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Estado de Minas CHECAMOS

Estudo alem�o citado por Bolsonaro n�o prova que m�scaras s�o prejudiciais para crian�as

Estudo tem conclus�es preliminares e "inicialmente dizem pouco sobre as rela��es causais" entre os sintomas e as m�scaras


18/02/2021 18:18 - atualizado 09/03/2021 08:30

Em transmiss�o ao vivo no �ltimo dia 25 de fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro citou um estudo de “uma universidade alem�” que provaria que as m�scaras de prote��o contra a COVID-19 s�o prejudiciais para crian�as. “Irritabilidade, dor de cabe�a, dificuldade de concentra��o, diminui��o da percep��o de felicidade”, s�o alguns dos efeitos adversos mencionados pelo presidente.

Embora um estudo tenha chegado a essas conclus�es, elas s�o preliminares e “inicialmente dizem pouco sobre as rela��es causais” entre os sintomas e as m�scaras, segundo os pr�prios autores do trabalho.
“Pessoal, come�am a aparecer estudos aqui, n�o vou entrar em detalhe, n�?, sobre o uso de m�scaras. Que, num primeiro momento aqui, uma universidade alem� fala que elas s�o prejudiciais a crian�as”, disse Bolsonaro em transmiss�o ao vivo realizada semanalmente em suas redes sociais.

O presidente continuou, citando os supostos efeitos colaterais identificados pelo estudo: “Levam em conta v�rios itens aqui, como irritabilidade, dor de cabe�a, dificuldade de concentra��o, diminui��o da percep��o de felicidade, recusa em ir para a escola ou creche, des�nimo, comprometimento da capacidade de aprendizado, vertigem, fadiga... Ent�o come�am a aparecer aqui os efeitos colaterais das m�scaras, t� ok?”.


Estudo alem�o


Uma busca no Google pelos termos “universidade alem� m�scaras crian�as”, em ingl�s, levou a um artigo publicado em dezembro de 2020 no site Research Square, que divulga pr�-impress�es, ou seja, resultados preliminares de estudos que ainda n�o foram revisados por outros especialistas.

Intitulado, em ingl�s, “Estudos sobre coronav�rus em crian�as ‘Co-Ki’: primeiros resultados de um registro na Alemanha sobre m�scaras que cobrem nariz e boca em crian�as”, o artigo cita todos os mesmos efeitos colaterais mencionados por Bolsonaro no �ltimo dia 25.

Esse foi o �nico estudo identificado pela equipe de checagem da AFP que corresponde � descri��o feita pelo presidente.

Acima do t�tulo, letras vermelhas sinalizam: “Essa � uma pr�-impress�o, uma vers�o preliminar de um manuscrito que n�o foi revisado por pares em uma revista cient�fica”

O artigo explica que a Universidade de Witten/Herdecke, no noroeste da Alemanha, abriu um registro on-line para que pais, m�dicos e professores publicassem suas observa��es sobre o uso de m�scaras em crian�as.

O question�rio que os participantes respondiam inclu�a perguntas sobre o tipo de m�scara, o tempo e as situa��es em que as crian�as a utilizavam, e se os respondentes haviam observado alguma mudan�a de comportamento nos menores ou sintoma associado �s m�scaras.

Os detalhes deste estudo tamb�m t�m sido compartilhados recentemente nas redes (1, 2, 3), afirmando que foi descoberto que “m�scaras prejudicam crian�as em idade escolar”. Muitas das publica��es citam diretamente o link do Research Square.

Os efeitos


Segundo os resultados preliminares, o estudo levou em considera��o 17.854 registros de pais que reportaram dados de 25.930 crian�as e adolescentes. Tamb�m foram obtidas respostas de 736 professores e de 352 m�dicos, cujas conclus�es foram publicadas em uma an�lise � parte.

Entre as perguntas da pesquisa est�o as seguintes: “A crian�a se queixou de alguma dificuldade devido ao uso de m�scara?” e “Voc� nota alguma dificuldade que seu filho tenha devido ao uso de m�scara?”. Em ambos os casos, as op��es de resposta s�o apenas “Sim” ou “N�o”.

De acordo com o que reportaram os pais, 67,7% das crian�as (17.550) se queixaram de alguma dificuldade provocada pelo uso de m�scaras e 26,2% (6.801), n�o. Al�m disso, os pais disseram haver notado inc�modos em 66,1% das crian�as (17.125) e nenhuma dificuldade em 26,4% dos menores (6.841).

A pesquisa inclui tamb�m uma se��o intitulada “Sintomas observados em crian�as ap�s o uso prolongado de m�scaras”, que lista v�rias op��es. Segundo os pais, 53,3% das crian�as (13.811) tiveram dor de cabe�a; 49,5% (12.824) dificuldade de concentra��o; 42,1% (10.907) irritabilidade; e 38% (9.845) dificuldade para aprender.

Outra se��o pergunta por “outras anormalidades no comportamento das crian�as”. Na opini�o dos pais, 49,3% (9.286) se mostraram menos alegres; 44% (8.280) n�o queriam mais ir � escola; 29,2% (5.494) estavam mais inquietos do que o normal; e 31,1% (5.849) dormiam pior do que o normal.

“Diz pouco sobre as rela��es causais”


Uma busca no Google pelas palavras-chave, em ingl�s, “Estudos Co-Ki Witten/Herdecke” levou a um site em que os pesquisadores respons�veis pelo estudo explicam seus objetivos e divulgam os resultados preliminares.

No portal, publicam v�rias informa��es e esclarecimentos sobre o alcance do estudo e a maneira correta de interpretar seus resultados.

A equipe liderada por Silke Schwarz e David Martin, professores da Universidade Witten/Herdecke, define seu trabalho como “um sistema de registro para aqueles que desejam reportar queixas”, o que explica “a preponder�ncia daqueles reportando problemas”. “Um registro de eventos adversos inicialmente diz pouco sobre as rela��es causais entre as queixas reportadas e as causas suspeitas”, dizem os autores do estudo.

Sobre as mudan�as de comportamento e sintomas reportados, asseguram que “podem refletir a situa��o geral das crian�as e que n�o necessariamente foram causados unicamente pelas m�scaras”.

O site da pesquisa acrescenta:

“A informa��o est� relacionada a supostos casos de efeitos adversos, por exemplo, eventos que foram observados por pais, mas que n�o necessariamente t�m rela��o ou foram causados pelas m�scaras. S�o, portanto, conjecturas iniciais cuja rela��o causal deve ser verificada”.

Os respons�veis pela pesquisa tamb�m afirmam que “as atitudes dos pais em rela��o �s m�scaras t�m um impacto na toler�ncia das m�scaras relatadas nas crian�as, tanto positiva, quanto negativamente”.

Por exemplo, dos pais que relataram dor de cabe�a em seus filhos, s� 97 afirmaram que as medidas de preven��o impostas pelo governo deveriam ser mais severas, enquanto mais de 7 mil consideraram que a estrat�gia deveria ser mais permissiva.

Na parte inferior do site, se l� a seguinte advert�ncia: “Aten��o: n�s investigamos a situa��o atual de maneira neutra e publicaremos os resultados revisados por pares. N�o somos oponentes antim�scaras”.

M�scaras em crian�as

Captura de tela feita em 26 de fevereiro de 2021 de artigo publicado no site Research Square
Captura de tela feita em 26 de fevereiro de 2021 de artigo publicado no site Research Square

No geral, as autoridades de sa�de mundiais recomendam o uso de m�scaras em crian�as em certos contextos e com algumas particularidades.

A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) recomenda que o uso de m�scaras n�o seja obrigat�rio para crian�as de at� cinco anos, que esteja sujeito a alguns fatores no caso de crian�as de seis a 11 anos e que, a partir dos 12 anos, seja aplicado com os mesmos crit�rios dos adultos.

Os Centros para o Controle e Preven��o de Doen�as dos Estados Unidos (CDC, na sigla em ingl�s) recomendam que as crian�as com mais de dois anos usem m�scaras, enquanto o Centro Europeu para Controle de Doen�as (ECDC) sugere seu uso nas escolas para os maiores de 12 anos.

A Academia Americana de Pediatria garante que as m�scaras s�o seguras e eficazes em crian�as com mais de dois anos e que n�o afetam a capacidade de aprendizagem, n�o interferem no desenvolvimento pulmonar, n�o resultam no ac�mulo de di�xido de carbono e tampouco enfraquecem o sistema imunol�gico.

Romain Basmaci, m�dico de emerg�ncia pedi�trica no Hospital Louis-Mourier de Colombes e secret�rio-geral da Sociedade Francesa de Pediatria (SFP), assegurou � AFP no �ltimo dia 8 de fevereiro que n�o havia tido, at� ent�o, um aumento significativo de informa��o sobre os efeitos na sa�de associados ao uso de m�scaras.

“Por mais que tenhamos visto [durante os confinamentos] um aumento de den�ncias, maus tratos, transtornos psiqui�tricos, etc, n�o vimos um aumento de consultas por problemas relacionados a m�scaras”, acrescentou, indicando que isso n�o quer dizer “nem que eles existam, nem que n�o existam”.

O AFP Checamos j� verificou outras pe�as de desinforma��o sobre supostos efeitos adversos provocados pelas m�scaras na popula��o em geral (1, 2, 3).

Em resumo, o estudo citado pelo presidente Jair Bolsonaro existe, mas seus resultados s�o preliminares e os pr�prios autores advertem que a informa��o obtida, proveniente de relatos de pais, n�o estabelece uma rela��o de causalidade entre as m�scaras e os efeitos adversos ou mudan�as de comportamento em crian�as.

O que � o coronav�rus

Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.


transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.


A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�

Principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia
  • Em casos graves, as v�timas apresentam:
  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal
  • Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus 

Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.


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