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Estado de Minas CHECAMOS

Mensagens virais sobre os sintomas da variante delta da covid-19 s�o enganosas

Postagens compartilhadas em redes sociais nos �ltimos dias passam informa��es duvidosas, segundo especialistas, e podem levar a conclus�es imprecisas


24/08/2021 19:23 - atualizado 25/08/2021 08:14

Mensagens que circulam centenas de vezes nas redes sociais pelo menos desde 30 de junho de 2021 atribuem � variante delta da covid-19 novas caracter�sticas, como o fato de n�o haver “tosse nem febre”, ter “maior taxa de mortalidade” e “n�o viver na regi�o nasofar�ngea”. Contudo, de acordo com especialistas e documentos oficiais consultados pelo AFP Checamos, essas afirma��es s�o imprecisas e enganosas.

“SINTOMAS do novo v�rus Covid Delta”, diz o t�tulo de publica��es compartilhadas no Facebook (1, 2), que continuam: “N�o h� tosse”, “nem febre”. “� muita dor nas articula��es, dor de cabe�a, dor no pesco�o e na parte superior das costas, fraqueza geral, perda de apetite e pneumonia”. Alegam tamb�m que � “mais contagioso e com maior taxa de mortalidade” e que “esta CEPA n�o vive na regi�o nasofar�ngea (NARIZ GARGANTA) !!! Agora afeta, diretamente, os pulm�es, o que significa que nas ‘janelas’, os per�odos de tempo s�o mais curtos”.

O texto, difundido tamb�m no Twitter, diz ainda que “os testes de esfrega�o nasal (Swab), muitas vezes, s�o negativos para Covid-19!!! E h� cada vez mais resultados falsos negativos em testes de nasofaringe (Swab)”. Acrescenta que “isso significa que o v�rus se espalha, e se espalha diretamente, para os pulm�es, causando estresse respirat�rio agudo causado pela pneumonia viral. Isso explica porque se tornou mais silencioso e mortal !!!”.

Conte�do similar circulou em espanhol.

Variante delta


Em agosto, no momento de publica��o desta checagem, a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) reconhece quatro variantes de preocupa��o do SARS-CoV-2: alfa, beta, gama e delta. Desde sua apari��o na �ndia em outubro de 2020, a variante delta obrigou autoridades de v�rios pa�ses a endurecerem restri��es sanit�rias.

De acordo com a atualiza��o epidemiol�gica mais recente da Organiza��o Pan-Americana da Sa�de (Opas), de 8 de agosto de 2021, essa variante foi identificada em ao menos 22 pa�ses da Am�rica, entre eles o Brasil. Em agosto, o pa�s registra 59,3% de preval�ncia da delta, de acordo com dados da Rede Gen�mica da Fiocruz. Segundo a institui��o, essa taxa de preval�ncia relaciona-se aos genomas depositados na plataforma gen�mica internacional Gisaid, e pode haver sele��o de amostras.

Sintomas


As mensagens asseguram que nos novos cont�gios n�o h� “nem tosse, nem febre”, e sim “muita dor nas articula��es, dor de cabe�a, dor no pesco�o e na parte superior das costas, fraqueza geral, perda de apetite e pneumonia”.

Sobre isso, Evaldo Stanislau, m�dico infectologista do Hospital das Cl�nicas de S�o Paulo, explicou ao AFP Checamos que a variante delta n�o est� em um patamar diferente do SARS-CoV-2 identificado em Wuhan, na China.

Nesse sentido, � poss�vel identificar “desde apresenta��es cl�ssicas - dor no corpo, mal- estar, febre, tosse, dor de garganta, nariz escorrendo, inapet�ncia, fraqueza - at� apresenta��es como essas que rodam no WhatsApp. O que n�o se pode fazer � pensar que � delta s� porque est� com determinada apresenta��o”, disse.

Mensagens atribu�das a �rg�os oficiais


Um dos textos que circula � atribu�do � prefeitura de Palestina do Par�, situada no estado de mesmo nome. A Secretaria Municipal de Sa�de da cidade informou � AFP que, em julho, divulgou “informa��es equivocadas a respeito dos sintomas” da variante delta, algo que foi esclarecido posteriormente em nota publicada em 13 de agosto de 2021 e tamb�m enviada ao AFP Checamos.

“Recebemos a mensagem em um grupo de trabalho, enviado por uma coordenadora de n�vel regional. Como todas as informa��es repassadas anteriormente eram ver�dicas, acabamos publicando a mensagem. Por�m, depois de divulgado surgiram d�vidas a respeito das informa��es contidas no texto, ent�o fizemos o poss�vel para tirar a mensagem de todas as m�dias sociais”, diz o texto.

Um relat�rio de 23 de junho de 2021 do estudo Zoe Covid Symptom, com informa��es de mais de quatro milh�es de pessoas contaminadas em todo o mundo e realizado pela empresa de sa�de Zoe e pelo King’s College de London, estabeleceu que os cinco sintomas mais comuns registrados em pessoas imunizadas com uma e duas doses s�o diferentes daqueles detectados nas n�o vacinadas.

Segundo o estudo, os sintomas mais frequentes entre imunizados com o esquema vacinal completo foram: dor de cabe�a, coriza, espirros, dor de garganta e perda do olfato. Pessoas que foram vacinadas com uma dose relataram as mesmas condi��es, excluindo a perda do olfato e adicionando tosse persistente. J� as n�o vacinadas disseram sentir dor de cabe�a, dor de garganta, coriza, febre e tosse. Dessa forma, tanto a tosse quanto a febre continuam presentes no amplo quadro de sintomas do novo coronav�rus.

Al�m disso, um levantamento de infec��es pela covid-19 publicado em 28 de julho de 2021 pelo Escrit�rio Nacional de Estat�sticas do Reino Unido, que compila informa��es sobre sintomas, variantes presentes e caracter�sticas de pessoas infectadas, mostrou que, at� aquele m�s, os sintomas mais comuns no pa�s eram tosse, fadiga e dor de cabe�a.

Mortalidade e transmissibilidade


As publica��es viralizadas alegam tamb�m que a variante delta � “mais contagiosa e com maior taxa de mortalidade”. No entanto, de acordo com Stanislau, “n�o se sabe se a delta � mais mortal, isso � especulativo. O que sabemos � que a delta se transmite com muita facilidade e, por isso, muita gente fica doente ao mesmo tempo, sobretudo em �reas com pouca vacina��o”.

O infectologista explicou que essa alta transmissibilidade gera probabilidade de impacto no sistema sanit�rio: “Como ela se transmite para muita gente, de repente voc� tinha zero infectados e no minuto seguinte voc� pode ter cem. Como � um n�mero grande de pessoas, matematicamente voc� vai ter maior probabilidade de ter demanda por assist�ncia ao mesmo tempo”.

Sobre isso, Eduardo de Mello, vir�logo e assistente do Conselho Diretivo do Instituto de Pesquisas Biol�gicas Clemente Estable do Uruguai, disse � AFP que ainda “n�o h� confirma��o de que as novas variantes do SARS-CoV-2 sejam mais letais”. No entanto, ele esclareceu que tem havido um aumento das infec��es em alguns pa�ses que, quando combinado com baixas taxas de vacina��o, fatores gen�ticos e elementos sociais e das condi��es dos sistemas de sa�de, podem gerar um aumento de �bitos, mas n�o porque as novas variantes sejam mais letais.
Captura de tela de uma publicação no Facebook, realizada em 17 de agosto de 2021
Captura de tela de uma publica��o no Facebook, realizada em 17 de agosto de 2021

Vias respirat�rias


O texto viral tamb�m alega que a variante delta “n�o vive na regi�o nasofar�ngea” e que supostamente se espalha diretamente para os pulm�es, o que faria com que resultados de “testes de esfrega�o nasal (swab)” fossem muitas vezes “negativos para covid-19”.

Mas, ao contr�rio do que afirma a pe�a, “a delta � uma variante que tem uma express�o viral muito importante, a carga viral da delta � alta”, diz Stanislau, que acrescenta que isso “pode facilitar a identifica��o no exame”. Ele explica tamb�m que h� chance de um resultado sair negativo erroneamente com qualquer forma do SARS-CoV-2, pois depende do momento da coleta. De acordo com o infectologista, o per�odo ideal para realiz�-lo � na primeira semana de sintomas, quando “a probabilidade de isolar o v�rus, seja por RT-PCR, seja por teste de ant�geno, � muito elevada”.

Stanislau tamb�m comentou sobre a variante delta supostamente ter deixado de se alojar na regi�o nasofar�ngea, zona onde se coleta a amostra dos testes RT-PCR e de ant�genos para buscar sequ�ncias gen�ticas espec�ficas do SARS-CoV-2. O especialista recordou que a porta de entrada do v�rus - e da variante delta - “� a via respirat�ria”: “Entra pelo nariz, pela boca, passa pelo trato respirat�rio superior e chega aos pulm�es. E n�o � o v�rus que causa a les�o pulmonar. A les�o pulmonar � a resposta inflamat�ria do hospedeiro. O v�rus � o gatilho. Ent�o esse texto com essa riqueza de detalhes � absolutamente especulativo”, destacou.

O infectologista afirmou ainda que o teste RT-PCR � feito de modo a detectar alvos do v�rus, e que por isso algumas variantes podem n�o ser identificadas no in�cio. “Mas todos os laborat�rios, todos os centros de vigil�ncia, acompanham essas variantes de preocupa��o – que � onde se encaixa a delta – e os protocolos de PCR hoje j� s�o atualizados para ela”.

Ao longo da crise sanit�ria, esses testes foram alvo de constante desinforma��o. Foi difundido, por exemplo, que autoridades sanit�rias dos Estados Unidos teriam descartado seu uso, que a coleta de secre��o nasal para a detec��o da covid-19 poderia danificar a barreira hematoencef�lica e que a pandemia seria “uma fraude”, pois testes PCR n�o detectariam o SARS-CoV-2. Essas e outras afirma��es (1, 2) foram verificadas pelo AFP Checamos.

*Esta verifica��o foi realizada com base em informa��es cient�ficas e oficiais sobre o novo coronav�rus dispon�veis na data desta publica��o.


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