
O v�deo teve 47 mil compartilhamentos at� o momento. No entanto, essa afirma��o � enganosa porque os casos de paralisia e alergias graves s�o numericamente baixos ao se considerar o total de pessoas que j� tomaram a vacina sem ter qualquer tipo de rea��o adversa.
Dados do ensaio cl�nico do imunizante apontam que somente quatro pessoas entre um pouco mais de 18.000 (ou 0,022%) desenvolveram paralisia facial, sem que fosse poss�vel atribu�-la com certeza �s vacinas.
“PERIGO, PERIGO, PERIGO. VACINA CONTRA COVID 19 CAUSA PARALISIA FACIAL !!! EU AVISEI !!!”, alerta o texto que acompanha o v�deo.
“Venho aqui fazer outro alerta � popula��o do Brasil. (...) Quatro cidad�os que fizeram uso da vacina da Pfizer tiveram paralisia de Bell. (...) Essas vacinas, que inclusive existe pessoas defendendo, duas pessoas tiveram choque anafil�tico. Profissionais de sa�de quase morreram. Agora quatro cidad�os tiveram paralisia de Bell. Voc�s imagina isso, qualquer tipo de vacina, seja da Pfizer, essa Coronavac, que a pr�pria China n�o utiliza na pr�pria China (...). Imagina em milh�es e milh�es e milh�es de brasileiros”, afirma o enfermeiro no v�deo.
O v�deo circula no momento em que o Brasil debate a vacina��o contra a covid-19, que j� deixou mais de 187 mil mortos no pa�s e mais de 7 milh�es de infectados.
O autor do v�deo, Anthony Ferrari Penza, foi candidato a vereador pelo Partido Social Democrata (PSD) nas �ltimas elei��es municipais na cidade de Cabo Frio, na Regi�o dos Lagos do estado do Rio de Janeiro.
A vacina desenvolvida em conjunto pelos laborat�rios norte-americano Pfizer e alem�o BioNTech � a primeira a ser aprovada em pa�ses ocidentais, como Reino Unido e Estados Unidos, que relat�rio publicado em 8 de dezembro que a vacina, com n�vel de efic�cia de 95%, n�o apresentava riscos � seguran�a que impedissem sua autoriza��o. No texto, a FDA divulgou detalhes dos testes realizados, inclusive sobre os efeitos colaterais.
Especialistas da Ag�ncia Norte-Americana de Medicamentos (FDA, na sigla em ingl�s) apontaram em relat�rio publicado em 8 de dezembro que a vacina, com n�vel de efic�cia de 95%, n�o apresentava riscos � seguran�a que impedissem sua autoriza��o. No texto, a FDA divulgou detalhes dos testes realizados, inclusive sobre os efeitos colaterais.
Os dados de seguran�a de 38.000 participantes, divididos em grupo vacinado e grupo placebo (produto neutro usado para poder fazer compara��es), mostram que os efeitos adversos mais frequentes foram: rea��es em torno do ponto da aplica��o de inje��o no bra�o (84,1%), fadiga (62,9%), dor de cabe�a (55,1%), dores no corpo (38,3%), calafrios (31,9%), dores nas articula��es (23,6%) e febre (14,2%).
As chamadas rea��es "graves" ocorreram em propor��es que variaram de 0% a 4,6% dos participantes, dependendo do sintoma em quest�o e do perfil considerado. Em geral, foram mais frequentes em pacientes com menos de 55 anos de idade e ap�s a inje��o da segunda dose da vacina. Dos pacientes com menos de 55 anos que receberam a segunda dose da vacina (e n�o o placebo), 4,6% experimentaram "fadiga severa", o efeito colateral grave com maior incid�ncia, de acordo com o documento da FDA.

Paralisia facial
Quatro em aproximadamente 18.000 participantes dos ensaios cl�nicos da vacina Pfizer/BioNTech desenvolveram paralisia de Bell (paralisia facial), 3, 9, 37 e 48 dias, respectivamente, ap�s a vacina��o. O primeiro sofreu paralisia durante tr�s dias, mas desenvolveu "sequelas" de acordo com o relat�rio. Para os outros tr�s casos, as paralisias j� haviam terminado ou continuavam em andamento em 14 de novembro, de acordo com o relat�rio, com dura��es de 10, 15 e 21 dias, respectivamente.
At� o momento n�o se sabe se essas paralisias s�o rea��es � inje��o da vacina da Pfizer ou se esses pacientes as apresentaram por algum outro motivo. Nenhuma paralisia de Bell foi detectada no grupo do placebo, mas, segundo o relat�rio, a frequ�ncia no grupo da vacina (4 em 18.000) n�o difere da geralmente observada para essa paralisia. Por isso, n�o se pode afirmar que o sintoma tenha sido causado pela vacina, mas preventivamente a recomenda��o �queles com hist�rico de alergias graves para que n�o se vacinem. Segundo a MHRA, “qualquer pessoa com hist�rico de anafilaxia a uma vacina, medicamento ou alimento n�o deve receber a vacina Pfizer / BioNTech”.
Casos graves de alergia
No dia 8 de dezembro, duas pessoas imunizadas com a vacina da Pfizer/BioNTech no Reino Unido sofreram rea��o al�rgica grave, levando a Autoridade Reguladora de Medicamentos Brit�nica (MHRA, na sigla em ingl�s) a emitir uma recomenda��o �queles com hist�rico de alergias graves para que n�o se vacinem. Segundo a MHRA, “qualquer pessoa com hist�rico de anafilaxia a uma vacina, medicamento ou alimento n�o deve receber a vacina Pfizer / BioNTech”.
A ag�ncia brit�nica ressaltou que “o choque anafil�tico � um efeito colateral conhecido, embora muito raro, de qualquer vacina” e que “a maioria das pessoas n�o ter� anafilaxia e os benef�cios em proteger as pessoas contra covid-19 superam os riscos”.
No �ltimo s�bado, 19 de dezembro, foi a vez do Centro para Controle e Preven��o de Doen�as (CDC, na sigla em ingl�s) comunicar que seis pessoas que tomaram a vacina tiveram rea��es al�rgicas graves nos EUA.
O CDC recomendou que pessoas com rea��o al�rgica grave a qualquer ingrediente da vacina a covid-19 n�o sejam vacinadas e que aqueles que j� tiveram rea��o al�rgica grave a outras vacinas ou terapias injet�veis procurem orienta��o m�dica para decidir sobre tomar ou n�o a vacina.

Raio-x detecta covid-19?
Em outro trecho do v�deo, o enfermeiro critica o uso de raio-x para diagn�stico de covid-19: “Outro alerta que eu dou a voc�s: raio-x n�o detecta covid. N�o tem como fazer um par�metro de um paciente com 25, com 30, com 50% do pulm�o comprometido”.
Em um guia publicado em junho pela Organiza��o Pan-Americana de Sa�de (Opas) sobre o uso de exames de imagem de t�rax no tratamento da covid-19, afirma-se que “os exames de imagem de t�rax foram considerados como parte da investiga��o diagn�stica de pacientes com suspeita ou probabilidade de COVID-19, nos lugares em que a RT-PCR n�o est� dispon�vel ou em que os resultados demoram ou s�o inicialmente negativos na presen�a de sintomas sugestivos de COVID-19. Os exames de imagem tamb�m foram considerados na complementa��o da avalia��o cl�nica e dos par�metros laboratoriais no tratamento de pacientes j� diagnosticados com COVID-19”.
De acordo com a Opas, os exames de imagem devem ser feitos como um dos elementos do diagn�stico, junto com dados cl�nicos e laboratoriais, em casos espec�ficos, como o de sintomas graves, de pacientes pertencentes a grupos de risco ou que convivam com pessoas de alto risco, por exemplo.
Entre as modalidades de exames de imagem, a Opas esclarece que, em compara��o � tomografia computadorizada de t�rax, o raio-x “parece ter uma sensibilidade mais baixa e pode ter especificidade mais alta” enquanto a tomografia “tem uma sensibilidade relativamente alta, mas uma especificidade relativamente baixa, e pode ser �til em pacientes com doen�as pulmonares preexistentes”. A Opas menciona tamb�m a ultrassonografia pulmonar, que tem “evid�ncias de baixa certeza que apoiam a precis�o do diagn�stico”, mas que pode ser �til na investiga��o de casos de mulheres gr�vidas e crian�as.
A Opas aponta que diferentes diagn�sticos e poss�veis complica��es “devem ser considerados na escolha da modalidade do exame de imagem”.
Venda de oxig�nio industrial como medicinal
Em seu v�deo, Anthony Ferrari Penza denuncia que “a Pol�cia Federal descobriu que est�o vendendo oxig�nio industrial no lugar de oxig�nio medicinal”.
De fato, a imprensa brasileira (1) tem veiculado not�cias sobre vendas de oxig�nio industrial como se fosse medicinal.
Coronavac na China
Ao contr�rio do que Anthony Ferrari Penza afirmou no v�deo, a China realizou teste da vacina CoronaVac, da farmac�utica chinesa Sinovac Biotech, em seu territ�rio, em todas as fases do estudo, como pode ser verificado na COVID19 Vaccine Tracker, plataforma da canadense McGill University que re�ne informa��es sobre as vacinas desenvolvidas contra o coronav�rus.
Em junho, a Sinovac e o Instituto Butantan firmaram uma parceria para a terceira fase de testes da vacina CoronaVac. O acordo prev� ensaios cl�nicos com a vacina em volunt�rios brasileiros no estado de S�o Paulo e transfer�ncia de tecnologia para o Instituto Butantan para que o imunizante possa ser produzido em grande escala no Brasil.
A revista m�dica The Lancet tamb�m publicou um artigo cient�fico em 17 de novembro de 2020 que detalha os ensaios cl�nicos de fase 1 e 2 conduzidos na China com o imunizante.
Ainda de acordo com a COVID19 Vaccine Tracker, a vacina da Coronavac j� come�ou a ser distribu�da na China mesmo antes da divulga��o dos resultados da fase 3.
Hidroxicloroquina e ivermectina
Em outro trecho do v�deo o enfermeiro defende o tratamento contra a covid-19 com hidroxicloroquina e ivermectina, apesar de reconhecer que n�o h� comprova��o cient�fica desses tipos de tratamento.
“N�s j� temos estudo observacional de medicamentos que est�o ajudando em pacientes. N�o s� eu, como colegas que est�o falando no mundo inteiro, (...) sobre ivermectina, hidroxocloroquina. N�o existe comprova��o, mas existe comprova��o de m�dicos do mundo inteiro, observacional”.
Como j� mostramos em outras publica��es do Checamos (1, 2, 3), o uso de hidroxicloroquina e ivermectina, medicamento utilizado para tratar algumas infec��es parasit�rias, contra a covid-19 n�o teve efic�cia comprovada em estudos cient�ficos, apesar de ser, em alguns casos, administrados clinicamente.
A afirma��o do enfermeiro Anthony Ferrari Penza no Facebook de que a vacina da Pfizer contra a covid-19 causa paralisia facial e choque anafil�tico � enganosa. Embora tenham sido registrados alguns casos de paralisia e de alergias graves no ensaio cl�nico, esse n�mero ainda � considerado muito pequeno se comparado ao n�mero total de doses j� administradas, sem que seja poss�vel at� o momento atribuir com certeza esses casos �s vacinas.
EDIT 22/12: corrige formata��o do 22° par�grafo.O que � o coronav�rus
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no WhatsappComo a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?Como se prevenir?
A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarreia
Em casos graves, as v�timas apresentam:
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus.
- Pneumonia
- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.
Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�nciaPara saber mais sobre o coronav�rus, leia tamb�m:
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