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Estado de Minas CHECAMOS

N�o h� rela��o comprovada entre casos de paralisia facial e vacina da Pfizer contra covid-19

V�deo compartilhado milhares de vezes em redes sociais por um enfermeiro faz a afirma��o enganosa sobre o imunizante


22/12/2020 15:01 - atualizado 25/12/2020 20:45

Captura de tela feita em 21 de dezembro de 2020 de uma publicao no Facebook
Captura de tela feita em 21 de dezembro de 2020 de uma publica��o no Facebook
Em transmiss�o ao vivo feita no �ltimo dia 12 de dezembro no Facebook, o enfermeiro Anthony Ferrari Penza alerta que a vacina da Pfizer contra a covid-19 causa paralisia facial e choque anafil�tico.

 

O v�deo teve 47 mil compartilhamentos at� o momento. No entanto, essa afirma��o � enganosa porque os casos de paralisia e alergias graves s�o numericamente baixos ao se considerar o total de pessoas que j� tomaram a vacina sem ter qualquer tipo de rea��o adversa.

 

Dados do ensaio cl�nico do imunizante apontam que somente quatro pessoas entre um pouco mais de 18.000 (ou 0,022%) desenvolveram paralisia facial, sem que fosse poss�vel atribu�-la com certeza �s vacinas.


“PERIGO, PERIGO, PERIGO. VACINA CONTRA COVID 19  CAUSA PARALISIA FACIAL !!! EU AVISEI !!!”, alerta o texto que acompanha o v�deo.

 

“Venho aqui fazer outro alerta � popula��o do Brasil. (...) Quatro cidad�os que fizeram uso da vacina da Pfizer tiveram paralisia de Bell. (...) Essas vacinas, que inclusive existe pessoas defendendo, duas pessoas tiveram choque anafil�tico. Profissionais de sa�de quase morreram. Agora quatro cidad�os tiveram paralisia de Bell. Voc�s imagina isso, qualquer tipo de vacina, seja da Pfizer, essa Coronavac, que a pr�pria China n�o utiliza na pr�pria China (...). Imagina em milh�es e milh�es e milh�es de brasileiros, afirma o enfermeiro no v�deo



O v�deo circula no momento em que o Brasil debate a vacina��o contra a covid-19, que j� deixou mais de 187 mil mortos no pa�s e mais de 7 milh�es de infectados. 

O autor do v�deo, Anthony Ferrari Penza, foi candidato a vereador pelo Partido Social Democrata (PSD) nas �ltimas elei��es municipais na cidade de Cabo Frio, na Regi�o dos Lagos do estado do Rio de Janeiro.

 

A vacina desenvolvida em conjunto pelos laborat�rios norte-americano Pfizer e alem�o BioNTech � a primeira a ser aprovada em pa�ses ocidentais, como Reino Unido e Estados Unidos, que relat�rio publicado em 8 de dezembro que a vacina, com n�vel de efic�cia de 95%, n�o apresentava riscos � seguran�a que impedissem sua autoriza��o. No texto, a FDA divulgou detalhes dos testes realizados, inclusive sobre os efeitos colaterais.

Especialistas da Ag�ncia Norte-Americana de Medicamentos (FDA, na sigla em ingl�s) apontaram em relat�rio publicado em 8 de dezembro que a vacina, com n�vel de efic�cia de 95%, n�o apresentava riscos � seguran�a que impedissem sua autoriza��o. No texto, a FDA divulgou detalhes dos testes realizados, inclusive sobre os efeitos colaterais.

Os dados de seguran�a de 38.000 participantes, divididos em grupo vacinado e grupo placebo (produto neutro usado para poder fazer compara��es), mostram que os efeitos adversos mais frequentes foram: rea��es em torno do ponto da aplica��o de inje��o no bra�o (84,1%), fadiga (62,9%), dor de cabe�a (55,1%), dores no corpo (38,3%), calafrios (31,9%), dores nas articula��es (23,6%) e febre (14,2%).

As chamadas rea��es "graves" ocorreram em propor��es que variaram de 0% a 4,6% dos participantes, dependendo do sintoma em quest�o e do perfil considerado. Em geral, foram mais frequentes em pacientes com menos de 55 anos de idade e ap�s a inje��o da segunda dose da vacina. Dos pacientes com menos de 55 anos que receberam a segunda dose da vacina (e n�o o placebo), 4,6% experimentaram "fadiga severa", o efeito colateral grave com maior incid�ncia, de acordo com o documento da FDA.

Captura de tela feita em 21 de dezembro de 2020 de uma publicao no Facebook
Captura de tela feita em 21 de dezembro de 2020 de uma publica��o no Facebook

Paralisia facial


Quatro em aproximadamente 18.000 participantes dos ensaios cl�nicos da vacina Pfizer/BioNTech desenvolveram paralisia de Bell (paralisia facial), 3, 9, 37 e 48 dias, respectivamente, ap�s a vacina��o. O primeiro sofreu paralisia durante tr�s dias, mas desenvolveu "sequelas" de acordo com o relat�rio. Para os outros tr�s casos, as paralisias j� haviam terminado ou continuavam em andamento em 14 de novembro, de acordo com o relat�rio, com dura��es de 10, 15 e 21 dias, respectivamente.

At� o momento n�o se sabe se essas paralisias s�o rea��es � inje��o da vacina da Pfizer ou se esses pacientes as apresentaram por algum outro motivo. Nenhuma paralisia de Bell foi detectada no grupo do placebo, mas, segundo o relat�rio, a frequ�ncia no grupo da vacina (4 em 18.000) n�o difere da geralmente observada para essa paralisia. Por isso, n�o se pode afirmar que o sintoma tenha sido causado pela vacina, mas preventivamente a recomenda��o �queles com hist�rico de alergias graves para que n�o se vacinem. Segundo a MHRA, “qualquer pessoa com hist�rico de anafilaxia a uma vacina, medicamento ou alimento n�o deve receber a vacina Pfizer / BioNTech”

Casos graves de alergia

No dia 8 de dezembro, duas pessoas imunizadas com a vacina da Pfizer/BioNTech no Reino Unido sofreram rea��o al�rgica grave, levando a Autoridade Reguladora de Medicamentos Brit�nica (MHRA, na sigla em ingl�s) a emitir uma recomenda��o �queles com hist�rico de alergias graves para que n�o se vacinem. Segundo a MHRA, “qualquer pessoa com hist�rico de anafilaxia a uma vacina, medicamento ou alimento n�o deve receber a vacina Pfizer / BioNTech”

 

A ag�ncia brit�nica ressaltou que “o choque anafil�tico � um efeito colateral conhecido, embora muito raro, de qualquer vacina” e que “a maioria das pessoas n�o ter� anafilaxia e os benef�cios em proteger as pessoas contra covid-19 superam os riscos”.

 

No �ltimo s�bado, 19 de dezembro, foi a vez do Centro para Controle e Preven��o de Doen�as (CDC, na sigla em ingl�s) comunicar que seis pessoas que tomaram a vacina tiveram rea��es al�rgicas graves nos EUA. 

 

O CDC recomendou que pessoas com rea��o al�rgica grave a qualquer ingrediente da vacina a covid-19 n�o sejam vacinadas e que aqueles que j� tiveram rea��o al�rgica grave a outras vacinas ou terapias injet�veis procurem orienta��o m�dica para decidir sobre tomar ou n�o a vacina.

Captura de tela feita em 16 de dezembro de 2020 do relatrio da FDA
Captura de tela feita em 16 de dezembro de 2020 do relat�rio da FDA

Raio-x detecta covid-19?

Em outro trecho do v�deo, o enfermeiro critica o uso de raio-x para diagn�stico de covid-19: “Outro alerta que eu dou a voc�s: raio-x n�o detecta covid. N�o tem como fazer um par�metro de um paciente com 25, com 30, com 50% do pulm�o comprometido”.

Em um guia publicado em junho pela Organiza��o Pan-Americana de Sa�de (Opas) sobre o uso de exames de imagem de t�rax no tratamento da covid-19, afirma-se que “os exames de imagem de t�rax foram considerados como parte da investiga��o diagn�stica de pacientes com suspeita ou probabilidade de COVID-19, nos lugares em que a RT-PCR n�o est� dispon�vel ou em que os resultados demoram ou s�o inicialmente negativos na presen�a de sintomas sugestivos de COVID-19. Os exames de imagem tamb�m foram considerados na complementa��o da avalia��o cl�nica e dos par�metros laboratoriais no tratamento de pacientes j� diagnosticados com COVID-19”.

De acordo com a Opas, os exames de imagem devem ser feitos como um dos elementos do diagn�stico, junto com dados cl�nicos e laboratoriais, em casos espec�ficos, como o de sintomas graves, de pacientes pertencentes a grupos de risco ou que convivam com pessoas de alto risco, por exemplo. 

Entre as modalidades de exames de imagem, a Opas esclarece que, em compara��o � tomografia computadorizada de t�rax, o raio-x “parece ter uma sensibilidade mais baixa e pode ter especificidade mais alta” enquanto a tomografia “tem uma sensibilidade relativamente alta, mas uma especificidade relativamente baixa, e pode ser �til em pacientes com doen�as pulmonares preexistentes”. A Opas menciona tamb�m a ultrassonografia pulmonar, que tem “evid�ncias de baixa certeza que apoiam a precis�o do diagn�stico”, mas que pode ser �til na investiga��o de casos de mulheres gr�vidas e crian�as. 

A Opas aponta que diferentes diagn�sticos e poss�veis complica��es “devem ser considerados na escolha da modalidade do exame de imagem”

Venda de oxig�nio industrial como medicinal


Em seu v�deo, Anthony Ferrari Penza denuncia que “a Pol�cia Federal descobriu que est�o vendendo oxig�nio industrial no lugar de oxig�nio medicinal”.

De fato, a imprensa brasileira (1) tem veiculado not�cias sobre vendas de oxig�nio industrial como se fosse medicinal.

Coronavac na China

Ao contr�rio do que Anthony Ferrari Penza afirmou no v�deo, a China realizou teste da vacina CoronaVac, da farmac�utica chinesa Sinovac Biotech, em seu territ�rio, em todas as fases do estudo, como pode ser verificado na COVID19 Vaccine Tracker, plataforma da canadense McGill University que re�ne informa��es sobre as vacinas desenvolvidas contra o coronav�rus. 

Em junho, a Sinovac e o Instituto Butantan firmaram uma parceria para a terceira fase de testes da vacina CoronaVac. O acordo prev� ensaios cl�nicos com a vacina em volunt�rios brasileiros no estado de S�o Paulo e transfer�ncia de tecnologia para o Instituto Butantan para que o imunizante possa ser produzido em grande escala no Brasil.

A revista m�dica The Lancet tamb�m publicou um artigo cient�fico em 17 de novembro de 2020 que detalha os ensaios cl�nicos de fase 1 e 2 conduzidos na China com o imunizante.

Ainda de acordo com a COVID19 Vaccine Tracker, a vacina da Coronavac j� come�ou a ser distribu�da na China mesmo antes da divulga��o dos resultados da fase 3.

Hidroxicloroquina e ivermectina


Em outro trecho do v�deo o enfermeiro defende o tratamento contra a covid-19 com hidroxicloroquina e ivermectina, apesar de reconhecer que n�o h� comprova��o cient�fica desses tipos de tratamento.

N�s j� temos estudo observacional de medicamentos que est�o ajudando em pacientes. N�o s� eu, como colegas que est�o falando no mundo inteiro, (...) sobre ivermectina, hidroxocloroquina. N�o existe comprova��o, mas existe comprova��o de m�dicos do mundo inteiro, observacional”

Como j� mostramos em outras publica��es do Checamos (1, 2, 3), o uso de hidroxicloroquina e ivermectina, medicamento utilizado para tratar algumas infec��es parasit�rias, contra a covid-19 n�o teve efic�cia comprovada em estudos cient�ficos, apesar de ser, em alguns casos, administrados clinicamente.

A afirma��o do enfermeiro Anthony Ferrari Penza no Facebook de que a vacina da Pfizer contra a covid-19 causa paralisia facial e choque anafil�tico � enganosa. Embora tenham sido registrados alguns casos de paralisia e de alergias graves no ensaio cl�nico, esse n�mero ainda � considerado muito pequeno se comparado ao n�mero total de doses j� administradas, sem que seja poss�vel at� o momento atribuir com certeza esses casos �s vacinas.

EDIT 22/12: corrige formata��o do 22° par�grafo. 

O que � o coronav�rus

Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.

V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 � transmitida? 

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?


Como se prevenir?

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia

Em casos graves, as v�timas apresentam:

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus. 

V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia

Para saber mais sobre o coronav�rus, leia tamb�m:

 


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