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Estado de Minas CHECAMOS

Dados brit�nicos n�o provam que vacinas anticovid destroem o sistema imunol�gico ou causam aids

Informa��o falsa foi compartilhada por usu�rios em redes sociais desde 20 de outubro de 2021 e reproduzida por Jair Bolsonaro em live na semana passada


24/10/2021 21:44 - atualizado 25/10/2021 08:13

Um artigo adaptado do ingl�s afirma que dados sobre a vacina��o contra a covid-19 no Reino Unido mostram uma "degrada��o do sistema imunol�gico" dos vacinados ao longo do tempo, que acabariam por desenvolver aids.

A informa��o foi compartilhada mais de 390 vezes por usu�rios nas redes sociais desde 20 de outubro de 2021 e  reproduzida pelo presidente Jair Bolsonaro  em uma transmiss�o ao vivo no dia seguinte.

- Opini�o sem medo: 'Para a Aids existe tratamento. Para Bolsonaro, n�o. � um caso perdido'

Mas as conclus�es atribu�das aos relat�rios citados, de vigil�ncia dos imunizantes, s�o falsas, informaram autoridades de sa�de brit�nicas � AFP. As vacinas n�o enfraquecem o sistema imunol�gico. Pelo contr�rio, o estimulam a induzir prote��o contra o v�rus, lembram os especialistas.

“Os dados disponibilizados pelo governo brit�nico mostram que os vacinados em dose dupla est�o desenvolvendo a s�ndrome da imunodefici�ncia adquirida. Pessoas de 40 a 69 anos que receberam a dose dupla j� perderam 40% da fun��o do sistema imunol�gico” , sugere o artigo do site Stylo Urbano publicado em 14 de outubro passado.

"De acordo com relat�rios oficiais do Reino Unido, os totalmente vacinados est�o desenvolvendo s�ndrome de imunodefici�ncia adquirida ... no resumo al�m de n�o ter efici�ncia, ela progressivamente danificam o sist. Imunol�gico" , afirma uma das publica��es no Twitter ( 1 , 2 ) e no Facebook ( 1 , 2 , 3 ), que compartilham o texto ou citam seus dados.
Print de notícia que divulga notícia falsa sobre relação entre vacina contra COVID e Aids
Captura de tela feita em 24 de outubro de 2021 de uma publica��o no Twitter ( . / )

Afirma��o semelhante tamb�m circulou em franc�s e ingl�s .

Uma busca em motores da internet revela que o artigo %u23BC compartilhado mais de 299 vezes no Facebook, de acordo com a ferramenta CrowdTangle %u23BC foi originalmente distribu�do em ingl�s em 10 de outubro no site The Expos� UK , j� verificado pela AFP em v�rias ocasi�es por disseminar informa��es falsas sobre a vacina��o contra a covid ( 1 , 2 ).

Relat�rios oficiais do Reino Unido

De acordo com o artigo viralizado, a informa��o sobre uma suposta deteriora��o do sistema imunol�gico e posterior desenvolvimento de aids nos vacinados contra a covid-19 vem de uma "compara��o de relat�rios oficiais do governo brit�nico ", especificamente com documentos da Public Health England (PHE) , as autoridades sanit�rias inglesas.

O texto anexa os links para os relat�rios semanais de monitoramento das vacinas contra a covid-19 em rela��o �s semanas 36 , 37 , 38 , 39 e 40 do ano de 2021, que abrange o per�odo de 6 de setembro a 10 de outubro. Nesses documentos, as tabelas indicam o "n�mero de casos covid-19 classificados pelo status de vacina��o" , que s�o listados por faixa et�ria.

tabela de dados sobre Aids e COVID
Captura de tela da tabela do relat�rio das autoridades de sa�de inglesas, feita em 18 de outubro de 2021 ( . / )

Assim, � poss�vel ver a propor��o de pessoas infectadas com o v�rus que j� receberam uma dose de imunizante; de pessoas vacinadas com as duas doses, que apresentam esquema de vacina��o completo (mais de 14 dias ap�s a segunda aplica��o), e das que n�o foram vacinadas na Inglaterra, como na tabela abaixo, para a semana 37 .
Tabela sobre vacinação
Captura de tela da tabela do relat�rio das autoridades de sa�de inglesas, feita em 18 de outubro de 2021 ( . / )


O artigo viral exibe esses n�meros, mas adiciona � direita de cada uma dessas tabelas duas colunas que n�o est�o nos documentos oficiais, conforme mostrado abaixo para a semana 37. A primeira coluna � intitulada "Estimula��o ou degrada��o do sistema imunol�gico % (U-V )/U quando positivo (f�rmula da Pfizer) (U-V)/V quando negativo" . A segunda coluna chama-se "Decl�nio ou aumento semanal" .

tabela sobre imunização
Captura de tela da tabela do site Stylo Urbano feita em 24 de outubro de 2021 ( . / )

Os resultados semanais da coluna "decl�nio ou aumento semanal" foram anexados a uma grande tabela, na captura de tela abaixo, que afirma deduzir o "n�mero de semanas que faltam para a destrui��o total do sistema imunol�gico (degrada��o de 100%)" dos vacinados, classificado por faixa et�ria.
tabela mostra queda de imunização
Captura de tela da tabela do site Stylo Urbano feita em 24 de outubro de 2021 ( . / )

A publica��o diz que faltariam apenas 9 semanas para a degrada��o total do sistema imunol�gico em pessoas de 40 a 49 anos, e 15 semanas para vacinados de 50 a 59 anos.

Interpreta��o errada dos dados

"Este artigo � falso" , informou a Public Health England � equipe de checagem da AFP em 20 de outubro, em refer�ncia � vers�o original em ingl�s da publica��o viralizada. O site The Expos� UK n�o explica o significado das categorias agregadas, nem a origem dos percentuais obtidos que n�o aparecem nos relat�rios originais.

Uma busca por palavra-chave direcionada nos cinco relat�rios citados n�o apresenta nenhum resultado para "immune system” , “sistema imunol�gico” em portugu�s. Os estudos de vigil�ncia da vacina tamb�m n�o mencionam a "degrada��o do sistema imunol�gico das pessoas vacinadas" . Pelo contr�rio, concluem que as vacinas s�o eficazes contra as formas graves de covid-19.

No relat�rio da semana 37, por exemplo, a Public Health England aponta que a taxa de mortes e hospitaliza��es registrada em um intervalo entre 28 e 60 dias ap�s um teste de covid positivo "aumenta com a idade" e � "significativamente maior em n�o vacinados do que em pessoas totalmente vacinadas” .
Enfermeira administra uma dose da vacina da Pfizer contra a covid-19
Enfermeira administra uma dose da vacina da Pfizer contra a covid-19 a uma paciente em Haxby, norte da Inglaterra, em 22 de dezembro de 2020 ( AFP / Lindsey Parnaby)

As autoridades sanit�rias inglesas tamb�m recordam que, “mesmo com uma vacina de alta efic�cia, espera-se que ocorra uma elevada propor��o de casos, hospitaliza��es e �bitos em pessoas vacinadas, simplesmente porque uma propor��o maior da popula��o est� vacinada do que n�o vacinada e nenhuma vacina � 100% eficaz” .

O documento acrescenta que “isso � especialmente verdadeiro porque a vacina��o foi priorizada em indiv�duos mais suscet�veis ou com maior risco de doen�a grave. Indiv�duos em grupos de risco tamb�m podem apresentar maior risco de hospitaliza��o ou morte devido a causas n�o covid-19 e, portanto, podem ser hospitalizados ou morrer com covid-19, e n�o por causa da covid-19” .

Os relat�rios das autoridades de sa�de inglesas, citados como fontes para as publica��es virais, tamb�m n�o mencionam qualquer risco de que a vacina��o contra a covid-19 acabe por causar a s�ndrome da imunodefici�ncia adquirida, conhecida como aids.

Os termos "S�ndrome de Imunodefici�n cia Adquirida” ou “aids” n�o aparecem uma �nica vez nos relat�rios de vigil�ncia das vacinas citadas.

A aids � uma doen�a causada pelo v�rus da imunodefici�ncia humana (HIV), que destr�i o sistema imunol�gico. Por�m, a vacina��o contra o v�rus SARS-CoV-2, que provoca a covid-19, realizada por via intramuscular com equipamentos devidamente esterilizados, n�o permite a transmiss�o do HIV.

"Sem impacto na imunidade natural"

Afirmar que as vacinas anticovid podem destruir o sistema imunol�gico n�o se baseia em nenhuma evid�ncia cient�fica e "n�o faz sentido" , explicaram especialistas entrevistados pela AFP. Pelo contr�rio, as vacinas contra a covid-19 autorizadas at� o momento estimulam o sistema imunol�gico a induzir prote��o contra o v�rus causador da covid-19, mesmo que utilizem diversas t�cnicas para isso (vacinas de RNA mensageiro ou de vetor viral).

“As vacinas n�o t�m impacto sobre a imunidade natural” , j� havia enfatizado em mar�o de 2021, � AFP, o professor de imunopatologia Michel Moutschen, porque os imunizantes contam com o sistema imunol�gico para complementar a imunidade inata com a imunidade adquirida, conforme explica nesse documento do Centro Regional de Preven��o da aids e sa�de juvenil ( Crisp ) de �le-de-France, na Fran�a.

Por essa raz�o, "n�o h� como a vacina��o enfraquecer o sistema imunol�gico" , afirmou o imunologista Sr%u0111a Jankovi%u0107, e menos ainda que o "destrua" a longo prazo, acrescentou Maja Stanojevic, virologista do Instituto de Microbiologia e Imunologia de Belgrado e consultora da Organiza��o Mundial da Sa�de � AFP em dezembro de 2020 .

A especialista destacou que “n�o h� procedimento m�dico sem risco” e que sempre existe “certo risco de consequ�ncias n�o desejadas para qualquer vacina, mas, considerando o n�vel geral da popula��o e o n�mero de pessoas vacinadas, esse risco � significativamente pequeno”.

A seguran�a das vacinas � controlada de perto pela OMS e pela Ag�ncia Europeia de Medicamentos . No Brasil, a Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria ( Anvisa ) tamb�m monitora os imunizantes contra a covid-19.
homem segura um frasco do imunizante CoronaVac
Um homem segura um frasco do imunizante CoronaVac ap�s ter sido vacinado em uma comunidade do rio Moju, leste do estado do Par�, em 8 de abril de 2021 ( AFP / Jo�o Paulo Guimar�es)

At� 22 de outubro de 2021, foram administradas 266 milh�es de doses de vacinas no Brasil, de acordo com o Minist�rio da Sa�de , e n�o foram registrados casos de imunizados cujo sistema imunit�rio tenha sido "destru�do". As vacinas atualmente aplicadas no Brasil, aprovadas pela Anvisa , s�o Pfizer, CoronaVac, Janssen e AstraZeneca.

Embora muito raras, condi��es mais graves t�m sido associadas � AstraZeneca (trombose), �s vacinas de RNA mensageiro (pericardite e miocardite) ou � Janssen (s�ndrome de Guillain-Barr�). A maioria dos efeitos colaterais das vacinas anticovid s�o leves (dor no local da inje��o e febre, por exemplo).

A Ag�ncia Europeia de Medicamentos (EMA) concluiu em um parecer de 9 de julho que "os benef�cios das vacinas da covid-19 autorizadas continuam a superar seus riscos, dado o risco da doen�a da covid-19, as complica��es associadas, e o fato de as evid�ncias cient�ficas mostrarem que elas reduzem as mortes e hospitaliza��es por covid ” .

Conte�do semelhante tamb�m foi verificado pelo Aos Fatos e G1 .

*Esta verifica��o foi realizada com base em informa��es cient�ficas e oficiais sobre o novo coronav�rus dispon�veis na data desta publica��o.


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