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Estado de Minas ENTENDA

Vacina contra COVID: o que � efeito nocebo, vers�o negativa do placebo

Estudo aponta que ele � respons�vel por cerca de 75% dos efeitos colaterais mais comuns provocados pelos imunizantes contra a COVID-19


30/01/2022 15:49 - atualizado 30/01/2022 17:13

Mulher sendo vacinada
Efeito nocebo faz com que paciente sofra certos sintomas somente porque sabe que pode vir a senti-los (foto: Getty Images)

Dor de cabe�a, dores musculares e fadiga est�o entre os principais efeitos colaterais experimentados por algumas pessoas ap�s receberem a vacina contra a covid-19, segundo os estudos at� agora.

Mas at� que ponto esses sintomas relativamente menores s�o causados pelos ingredientes das vacinas e n�o pela autossugest�o?

 

 

Segundo um estudo da equipe do Centro M�dico Diaconisa Beth Israel (BIDMC, na sigla em ingl�s) de Boston, associado � Faculdade de Medicina Harvard, nos Estados Unidos, at� 76% dos efeitos colaterais mais comuns provocados pelas vacinas ocorrem devido ao chamado "efeito nocebo", e n�o � vacina propriamente dita.

O efeito nocebo � o outro lado do conhecido efeito placebo: o surgimento de sintomas secund�rios ou a piora de um problema m�dico, produzida quando o paciente recebe um tratamento que ele acredita que provocar� esses efeitos colaterais, embora, na verdade, n�o esteja sendo administrada nenhuma subst�ncia farmacol�gica.

Ou seja, o efeito nocebo faz com que o paciente sofra certos sintomas somente porque sabe que pode vir a senti-los.

Esse efeito nem sempre est� relacionado �s pr�prias expectativas ou experi�ncias negativas de cada pessoa.

Na verdade, n�s podemos incorporar esse conhecimento de forma inconsciente quando vemos uma experi�ncia ou rea��o negativa de outra pessoa, segundo explica � BBC News Mundo (o servi�o em espanhol da BBC) Yvonne Nestoriuc, professora do Departamento de Psicologia Cl�nica da Universidade Helmut Schmidt, em Hamburgo, na Alemanha.

E, embora seja independente da a��o farmacol�gica do medicamento, esse efeito pode tamb�m interagir com ela.

"Ele pode causar rea��es adversas novas n�o relacionadas ao efeito do medicamento, mas tamb�m pode fazer com que as rea��es adversas se intensifiquem", explica ela.

"De forma que, se voc� sofre uma rea��o local t�pica de uma vacina, como um incha�o ou vermelhid�o no bra�o (na zona da inje��o), isso pode ser explicado pela vacina em si, mas pode ser mais pronunciado devido �s expectativas e experi�ncias negativas anteriores", acrescenta a pesquisadora, que n�o participou do estudo.

Ansiedade e expectativas negativas

Depois de analisar os dados de 12 testes cl�nicos sobre vacinas contra a covid-19, que contaram com a participa��o de cerca de 22 mil pessoas, os pesquisadores atribu�ram ao efeito nocebo 76% de todos os eventos adversos depois da aplica��o da primeira dose e cerca de 52% ap�s a segunda entre o p�blico pesquisado.


Mulher na cama com o olho fechado e a mão na testa, indicando dor de cabeça
Sintomas de mal-estar verificados ap�s as vacinas devem ser adequadamente tratados, independentemente da sua origem (foto: Getty Images)

Cabe esclarecer que o estudo concentrou-se nos efeitos colaterais menores e n�o nas rar�ssimas ocorr�ncias de co�gulos ou inflama��es card�acas.

Embora o efeito nocebo seja geralmente pouco conhecido, o principal fator por tr�s dele s�o a ansiedade e o temor causado pela vacina, mas tamb�m a associa��o equivocada de diversos tipos de mal-estar � aplica��o do imunizante.

"� necess�rio pesquisar muito mais a respeito, mas, se voc� tiver expectativas negativas e sentir-se ansioso pela vacina, � mais prov�vel que voc� experimente efeitos colaterais", afirmou � BBC News Mundo Julia Haas, m�dica do BIDMC e coautora do estudo publicado na revista JAMA Open Network.

Como evitar o efeito nocebo

Sejam eles ou n�o produto da nossa imagina��o - j� que n�o h� forma de distinguir a sua origem sem um exame cl�nico -, � importante tratar adequadamente os sintomas, descansando em caso de fadiga ou tomando um medicamento para aliviar dores de cabe�a ou musculares.

Ou seja, "voc� deve trat�-los da mesma forma que os trataria se fossem provocados pelos produtos farmac�uticos", explica Ted Kaptchuk, especialista em pesquisas sobre o efeito placebo da Universidade Harvard e principal autor do estudo.

Haas acrescenta que, se tamb�m levarmos em conta que esses sintomas podem n�o ser resultado da vacina, mas sim parte das sensa��es de mal-estar que nos acometem de vez em quando, "poderemos lidar com eles de forma diferente para que n�o sejam t�o preocupantes".


Vidrinho contendo vacina contra covid-19
Estudo incluiu vacinas da AstraZeneca, Pfizer, Moderna e outras que se encontravam em testes cl�nicos (foto: Getty Images)

Mas existe algo que podemos fazer para evitar ou minimizar o efeito nocebo?

H� quem acredite que os profissionais da sa�de deveriam fornecer menos informa��es negativas, de forma que o paciente n�o receba tantos elementos para antecipar-se aos efeitos adversos que possam surgir. Mas Kaptchuk e Haas defendem exatamente o contr�rio.

"Para come�ar, informar aos pacientes sobre os potenciais efeitos negativos � uma obriga��o legal na maioria dos pa�ses do mundo e reduzir essa confian�a � pior que comunicar os efeitos adversos", argumenta Kaptchuk.

Segundo ele, evid�ncias indicam que ter conhecimento sobre o efeito nocebo que um tratamento pode provocar (no caso, a vacina contra a covid-19) pode ajudar a reduzir a ansiedade e, por fim, o pr�prio efeito.

Por isso, os pesquisadores sugerem a inclus�o de informa��es sobre o poss�vel efeito nocebo ns pr�prios panfletos ou informativos que cont�m orienta��es sobre a vacina e seus efeitos secund�rios.

"� sempre melhor que os m�dicos forne�am informa��es mais honestas e em maior quantidade", afirma Haas.

"Se o p�blico souber do que se trata, poder� reduzir a ansiedade e a preocupa��o com a vacina."

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