
Segundo dados do Minist�rio da Economia, neste ano, as importa��es de produtos da China cresceram mais de 25% no acumulado de janeiro a junho de 2021 em compara��o com o mesmo per�odo de 2020. A China segue sendo o pa�s de quem o Brasil mais importa produtos em valores totais desde 2012. Al�m disso, autoridades afirmam n�o ter conhecimento de uma institui��o nomeada “INCINT” que atue no com�rcio exterior brasileiro.
“Compras da China cai 78% no Brasil. Segundo INCINT os brasileiros passaram a boicotar os produtos chineses”, diz o texto da imagem que foi compartilhada no Instagram (1, 2) , Twitter e Facebook.
Uma pesquisa feita utilizando a ferramenta CrowdTangle mostra que as postagens circulam desde agosto de 2020. As publica��es surgiram no contexto da pandemia do novo coronav�rus, cujos primeiros casos foram reportados na cidade chinesa de Wuhan ao final de 2019, de acordo com a OMS.
Em agosto de 2020, houve de fato uma retra��o no valor acumulado de produtos vindos da China entre janeiro e junho de 2020, em compara��o com o mesmo per�odo de 2019. No entanto, a diminui��o foi de 6,9% no valor total das importa��es, e n�o de 78%, como dito nas postagens.
No consolidado do ano, de 2019 para 2020, as importa��es de produtos chineses pelo Brasil ca�ram 3,4% (indo de mais de US$ 36 bilh�es para cerca de US$ 34 bilh�es), em um contexto de queda geral de importa��es de bens e servi�os pelo Brasil de 14,6% em 2020 com rela��o a 2019 em meio � pandemia do novo coronav�rus, segundo os dados da plataforma Comex Stat.
Em rela��o a 2021, dados preliminares do Minist�rio da Economia, atualizados em 1º de julho de 2021 para a balan�a comercial mensal, indicam que, no per�odo de janeiro a junho de 2021 as importa��es da China aumentaram 25,5%, se comparadas ao mesmo per�odo do ano anterior.
Desde 2009 a China � o principal destino das exporta��es brasileiras e, desde 2012, � o pa�s de quem o Brasil mais importa bens e servi�os, segundo dados da plataforma Comex Stat, do Minist�rio da Economia. “No per�odo de janeiro/junho 2021, em rela��o a igual per�odo do ano anterior, as vendas para China, Hong Kong e Macau cresceram 37,8% e atingiram US$ 48,41 bilh�es. As importa��es cresceram 25,5% e totalizaram US$ 21,81 bilh�es”, informa o minist�rio.
Segundo o indicador mensal de Com�rcio Exterior (Icomex), do Instituto Brasileiro de Economia da Funda��o Get�lio Vargas (Ibre/FGV) de janeiro de 2021, no ano de 2020 a China aumentou a sua participa��o tanto nas exporta��es quanto nas importa��es da balan�a comercial brasileira.
“Sua participa��o na pauta de exporta��es supera a soma dos percentuais dos Estados Unidos e da Uni�o Europeia. No caso das importa��es, � superior � dos Estados Unidos e � da Uni�o Europeia. A �sia respondeu, em 2020, por 47,2% das exporta��es brasileiras e 33,4% das importa��es”, aponta o documento.
Boicote � China?
Procurada pela equipe de checagem da AFP, a Secretaria Especial de Com�rcio Exterior e Assuntos Internacionais (Secint) do Minist�rio da Economia afirmou desconhecer uma institui��o chamada “INCINT” que atue em com�rcio exterior.“Informamos, tamb�m, que n�o foi notado nenhum movimento isolado ou discrepante no com�rcio bilateral com a China que destoe da mesma conjuntura que afeta o fluxo de com�rcio com os demais pa�ses. Da mesma forma, desconhecemos qualquer movimento de boicote dos importadores ou consumidores aos produtos origin�rios da China”, disse a Secretaria.
“Pela [plataforma] Comex Vis, � poss�vel verificar rapidamente os principais indicadores, volumes, produtos e varia��es dos fluxos bilaterais de importa��o e exporta��o com a China. Nota-se que em nenhum per�odo foi verificada queda dessa magnitude (-78%). Vale destacar que todas as compara��es de varia��o s�o feitas em rela��o ao mesmo m�s/per�odo do ano anterior, isolando e controlando quest�es sazonais que podem impactar a varia��o de um m�s contra o m�s anterior”, acrescentou a pasta.
Apesar das intensas rela��es comerciais, integrantes do governo do presidente, Jair Bolsonaro, j� fizeram declara��es criticando o governo chin�s.
Em abril de 2020, por exemplo, o ent�o ministro da Educa��o, Abraham Weintraub, publicou textos em suas redes sociais, que foram posteriormente apagados, em que insinuava que a China poderia se beneficiar da crise mundial causada pelo novo coronav�rus para “dominar o mundo”. Em mar�o de 2020, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, tamb�m falou em “ditadura” da China em uma postagem nas redes sociais.
As declara��es ocorreram em um cen�rio de maior alinhamento externo do Brasil ao governo do ent�o presidente norte-americano Donald Trump e em meio � disputa comercial entre Estados Unidos e China, que tem como um dos focos a chegada do 5G no Brasil.
Ambas pot�ncias t�m interesse em participar do leil�o para a oferta da tecnologia no pa�s. Em maio de 2019, Donald Trump chegou a proibir que empresas norte-americanas vendessem componentes � multinacional chinesa Huawei, que oferece o 5G, nos Estados Unidos. O atual mandat�rio dos Estados Unidos, Joe Biden, manteve restri��es a investimentos norte-americanos direcionados � Huawei.