O �rg�o � respons�vel por avaliar e autorizar o uso de novas vacinas contra covid-19 no Brasil.Al�m da convoca��o das primeiras testemunhas, na semana passada a CPI aprovou centenas de requerimentos de compartilhamento de informa��o, requisitando dados sobre a pandemia ao governo federal e a outras institui��es, como Pol�cia Federal, Minist�rio P�blico, Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) e governos estaduais.
Entenda a seguir o que esperar de cada dia de depoimentos nesta semana.
Ter�a-feira: Henrique Mandetta e Nelson Teich
Ministro da Sa�de desde o in�cio do governo Bolsonaro, Mandetta n�o durou nem dois meses no cargo ap�s a confirma��o do primeiro caso de covid-19 no Brasil. Seu sucessor, Nelson Teich, teve vida ainda mais curta na pasta: apenas 29 dias.
A sa�da de ambos � atribu�da � resist�ncia de Bolsonaro em aceitar as recomenda��es cient�ficas para o enfrentamento da pandemia, como ado��o de medidas de isolamento social. Em vez disso, o presidente contrariava seus ministros ao incentivar aglomera��es, n�o usar m�scara e criticar as decis�es de governadores e prefeitos de suspender atividades econ�micas e funcionamento de escolas.
Tamb�m em desacordo com a ci�ncia, o presidente queria que a pasta da Sa�de incentivasse o uso de medicamentos sem efic�cia comprovada contra covid-19, como a cloroquina. Mandeta e Teich, por�m, se recusaram a adotar um novo protocolo no minist�rio recomendando a subst�ncia para "tratamento precoce" da doen�a.
A expectativa � que senadores independentes e de oposi��o ao governo, que somam sete dos onze integrantes da CPI, tentem esclarecer nos depoimentos se essas condutas de Bolsonaro contribu�ram para a acelera��o do cont�gio e do n�mero de mortes causadas pelo coronav�rus no Brasil, que j� superam 400 mil.

Os dois ex-ministros adotaram postura cr�tica a Bolsonaro ap�s deixar o governo, o que indica que n�o devem poupar o presidente ao responder aos questionamentos.
Em entrevista ao canal CNN Brasil em dezembro, por exemplo, Teich criticou a demora do governo federal na compra de vacinas. "O presidente j� deixou muito clara a posi��o dele. Ele n�o quer ser uma lideran�a na vacina��o da covid-19 no Brasil. N�o adianta reclamarmos", destacou.
Mandetta, por sua vez, lan�ou no ano passado um livro em que acusa o presidente de fechar os olhos para a gravidade da crise. Na publica��o, o ex-ministro afirma que no in�cio da crise sanit�ria tentou alertar Bolsonaro sobre o elevado n�mero de mortes que o Brasil registraria caso n�o adotasse medidas de isolamento social. Na ocasi�o, sua estimativa era de 180 mil �bitos, patamar que foi alcan�ado em dezembro.
Apesar disso, segundo Mandetta, a rea��o de Bolsonaro foi questionar se o ent�o ministro elogiaria as medidas de isolamento do Estado de S�o Paulo. "Ele nunca aceitou sentar comigo para ver a realidade que o seu governo estava para enfrentar", resume no livro.
Pr�-candidato a presidente da Rep�blica pelo DEM, Mandetta deve enfrentar perguntas incomodas de senadores governistas, que est�o preocupados com o uso da CPI como palanque pol�tico pelo ex-ministro.
"Na �poca do Mandetta, n�o se fez nada. Ele passava o dia inteiro dando entrevista, em vez de cuidar da log�stica, em vez de fazer os enfrentamentos", criticou o senador Ciro Nogueira (PP-PI), em entrevista � BBC News Brasil.
"Eu digo pelo meu Estado (Piau�), tudo s� aconteceu depois que ele saiu: de levar leitos de UTI, levar assist�ncia. Ent�o, s�o situa��es que a gente tem que esclarecer agora na CPI, mas sem nenhum prejulgamento", acrescentou o senador que � um dos principais aliados de Bolsonaro na comiss�o.
Quarta-feira: Eduardo Pazuello
Ap�s as quedas de Mandetta e Teich, Bolsonaro desistiu naquele momento de ter um m�dico na chefia do Minist�rio da Sa�de e deu a pasta para o general Eduardo Pazuello, que se alinhou plenamente �s orienta��es do presidente no enfrentamento da pandemia. Ele comandou o minist�rio por dez meses, entre maio de 2020 e mar�o deste ano.
Por ser o mais longevo ministro durante a pandemia, recai sobre Pazuello as acusa��es de maior responsabilidade sobre a escalada de mortes no pa�s.

O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), elenca em seu requerimento para ouvir Pazuello o que v� como uma lista de problemas que devem ser abordados na CPI: "Falhas na estrat�gia de comunica��o; nas a��es de vigil�ncia e mapeamento da pandemia; promo��o de tratamentos ineficazes; m� gest�o das necessidades de leitos de UTIs no pa�s; falhas no planejamento de fornecimento de insumos b�sicos como oxig�nio, medicamentos, EPIs (equipamentos de prote��o individual), testes, respiradores; atraso e omiss�o para a compra de vacinas".
Preocupado com o bombardeio previsto contra Pazuello, o governo elaborou uma lista de 23 poss�veis acusa��es a serem enfrentadas na CPI, e solicitou aos minist�rios que preparem repostas a essas quest�es.
O documento, elaborado pela Casa Civil e revelado pelo portal UOL, inclui acusa��es como: o governo federal recusou 70 milh�es de doses da vacina da Pfizer; o governo foi negligente com processo de aquisi��o e desacreditou a efic�cia da Coronavac (vacina do Instituto Butantan em parceria com a China); o governo minimizou a gravidade da pandemia; o governo promoveu tratamento precoce sem evid�ncias cient�ficas comprovadas; e o governo entregou a gest�o do Minist�rio da Sa�de, durante a crise, a gestores n�o especializados (militariza��o do MS).
Al�m de preparar material para municiar as respostas de Pazuello, a Casa Civil tamb�m est� treinando o general para depor na CPI, segundo reportagem do jornal O Globo.
O ex-ministro tem sido alvo at� mesmo de "fogo amigo". Em recente entrevista � revista Veja, F�bio Wajngarten, ex-secret�rio de Comunica��o do governo Bolsonaro, atribuiu � "incompet�ncia e inefici�ncia" da gest�o Pazuello o fracasso na aquisi��o de 70 milh�es de vacinas da Pfizer.
A CPI deve aprovar nesta ter�a a convoca��o para Wajngarten dep�r na pr�xima semana.

Quinta-feira: Marcelo Queiroga e Antonio Barra Torres
O atual ministro da Sa�de, o cardiologista Marcelo Queiroga, assumiu a pasta em meados de mar�o, quando o Brasil vivia uma escalada de recordes nas mortes di�rias pela covid-19.
Segundo requerimento de convoca��o apresentado pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), ele dever� responder quest�es sobre "isolamento social, vacina��o, postura do Governo, emprego de medicamentos sem efic�cia comprovada, propagando oficial, omiss�o de dados, entre outros temas".
J� o senador Antonio Coronel (PSD-BA) diz que "� importante questionar o atual ministro sobre os pr�ximos passos para a vacina��o contra a covid no Brasil e a organiza��o do Plano Nacional de Imuniza��o para tal finalidade".
O tema vacina��o tamb�m � foco de pedido de convoca��o do presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres.
Ele deve ser questionado sobre o processo de aprova��o da vacina Coronavac, cujos testes da fase 3 chegaram a ser interrompidos por decis�o da Anvisa, o que gerou suspeitas de interfer�ncia pol�tica por parte do governo Bolsonaro.
Nas �ltimas semanas, a ag�ncia voltou a ser alvo de controv�rsia ao n�o autorizar a importa��o da vacina russa, Sputnik V. Defensores da Anvisa dizem que as decis�es tomadas durante a pandemia foram pautadas em an�lises t�cnicas.
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