
Em pronunciamento em v�deo transmitido em Nova York para abrir uma Assembleia Geral da ONU adaptada � pandemia do novo coronav�rus, o presidente Jair Bolsonaro falou sobre os inc�ndios que afetam a Amaz�nia e o Pantanal e defendeu a atua��o de seu governo durante a crise de sa�de provocada pela COVID-19.
Abaixo, o AFP Checamos analisou algumas das principais declara��es do mandat�rio durante o seu discurso.
Pandemia de Covid-19
“Desde o princ�pio alertei, em meu pa�s, que t�nhamos dois problemas para resolver: o v�rus e o desemprego, e que ambos tinham que ser tratados simultaneamente e com a mesma responsabilidade”: Falso
Apesar de realmente ter demonstrado preocupa��o com as consequ�ncias da pandemia para a economia brasileira desde o in�cio do surto de covid-19, n�o � verdade que o presidente Jair Bolsonaro alertou “desde o princ�pio” para a necessidade de combater o novo coronav�rus.
No dia em que o Brasil registrou a primeira morte pela doen�a, em 17 de mar�o, Bolsonaro indicou ver “histeria” em algumas medidas implementadas para reduzir a propaga��o da doen�a.
Em pronunciamento � popula��o em 24 de mar�o, quando o Brasil registrava 46 �bitos e mais de 2.200 casos confirmados de COVID-19, o presidente se referiu � doen�a como uma “gripezinha”. “No meu caso particular, pelo meu hist�rico de atleta, caso fosse contaminado pelo v�rus, n�o precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho”, afirmou.
Alguns dias depois, em 27 de mar�o, colocou em d�vida os dados de mortes pela doen�a no estado de S�o Paulo, que registrava 58 �bitos no momento.
“N�o pode ser um jogo de n�meros para favorecer interesses pol�ticos. N�o estou acreditando nesses n�meros de S�o Paulo, at� pelas medidas que ele [o governador Jo�o Doria] tomou”, disse Bolsonaro em entrevista � Band TV.
No mesmo m�s, saiu para passear em Bras�lia, provocando pequenas aglomera��es - j� desencorajadas na �poca, inclusive por seu ministro da Sa�de - e disse que o v�rus precisaria ser enfrentado mas “n�o como um moleque”. “Vamos enfrentar o v�rus com a realidade. � a vida. Todos n�s iremos morrer um dia”, acrescentou.
“Por decis�o judicial, todas as medidas de isolamento e restri��es de liberdade foram delegadas a cada um dos 27 governadores das unidades da federa��o. Ao presidente coube envio de recursos e meios a todo o pa�s”: Enganoso
O Supremo Tribunal Federal (STF) efetivamente julgou a��es determinando a prerrogativa de estados e munic�pios no estabelecimento de medidas de combate � pandemia. As decis�es n�o exclu�am, contudo, a capacidade da Uni�o de adotar a��es para enfrentar a crise.
Na A��o Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 6341, por exemplo, o STF julgou um pedido do Partido Democr�tico Trabalhista (PDT) pela suspens�o de dispositivos da Medida Provis�ria 926/202, que previa, entre outros itens, que o presidente da Rep�blica seria respons�vel por determinar os servi�os e atividades considerados essenciais durante a pandemia e que, portanto, n�o seriam afetados por eventuais paralisa��es.
Na decis�o, do final de mar�o, a corte aceitou parte do pedido do PDT, solicitando que fosse explicitado que “as medidas adotadas pelo Governo Federal na Medida Provis�ria (MP) 926/2020 para o enfrentamento do novo coronav�rus n�o afastam a compet�ncia concorrente nem a tomada de provid�ncias normativas e administrativas pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos munic�pios”.
Em entrevista em junho deste ano, a ministra do STF C�rmen L�cia explicou que a corte entendeu que tanto os estados e munic�pios, quanto a Uni�o, t�m responsabilidade no enfrentamento da pandemia.
“O que o Supremo disse � que a responsabilidade � dos tr�s n�veis — e n�o � hierarquia, porque na federa��o n�o h� hierarquia —- para estabelecer condi��es necess�rias, de acordo com o que cientistas e m�dicos est�o dizendo que � necess�rio, junto com governadores, junto com prefeitos”, afirmou a ministra.
“[Nosso governo] concedeu aux�lio emergencial em parcelas que somam aproximadamente mil d�lares para 65 milh�es de pessoas”: Exagerado
Para ajudar os trabalhadores informais, os desempregados e aqueles que tiveram sua renda reduzida devido �s paralisa��es impostas para combater a propaga��o do novo coronav�rus no Brasil, o governo federal implementou o aux�lio emergencial que, segundo dados oficiais, realmente foi entregue a mais 65 milh�es de pessoas.
O valor do benef�cio em d�lar foi, no entanto, exagerado pelo presidente. Desde abril, o governo pagou cinco parcelas de R$ 600 aos benefici�rios. Em setembro, o aux�lio foi prorrogado, e contar� com mais quatro parcelas de R$ 300.
Somando todas as parcelas, incluindo as que ainda n�o foram pagas, o total � de R$ 4.200, pouco mais de U$ 773, segundo c�mbio do Banco do Brasil. O valor � cerca de 20% menor do que o citado por Bolsonaro.
O valor supera, no entanto, o pago a m�es solteiras provedoras da fam�lia, que tem direito a receber todas as parcelas em dobro, totalizando R$ 8.400, ou cerca de U$ 1.546. O governo n�o divulgou quantas m�es solteiras receberam este benef�cio mas, segundo dados do IBGE, o Brasil possu�a 11,6 milh�es de fam�lias de mulheres sem c�njuge e com filhos em 2015.
“N�o faltaram, nos hospitais, os meios para atender os pacientes de COVID-19”: Falso
N�o � verdade que n�o faltaram recursos nos hospitais brasileiros para atender pacientes de COVID-19 durante a pandemia.
Em abril deste ano, um informe do Minist�rio da Sa�de destacava que o Brasil ainda n�o tinha a quantidade suficiente de respiradores, leitos de terapia intensiva, pessoal qualificado e testes diagn�sticos para fazer frente � “fase mais aguda” da pandemia do novo coronav�rus.
Logo, ve�culos de comunica��o passaram a reportar as consequ�ncias destas car�ncias.
Em abril, a m�dica Valdil�a Veloso, diretora do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, contou � AFP que sua equipe, refer�ncia no combate da COVID-19 no Rio de Janeiro, j� enfrentava falta de equipamentos de prote��o.
No final do mesmo m�s, um cirurgi�o-geral que trabalhava em uma emerg�ncia no Rio de Janeiro relatou � m�dia que n�o havia respiradores para todos os pacientes, obrigando a equipe a escolher quais vidas salvar.
Cen�rio semelhante foi narrado por uma m�dica que trabalhava na linha de frente do combate � COVID-19 em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no Acre, em maio. Em junho, o Conselho Municipal de Sa�de de Belo Horizonte tamb�m denunciou a falta de respiradores em uma UPA da capital mineira.
Chamas na Amaz�nia e no Pantanal
“Nossa floresta � �mida e n�o permite a propaga��o do fogo em seu interior. Os inc�ndios acontecem praticamente nos mesmos lugares, no entorno leste da floresta, onde os caboclos e os �ndios queimam os seus ro�ados em busca de sua sobreviv�ncia em �reas j� desmatadas”: Falso
Para explicar os inc�ndios que afetam a floresta amaz�nica, onde foram registrados 71.673 focos ativos desde o in�cio do ano, Bolsonaro sugeriu que as chamas s�o causadas por caboclos e ind�genas que ateariam fogo na terra para prepar�-la para a agricultura.
Embora essa seja uma t�cnica efetivamente empregada por povos ind�genas brasileiros, um levantamento do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amaz�nia (IPAM) de setembro do ano passado concluiu que uma grande propor��o dos inc�ndios que afetam a regi�o est� atrelada ao desmatamento.

Para tal, o instituto analisou os locais onde foram registrados focos de calor no bioma Amaz�nia de 1º de janeiro a 29 de agosto, no per�odo de 2011 a 2019. Os resultados indicaram que a maior parte dos focos de inc�ndio est� concentrada em propriedades privadas (PP).
Al�m disso, ao contr�rio do que afirmou o presidente, o IPAM concluiu que as �reas protegidas por ind�genas estavam, em grande parte, livres de desmatamento e longe das chamas.
“O nosso Pantanal, com �rea maior que muitos pa�ses europeus, assim como a Calif�rnia, sofre dos mesmos problemas. As grandes queimadas s�o consequ�ncias inevit�veis da alta temperatura local, somada ao ac�mulo de massa org�nica em decomposi��o”: Enganoso
Com 16.119 focos ativos de janeiro at� 21 de setembro deste ano - contra 6.052 no mesmo per�odo do ano passado-, o Pantanal enfrenta um n�mero recorde de inc�ndios, que t�m devastado sua fauna e flora.
Embora a seca seja, em parte, respons�vel pelo desastre, ela n�o � a �nica explica��o, como j� indicou � AFP o engenheiro florestal Vin�cius Silgueiro, do Instituto Centro de Vida (ICV).
“A substitui��o de plantas nativas por pastagens ex�ticas” fragilizou a resist�ncia da vegeta��o, afirmou o especialista, destacando, tamb�m, que queimadas para limpar o terreno geram inc�ndios e que essa pr�tica persiste, devido � “sensa��o de impunidade” que prevalece pelo “enfraquecimento dos �rg�os p�blicos de prote��o ambiental e pelo corte de recursos”.
A Pol�cia Federal e �rg�os do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul identificaram, de fato, ind�cios de que os inc�ndios que afetam o Pantanal podem ter em sua origem a��es humanas. Entre as hip�teses investigadas, est� a de que propriet�rios autorizados a queimar parte de sua vegeta��o para limpar as terras tenham perdido o controle das chamas.

H�, ainda, especialistas que apontam que os inc�ndios no Pantanal podem ser potencializados pelo desmatamento na Amaz�nia, j� que isso afeta a umidade da atmosfera, interferindo no ciclo das chuvas, o que pode intensificar os per�odos de seca e, por sua vez, propiciar mais inc�ndios.
O que � o coronav�rus
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?
Como se prevenir?
A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�
Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarreia
Em casos graves, as v�timas apresentam:
- Pneumonia
- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'
Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia
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