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Estado de Minas PANDEMIA

COVID: para pagar conta de hospital, fam�lias fazem 'vaquinhas' e rifa

Relatos de d�vidas com institui��es particulares se multiplicam nas redes sociais; fam�lias buscam ajuda de conhecidos e desconhecidos para pagar contas


21/06/2021 08:06 - atualizado 21/06/2021 09:32

(foto: B�rbara Cabral/Esp. CB/D.A Press)
O avan�o da COVID-19 nas cidades brasileiras em 2021, ano em que os indicadores da pandemia bateram recordes no Pa�s, levou diversas fam�lias a recorrer a servi�os de hospitais privados em momentos de urg�ncia, na expectativa de conseguir acesso a leitos e assist�ncia que n�o encontraram na rede p�blica. Agora, diante de contas com cifras que chegam a centenas de milhares de reais, se mobilizam para honrar as d�vidas que se acumularam .

Relatos de d�vidas com institui��es particulares de sa�de se multiplicam nas redes sociais. S�o fam�lias que buscam ajuda de conhecidos e desconhecidos para pagar contas de hospital.

Em alguns casos, os pacientes n�o sobreviveram e o luto se mistura � batalha para reunir a quantia devida. A mobiliza��o tamb�m envolve rifas e vaquinhas online e gente que teve de vender ve�culos e at� a pr�pria casa.

Segundo entidades de hospitais privados e especialistas, os custos para internar pacientes, j� elevados, cresceram ao longo do ano, por causa da alta no pre�o dos rem�dios , como o kit intuba��o. Nessas situa��es, apontam, h� ainda risco grande de inadimpl�ncia.

Enquanto a fam�lia de Gustavo Ferreira, de 22 anos, enfrenta um processo doloroso ap�s a morte prematura do jovem, tamb�m deve enfrentar outra adversidade: uma d�vida hospitalar que chega a R$ 219 mil. "A gente foi surpreendido com a conta do hospital", afirma Victor Vasconcelos, primo de Gustavo.

A primeira conta lan�ada pelo Hospital Santa Juliana, em Rio Branco, foi de R$ 104.795,55 e somente o gasto com medicamentos ultrapassa R$ 60 mil. Imersos nessa situa��o, o processo de luto foi negado aos pais de Gustavo.

"Quis dar aos meus tios o direito de sofrer", diz Victor, que iniciou uma campanha online para auxiliar o pagamento da d�vida. Por se tratarem de contas altas, mesmo ap�s significativa mobiliza��o nas redes sociais, a vaquinha ainda n�o alcan�ou um ter�o do valor total necess�rio .

Transfer�ncia

Logo quando a fam�lia da educadora Eliete Maia, de 42 anos, soube que a situa��o dela era grave - 90% do pulm�o comprometido -, cogitou-se transferi-la do hospital p�blico em que estava internada na capital acriana para o Santa Juliana, o mesmo em que Gustavo ficou hospitalizado. A possibilidade foi descartada rapidamente ap�s indica��es de m�dicos locais que orientaram mover a paciente para um hospital de S�o Paulo, onde Eliete teria mais assist�ncia.

Entretanto, no auge da pandemia , a luta pela vida requer gastos elevados. Com um dep�sito inicial de R$ 50 mil, Eliete foi transferida para o Hospital Incor, na capital paulista, no dia 11 de junho. Segundo a sobrinha dela, Patr�cia Andrade, a di�ria do centro m�dico chega a R$ 10 mil e os honor�rios m�dicos alcan�am R$ 2 mil.

Para pagar toda a conta m�dica, Patr�cia tamb�m promoveu uma vaquinha online para arrecadar recursos e a fam�lia j� recorreu a empr�stimos, vendeu um carro e colocou a casa � venda. "A vida dela � tudo", afirma a sobrinha.

Sobreviventes que receberam alta do hospital tamb�m foram surpreendidos com uma d�vida alta. � o caso do professor Alexandre Guidice, de 35 anos. Mesmo com plano de sa�de, ap�s dez dias de interna��o no Hospital Primavera, em Aracaju, o professor foi recebido com uma fatura de mais de R$ 100 mil. "S�o valores que a gente n�o sabe de onde tiram", afirma a mulher, Mariana Moura, de 31 anos.

Ela relata que, enquanto o marido estava intubado , a conta foi enviada via aplicativo de mensagens sem detalhamento de quais servi�os estavam inclu�dos na cobran�a. O valor � referente aos tr�s dias em que o plano n�o cobriu as despesas da interna��o. Sem condi��es para quitar a d�vida , Mariana agiu de imediato e, assim como boa parte dos endividados, lan�ou uma campanha virtual.

Com as doa��es, conseguiu pagar 40% da conta, mas o restante continua em negocia��o. Apesar da preocupa��o com a d�vida, hoje ela tenta se concentrar na recupera��o de Guidice, que ainda necessita de fisioterapia, fonoaudiologia e cuidados extras com uma les�o na perna que adquiriu durante a interna��o .

Os pais internados e uma conta dif�cil de ser ignorada: esse tamb�m foi o cen�rio enfrentado pela jornalista Narjara Costa, de 37 anos. Para internar a m�e Edileusa, de 61 anos, no hospital privado S�o Camilo em Macap�, vendeu seu carro e deu entrada de R$ 15 mil.

Pouco tempo depois, o pai Ronaldo, de 64 anos, tamb�m precisou ser internado por causa da COVID-19. Os custos das perman�ncias na UTI alcan�aram R$ 30 mil, por dia. "Muitas pessoas falaram que eu era corajosa por fazer isso, mas o que voc� n�o faz por quem voc� ama?"

Edileusa recebeu alta do hospital, mas Ronaldo n�o sobreviveu. Em meio � dor do luto, as d�vidas n�o param de se acumular. Para obter recursos , Narjara recorreu a rifas e vaquinhas nas redes sociais. Da conta de R$ 318 mil, ainda restam R$ 227 mil.

A casa de Edileusa foi colocada � venda, mas o processo de negocia��o da d�vida est� parado, segundo a fam�lia, por causa de entraves com o Hospital S�o Camilo. "Eles pressionam muito e n�o negociam. E quando negociam � muito dif�cil de pagar. Ali voc� tem de ter dinheiro ", afirma Narjara.
(foto: AFP / Daniel DUARTE)

Press�o da pandemia

Cobran�as de valores altos n�o envolvem, necessariamente, pre�os abusivos ou irregulares, mas ilustram a press�o causada pela crise sanit�ria. A Federa��o Nacional de Sa�de Suplementar (FenaSa�de) divulgou neste m�s comunicado no qual detalha os custos das interna��es privadas de COVID-19.

Segundo a organiza��o, em abril, o custo m�dio por paciente por m�s em UTI estava em R$ 100,6 mil, aumento de 27% em rela��o ao m�s de janeiro, varia��o que tamb�m se relaciona com a alta de pre�o dos medicamentos do chamado kit intuba��o.

"Se envolver intuba��o e ventila��o mec�nica, os materiais e medicamentos utilizados s�o extremamente caros. Al�m disso, numa UTI a equipe assistencial fica ao lado do paciente 24 horas", diz Walter Cintra, professor da Escola de Administra��o de Empresas de S�o Paulo da FGV.

Isso pode explicar as altas faturas recebidas no caso de pessoas que precisaram recorrer ao sistema privado de sa�de. Esses eventos catastr�ficos, como s�o chamadas as interna��es de pacientes em estado grave, tamb�m apresentam um enorme risco de inadimpl�ncia, uma vez que muitos pacientes s�o internados em um ato de desespero da fam�lia.

Como sa�da para evitar d�vidas de interna��es, conforme Cintra, os hospitais particulares costumam tentar transfer�ncia do paciente para um hospital p�blico. "O que, no presente caso, � muito dif�cil de conseguir, uma vez que o paciente buscou o servi�o privado exatamente por n�o conseguir vaga no SUS."

Embora cada hist�ria apresente algum problema particular, a realidade que enfrentam � um reflexo estrutural do esgotamento nos hospitais p�blicos brasileiros . "H� uma demanda de assist�ncia superior � capacidade de atendimento", afirma Cintra.

Enquanto o Brasil j� registra mais de 500 mil mortos pela COVID-19, reverter essa situa��o pode ser uma tarefa �rdua e que deve se estender a longo prazo.

Associa��o

Procurada pela reportagem, a Associa��o Nacional de Hospitais Privados (Anahp), em nota, respondeu que a legisla��o impossibilita o pagamento antecipado em casos de emerg�ncia . Al�m disso, os acordos s�o permitidos entre paciente, hospital e seguradora.

Sobre situa��es semelhantes �s que foram apresentadas nesta reportagem, a Anahp afirma que "n�o pode nem deve participar ou conhecer detalhes de opera��es comerciais ou financeiras de seus associados".

At� o domingo, nenhum dos hospitais mencionados respondeu aos questionamentos enviados pelo jornal O Estado de S. Paulo.

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