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Estado de Minas PREVEN��O

Cursos na �rea m�dica discutem �tica e abordagem humanista

Cursos buscam refor�ar aspectos como o acolhimento e aten��o aos pacientes


06/12/2020 06:00 - atualizado 07/12/2020 13:19

Lucas Knupp, professor e coordenador da clínica integrada do UNI-BH, destaca que a prevenção é abordada longitudinalmente nos seis anos de formação do curso(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
Lucas Knupp, professor e coordenador da cl�nica integrada do UNI-BH, destaca que a preven��o � abordada longitudinalmente nos seis anos de forma��o do curso (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press)


A preven��o no ensino � tratada como pilar central, que organiza os processos de cuidados numa rede de aten��o � sa�de. O cen�rio dos cuidados em sa�de mudou desde a segunda metade do s�culo 20.

“Contudo, muitos servi�os de ensino n�o conseguiram absorver essa transi��o j� que, atualmente, o diagn�stico, os recursos para tratamento e reabilita��o n�o se mostram suficientes para conter a crescente mortalidade causada por doen�as cr�nico-degenerativas que danificam o sistema circulat�rio. Infartos agudos do mioc�rdio, bem como os acidentes vasculares encef�licos, que s�o o grande desafio da atualidade e s�o causados por problemas comuns, sendo a hipertens�o arterial sist�mica e o diabetes os principais fatores de risco”, explica o m�dico de fam�lia e comunidade Lucas Knupp.
 
Professor e coordenador da cl�nica integrada do UNI-BH e preceptor e coordenador de avalia��o do Programa de Resid�ncia M�dica de Medicina de Fam�lia e Comunidade do Hospital Metropolitano Odilon Behrens, Lucas Knupp diz que o UNI-BH insere a preven��o desde o 1º semestre do curso at� o �ltimo num modelo de espiral ascendente.

Segundo ele, inicialmente, o aluno � apresentado aos protocolos e �s linhas essenciais de cuidado existentes no Brasil. Com o passar dos semestres, ele passa a utiliz�-la nos processos de educa��o em sa�de, depois na consulta m�dica e por fim, assume postura cr�tica buscando melhor�-lo com base nas pr�ticas de sa�de baseadas em evid�ncias.
 
(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
 
 
O professor destaca que tudo isso ocorre na Unidade Curricular Pr�ticas M�dicas no Sistema �nico e Sa�de (SUS). “Nosso curr�culo integrado n�o conta mais com disciplinas e essa Unidade Curricular acompanha o estudante do 1º ao 8º per�odo. O futuro m�dico aprende em cen�rios de pr�tica, especificamente, nas unidades de Aten��o Prim�ria – os Centros de Sa�de, lugar no qual esses problemas chegam, na maioria das vezes, de modo indiferenciado, n�o sendo poss�vel diagnosticar a doen�a ainda. Entretanto � fundamental prevenir antes que a doen�a se instaure.”
 
Lucas Knupp afirma que a preven��o � abordada longitudinalmente nos seis anos de forma��o do curso. Segundo ele, as Diretrizes Nacionais Curriculares para os cursos de medicina, de 2014, apontam para a forma��o de um m�dico capaz de atender aos principais problemas da popula��o brasileira.

“Para tanto, decidimos amplificar o ensino da preven��o. Contamos com uma Cl�nica Integrada no c�mpus universit�rio, que est� interligada com a rede SUS-BH e que conta hoje com mais de 60 m�dicos especialistas, todos trabalhando a preven��o nas suas quatro dimens�es (Prim�ria, Secund�ria, Terci�ria e Quatern�ria)”.

Tecnologia


Com o incremento tecnol�gico ao longo do s�culo 20, Lucas Knupp diz que criou-se a expectativa de sempre conseguir diagnosticar doen�as. “Mas isso n�o � verdade e, quando essa a��o n�o tem reflex�o, expomos a pessoa que busca cuidados a riscos desnecess�rios que podem ao fim causar muito dano.”

Ele cita como exemplo o c�ncer de mama. O Instituto Nacional do C�ncer (Inca) e o Minist�rio da Sa�de, entre outras organiza��es cient�ficas, recomendam o rastreio com mamografia a partir dos 50 anos at� os 69 anos.

“Contudo, existe muita informa��o err�nea que prop�e a mamografia de rastreio, que � diferente da mamografia diagn�stica (em que a partir de um achado alterado pr�vio busca-se com o exame a confirma��o diagn�stica) j� a partir dos 40 anos. Isso � muito grave, j� que al�m de expor as mulheres � radia��o e a um exame desagrad�vel, aumentamos o tempo de espera para aquelas que realmente precisam do exame. Ou seja, a preven��o quatern�ria tem capacidade de ajudar o indiv�duo e o sistema de sa�de, tornando-o mais racional e melhorando sua efici�ncia.”
 
Lucas Knupp lembra que, como ensina o mestre Ian McWhinney, criador do M�todo Cl�nico Centrado na Pessoa, � fun��o dos profissionais de sa�de terem habilidades de comunica��o efetivas para interferir de maneira positiva no processo de adoecimento vivenciado pela pessoa que procura o m�dico.

“Desde uma fala adequada ao contexto da pessoa, com mudan�a de linguagem e aus�ncia de termos t�cnicos, at� a��es mais preparadas, como constru��o de informa��o por cartilhas, v�deos educativos e a��es de educa��o popular junto � comunidade. Concomitantemente, reconhecida a necessidade que temos de ampliar a vis�o do profissional da sa�de superando o biom�dico e atingindo o biopsicossocial, estimulamos a valoriza��o dos determinantes sociais em sa�de que tanto impactam a vida da nossa popula��o”.
 
Neste contexto, Lucas Knupp destaca que o curso do UNI-BH j� est� totalmente adequado � ideia de Redes de Aten��o � Sa�de (RAS). “As linhas de cuidado essenciais n�o s�o constru�das apenas para um local da rede, mas para toda a rede, desde as cl�nicas de sa�de da fam�lia (Aten��o Prim�ria), passando pela cl�nica Integrada com os ambulat�rios de especialidade (Aten��o secund�ria), chegando aos Hospitais (local da Aten��o terci�ria)." 

"Nessa l�gica de servi�o organizado em teia, o usu�rio ir� visitar o hospital onde ser� feita a colonoscopia que o m�dico do centro de sa�de solicitou a uma pessoa com 53 anos, que buscou uma consulta no posto porque estava com dor nas costas”, afirma.
 
 

Servi�o ao ser humano e � coletividade

 
Desde Hip�crates, considerado pai da medicina ocidental, diversos documentos e estudos apresentam contribui��es sobre as formas de prevenir as doen�as e o compromisso do profissional da �rea m�dica em atuar na defesa da sa�de.

O m�dico Aristides Jos� Vieira Carvalho, professor da Faculdade da Sa�de e Ecologia Humana (Faseh) e mestre em medicina, destaca que o juramento hipocr�tico, � um exemplo, ao contemplar, em seu conte�do, a firme determina��o em n�o causar dano, em buscar o bem das pessoas e manter-se fiel aos preceitos da caridade, da honestidade e da ci�ncia.

No decorrer dos anos, outros documentos seguiram essa mesma linha, trazendo contribui��es e avan�os, como a Declara��o de Genebra, os documentos da Associa��o M�dica Mundial e os C�digos de �tica M�dica.
 
Aristides Jos� Vieira enfatiza que colocar a pessoa/paciente no centro da abordagem profissional tem sido frequentemente destacado e se tornado a raz�o de ser da pr�tica m�dica: servi�o ao ser humano e � coletividade.

“Nos cursos de medicina, assim como de outras �reas da sa�de, cada vez mais tem se discutido sobre a �tica e a abordagem humanista no atendimento ao ser humano, refor�ando aspectos como o acolhimento, a aten��o, a escuta, a corresponsabiliza��o pelo cuidado, a preven��o das doen�as e a promo��o da vida saud�vel.”

Integralidade

Aristides Jos� Vieira afirma que, desde os primeiros per�odos do curso de medicina, os estudantes recebem informa��es e esclarecimentos sobre a preven��o.

A perspectiva da integralidade do cuidado tem permeado as estruturas curriculares das escolas de medicina, seguindo as Diretrizes Curriculares de 2014, do Minist�rio da Educa��o e Cultura (MEC).

"Em termos pr�ticos, no in�cio do curso, os alunos s�o orientados em rela��o � biosseguran�a nos laborat�rios por onde passam, nas unidades de sa�de (Aten��o B�sica) que frequentam e acompanham os servi�os da equipe de sa�de e as visitas domiciliares. Posteriormente, recebem orienta��es espec�ficas para fazerem o exame cl�nico do paciente em diferentes servi�os de sa�de, inclusive, hospitalares, sob a orienta��o dos docentes.”
 
O professor reitera que a busca permanente pela sa�de integral, nela inclu�da a preven��o das doen�as, deve estar presente no exerc�cio dos profissionais da �rea m�dica e de outras categorias, assim como da popula��o.

“H� muita informa��o dispon�vel nesse sentido e v�rias evid�ncias de estudos cient�ficos. Tamanha � a import�ncia dada � preven��o nos cuidados de sa�de que a Constitui��o Federal do Brasil de 1988, na Se��o da Sa�de, em seu artigo 198, destaca como aspecto fundamental dos servi�os do Sistema �nico de Sa�de (SUS) o atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem preju�zo dos servi�os assistenciais. Esta orienta��o � refor�ada nas Leis Org�nicas da Sa�de.”
 
Com a pandemia, Aristides Jos� Vieira alerta que aspectos que apresentavam risco de serem negligenciados e esquecidos em rela��o � forma��o e a pr�tica profissional, sobretudo no que diz respeito � preven��o das doen�as, foram fortalecidos e ganharam destaque.

“A pandemia traz para o centro da discuss�o a import�ncia da integralidade das a��es de sa�de e chama a aten��o de pol�ticos e gestores para as condi��es de trabalho dos profissionais de sa�de e do atendimento digno de cada cidad�o, tanto pelo servi�o p�blico quanto pela inciativa privada e planos de sa�de. Assim como para a necessidade de mais recursos financeiros, materiais e equipamentos para que uma assist�ncia de melhor qualidade seja oferecida � popula��o.”
 
Como ser� ap�s a pandemia? Para Aristides Jos� Vieira, dif�cil dizer. Mas, para m�dico e professor, provavelmente, haver� maior preocupa��o e responsabilidade com o cuidado e a preven��o das doen�as.

“Como aprendemos refletindo sobre as experi�ncias, a pandemia traz informa��es importantes para a reflex�o sobre a preven��o, desafiando-nos a mudar comportamentos potencialmente prejudiciais, motivando-nos a introduzir novas formas de rela��o com o corpo, com as pessoas e o meio ambiente. As mudan�as necess�rias para avan�armos em dire��o a uma vida mais saud�vel depender�o dos governos, dos diferentes setores da sociedade e de cada um de n�s. Durante todo esse processo, a medicina e outras categorias profissionais da �rea da sa�de, estar�o tamb�m aprimorando suas pr�ticas, buscando e divulgando novas orienta��es e conhecimentos que nos permitam ter uma melhor qualidade de vida.” 
 

Tr�s perguntas para

Renato Couto, professor da Faculdade Ci�ncias M�dicas de Minas Gerais (FCMMG)
 
1 – Como a preven��o � tratada na forma��o m�dica? 
A profiss�o m�dica necessita de um conjunto abrangente de compet�ncias para manuten��o e recupera��o da sa�de. O curso de medicina da Faculdade Ci�ncias M�dicas de Minas Gerais se estrutura em seis grandes eixos de desenvolvimento de compet�ncias do aluno que s�o a aten��o � sa�de, a tomada de decis�es, a comunica��o, a lideran�a, administra��o e gerenciamento e o aprendizado permanente do m�dico. Essas compet�ncias s�o adquiridas de maneira integrada ao longo dos seis anos de forma��o. No eixo de aten��o � sa�de s�o desenvolvidas as compet�ncias: promo��o, prote��o, preven��o, diagn�stico, tratamento e reabilita��o, nos n�veis de Aten��o Prim�ria, Secund�ria e Terci�ria. 

2 – Como m�dicos s�o orientados a conscientizar o paciente da import�ncia da preven��o?  
Os eixos de desenvolvimento da capacidade de comunica��o e lideran�a s�o essenciais para estabelecer o engajamento de cada paciente e de toda a sociedade nos programas e processos de preven��o em todo o ciclo de sa�de e doen�a. Os alunos s�o treinados na capacita��o do paciente, da fam�lia e do cuidador para preven��o. 

3 – Com a pandemia, a preven��o estar� ainda mais na ordem do dia?
A pandemia mostrou que a preven��o � fundamental e as pr�prias estrat�gias adotadas na cidade de Belo Horizonte mostraram que quando a gente previne � bem melhor do que aguardar as consequ�ncias. 


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