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Estado de Minas

CPI da Covid: Ernesto Ara�jo nega que Brasil tenha tido atritos com a China

O ex-ministro das Rela��es Exteriores deixou o governo no fim de mar�o e agora presta depoimento � CPI que investiga a��es e omiss�es do governo na pandemia.


18/05/2021 20:01 - atualizado 18/05/2021 20:01

O ex-ministro das Relações Exteriores deixou o governo no fim de março(foto: Agência Senado)
O ex-ministro das Rela��es Exteriores deixou o governo no fim de mar�o (foto: Ag�ncia Senado)
Em depoimento nesta ter�a (18/5) � CPI da Covid, que investiga a��es e omiss�es do governo na pandemia, o ex-ministro das Rela��es Exteriores Ernesto Ara�jo negou que o Brasil tenha tido uma rela��o conturbada com a China durante seu mandato.

 

O gigante asi�tico � um dos principais produtores de rem�dios e insumos m�dicos do mundo, incluindo os utilizados para produzir vacinas contra o coronav�rus no Brasil.

O presidente da CPI, o senador Omar Aziz (PSD-AM), pediu que Ara�jo n�o faltasse com a verdade. Ele lembrou do texto em que o ex-ministro sugeriu que a pandemia tinha como objetivo trazer de volta o comunismo e usou o termo "comunav�rus".

 

"N�o houve nenhuma falta com a verdade. Eu me referia a um 'v�rus ideol�gico', n�o ao coronav�rus", afirmou. "O artigo n�o � sobre a China e eu n�o vejo nada contra a China."

 

O ex-chanceler deixou o governo em mar�o deste ano e admitiu na CPI que o governo pediu que ele deixasse o cargo por press�o do Congresso — parlamentares estavam incomodados com atritos com a China e acreditavam que a atua��o de Ara�jo prejudicava essa rela��o.

 

Aziz lembrou tamb�m do epis�dio em que Ara�jo respondeu ao embaixador chin�s no Twitter.

 

No ano passado, cr�ticas do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ao pa�s asi�tico e seu h�bito de chamar o coronav�rus de "v�rus chin�s" levaram o embaixador chin�s, Yang Wanming a se posicionar exigindo um pedido de desculpas.

 

Na �poca, Ara�jo disse que as cr�ticas de Eduardo "n�o refletem a posi��o do governo brasileiro", mas que era "inaceit�vel que o Embaixador da China endossasse ou compartilhe postagem ofensiva ao Chefe de Estado do Brasil e aos seus eleitores".

 

Ara�jo afirmou � CPI que, apesar de ter momentos em que se queixou da atitude do embaixador, n�o acredita que nenhuma de suas declara��es tenha sido "anti-China".

 

"N�o defendi Eduardo Bolsonaro. Me referia ao fato do embaixador ter feito um retu�te de uma postagem criticando o presidente da Rep�blica."


Araújo foi questionado sobre atritos com o embaixador chinês(foto: Agência Senado)
Ara�jo foi questionado sobre atritos com o embaixador chin�s (foto: Ag�ncia Senado)

 

O relator da CPI, Renan Calheiros, questionou Ara�jo tamb�m sobre declara��es do presidente contr�rias � China, como quando afirmou, em outubro de 2020, que "da China n�s n�o compramos" e que n�o acreditava "que a vacina passe seguran�a quanto a sua origem". O ex-chanceler afirmou que n�o discutiu essa quest�o com o presidente.

 

Calheiros citou tamb�m epis�dios em que Eduardo Bolsonaro e o ex-ministro Abraham Weintraub culparam a China pela pandemia.

 

"Eu n�o vejo nos exemplos que o senhor mencionou hostilidade com rela��o � China", afirmou. "N�o se pode ver no com�rcio com o pa�s nenhum ind�cio de perda de qualidade nessa rela��o."

 

Ara�jo reconheceu, entretanto, que escreveu uma carta ao chanceler chin�s reclamando da atua��o do embaixador chin�s no Brasil.

 

Questionado pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) sobre se o conjunto de falas contr�rias ao pa�s asi�tico vindas do governo constitu�am uma boa diplomacia, disse que sim - e que n�o concordava com a "interpreta��o" feita pelo senador sobre as falas.

 

A senadora Katia Abreu (PP), representante da bancada feminina, afirmou em resposta que o com�rcio n�o foi prejudicado gra�as � atua��o e ao trabalho dos produtores brasileiros.

 

Ara�jo comparece � CPI, um dia antes do mais aguardado depoimento da comiss�o, o do ex-ministro da sa�de Eduardo Pazuello. O general presta depoimento na quarta (19/05) e conseguiu na Justi�a o direito de n�o responder perguntas que possam incrimin�-lo.

 

Segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), isso n�o deve afetar as investiga��es, j� que Pazuello ainda � obrigado a responder quest�es que envolvam atitudes e a��es de outras pessoas presenciadas por ele.

Ara�jo, no entanto, n�o tem a mesma prerrogativa e tem a obriga��o de responder a todas as perguntas.

Cloroquina


CPI que investiga ações e omissões do governo na pandemia(foto: Agência Senado)
CPI que investiga a��es e omiss�es do governo na pandemia (foto: Ag�ncia Senado)

Ara�jo confirmou a autenticidade das mensagens reveladas por uma investiga��o da Folha de S. Paulo, na semana passada, que mostraram que Ara�jo mobilizou o Itamaraty para garantir o fornecimento de cloroquina ao Brasil, mesmo quando as evid�ncias cient�ficas j� apontavam que o rem�dio n�o era capaz de combater a covid.

 

Mensagens internas do minist�rio mostram que houve um esfor�o, de mar�o e at� pelo menos junho de 2020, para mobilizar diplomatas para garantir o fornecimento internacional de cloroquina.

 

Ara�jo afirmou que os esfor�os foram feitos a partir de um pedido do minist�rio da Sa�de, que informou que os estoques de cloroquina estavam baixos por causa de uma corrida pelo rem�dio. Ara�jo disse tamb�m que o presidente Jair Bolsonaro pediu para que o Itamaraty viabilizasse uma liga��o com o presidente da �ndia para falar sobre o assunto.

 

O ex-chanceler disse que, na �poca, havia 'pesquisas promissoras'.

 

"De qualquer forma � um rem�dio importante, utilizado para outras doen�as, e precisa ter seu estoque preservado", afirmou Ara�jo.

 

A cloroquina faz parte do que ficou conhecimento como "kit de tratamento precoce" promovido pelo governo, que inclui outros rem�dios sem efic�cia contra o coronav�rus, como a ivermectina.

 

Em mar�o desde ano o presidente tamb�m promoveu o spray nasal EXO-CD24, que, segundo ele, "parece um produto milagroso" contra covid.

 

Na �poca, o governo promoveu uma viagem de uma comitiva brasileira � Israel — liderada por Ara�jo — para prospectar a compra do spray mesmo sem nenhuma evid�ncia de que ele tivesse efeito contra a covid.

 

Ara�jo disse � CPI que a miss�o surgiu a partir de um pedido do presidente da Rep�blica, que havia falado por telefone com o primeiro-ministro israelense. No fim n�o houve contrato para compra do spray.

 

Israel tem tido sucesso no combate � pandemia devido a um amplo programa de vacina��o.

Conselho Paralelo

O ex-ministro das Rela��es Exteriores tamb�m foi questionado por Renan Calheiros sobre quem orienta o presidente sobre quest�es de sa�de. Ara�jo afirmou que desconhece a exist�ncia de um aconselhamento paralelo a Bolsonaro.

 

Os senadores tentam descobrir quem compunha o n�cleo mais pr�ximo de aconselhamento do presidente durante a pandemia desde o depoimento do ex-ministro da Sa�de Luiz Henrique Mandetta, que afirmou que Bolsonaro n�o se orientava com ele e tinha um n�cleo paralelo de consultoria.

 

Ara�jo foi diretamente questionado se o escritor Olavo de Carvalho teve influ�ncia ou participa��o em um conselho paralelo. O ex-chanceler comp�e o n�cleo "olavista" (de seguidores do escritor Olavo de Carvalho) de pessoas pr�ximas ao presidente, que inclui tamb�m o vereador e filho do presidente Carlos Bolsonaro.

 

Carlos Bolsonaro entrou foi citado diversas vezes na CPI. O executivo da Pfizer Carlos Murillo confirmou que o filho do presidente, que n�o tem cargo no governo, esteve presente em uma reuni�o da empresa com o governo, em dezembro.

 

Para esclarecer essa quest�o, senadores discutem convocar Carlos Bolsonaro � CPI.


O relator da CPI, Renan Calheiros, questionou Araújo também sobre declarações do presidente contrárias à China(foto: Agência Senado)
O relator da CPI, Renan Calheiros, questionou Ara�jo tamb�m sobre declara��es do presidente contr�rias � China (foto: Ag�ncia Senado)

Covax Facility e OMS

Cr�tico de institui��es internacionais, cuja atua��o ele chama de "globalismo", Ara�jo foi questionado sobre o afastamento do Brasil da OMS (Organiza��o Mundial de Sa�de) e o fato do Brasil ter aderido � Covax Facility (cons�rcio internacional para produ��o de vacinas lan�ado pela OMS) depois do prazo limite.

 

Segundo Ara�jo, a orienta��o para fazer uma reserva de vacinas suficiente para 10% da popula��o e n�o para 50% veio do minist�rio da Sa�de — mas n�o se lembra quem fez ou como esse pedido foi feito.

 

Disse tamb�m que fez um pedido para ampliar o prazo para o contrato.

 

O ex-ministro negou que seja contra o multilateralismo - embora isso tenha sido a base de sua pol�tica - e disse que n�o � "contra a OMS", mas n�o queria deixar claro que a institui��o "n�o tem carta branca" pois j� teria tido "muitas indas e vindas" em suas decis�es.

 

"No dia 31 de mar�o, a OMS disse que tinha d�vidas sobre transmiss�o pelo ar, em 28 de abril disse que sim, se transmite pelo ar", citou como exemplo.

As orienta��es da Organiza��o Mundial de Sa�de seguem o avan�o das pesquisas cient�ficas e v�o mudando de acordo com novas descobertas.

Rela��o com os EUA

Ara�jo reconheceu que a rela��o entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente americano Donald Trump n�o contribuiu para a aquisi��o de vacinas pelo Brasil.

 

O ex-ministro justificou dizendo que os EUA proibiram a exporta��o de vacina para todos os pa�ses do mundo.

 

Enesto Ara�jo tamb�m disse que n�o recebeu nenhuma press�o dos EUA para n�o comprar a vacina russa, Sputinik V e n�o tem conhecimento de que essa press�o tenha sido feita a outros membros do governo.


Araújo foi cobrado sobre a falta de empenho do Itamaraty para obter mais oxigênio da Venezuela para o Amazonas(foto: Reuters)
Ara�jo foi cobrado sobre a falta de empenho do Itamaraty para obter mais oxig�nio da Venezuela para o Amazonas (foto: Reuters)

Cobran�a sobre oxig�nio da Venezuela para o Amazonas

Ara�jo foi tamb�m cobrado sobre a falta de atua��o do Itamaraty para trazer mais oxig�nio da Venezuela ao Amazonas em janeiro, quando a falta do g�s provocou a morte de centenas de pessoas que estavam internadas com covid-19 no Estado.

 

O governo venezuelano disponibilizou uma doa��o de oxig�nio ao Amazonas que foi transportado por rodovia ao Brasil. Os senadores amazonenses Omar Aziz e Eduardo Braga e o representante do Amap� Randolfe Rodrigues criticaram a falta de empenho da chancelaria brasileira em viabilizar uma quantidade maior de oxig�nio da Venezuela, seja por doa��o ou compra.

 

Tamb�m reclamaram do governo brasileiro n�o ter estabelecido contato com o governo de Nicolas Maduro para transportar g�s de forma mais r�pida, por via a�rea. Para Rodrigues, essa posi��o do Itamaraty refletiu uma atua��o ideol�gica de Ara�jo e do presidente Bolsonaro em rela��o ao pa�s vizinho.

 

Pressionado pelo senador da Rede, Ara�jo reconheceu que n�o fez contato com o governo da Venezuela, nem agradeceu a doa��o de oxig�nio.

 

"O Itamaraty n�o age de maneira aut�noma em temas de sa�de. O Itamaraty n�o tem condi��es de avaliar o momento necess�rio a proceder a essa ou aquela a��o do sistema de sa�de, no caso o suprimento de oxig�nio", disse ainda, em resposta ao senador Eduardo Braga.

 

O ex-chanceler disse tamb�m que o Itamaraty fez contato com o governo dos Estados Unidos para doa��o de oxig�nio que seria transportado por avi�o americano. Segundo ele, a opera��o n�o foi conclu�da porque o governo do Amazonas n�o informou as especifica��es da carga de oxig�nio necess�ria.

 

Ao ouvir o ex-ministro, Eduardo Braga disse que a omiss�o do governo do

Amazonas era algo "criminoso", mas frisou que o Minist�rio da Sa�de tamb�m teria responsabilidade de fornecer essas informa��es e viabilizar a vinda de oxig�nio dos Estados Unidos.

 

"� mais criminoso ainda: havia o avi�o e n�o foi usado para salvar vidas", ressaltou o senador.

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