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Inc�ndios e pandemia: checamos discurso de Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU de 2020

Durante a abertura da Assembleia Geral, presidente brasileiro fez tr�s afirma��es falsas, duas enganosas e uma exagerada; confira


22/09/2020 20:42 - atualizado 23/09/2020 07:54

(foto: Marcos Corra/PR)
(foto: Marcos Corr�a/PR)

Em pronunciamento em v�deo transmitido em Nova York para abrir uma Assembleia Geral da ONU adaptada � pandemia do novo coronav�rus, o presidente Jair Bolsonaro falou sobre os inc�ndios que afetam a Amaz�nia e o Pantanal e defendeu a atua��o de seu governo durante a crise de sa�de provocada pela COVID-19.

Abaixo, o AFP Checamos analisou algumas das principais declara��es do mandat�rio durante o seu discurso.

Pandemia de Covid-19


“Desde o princ�pio alertei, em meu pa�s, que t�nhamos dois problemas para resolver: o v�rus e o desemprego, e que ambos tinham que ser tratados simultaneamente e com a mesma responsabilidade”: Falso

Apesar de realmente ter demonstrado preocupa��o com as consequ�ncias da pandemia para a economia brasileira desde o in�cio do surto de covid-19, n�o � verdade que o presidente Jair Bolsonaro alertou “desde o princ�pio” para a necessidade de combater o novo coronav�rus.



No dia em que o Brasil registrou a primeira morte pela doen�a, em 17 de mar�o, Bolsonaro indicou ver “histeria” em algumas medidas implementadas para reduzir a propaga��o da doen�a.

Em pronunciamento � popula��o em 24 de mar�o, quando o Brasil registrava 46 �bitos  e mais de 2.200 casos confirmados de COVID-19, o presidente se referiu � doen�a como uma “gripezinha”. “No meu caso particular, pelo meu hist�rico de atleta, caso fosse contaminado pelo v�rus, n�o precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho”, afirmou.

Alguns dias depois, em 27 de mar�o, colocou em d�vida os dados de mortes pela doen�a no estado de S�o Paulo, que registrava 58 �bitos no momento.

“N�o pode ser um jogo de n�meros para favorecer interesses pol�ticos. N�o estou acreditando nesses n�meros de S�o Paulo, at� pelas medidas que ele [o governador Jo�o Doria] tomou”, disse Bolsonaro em entrevista � Band TV.

No mesmo m�s, saiu para passear em Bras�lia, provocando pequenas aglomera��es - j� desencorajadas na �poca, inclusive por seu ministro da Sa�de  - e disse que o v�rus precisaria ser enfrentado mas “n�o como um moleque”. “Vamos enfrentar o v�rus com a realidade. � a vida. Todos n�s iremos morrer um dia”, acrescentou.

“Por decis�o judicial, todas as medidas de isolamento e restri��es de liberdade foram delegadas a cada um dos 27 governadores das unidades da federa��o. Ao presidente coube envio de recursos e meios a todo o pa�s”: Enganoso

O Supremo Tribunal Federal (STF) efetivamente julgou a��es determinando a prerrogativa de estados e munic�pios no estabelecimento de medidas de combate � pandemia. As decis�es n�o exclu�am, contudo, a capacidade da Uni�o de adotar a��es para enfrentar a crise.

Na A��o Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 6341, por exemplo, o STF julgou um pedido do Partido Democr�tico Trabalhista (PDT) pela suspens�o de dispositivos da Medida Provis�ria 926/202, que previa, entre outros itens, que o presidente da Rep�blica seria respons�vel por determinar os servi�os e atividades considerados essenciais durante a pandemia e que, portanto, n�o seriam afetados por eventuais paralisa��es.

Na decis�o, do final de mar�o, a corte aceitou parte do pedido do PDT, solicitando que fosse explicitado que “as medidas adotadas pelo Governo Federal na Medida Provis�ria (MP) 926/2020 para o enfrentamento do novo coronav�rus n�o afastam a compet�ncia concorrente nem a tomada de provid�ncias normativas e administrativas pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos munic�pios”.

Em entrevista em junho deste ano, a ministra do STF C�rmen L�cia explicou que a corte entendeu que tanto os estados e munic�pios, quanto a Uni�o, t�m responsabilidade no enfrentamento da pandemia.

“O que o Supremo disse � que a responsabilidade � dos tr�s n�veis — e n�o � hierarquia, porque na federa��o n�o h� hierarquia —- para estabelecer condi��es necess�rias, de acordo com o que cientistas e m�dicos est�o dizendo que � necess�rio, junto com governadores, junto com prefeitos”, afirmou a ministra.

[Nosso governo] concedeu aux�lio emergencial em parcelas que somam aproximadamente mil d�lares para 65 milh�es de pessoas”: Exagerado

Para ajudar os trabalhadores informais, os desempregados e aqueles que tiveram sua renda reduzida devido �s paralisa��es impostas para combater a propaga��o do novo coronav�rus no Brasil, o governo federal implementou o aux�lio emergencial que, segundo dados oficiais, realmente foi entregue a mais 65 milh�es de pessoas.

O valor do benef�cio em d�lar foi, no entanto, exagerado pelo presidente. Desde abril, o governo pagou cinco parcelas de R$ 600 aos benefici�rios. Em setembro, o aux�lio foi prorrogado, e contar� com mais quatro parcelas de R$ 300.

Somando todas as parcelas, incluindo as que ainda n�o foram pagas, o total � de R$ 4.200, pouco mais de U$ 773, segundo c�mbio do Banco do Brasil. O valor � cerca de 20% menor do que o citado por Bolsonaro.

O valor supera, no entanto, o pago a m�es solteiras provedoras da fam�lia, que tem direito a receber todas as parcelas em dobro, totalizando R$ 8.400, ou cerca de U$ 1.546. O governo n�o divulgou quantas m�es solteiras receberam este benef�cio mas, segundo dados do IBGE, o Brasil possu�a 11,6 milh�es de fam�lias de mulheres sem c�njuge e com filhos em 2015.

“N�o faltaram, nos hospitais, os meios para atender os pacientes de COVID-19”: Falso

N�o � verdade que n�o faltaram recursos nos hospitais brasileiros para atender pacientes de COVID-19 durante a pandemia.

Em abril deste ano, um informe do Minist�rio da Sa�de destacava que o Brasil ainda n�o tinha a quantidade suficiente de respiradores, leitos de terapia intensiva, pessoal qualificado e testes diagn�sticos para fazer frente � “fase mais aguda” da pandemia do novo coronav�rus.

Logo, ve�culos de comunica��o passaram a reportar as consequ�ncias destas car�ncias.

Em abril, a m�dica Valdil�a Veloso, diretora do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, contou � AFP que sua equipe, refer�ncia no combate da COVID-19 no Rio de Janeiro, j� enfrentava falta de equipamentos de prote��o.

No final do mesmo m�s, um cirurgi�o-geral que trabalhava em uma emerg�ncia no Rio de Janeiro relatou � m�dia que n�o havia respiradores para todos os pacientes, obrigando a equipe a escolher quais vidas salvar.

Cen�rio semelhante foi narrado por uma m�dica que trabalhava na linha de frente do combate � COVID-19 em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no Acre, em maio. Em junho, o Conselho Municipal de Sa�de de Belo Horizonte tamb�m denunciou a falta de respiradores em uma UPA da capital mineira.

Chamas na Amaz�nia e no Pantanal


“Nossa floresta � �mida e n�o permite a propaga��o do fogo em seu interior. Os inc�ndios acontecem praticamente nos mesmos lugares, no entorno leste da floresta, onde os caboclos e os �ndios queimam os seus ro�ados em busca de sua sobreviv�ncia em �reas j� desmatadas”: Falso

Para explicar os inc�ndios que afetam a floresta amaz�nica, onde foram registrados 71.673 focos ativos desde o in�cio do ano, Bolsonaro sugeriu que as chamas s�o causadas por caboclos e ind�genas que ateariam fogo na terra para prepar�-la para a agricultura.

Embora essa seja uma t�cnica efetivamente empregada por povos ind�genas brasileiros, um levantamento do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amaz�nia (IPAM) de setembro do ano passado concluiu que uma grande propor��o dos inc�ndios que afetam a regi�o est� atrelada ao desmatamento. 
Presidente Jair Bolsonaro tira selfie com apoiadores aps manifestao em Braslia, organizada apesar da orientao para evitar aglomeraes, em 15 de maro de 2020
Presidente Jair Bolsonaro tira selfie com apoiadores ap�s manifesta��o em Bras�lia, organizada apesar da orienta��o para evitar aglomera��es, em 15 de mar�o de 2020

Para tal, o instituto analisou os locais onde foram registrados focos de calor no bioma Amaz�nia de 1º de janeiro a 29 de agosto, no per�odo de 2011 a 2019. Os resultados indicaram que a maior parte dos focos de inc�ndio est� concentrada em propriedades privadas (PP).

Al�m disso, ao contr�rio do que afirmou o presidente, o IPAM concluiu que as �reas protegidas por ind�genas estavam, em grande parte, livres de desmatamento e longe das chamas.

“O nosso Pantanal, com �rea maior que muitos pa�ses europeus, assim como a Calif�rnia, sofre dos mesmos problemas. As grandes queimadas s�o consequ�ncias inevit�veis da alta temperatura local, somada ao ac�mulo de massa org�nica em decomposi��o”: Enganoso

Com 16.119 focos ativos de janeiro at� 21 de setembro deste ano - contra 6.052 no mesmo per�odo do ano passado-, o Pantanal enfrenta um n�mero recorde de inc�ndios, que t�m devastado sua fauna e flora.

Embora a seca seja, em parte, respons�vel pelo desastre, ela n�o � a �nica explica��o, como j� indicou � AFP o engenheiro florestal Vin�cius Silgueiro, do Instituto Centro de Vida (ICV).

“A substitui��o de plantas nativas por pastagens ex�ticas” fragilizou a resist�ncia da vegeta��o, afirmou o especialista, destacando, tamb�m, que queimadas para limpar o terreno geram inc�ndios e que essa pr�tica persiste, devido � “sensa��o de impunidade” que prevalece pelo “enfraquecimento dos �rg�os p�blicos de prote��o ambiental e pelo corte de recursos”

A Pol�cia Federal e �rg�os do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul identificaram, de fato, ind�cios de que os inc�ndios que afetam o Pantanal podem ter em sua origem a��es humanas. Entre as hip�teses investigadas, est� a de que propriet�rios autorizados a queimar parte de sua vegeta��o para limpar as terras tenham perdido o controle das chamas. 
Chamas consomem vegetao da floresta amaznica, no Par, em 15 de agosto de 2020
Chamas consomem vegeta��o da floresta amaz�nica, no Par�, em 15 de agosto de 2020

H�, ainda, especialistas que apontam que os inc�ndios no Pantanal podem ser potencializados pelo desmatamento na Amaz�nia, j� que isso afeta a umidade da atmosfera, interferindo no ciclo das chuvas, o que pode intensificar os per�odos de seca e, por sua vez, propiciar mais inc�ndios.

O que � o coronav�rus


Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 � transmitida? 

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?


Como se prevenir?

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�

Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia

Em casos graves, as v�timas apresentam:

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus. 

V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'

Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia

Para saber mais sobre o coronav�rus, leia tamb�m:


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