
No �ltimo dia 6 de agosto, os atores Tarc�sio Meira, de 85 anos, e Gl�ria Menezes, de 86, foram internados com covid-19 em S�o Paulo. A not�cia gerou cr�ticas, uma vez que o casal estava totalmente vacinado contra a doen�a desde mar�o deste ano. “Cad� a seguran�a dessas subst�ncias que chamam de vacinas? N�o temos vacinas contra o COVID-19 e suas variantes”, reagiu um usu�rio.
Poucos dias depois, Tarc�sio Meira faleceu devido � doen�a. “O inexplic�vel caso das ‘vacinas que salvam vidas’ e que n�o impedem cont�gios e nem casos graves”, diz imagem compartilhada no Facebook (1, 2, 3) e no Instagram ap�s a confirma��o da morte do ator.
Em maio de 2021, o falecimento do sambista Nelson Sargento, aos 96 anos, desencadeou coment�rios semelhantes:“VACINA N�O PROTEGE. Ap�s tomar as DUAS DOSES DO IMUNIZANTE, Nelson Sargento, presidente da Mangueira no Rio de Janeiro, morre de COVID-19”.
No entanto, a ocorr�ncia de mortes por covid-19 entre a popula��o vacinada n�o quer dizer que os imunizantes n�o funcionam, asseguram especialistas.
A prote��o nunca � de 100%
“As vacinas contra a covid-19 s�o eficazes. No entanto, uma pequena porcentagem das pessoas totalmente vacinadas ir� contrair a doen�a se for exposta ao v�rus. Estes s�o os chamados ‘casos de infec��o em vacinados’”, explicam os Centros de Controle e Preven��o de Doen�as (CDC) dos Estados Unidos.“Estudos cl�nicos de grande escala demonstraram que a vacina��o contra a covid-19 evitou que a maioria das pessoas contra�sse a covid-19”, diz o texto atualizado no �ltimo dia 16 de agosto.
Mas, “nenhuma vacina previne a doen�a 100% das vezes. Para qualquer vacina, h� casos de infec��o em vacinados”, disseram os CDC, que entre janeiro e abril de 2021 foram notificados sobre 10.262 casos desse tipo. No mesmo per�odo, cerca de 101 milh�es de habitantes haviam recebido um dos imunizantes contra a covid-19 nos Estados Unidos.
Dentre os utilizados no Brasil, a taxa de efic�cia para preven��o do cont�gio � de: 50,7%, para a CoronaVac, 66,9%, para o imunizante da Janssen, 82,4% para o da Oxford/Astrazeneca e 95% para o da Pfizer/BioNTech. Ou seja, mesmo com a maior prote��o, algumas pessoas vacinadas ainda podem contrair a doen�a.

A quantidade desses casos pode aumentar dependendo de fatores externos, como o n�vel de transmiss�o comunit�ria e a circula��o de variantes no territ�rio. Em depoimento � CPI da covid-19 no �ltimo dia 11 de junho, a microbiologista Natalia Pasternak explicou esse cen�rio comparando a vacina com um goleiro em um jogo de futebol.
“Como � que a gente sabe que um goleiro � um bom goleiro? A gente olha o hist�rico dele, que � a efic�cia do goleiro, a frequ�ncia com que ele pega a bola. Se ele tem um bom hist�rico, uma boa efic�cia nos testes cl�nicos, ele � um bom goleiro. Mas, isso n�o quer dizer que ele � infal�vel”, disse Pasternak, que tamb�m � presidente do Instituto Quest�o de Ci�ncia.
“Se ele tem uma defesa do time que (...) n�o usa m�scara, que n�o faz distanciamento social, que n�o respeita as medidas preventivas, vai ter tanta bola vindo pro gol, vai ter tanto v�rus circulando, que a probabilidade dele errar � muito maior”, acrescentou, em depoimento a senadores.
Casos graves
Quando essa contamina��o acontece, o risco da pessoa vacinada desenvolver um caso grave � menor, mas ainda assim � uma possibilidade.
Segundo resultados dos ensaios cl�nicos, a CoronaVac apresentou entre 83,7% e 100% de efic�cia para prevenir casos moderados e graves e a vacina da Janssen, 76,7% contra casos graves. As vacinas da Pfizer/BioNTech e da Oxford/Astrazeneca apresentaram, por outro lado, uma taxa de 100%.
Fl�vio da Fonseca, virologista do Centro de Tecnologia em Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explicou ao Checamos porque essa taxa de 100% n�o significa que nenhuma pessoa que tomar a vacina ir� desenvolver um quadro severo.
“Como a taxa de morte ou de doen�a grave � pequena, muitas vezes em estudos com grupos limitados, mesmo que sejam com 30, 40 mil pessoas, esses n�meros acabam n�o aparecendo. Agora, quando voc� vai para 200 milh�es de pessoas, como � o caso do Brasil, eventualmente pessoas v�o falecer, n�o v�o conseguir alcan�ar 100% de efic�cia”, disse o virologista.
Da Fonseca acrescentou:
“� esperado que algumas pessoas que se vacinaram acabem por contrair a doen�a, acabem por desenvolver a doen�a grave e possam, eventualmente, vir a �bito”.
Idosos, imunossuprimidos
A possibilidade de desenvolver um quadro grave tamb�m pode ser influenciada por fatores particulares de cada paciente, mesmo ap�s a vacina��o: “Por exemplo, pessoas que apresentam condi��o de doen�a inflamat�ria, de imunossupress�o, [que passam por um tratamento] que causa imunossupress�o, como para o c�ncer, e os extremos da idade. Eu estou falando de crian�as muito pequenas e idosos”.
“Esse tipo de paciente � particularmente suscet�vel porque eles ou ainda n�o t�m um sistema imune completamente desenvolvido - no caso de uma crian�a muito jovem - ou ent�o apresentam um sistema imune senescente, no caso dos idosos”, acrescentou Da Fonseca.
Isso faz com que, mesmo ap�s a vacina, o sistema imunol�gico de pessoas mais velhas n�o consiga “agir com a pot�ncia que o sistema imune de uma pessoa jovem tem”.
Em outra verifica��o feita pela AFP, em mar�o de 2020, o ent�o diretor-geral de Sa�de da Fran�a, J�r�me Salomon, tamb�m explicou: “Quanto mais velhos, mais fr�geis somos e estamos expostos a formas mais graves”.
Fatores semelhantes s�o citados pela Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) em texto que explica porque alguns indiv�duos vacinados ainda podem contrair a covid-19: “A idade da pessoa, suas condi��es de sa�de subjacentes, uma infec��o anterior de covid-19, a exposi��o ao SARS-CoV-2 ou a circula��o de variantes podem ter um impacto na efetividade da vacina”.
O ator Tarc�sio Meira tinha 85 anos e, segundo seu filho, “algumas comorbidades bastante s�rias”, como problemas renais e pulmonares. J� o sambista Nelson Sargento tinha 96 anos e era, desde 2005, paciente do Instituto Nacional do C�ncer, onde tratou um c�ncer de pr�stata.
Na opini�o dos especialistas, para proteger pessoas com caracter�sticas como essas, � importante que todos que possam, se vacinem.
“Quando a popula��o inteira adere a esse processo, voc� acaba diminuindo a circula��o do v�rus na popula��o como um todo e passa a proteger, inclusive, indiretamente as pessoas que n�o est�o vacinadas” e aquelas que n�o conseguiram a prote��o desejada mesmo ap�s a vacina��o, explicou o virologista Fl�vio da Fonseca.
Enquanto a porcentagem de vacinados ainda � baixa, acrescentou o especialista, � importante manter as estrat�gias n�o farmacol�gicas, como a utiliza��o de m�scaras e o distanciamento social, para reduzir o n�mero de pessoas que ir� contrair a doen�a e, eventualmente, desenvolver casos graves. “� essencial para que a gente alcance a limita��o da pandemia de maneira eficaz, mais r�pida e sem as perdas de pessoas”, disse ao Checamos.
At� o �ltimo dia 16 de agosto, 57,3% da popula��o brasileira havia recebido a primeira dose de uma das vacinas contra a covid-19 e 24,1%, as duas doses.
Esta verifica��o foi realizada com base em informa��es cient�ficas e oficiais sobre o novo coronav�rus dispon�veis na data desta publica��o.
Leia mais sobre a COVID-19
Confira outras informa��es relevantes sobre a pandemia provocada pelo v�rus Sars-CoV-2 no Brasil e no mundo. Textos, infogr�ficos e v�deos falam sobre sintomas, preven��o, pesquisa e vacina��o.
- Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil e suas diferen�as
- Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades
- Entenda as regras de prote��o contra as novas cepas
- Como funciona o 'passaporte de vacina��o'?
- Os protocolos para a volta �s aulas em BH
- Pandemia, epidemia e endemia. Entenda a diferen�a
- Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira respostas a 15 d�vidas mais comuns
Guia r�pido explica com o que se sabe at� agora sobre temas como risco de infec��o ap�s a vacina��o, efic�cia dos imunizantes, efeitos colaterais e o p�s-vacina. Depois de vacinado, preciso continuar a usar m�scara? Posso pegar COVID-19 mesmo ap�s receber as duas doses da vacina? Posso beber ap�s vacinar? Confira esta e outras perguntas e respostas sobre a COVID-19.