
A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) define que a “sa�de � um estado de completo bem-estar f�sico, mental e social”, n�o apenas a aus�ncia de doen�as, e amplia: “� um estado de bem-estar no qual cada indiv�duo consegue aperceber-se do seu pr�prio potencial, consegue lidar com o estresse normal da vida cotidiana, consegue trabalhar de forma produtiva e ter sucesso e ainda � capaz de dar a sua contribui��o � sua comunidade”.
“Afinal, o que nos torna humanos? A pergunta me remete a uma afirmativa de Freud sobre a fun��o da psican�lise: 'Transformar a mis�ria neur�tica em sofrimento comum', este sofrimento que tem a ver com as vicissitudes da vida e do qual n�o � poss�vel escapar, com o qual temos que saber lidar. Mais tarde, j� no final da vida, lhe fazem novamente a pergunta – 'Para que serve a psican�lise?' ao que Freud responde, pontualmente: 'Permitir ao homem amar e trabalhar'.”

Simples assim. A capacidade de amar e trabalhar s�o as duas coordenadas que Gilda Paoliello avalia que melhor definem a sa�de mental e a natureza humana. Por outro lado, continua, tais pontua��es freudianas destituem a felicidade como destino humano.
O completo bem-estar f�sico, mental e social, preconizados pela OMS, remetem ao princ�pio de realidade e n�o ao princ�pio do prazer: saber lidar com as vicissitudes da vida, saber amar, que significa, sobretudo, respeitar a alteridade, e trabalhar, criando possibilidades para uma vida melhor, para n�s e para o outro, explica.
O completo bem-estar f�sico, mental e social, preconizados pela OMS, remetem ao princ�pio de realidade e n�o ao princ�pio do prazer: saber lidar com as vicissitudes da vida, saber amar, que significa, sobretudo, respeitar a alteridade, e trabalhar, criando possibilidades para uma vida melhor, para n�s e para o outro, explica.
Para Gilda Paoliello, os valores da sociedade v�o condicionar os conceitos de doen�a e sa�de mental. “Importante refletirmos sobre o tempo atual, t�o bem retratado pelo fen�meno da COVID-19: imprevisibilidade, incerteza e o imperativo do presente s�o as marcas da contemporaneidade. N�o podemos ficar esperando que as coisas voltem a ser como antes, porque nada ser� como antes. Mais que nunca importa viver bem o hoje para que o futuro possa ser constru�do dentro do novo”, observa.
A psiquiatra e psicanalista destaca que tanto a psican�lise quanto a OMS colocam a capacidade de trabalho como uma importante coordenada para a sa�de mental.
Entretanto, a globaliza��o, com seus valores e simbologias servindo ao capitalismo, imp�e suas condi��es de trabalho baseado no lucro sob a “bandeira” da informa��o, multiplicada nas m�dias sociais sob o imperativo do “be happy”.
“Cria-se uma sociedade do espet�culo, em que a regra � 'fazer selfie pra mostrar que est� tudo maravilhoso'. E nos tempos da COVID-19, essa imagem me parece mais perto do inferno que do para�so.”
Entretanto, a globaliza��o, com seus valores e simbologias servindo ao capitalismo, imp�e suas condi��es de trabalho baseado no lucro sob a “bandeira” da informa��o, multiplicada nas m�dias sociais sob o imperativo do “be happy”.
“Cria-se uma sociedade do espet�culo, em que a regra � 'fazer selfie pra mostrar que est� tudo maravilhoso'. E nos tempos da COVID-19, essa imagem me parece mais perto do inferno que do para�so.”
Pedido de ajuda
Gilda Paoliello lembra que estudos mostram o impacto dos tempos atuais sobre a sa�de mental, assim como a previs�o do aumento do n�mero de quadros ligados ao sofrimento mental p�s-pandemia.
“Se em 2000 j� se previa a depress�o como o quadro prevalente na medicina at� 2030, a situa��o que vivemos com a pandemia j� antecipa essa infer�ncia. Lido todos os dias em minha cl�nica com as consequ�ncias, o que fomenta a avalia��o de que o impacto na sa�de mental � a sequela mais devastadora da pandemia.”
O que fazer para minimizar o impacto desses tempos sombrios na sa�de mental? Gilda Paoliello aponta que os crit�rios diagn�sticos de sofrimento mental incluem constantemente a condi��o de os sintomas causarem preju�zo ao funcionamento social, ocupacional ou em outras �reas importantes da vida do indiv�duo, como enfatiza o DSM, sistema classificat�rio de doen�as mentais americano.
“Como vemos, tanto os manuais de diagn�sticos atuais como a OMS e a psican�lise associam a sa�de mental ao funcionamento social e/ou ocupacional. Entretanto, nos tempos atuais, as rela��es sociais s�o muito prec�rias, de forma excepcional agora, quando vivemos a imposi��o do isolamento social para sobrevivermos. Mas sobreviver n�o basta. Torna-se necess�rio apelar para todas as formas de fortalecimento dos la�os sociais, da fraternidade, da solidariedade para mantermos a sa�de mental.”
“Como vemos, tanto os manuais de diagn�sticos atuais como a OMS e a psican�lise associam a sa�de mental ao funcionamento social e/ou ocupacional. Entretanto, nos tempos atuais, as rela��es sociais s�o muito prec�rias, de forma excepcional agora, quando vivemos a imposi��o do isolamento social para sobrevivermos. Mas sobreviver n�o basta. Torna-se necess�rio apelar para todas as formas de fortalecimento dos la�os sociais, da fraternidade, da solidariedade para mantermos a sa�de mental.”

Para a psiquiatra e psicanalista, mais que nunca, � importante saber pedir ajuda e saber responder a esse pedido. Adoecer � completamente humano, pedir ajuda tamb�m. “Se cada um responder como puder, a somat�ria nos tornar� mais fortes.” Gilda Paoliello mostra esperan�a partindo de uma fala de Nietzsche, “O mundo n�o possui cora��o e est�pido seria ter raiva dele por isso”.
Para a psiquiatra e psicanalista “cora��o, quem tem somos n�s. Parodiando o discurso do presidente eleito nos EUA, Joe Biden, precisamos construir um tempo de uni�o, de curar, de cada um emprestar sua luz e ser um farol para o mundo. Nessa f�rmula, a melhor vacina para os males de nosso tempo”.
Para a psiquiatra e psicanalista “cora��o, quem tem somos n�s. Parodiando o discurso do presidente eleito nos EUA, Joe Biden, precisamos construir um tempo de uni�o, de curar, de cada um emprestar sua luz e ser um farol para o mundo. Nessa f�rmula, a melhor vacina para os males de nosso tempo”.
Cen�rio disruptivo
Ao longo do tempo, a defini��o de sa�de mental foi alterada. O psic�logo Ricardo Dias de Castro, doutorando em psicologia social pela UFMG e docente dos cursos de servi�o social e psicologia da Est�cio BH, destaca que os profissionais da �rea operam com a ideia de sa�de mental n�o s� como aus�ncia de doen�a mental, mas, sobretudo, como uma garantia de um bem-estar e um bem viver coletivo que permita aos sujeitos viverem suas vidas em toda a pot�ncia ps�quica poss�vel.
“Sa�de mental, portanto, relaciona-se a como uma pessoa equilibra a si mesmo na rela��o com o mundo. Diz respeito a como ela enfrenta os desafios de ser gente no mundo contempor�neo embebido em conflitos, perturba��es, confus�es, imposi��es, exig�ncias e traumas."
Mas, tamb�m, um mundo que se reinventa, redescobre-se e pode, potencialmente, virar outra coisa, inclusive, algo que seja mais potente e saud�vel para todos os seres humanos. "A sa�de mental diz da capacidade do sujeito, ainda que com adoecimentos presentes, mantenha-se capaz de atuar e ser agente na comunidade”, enfatiza o psic�logo.
Mas, tamb�m, um mundo que se reinventa, redescobre-se e pode, potencialmente, virar outra coisa, inclusive, algo que seja mais potente e saud�vel para todos os seres humanos. "A sa�de mental diz da capacidade do sujeito, ainda que com adoecimentos presentes, mantenha-se capaz de atuar e ser agente na comunidade”, enfatiza o psic�logo.
Desta forma, Ricardo Dias de Castro destaca que o sofrimento mental pode estar presente na vida de todos e a forma como ocorre a rea��o aos sofrimentos aponta para as pr�prias condi��es subjetivas, cognitivas, sociais, culturais e econ�micas. “Como a sa�de mental est�, intimamente, relacionada �s condi��es de vida que cercam o sujeito, as exig�ncias sobre o seu equil�brio v�o, de fato, variando a cada per�odo da vida em fun��o das complexidades �s quais todos s�o submetidos a depender da fase de desenvolvimento e condi��es simb�licas, materiais e econ�micas dispon�veis.”
Pandemia
Ricardo Dias de Castro explica que a pandemia � um cen�rio disruptivo, desorganizador e at�pico. As regras do mundo alteraram de forma radical desde que a pandemia foi decretada pela Organiza��o Mundial de Sa�de.
“Isso, certamente, alterou a pretensa estabilidade mental da vida individual e coletiva. Esta grande tens�o, medos e mudan�as ocasionadas pelo v�rus denunciam que precisamos repensar as prioridades como sociedade. Ainda que, instalado esse caos que 'paralisa' o sistema econ�mico mundial, � preciso cuidar da sa�de mental. � importante investir em novas possibilidades de ser sujeito no mundo”, afirma.
Ele acrescenta que cada um precisa estar aberto a reconhecer o que lhe faz bem e potencializa um desejo de vida nesses tempos t�o duros. “Houve uma procura muito grande por atendimentos psicol�gicos individuais no contexto da pandemia. Situa��es graves, desorganizadoras, tristes ou aquelas em que as palavras comuns n�o fazem mais tanto sentido no acolhimento ao sofrimento das pessoas, costumam ser catalizadores para a busca por um profissional da psicologia.”
Ricardo Dias de Castro ressalta que a preven��o na sa�de mental � criar h�bitos de autocuidados individuais, coletivos, comunit�rios e pol�ticos que sejam di�rios e poss�veis nas condi��es em que os sujeitos se encontram.
“Prevenir significa se antecipar. N�o em uma perspectiva que invente causas e problemas inexistentes, mas que a partir dos registros hist�ricos mundiais e locais dispon�veis sobre os adoecimentos e seus combates, possamos pensar uma l�gica de sa�de coletiva que colabore para a pot�ncia subjetiva das pessoas de modo que evitemos situa��es graves e mort�feras.”
“Prevenir significa se antecipar. N�o em uma perspectiva que invente causas e problemas inexistentes, mas que a partir dos registros hist�ricos mundiais e locais dispon�veis sobre os adoecimentos e seus combates, possamos pensar uma l�gica de sa�de coletiva que colabore para a pot�ncia subjetiva das pessoas de modo que evitemos situa��es graves e mort�feras.”
» Impacto no p�s-pandemia
Quais as consequ�ncias vividas agora na pandemia que v�o fomentar a avalia��o de que o impacto na sa�de mental � a sequela mais devastadora da COVID-19
1 – Medo de adoecer
2 – Ang�stia
3 – Dor de perder pessoas queridas
4 – Impossibilidade de acompanhar entes queridos na partida derradeira
5 – A solid�o do isolamento social
6 – A devasta��o f�sica e interior sofridas por quem se contaminou
7 – A inseguran�a financeira
8 – O horror do desemprego
Fonte: Psiquiatra e psicanalista Gilda Paoliello
» Para alcan�ar o equil�brio mental procure
• Fazer an�lise/terapia
• Praticar ioga
• Meditar
• Aprender a respirar
• Respeitar os limites e as vontades
• Ter disciplina e uma rotina organizada
• Fazer coisas positivas por voc�
• Afastar-se de coisas e pessoas negativas
• Aprenda a controlar sua ansiedade
• Ficar perto de quem te faz bem
• Dormir bem e na quantidade ideal
• Fazer 45 minutos di�rios de atividade f�sica
• N�o ter medo de procurar ajuda se sentir necessidade
• Distanciar um pouco das redes sociais
• Baixar as expectativas
• Ter equil�brio emocional
• Fortalecer capacidade de decis�o
• Aprender a dizer n�o
• Tra�ar sonhos e metas para a vida
• Se gostar