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Estado de Minas N�O PODE FALTAR

Covid: o que est� por tr�s da decis�o de usar vacina da Pfizer em quem tomou 1� dose de AstraZeneca

Especialistas criticam a falta de di�logo e de pol�ticas de vacina��o unificadas entre Minist�rio da Sa�de, Estados e munic�pios. Esquema heter�logo, com doses de fabricantes diferentes, n�o � considerado como estrat�gia principal, mas tem efic�cia e seguran�a comprovadas.


13/09/2021 20:01 - atualizado 14/09/2021 07:49


Pelo menos cinco capitais registraram falta de doses de AstraZeneca nos últimos dias
Pelo menos cinco capitais registraram falta de doses de AstraZeneca nos �ltimos dias (foto: Getty Images)

Nesta segunda-feira (13/9), algumas cidades brasileiras come�aram a oferecer a vacina da Pfizer �s pessoas que tomaram a primeira dose do imunizante da AstraZeneca e est�o com a segunda dose que protege contra a covid-19 atrasada.

Essa decis�o acontece ap�s algumas capitais, como S�o Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Palmas (TO), Porto Velho (RO) e Rio de Janeiro (RJ) registrarem falta de estoques do produto da AstraZeneca durante as primeiras semanas de setembro.

De um lado, representantes de Estados e munic�pios alegam que o Minist�rio da Sa�de deixou de enviar vacinas que foram prometidas para o m�s — o governo de S�o Paulo, por exemplo, afirmou ter recebido quase 1 milh�o de doses a menos que o previsto.

"O n�o envio destas doses pelo Minist�rio da Sa�de descumpre uma obriga��o do �rg�o federal em disponibilizar vacinas necess�rias � imuniza��o complementar das pessoas que j� tomaram a primeira dose da vacina", acusam os dirigentes paulistas, em nota publicada no site do Estado.

Do outro, representantes do governo federal criticam os governadores e prefeitos que fizeram planos pr�prios de vacina��o e n�o seguem as diretrizes estabelecidas no Programa Nacional de Imuniza��o, o PNI.

Em entrevista coletiva realizada nesta segunda-feira (13/9), o ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga, classificou a situa��o como uma "Torre de Babel vacinal", numa alus�o b�blica � falta de di�logo entre as diferentes esferas de poder.

"Eu pe�o que os gestores de sa�de sigam o PNI para n�s, juntos, conseguirmos fazer uma campanha [de vacina��o contra a covid-19] mais eficiente", disse Queiroga.

"No final de semana eu estive no Amazonas, visitei uma unidade de sa�de ribeirinha e l� tinha CoronaVac, vacina da Pfizer e da AstraZeneca. Por que l� tem vacina e no principal Estado do pa�s n�o tem?", perguntou o ministro, numa alus�o aos protestos do governo de S�o Paulo.

Em meio �s discuss�es, o Instituto de Tecnologia em Imunobiol�gicos (Bio-Manguinhos), vinculado � Funda��o Oswaldo Cruz (FioCruz) e respons�vel por finalizar a produ��o da vacina da AstraZeneca no Brasil, informa que vai liberar novos lotes, com cerca de 15 milh�es de doses, a partir da ter�a-feira (14/9).

Cabo de guerra

N�o � segredo para ningu�m que a campanha de vacina��o contra a covid-19 no Brasil � marcada por desaven�as e pela falta de coordena��o entre governo federal, Estados e munic�pios.

"O que fez o PNI ser um sucesso nas �ltimas d�cadas foi uma pol�tica unificada, com decis�es que serviam para todo o pa�s", contextualiza a epidemiologista Carla Domingues, que coordenou esse programa no Minist�rio da Sa�de entre 2011 e 2019.

O problema � que, durante a atual pandemia, os crit�rios ficaram bagun�ados e os governadores e prefeitos passaram a seguir regras pr�prias.

"Isso s� demonstra a desorganiza��o da nossa campanha. O Minist�rio da Sa�de faz um plano e Estados e munic�pios buscam uma independ�ncia que vai gerar o desabastecimento", entende a especialista.


O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, criticou os Estados que não seguem o Programa Nacional de Imunizações
O ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga, criticou os Estados que n�o seguem o Programa Nacional de Imuniza��es (foto: Walterson Rosa/MS)

S�o v�rios os exemplos desse desajuste — um dos mais recentes � o in�cio da vacina��o contra a covid-19 de adolescentes em algumas cidades, � revelia do que foi estabelecido como prioridade pelo governo federal.

O descompasso traz consequ�ncias pr�ticas. Isso porque o Minist�rio da Sa�de compra, distribui e indica a aplica��o das doses em determinados grupos seguindo um cronograma, que est� alinhado aos contratos assinados e aos prazos de entrega dos fabricantes.

Portanto, se um prefeito ou governador decide modificar algo na campanha de vacina��o local, como a inclus�o de mais pessoas no p�blico-alvo, por exemplo, os estoques podem se esgotar antes do previsto.

� preciso considerar um segundo fator para a falta de doses em algumas cidades: a FioCruz s� recebeu uma nova remessa de IFA (Insumo Farmac�utico Ativo), os ingredientes que v�m da China e s�o necess�rios para finalizar a fabrica��o da vacina no Brasil, nos �ltimos dias de agosto.

Acontece que o processo de produ��o, envase e controle de qualidade necess�rio para liberar os lotes costuma levar cerca de tr�s semanas.

Ou seja: as 15 milh�es de doses prometidas para setembro, que garantiriam a continuidade da campanha de vacina��o, inclusive com a aplica��o da segunda dose numa parcela da popula��o brasileira, s� come�aram a ficar prontas nos �ltimos dias.

Procurada pela BBC News Brasil, a FioCruz reafirmou que n�o h� escassez e nem atraso na entrega: os novos lotes ser�o liberados ainda nesta semana, conforme anunciado num comunicado do dia 2 de setembro.

"A partir de ter�a-feira (14/9) est� previsto o in�cio da libera��o de lotes de vacinas, que est�o na etapa de controle de qualidade, para as entregas desta semana. Os quantitativos e as datas de entrega ser�o informados � medida que ocorrerem as libera��es", afirmou a funda��o, por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa.


O processo de fabricação, envase e controle de qualidade costuma demorar cerca de três semanas no Instituto Bio-Manguinhos, da FioCruz
O processo de fabrica��o, envase e controle de qualidade costuma demorar cerca de tr�s semanas no Instituto Bio-Manguinhos, da FioCruz (foto: Getty Images)

O pediatra Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imuniza��es (SBIm), teme que o descompasso entre governo federal, Estados e munic�pios possa alimentar futuras crises de desabastecimento na campanha contra a covid-19.

"� preciso lembrar que a vacina da Pfizer est� sendo utilizada como terceira dose em idosos e imunossuprimidos, � a �nica aprovada para adolescentes de 12 a 17 anos e agora tamb�m � usada naqueles que tomaram a primeira de AstraZeneca em algumas cidades", conta.

"Temos que avaliar muito bem as decis�es porque, com a indica��o desse imunizante para prop�sitos que n�o estavam no plano original, corremos o risco de tamb�m sofrermos com a falta de estoque dele no futuro", alerta.

A combina��o de vacinas � segura e efetiva?

Segundo as informa��es oficiais, tudo indica que a pol�tica de usar o produto da Pfizer como segunda dose em quem tomou a primeira da AstraZeneca vai durar poucos dias.

A cidade de S�o Paulo, por exemplo, anunciou que os cidad�os que deveriam receber a segunda dose de AstraZeneca entre 1º e 15 de setembro e est�o atrasados tomar�o a da Pfizer nos pr�ximos dias.

Mas, como as entregas da FioCruz devem ser iniciadas em breve, as doses de AstraZeneca voltar�o a ficar dispon�veis nos postos de sa�de nos munic�pios onde elas estavam em falta.

Mesmo assim, vale esclarecer que o esquema heter�logo (com vacinas de dois produtores diferentes) j� � realidade para alguns p�blicos da atual campanha de vacina��o.

� o caso das gestantes, que tomaram a primeira dose da AstraZeneca e devem receber a segunda da Pfizer, e dos idosos com mais de 70 anos, que tiveram acesso a duas doses da CoronaVac no in�cio de 2021 e agora poder�o levar uma terceira aplica��o, preferencialmente de Pfizer, AstraZeneca ou Janssen.

Cunha diz que a combina��o de vacinas de mais de um fabricante n�o deve ser a estrat�gia principal, mas tamb�m n�o prejudica a sa�de.

"N�s continuamos a defender que as pessoas tomem o mesmo tipo de vacina duas vezes. Mas � preciso reconhecer que o esquema heter�logo, com AstraZeneca e Pfizer, trouxe resultados iguais ou at� melhores em compara��o com o esquema hom�logo [com as mesmas duas doses]", interpreta.


Combinar doses de AstraZeneca e Pfizer teve bons resultados em pesquisas, mas estratégia só é recomendada por enquanto em momento de falta do produto de algum fabricante
Combinar doses de AstraZeneca e Pfizer teve bons resultados em pesquisas, mas estrat�gia s� � recomendada por enquanto em momento de falta do produto de algum fabricante (foto: Getty Images)

Uma das pesquisas a avaliar a possibilidade de combinar as vacinas foi realizada na Universidade de Saarland, na Alemanha.

Os resultados, publicados em julho no peri�dico cient�fico Nature Medicine, apontam que o esquema heter�logo (AstraZeneca + Pfizer) levou a uma melhor resposta do sistema imunol�gico em compara��o com os regimes hom�logos, que se valeram apenas de um tipo de imunizante.

Outro estudo, feito na Universidade de Oxford, no Reino Unido, apontou que aplicar uma vacina diferente como segunda dose pode levar a um aumento em alguns efeitos colaterais mais leves, especialmente a febre.

A investiga��o tamb�m utilizou os produtos de Pfizer ou AstraZeneca.

Mas a boa not�cia � que esse inc�modo pode ser controlado com a prescri��o de rem�dios que regulam a temperatura corporal.

Por ora, n�o foram publicados trabalhos sobre a combina��o da CoronaVac com os outros imunizantes dispon�veis no Brasil ou no mundo. Portanto, ela n�o � considerada como uma op��o para os regimes heter�logos no momento.

As experi�ncias recentes fizeram com que entidades nacionais e internacionais, como o pr�prio Minist�rio da Sa�de e a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), admitissem a possibilidade do esquema heter�logo em situa��es espec�ficas, como a escassez moment�nea de doses de algum fabricante num pa�s ou numa regi�o.

Os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil tamb�m refor�am a necessidade de ir ao posto de sa�de e tomar a segunda dose para garantir um bom n�vel de prote��o contra a covid-19.

"A efic�cia da vacina depende do esquema completo, com as duas doses. Se tomar s� a primeira, voc� n�o vai ter todo o efeito esperado, ainda mais num cen�rio marcado pelo avan�o da variante Delta do coronav�rus", diz Domingues.

E, embora o ideal seja receber a segunda vacina na data estipulada, respeitando o intervalo preconizado, n�o h� nenhum problema em completar o esquema de imuniza��o alguns dias depois.

"O atraso de uma ou duas semanas n�o vai interferir em nada na resposta vacinal", garante Cunha.

"A segunda dose, mesmo com um pequeno atraso, � fundamental para melhorar a resposta imune e prolongar a prote��o contra as formas graves de covid-19", completa o pediatra.

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