'Vacina chinesa' com ensaio suspenso no Peru n�o � CoronaVac, testada em SP

Uma imagem do governador de S�o Paulo, Jo�o Doria, segurando uma dose da vacina contra a covid-19 da farmac�utica chinesa Sinovac Biotech foi compartilhada milhares de vezes nas redes, desde meados de dezembro,  junto � informa��o de que o Peru suspendeu os testes “da vacina chinesa”.

O texto das publica��es � verdadeiro, mas sem o contexto adequado pode passar uma ideia enganosa: a dose cujos estudos foram suspensos no Peru n�o � da CoronaVac, testada em S�o Paulo, mas de um imunizante de outra companhia fundada na China.
“Urgente. Peru para o teste da vacina chinesa por causar paralisia nas pernas”, diz o texto associado a uma foto de Jo�o Doria em postagens compartilhadas mais de 2 mil vezes no Facebook (1, 2, 3) desde o �ltimo dia 12 de dezembro.

As publica��es circulam ap�s Doria anunciar, no �ltimo dia 7, que a vacina desenvolvida pela Sinovac Biotech em parceria com o Instituto Butantan come�ar� a ser aplicada em S�o Paulo em janeiro, apesar do imunizante ainda n�o contar com a aprova��o da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa).

Alguns usu�rios atribu�ram explicitamente a informa��o da interrup��o dos testes � vacina testada em S�o Paulo. “Vacina coronavac est� deixando as pessoas paral�ticas. Volunt�rios que tomaram a vacina tiveram efeito paral�tico”, diz uma das postagens. 

A vacina cujos testes foram suspensos no Peru n�o �, contudo, a mesma defendida pelo governador de S�o Paulo.

Como informado pelo Minist�rio da Sa�de peruano no �ltimo dia 12 de dezembro, o Instituto Nacional de Sa�de (INS) suspendeu “temporariamente os ensaios cl�nicos da vacina da Sinopharm realizados no Peru” ap�s a identifica��o de um “evento adverso grave em um dos sujeitos da pesquisa”.

A Sinopharm, companhia estatal chinesa fundada em 1998, possui, atualmente, duas vacinas em desenvolvimento para combater a covid-19. Ambas (1, 2) est�o sendo testadas no Peru, mas nenhuma no Brasil.

Outros pa�ses que est�o realizando ensaios cl�nicos de ao menos uma das candidatas a vacina da Sinopharm incluem Argentina, Emirados �rabes Unidos, Egito, Jord�nia, Bar�m e Marrocos.

J� o imunizante de origem chinesa que est� sendo testado em territ�rio brasileiro � o da Sinovac Biotech, outra companhia fundada na China, mas em 2001. Essa dose tamb�m est� passando por ensaios cl�nicos na Indon�sia, Turquia e China, mas n�o no Peru.

Na lista da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) de vacinas que est�o em desenvolvimento para combater a covid-19 � poss�vel ver que se tratam de imunizantes diferentes, com fases de estudo separadas e distintos per�odos para aplica��o das doses. 

O Minist�rio da Sa�de peruano n�o divulgou qual foi o efeito adverso grave identificado durante os testes do imunizante da Sinopharm, mas, segundo ve�culos locais, um volunt�rio apresentou perda de for�a nas pernas.

Em nota publicada em 13 de dezembro, a iniciativa Vacuna COVID Per� - formada pelas universidades Nacional Mayor de San Marcos e Peruana Cayetano Heredia, envolvidas no estudo - confirmou a interrup��o dos ensaios cl�nicos.

“Est� sendo realizada uma pesquisa detalhada para saber se o ocorrido com um participante foi causado pela vacina. At� agora n�o consideramos que isso constitua um risco para voc�s [volunt�rios], mas adotaremos todas as avalia��es por seguran�a”, diz a nota.

Com mais de 72 milh�es de casos em todo o mundo, o novo coronav�rus desencadeou esfor�os sem precedentes para encontrar uma vacina. No Brasil, o tema tem se transformado em uma disputa pol�tica, com o presidente Jair Bolsonaro apresentando resist�ncia ao imunizante defendido por Doria, seu advers�rio pol�tico.

Esse conte�do tamb�m foi verificado pela equipe do Aos Fatos.

Em resumo, o Peru realmente interrompeu os ensaios cl�nicos de uma vacina desenvolvida na China, mas trata-se de um dos imunizantes da companhia Sinopharm e n�o da dose elaborada pela Sinovac Biotech, que est� passando pela fase de testes em S�o Paulo em parceria com o Instituto Butantan.