
Como anda seu cora��o? A sabedoria popular sempre nos ensinou que prevenir � melhor que remediar e que “o custo do cuidado � sempre menor que o custo do reparo”. � o que lembra o m�dico cardiologista Marcus Vin�cius Bol�var Malachias, PhD pela USP, p�s-doutor pela Harvard Medical School e professor da Faculdade Ci�ncias M�dicas de Minas Geras (FCMMG).
Ao mesmo tempo, ele destaca a can��o de Guedes e Bastos, “a li��o sabemos de cor, s� nos resta aprender”. Assim, o especialista introduz o alerta sobre a import�ncia de cuidar do cora��o.
Ao mesmo tempo, ele destaca a can��o de Guedes e Bastos, “a li��o sabemos de cor, s� nos resta aprender”. Assim, o especialista introduz o alerta sobre a import�ncia de cuidar do cora��o.
Marcus Bol�var, que � representante no Brasil do American College of Cardiology, diretor do Instituto de Hipertens�o e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), pontua que, em rela��o � sa�de do cora��o, os fatores de risco j� s�o bastante conhecidos, mas poucos s�o o que se preservam adequadamente.
“Como resultado, as doen�as cardiovasculares s�o as principais causas de morte em todo o mundo, incluindo o Brasil. Entre n�s, ocorrem mais de 1.100 mortes por dia, cerca de 46 por hora, 1 morte a cada 90 segundos.”
“Como resultado, as doen�as cardiovasculares s�o as principais causas de morte em todo o mundo, incluindo o Brasil. Entre n�s, ocorrem mais de 1.100 mortes por dia, cerca de 46 por hora, 1 morte a cada 90 segundos.”
O cardiologista enfatiza que as doen�as cardiovasculares causam o dobro de mortes que aquelas devidas a todos os tipos de c�ncer juntos, 2,3 vezes mais que as todas as causas externas (acidentes e viol�ncia), 3 vezes mais que as doen�as respirat�rias.
Segundo o Cardi�metro (cardiometro.com.br), um indicador do n�mero de mortes por doen�as cardiovasculares no Brasil, criado pela SBC, ao final de 2020, quase 400 mil cidad�os brasileiros morrer�o por doen�as do cora��o e da circula��o.
“Muitas dessas mortes poderiam ser evitadas ou postergadas com cuidados preventivos e medidas terap�uticas simples. O alerta, a preven��o e o tratamento adequado tanto dos fatores de risco quanto das doen�as cardiovasculares existentes poderiam reverter esses n�meros”, avisa Marcus Bol�var.
“Muitas dessas mortes poderiam ser evitadas ou postergadas com cuidados preventivos e medidas terap�uticas simples. O alerta, a preven��o e o tratamento adequado tanto dos fatores de risco quanto das doen�as cardiovasculares existentes poderiam reverter esses n�meros”, avisa Marcus Bol�var.
Quarteto mortal
Marcus Bol�var destaca que os principais fatores de risco para as doen�as do cora��o s�o conhecidos como “o quarteto mortal”: hipertens�o arterial, colesterol elevado, diabetes e tabagismo.
“Esses fatores s�o frequentemente potencializados por outras condi��es, como hist�ria familiar de doen�as cardiovasculares, estresse psicossocial, sobrepeso/obesidade, sedentarismo e alimenta��o desbalanceada."
Segundo Marcus Bol�var, S�o tamb�m importantes fatores agravantes para todas as doen�as: baixa renda; baixo n�vel educacional/cultural; falta de saneamento b�sico, polui��o, pouco acesso � assist�ncia m�dica e medicamentos; assim como a falta de conscientiza��o, baixo autocuidado e n�o ades�o �s orienta��es dos profissionais de sa�de.
O cardiologista alerta que muitas pessoas desconhecem ter fatores de risco, enquanto h� um grande n�mero que sabidamente t�m hipertens�o, diabetes, colesterol elevado e tabagismo, mas que n�o seguem as orienta��es m�dicas, seja em rela��o ao uso regular de medicamentos ou a ado��o de m�nimas adequa��es do estilo de vida, como dietas, exerc�cios e cessa��o do h�bito de fumar.
“H� ainda aqueles que, por adotarem um estilo de vida saud�vel, acreditam estar plenamente protegidos. Bons h�bitos – como manter o peso adequado, ter uma alimenta��o regrada e se exercitar – s�o protetores, mas mesmo assim as doen�as card�acas podem surgir, sendo necess�rios exames preventivos peri�dicos.”
“H� ainda aqueles que, por adotarem um estilo de vida saud�vel, acreditam estar plenamente protegidos. Bons h�bitos – como manter o peso adequado, ter uma alimenta��o regrada e se exercitar – s�o protetores, mas mesmo assim as doen�as card�acas podem surgir, sendo necess�rios exames preventivos peri�dicos.”
Estudos
Marcus Bol�var conta que um estudo que avaliou 628 comunidades urbanas e rurais em 17 pa�ses demonstrou que a preval�ncia de fatores de risco � mais alta em regi�es de renda elevada, intermedi�ria em pa�ses de renda m�dia e menor em pa�ses de baixa renda.
“Embora a carga de fatores de risco tenha sido menor em popula��es de baixa renda, as taxas de morte e doen�as cardiovasculares maiores – como infarto, acidente vascular cerebral e insufici�ncia card�aca – foram substancialmente mais altas em pa�ses de baixa renda do que em pa�ses de alta renda. Observa-se que o acesso aos medicamentos � alarmantemente baixo em regi�es de renda baixa. Esses dados demonstram que a desigualdade social tem forte impacto para o desenvolvimento de doen�as e ocorr�ncia de mortes cardiovasculares.”
O cardiologista reconhece que � complexo o desafio de conter o avan�o das doen�as card�acas.
“Na atualidade, tem sido demonstrada a necessidade de controlar m�ltiplos e diversificados fatores. A ci�ncia atual tem magn�ficas armas para a preven��o e controle das doen�as, sendo a cardiologia uma das �reas da medicina que mais se desenvolveu nos �ltimos 50 anos. H�, no entanto, um enorme hiato entre os recursos da moderna medicina e o que � usufru�do pela popula��o em geral."
Segundo ele, de nada adianta todo o conhecimento cient�fico adquirido por d�cadas de pesquisas, t�cnicas sofisticadas como machine learning e intelig�ncia artificial, a parafern�lia atualmente dispon�vel para o correto diagn�stico ou o desenvolvimento de medicamentos por biotecnologia, se o indiv�duo n�o faz uso dos rem�dios e tratamentos com regularidade.
“Na atualidade, tem sido demonstrada a necessidade de controlar m�ltiplos e diversificados fatores. A ci�ncia atual tem magn�ficas armas para a preven��o e controle das doen�as, sendo a cardiologia uma das �reas da medicina que mais se desenvolveu nos �ltimos 50 anos. H�, no entanto, um enorme hiato entre os recursos da moderna medicina e o que � usufru�do pela popula��o em geral."
Segundo ele, de nada adianta todo o conhecimento cient�fico adquirido por d�cadas de pesquisas, t�cnicas sofisticadas como machine learning e intelig�ncia artificial, a parafern�lia atualmente dispon�vel para o correto diagn�stico ou o desenvolvimento de medicamentos por biotecnologia, se o indiv�duo n�o faz uso dos rem�dios e tratamentos com regularidade.
Marcos Bol�var informa que o Primeiro Registro Brasileiro de Hipertens�o revelou os bons resultados das diversas estrat�gias nacionais de controle da hipertens�o no pa�s, tendo demonstrado que 59,6% dos pacientes tratados em centros terci�rios cardiol�gicos encontram-se dentro dos n�veis de press�o arterial m�nimo adequado.
“Esses n�meros revelam que, mesmo nesses centros m�dicos altamente especializados, 40% dos pacientes com hipertens�o n�o estavam bem controlados. H� dados nacionais que demonstram que, quando h� mais fatores concomitantes, menos de 10% dos pacientes est�o controlados. ”
“Esses n�meros revelam que, mesmo nesses centros m�dicos altamente especializados, 40% dos pacientes com hipertens�o n�o estavam bem controlados. H� dados nacionais que demonstram que, quando h� mais fatores concomitantes, menos de 10% dos pacientes est�o controlados. ”
Expectativa de vida
Marcus Bol�var avisa que a preven��o deve se iniciar desde o nascimento, ou at� antes no per�odo pr�-natal, com a ado��o de h�bitos saud�veis e consultas m�dicas nas diferentes fases da vida, para a identifica��o de fatores agravantes � sa�de e a mais precoce institui��o de tratamento.
“Mas nunca � tarde para se iniciar a preven��o. O controle da hipertens�o � capaz de aumentar em 16 anos a expectativa de vida. A redu��o do colesterol elevado atenua em mais de 40% as chances de um infarto. Modernos tratamentos para o controle do diabetes reduzem em 25% o risco de morte cardiovascular e interna��es por insufici�ncia card�aca. Ap�s um ano da cessa��o do tabagismo o risco de infarto cai pela metade. O controle dos fatores de risco cardiovascular est� tamb�m associado a uma menor incid�ncia de v�rios tipos de c�ncer.”
Quatro perguntas para
Marcos Atala
Educador f�sico e especialista em treinamento de atletas
1. Qual a import�ncia da atividade f�sica na sa�de e no bem-estar?
O nosso corpo � geneticamente programado para funcionar melhor e executar todas as fun��es se tiver o m�nimo de movimento. Quando se � jovem, tem o desenvolvimento cognitivo aumentado, consegue desenvolver coordena��o, ritmo e aprendizagem. O crescimento, inclusive, depende da quantidade de movimento e das possibilidades que ele pode proporcionar. J� na fase adulta, a atividade f�sica tem o papel de ajudar no controle e preven��o das doen�as, e na terceira idade ajuda a manter a mem�ria e a autonomia. De maneira geral, a atividade f�sica � importante para o desenvolvimento f�sico, cognitivo, social em todas as fases da vida.
2. Como fazer as pessoas se conscientizarem que alimenta��o saud�vel e atividade f�sica s�o essenciais para a sa�de?
A informa��o j� � disseminada, as pessoas t�m consci�ncia de que alimenta��o, atividade f�sica e sono s�o importantes para a qualidade de vida. Acredito que s� com a implanta��o de pol�ticas de sa�de p�blica � poss�vel mudar h�bitos de grandes popula��es. Outro fator para mudar o estilo de vida � o ambiente em que se est� inserido. Tem o conceito de cidades caminh�veis, a exemplo de Amsterd�, Copenhague, Manhattan ou centro de Boston, que s�o cidades onde voc� usa muito mais o transporte a p�, ou de bicicleta. Lugares pensados com esse conceito faz com que voc� melhore o seu estilo de vida e tem aspectos importantes de longevidade e qualidade de vida.
3. Ioga, medita��o, pilates... atividades de baixo impacto s�o indicadas e t�m benef�cios para a preven��o da sa�de mental. O praticante ter� um ganho f�sico?
Qualquer atividade f�sica tem ganho mental, cognitivo, diminui o horm�nio do estresse, seja ela uma ioga, medita��o, pilates ou uma corrida, por exemplo. Todas elas t�m impacto direto em ansiedade, depress�o, cogni��o, sa�de mental e emocional. Em rela��o �s atividades f�sicas de menor impacto e gasto cal�rico, se feitas com regularidade, v�o ter ganhos na sa�de. Para o emagrecimento, com certeza ser� necess�rio um sacrif�cio maior na alimenta��o. Mas toda atividade tem benef�cios.
4. Existe um grupo de exerc�cios mais adequados para cada fase da vida? A muscula��o � indispens�vel para todas as fases?
A atividade f�sica � adaptada por diversos fatores: condicionamento, hist�rico de les�o e, sem d�vida nenhuma, a idade. Como a partir dos 30, 35 anos entramos em um processo de perda de massa muscular, � importante que a muscula��o passe a fazer parte da programa��o de exerc�cios. Quando digo muscula��o, me refiro a exerc�cios resistidos, pode ser funcional, gin�stica localizada, crossfit, pilates ou o que a pessoa escolher. A ideia � manter massa muscular para ter autonomia f�sica pelos anos que vir�o.