
Aprovada pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) para uso definitivo no pa�s em 23 de fevereiro, � a segunda vacina � a segunda mais usada no mundo – 90 pa�ses est�o usando o imunizante, segundo levantamento do The New York Times. Entre eles, boa parte da Europa, da Am�rica Latina e os Estados Unidos.
Como funciona a vacina
O imunizante da Pfizer usa uma tecnologia diferente das duas que j� est�o sendo aplicadas no Brasil.
A vacina � feita por meio de um RNA mensageiro. Funciona assim: em laborat�rio, os cientistas criam uma “c�pia” do material gen�tico do v�rus.
O sistema imunol�gico desencadeia uma rea��o que cria uma defesa contra o verdadeiro v�rus.
A grande vantagem dessa tecnologia � que n�o � preciso cultivar o v�rus em laborat�rio, o que a torna mais barata.
“� uma plataforma bastante diferente. Nunca havia sido utilizada”, explica o infectologista do Hospital Anchieta Victor Bertollo. “O RNA mensageiro � um fragmento de material gen�tico que n�o modifica de maneira nenhuma o nosso material gen�tico, mas ele � capaz de fazer com a c�lula produzir uma prote�na do v�rus que � mais relevante para a produ��o de anticorpos’, completa.
Doses
O Brasil fez um acordo com a farmac�utica para adquirir 100 milh�es de doses.
O primeiro lote com 1 milh�o de doses do imunizante chegou ao pa�s na sexta-feira (30/4).
Nesta segunda (3 /5), Minas Gerais 50.310 mil doses desse lote. Esse imunizante tamb�m necessita de duas doses. O refor�o deve ser tomado com 21 dias de diferen�a.
A vacina da Pfizer tem o diferencial de ter que ser armazenada em temperatura muito baixa: precisa ficar em ultracongeladores que a conservam em -70°C.
Segundo Victor Bertollo, essa necessidade � exatamente pela tecnologia que ela utiliza. “O RNA mensageiro se degrada muito facilmente em temperatura ambiente, por isso ela precisa ser armazenada em temperaturas ultrabaixas para n�o perder a efic�cia”, destaca.
Devido a essa peculiaridade, o Minist�rio da Sa�de optou por distribu�-la somente entre as capitais.
Nos postos de sa�de, ela pode ficar em temperatura que varia entre 2°C e 8°C e precisa ser aplicada em um per�odo de at� cinco dias.
Efic�cia alta
O imunizante da Pfizer tem uma efic�cia bem alta. A terceira fase de testes, que terminou em novembro de 2020, apontou uma efic�cia de 95%.
Al�m disso, estudo feito pelo Sheba Medical Center, em Israel, mostrou que somente com a primeira dose j� � poss�vel ter uma prote��o de 85% contra a doen�a.
A vacina tamb�m se mostrou eficaz para cortar a transmiss�o da COVID-19. Quem toma o imunizante tem entre 38% e 49% menos probabilidade de transmitir o v�rus do que pessoas n�o vacinadas, segundo a Public Health England.
“Ela Tem uma elevada efic�cia, n�o s� para o risco de adoecimento, mas tamb�m de infec��o e ela tamb�m evita que a pessoa transmita, mesmo que ela venha a se infectar”, afirma o infectologista Victor Bertollo.
Novas cepas
A assombra��o mais recente da doen�a causada pelo novo coronav�rus tem sido as muta��es. As cepas de Manaus, da �ndia, Reino Unido e �frica do Sul preocupam em rela��o a uma maior taxa de contamina��o.
N�o bastasse isso, ainda h� o risco das vacinas que est�o sendo aplicadas n�o serem eficazes contra as variantes.
No caso da Pfizer, um estudo, ainda n�o revisado, feito pelo Centro de Pesquisa de Doen�as Infecciosas e Vacinas de La Jolla, na Calif�rnia, constatou que a vacina � capaz de despertar uma resposta do sistema imunol�gico mesmo contra variantes.
Um outro estudo, publicado na revista cient�fica Nature Medicine, mostrou que a vacina da Pfizer pode neutralizar as variantes do Reino Unido, �frica do Sul e a brasileira.
Segundo os especialistas, como usa simplesmente material gen�tico, � muito mais f�cil fazer altera��es na vacina para que ela possa agir contra variantes.
Rea��es
Assim como as outras vacinas, � esperado que algumas pessoas tenham rea��es adversas n�o graves, como dor de cabe�a, cansa�o e dor no local da aplica��o.
Em alguns pa�ses, houve relatos de rea��es al�rgicas graves.
Victor Bertollo explica que as pessoas n�o devem se preocupar quanto a isso, j� que � uma rea��o extremamente rara de ocorrer e em pessoas que j� t�m hist�rico de alergias.
“� uma vacina bastante segura. Houve relatos de rea��o al�rgica, principalmente em pessoas j� com hist�rico de rea��es al�rgicas. S�o eventos extremamente raros”, explica.
A estimativa � de 11,1 casos de anafilaxia para cada milh�o de pacientes imunizados, segundo o Vaccine Adverse Event Reporting System.
O intervalo entre a dose e o in�cio dos sintomas, gira em torno de 13 minutos. Nenhum paciente morreu e desses pacientes 81% apresentavam hist�ria de alergia ou anafilaxia.
Pol�micas
Apesar de o Brasil s� ter comprado as vacinas da Pfizer agora, as negocia��es pelo imunizante come�aram j� h� um tempo. Segundo a Pfizer, a empresa fez a primeira oferta ao Brasil em agosto de 2020. A farmac�utica ofereceu 70 milh�es de doses ao pa�s, mas o Brasil negou.
Pela proposta, segundo a Pfizer, a entrega das primeiras doses seria em dezembro.
O governo disse que a negativa da oferta foi porque um acordo com a empresa "causaria frustra��o em todos os brasileiros". Segundo o Minist�rio da Sa�de as “cl�usulas leoninas e abusivas que foram estabelecidas pelo laborat�rio para criar uma barreira de negocia��o e compra”, isso porque as primeiras entregas do imunizante seriam de apenas 2 milh�es de doses.
Mesmo sem acordo de compra, a fabricante solicitou � Anvisa o registro do imunizante no pa�s. Em fevereiro, a ag�ncia brasileira concedeu o registro definitivo da vacina – a primeira a conseguir esse registro no pa�s.
Tanto a vacina de Oxford quanto a Coronavac s� tinham autoriza��o para uso emergencial at� ent�o. A diferen�a � que a da Pfizer passou por uma an�lise mais profunda da ag�ncia. Dessa forma, n�o � preciso, por exemplo, que seja aplicada em um grupo espec�fico.
Virar jacar�?
Agora o presidente Jair Bolsonaro tem defendido a vacina��o da popula��o, mas n�o h� muito tempo o discurso era diferente.
‘Se voc� virar um jacar�, � problema seu’, a frase que repercutiu em dezembro foi justamente sobre a vacina da Pfizer. “Se voc� virar Super-Homem, se nascer barba em alguma mulher a�, ou algum homem come�ar a falar fino, eles (Pfizer) n�o t�m nada a ver isso. E, o que � pior, mexer no sistema imunol�gico das pessoas”, disse o presidente na �poca.
Mais recentemente, o ministro Paulo Guedes fez um “elogio” � vacina da Pfizer ao criticar a CoronaVac. "O chin�s inventou o v�rus, e a vacina dele � menos efetiva do que a americana. O americano tem 100 anos de investimento em pesquisa. Ent�o, os caras falam: 'Qual � o v�rus? � esse? T� bom, decodifica'. T� aqui a vacina da Pfizer. � melhor do que as outras", disse o ministro na em reuni�o do Conselho de Sa�de Complementar, sem saber que o evento era transmitido nas redes sociais.
No entanto, a vacina n�o foi criada por americanos. O grande respons�vel pelo imunizante foi o laborat�rio alem�o BioNTech. � frente do projeto est� o casal de imigrantes turcos �zlem T�reci e Ugur Sahin.