
Previsto para agosto pela Organiza��o Pan-Americana da Sa�de (Opas), o pico da COVID-19 no Brasil preocupa autoridades, pesquisadores e, tamb�m, a popula��o. No entanto, especialistas indicam ser poss�vel que o pa�s n�o tenha um pico caracter�stico como o de outras na��es afetadas pela pandemia. Sem um controle efetivo do isolamento social e com a flexibiliza��o precoce das atividades comerciais, o Brasil v� os n�meros se estabilizarem em uma curva achatada por um maior per�odo. O problema � que o chamado plat� (estabiliza��o), visto atualmente na curva de mortes pela doen�a, ocorre em um alto patamar, com atualiza��es di�rias na casa de mil �bitos.
Para Rodrigo Jos�, plantonista de uma unidade de terapia intensiva (UTI) que atende a pacientes com COVID-19 em Curvelo (MG), “estamos tendendo a ter um plat� com um n�mero muito alto de mortes por dia. Ser� que nossas medidas est�o sendo efetivas ou, na verdade, a gente est� estabilizando por uma inefic�cia do que a gente deveria ter feito e n�o fizemos?”
Segundo o m�dico do servi�o de controle de infec��o hospitalar do Hospital Imaculada Concei��o, a estabiliza��o na casa das mil fatalidades reflete neglig�ncia com a quarentena. “A gente vai vendo que h� um relaxamento de isolamento social e isso, de certa forma, vai mudando a caracter�stica da transmiss�o da infec��o do v�rus no Brasil. Consequentemente, dificulta para fazer a previs�o de quando ser� esse pico, se � que n�s vamos ter um”, afirma. Ele lembra que o pico da doen�a corresponde �quele per�odo em que o pa�s apresenta o maior n�mero de casos e mortes e, logo ap�s, uma queda sustentada. � determinado, portanto, posteriormente ao seu ocorrido.
“Tem que haver uma queda sustentada para definir que houve um pico. Dessa forma, ele pode ser determinado de uma forma retr�grada, porque voc� vai defini-lo depois que voc� passa por ele”, ressalta. J� o plat� seria uma fase posterior ao pico epidemiol�gico, no qual a curva apresenta queda e faz um achatamento, mantendo uma const�ncia.
Ao analisar a curva do Brasil por semana epidemiol�gica, especialistas ainda n�o conseguem ver uma queda sustentada — nem em rela��o aos �bitos, nem em rela��o aos casos. Com o encerramento da 28ª semana epidemiol�gica, ontem, o pa�s mant�m a m�dia de registro das semanas anteriores, n�o mostrando uma varia��o considerada significativa para definir uma altera��o na curva da pandemia. No entanto, � poss�vel observar que, enquanto se nota uma estabiliza��o no n�mero de �bitos h� algumas semanas, a quantidade de infectados continuou em crescimento, ainda que em desacelera��o. A primeira recess�o ocorreu justamente entre a semana 27 e 28, com queda de 0,2% em rela��o ao acumulado de novos casos semanais, o que, ainda, n�o caracteriza uma tend�ncia de plat� (Veja gr�fico).
Transmiss�o
Na avalia��o do secret�rio de Vigil�ncia do Minist�rio da Sa�de, Arnaldo Correia, a din�mica das novas confirma��es � um reflexo do aumento da realiza��o de testes da COVID-19. “O n�mero de casos novos tem aumentado e isso pode ser reflexo da capacidade de testagem do Brasil, que vem aumentando nas �ltimas semanas”, disse em coletiva de imprensa, na quarta-feira.
Outro fator importante para avaliar em que est�gio o pa�s se encontra na pandemia � a taxa de reprodu��o de v�rus, chamada de Rt. O dado � relevante porque ajuda governantes a definirem qual a melhor hora para optar pela flexibiliza��o do isolamento social. “O recomendado � que essa taxa esteja abaixo de 1, mas o ideal, mesmo, � abaixo de 0,8. Quando Wuhan reabriu, na China, ela estava com a taxa em torno de 0,3. Na Alemanha, a retomada aconteceu com a taxa de 0,75”, explica o plantonista do Hospital Imaculada Concei��o, Rodrigo Jos�.
Em meio � onda de flexibiliza��o brasileira, as taxas de cont�gio (Rt) da COVID-19 voltaram a subir. Na nova avalia��o do Imperial College de Londres, o Brasil, que na semana passada chegou perto de atingir n�veis considerados controlados da transmiss�o, sofreu um retrocesso e aumentou a Rt para 1,11, ou seja, cada grupo de cem pessoas infectadas transmite o v�rus para outras 111.
Em abril, com Rt de 2,3, o pa�s chegou a ocupar o primeiro lugar no ranking de na��es com maior descontrole da doen�a. J� no fechamento da 26ª semana, chegou pr�ximo de sair do rol de dissemina��o ativa, com Rt de 1,03. Taxas acima de 1 significam que o cont�gio est� descontrolado, n�o sendo poss�vel rastrear com precis�o o caminho do v�rus. Com a atualiza��o, o Brasil se mant�m pela 11ª semana entre os pa�ses com transmiss�o ativa, sendo os Estados Unidos o pa�s com mais longa perman�ncia neste patamar.
Por outro lado, o Brasil tem apresentado melhoras graduais em rela��o �s subnotifica��es, um dos crit�rios necess�rios para conseguir identificar e conter a transmiss�o da COVID-19. Com o fechamento da semana 27, de 28 de junho a 4 de julho, o Imperial College calcula que a na��o reporta 43,9% dos casos. No balan�o anterior, o �ndice estava em 36,3%. Em rela��o ao in�cio de abril, o avan�o foi significativo, j� que, � �poca, o pa�s s� registrava 10,4% das infec��es.
Testagem
A testagem �, ainda, uma das principais estrat�gias para alcan�ar infectados, tratando precocemente o paciente e evitando a continuidade de cont�gio com o correto isolamento. No entanto, sem a articula��o dos outros elementos, como distanciamento social e completo isolamento dos infectados, os esfor�os das autoridades de sa�de com amplia��o de testagem n�o garantem o controle.
“� necess�rio manter uma vigil�ncia cl�nica e laboratorial. Do contr�rio, podemos ser surpreendidos por novos surtos, ainda que em um momento de estabiliza��o ou queda”, afirma a m�dica Nancy Bellei, infectologista e virologista da Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp).
Dizer que o pa�s vive uma �nica curva, para a especialista, n�o retrata a realidade continental do Brasil, que observa diferentes etapas de cont�gio no momento. Sem vacina, no entanto, todas as localidades est�o sujeitas a novas eleva��es da curva, se n�o houver cuidado. “Em pouco tempo, pa�ses j� est�o experimentando algumas recrudesc�ncias e fazem interven��es. N�o necessariamente voltar�o os picos com tantas mortes, j� que uma parcela da popula��o j� se infectou. Estamos iniciando um momento novo, mas a pandemia n�o acabou. Teremos que aprender a conviver com o v�rus, porque ele vai continuar circulando. Conviver com esse v�rus � n�o relaxar nas medidas, fazer a nossa parte”, orienta a infectologista.
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
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O que � o coronav�rus
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
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Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?
Como se prevenir?
A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�
Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarreia
Em casos graves, as v�timas apresentam:
- Pneumonia
- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
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Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia
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