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Estado de Minas PESQUISA

�rea de minera��o e garimpo no Brasil cresceu 6 vezes entre 1985 e 2020

Estudo in�dito revela impactos da extra��o mineral por ind�strias e garimpos. Ocupa��o de terras ind�genas por garimpeiros aumentou 495% na �ltima d�cada


29/08/2021 22:01 - atualizado 30/08/2021 00:02

Mineração ilegal em território indígena no Pará: a extração de ouro correspondia em 2020 a 86,1% de todas as áreas com garimpeiros no país
Minera��o ilegal em territ�rio ind�gena no Par�: a extra��o de ouro correspondia em 2020 a 86,1% de todas as �reas com garimpeiros no pa�s (foto: JOAO LAET/AFP - 28/8/19)

Entre 1985 e 2020, a �rea minerada no Brasil cresceu seis vezes, passando de 31 mil hectares para 206 mil hectares. A expans�o foi medida por meio de an�lises de imagens de sat�lite com o aux�lio de intelig�ncia artificial e foi medida pelo MapBiomas, iniciativa que envolve organiza��es n�o governamentais (ONGs), universidades e empresas de tecnologia. O estudo in�dito avalia as atividades de minera��o industrial e de garimpo.

Segundo o levantamento, em 35 anos, a explora��o mineral saltou de 20.800 hectares (ha) para 98.300ha, enquanto o garimpo subiu de 10.600ha para 107.800ha, superando a �rea da extra��o de min�rio. A atividade mineradora � respons�vel atualmente por 5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Em Minas Gerais, a parcela � de 4% do PIB, segundo a Federa��o das Ind�strias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

O avan�o da �rea ocupada pela extra��o mineral desperta tamb�m a aten��o para a necessidade de mais investimentos na seguran�a na atividade, preocupa��o que aumentou depois das duas trag�dias de rompimentos de barragens de rejeitos de min�rio ocorridas em Minas Gerais: a da Samarco, em Mariana, ocorrida em novembro de 2015, e a da Vale, em Brumadinho, em janeiro de 2019.

“As nossas minera��es industriais n�o evolu�ram do ponto de vista de seguran�a no mesmo tanto que evolu�ram do ponto de vista da efici�ncia da produ��o mineral”, alerta o professor C�sar Diniz, especialista em an�lise espacial do MapBiomas.



A produ��o de ferro (25,4%) e de alum�nio (25,3%) respondem por metade da �rea de minera��o industrial, enquanto a extra��o de ouro � respons�vel por 86,1% da �rea garimpada no Brasil. O estudo aponta ainda que  a expans�o do garimpo coincide com o avan�o sobre territ�rios ind�genas e unidades de conserva��o.

De 2010 a 2020, a �rea ocupada pelo garimpo dentro de terras ind�genas cresceu 495%. No caso das unidades de conserva��o, o crescimento foi de 301%. No ano passado, metade da �rea nacional do garimpo estava em unidades de conserva��o (40,7%) ou terras ind�genas (9,3%). 

"Pela primeira vez, a evolu��o das �reas mineradas � apresentada para a sociedade, mostrando a expans�o de todo o territ�rio brasileiro desde 1985. Tratam-se de dados in�ditos"

Pedro Walfir, professor da UFPA e coordenador do Mapeamento de Minera��o no MapBiomas



As maiores �reas de garimpo em terras ind�genas est�o em territ�rio kayap� (7.602ha) e munduruku (1.592ha), no Par�, e yanom�mi (414ha), no Amazonas e em Roraima. Entre as 10 unidades de conserva��o com maior atividade garimpeira, oito ficam no Par�. As tr�s maiores s�o a APA do Tapaj�s (34.740ha), a Flona do Aman� (4.150ha) e o Parna do Rio Novo (1.752ha).

Ranking de estados com mais minera��o

De acordo com o estudo, Minas Gerais � o segundo estado na lista com mais territ�rio explorado pela minera��o industrial S�o 32.700ha, atr�s apenas do Par�, que tinha 33.600ha no momento da pesquisa. O levantamento do MapBiomas mostra que a expans�o da minera��o industrial no Brasil foi de 2.200ha/ano entre 1985 e 2020. No garimpo, o ritmo de crescimento h� 35 anos era de 1.500ha/ano, mas a partir de 2010 subiu para 6.500ha/ano.

Após 35 anos, bioma amazônico concentra 3 de cada 4 hectares minerados no Brasil
Ap�s 35 anos, bioma amaz�nico concentra 3 de cada 4 hectares minerados no Brasil (foto: YASUYOSHI CHIBA/AFP %u2013 6/8/13)


Em 2020, tr�s de cada quatro hectares minerados no Brasil estavam na Amaz�nia, segundo o estudo. O bioma concentrava 72,5% de toda a �rea, incluindo a minera��o industrial e o garimpo.  Eram 149.393ha, dos quais 101.100ha (67,6%) de garimpo. No caso da minera��o industrial, o bioma amaz�nico abrigava 49,2% da �rea ocupada por essa atividade no pa�s.

“Pela primeira vez, a evolu��o das �reas mineradas � apresentada para a sociedade, mostrando a expans�o de todo o territ�rio brasileiro desde 1985. Trata-se de dados in�ditos, que permitem compreender as diferentes din�micas das �reas de minera��o industrial e garimpo e suas rela��es, por exemplo, com os pre�os das commodities, com as unidades de conserva��o e terras ind�genas”, afirma Pedro Walfir, professor da Universidade Federal do Par� (UFPA) e coordenador do Mapeamento de Minera��o no MapBiomas.

Cidades com mais �reas de minera��o

Os 10 munic�pios brasileiros com maiores extens�es mineradas (industrial e garimpeira) est�o localizados em tr�s estados: Par�, Mato Grosso e Amazonas. Considerada apenas a presen�a da industrial, tr�s munic�pios de Minas entram na lista do top 10: Paracatu (3.116ha), Itabira (2.963ha) e Congonhas (2.405ha).
 

Leia mais: entenda o que � o PL 490 e os impactos sobre as terras ind�genas 

 
“Os produtos da minera��o s�o fundamentais para o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono. Esperamos que esses dados contribuam para a defini��o de estrat�gias para acabar com as atividades ilegais e estabelecer uma minera��o em bases sustent�veis, respeitando as �reas protegidas e o direito dos povos ind�genas, e atendendo aos mais elevados padr�es de cuidado com a biodiversidade, solo e a �gua”, afirma Tasso Azevedo, coordenador-geral do MapBiomas.

Presen�a da minera��o em Minas Gerais

A extra��o mineral gera cerca de 64 mil empregos em Minas Gerais, onde re�ne 1.896 empresas. Os dados s�o da Fiemg. Em todo o Brasil, s�o 7.804 empresas da �rea de minera��o, que juntas somam 227.838 empregos. De acordo com a Fiemg, Minas conta com 134 empresas da extra��o de min�rio de ferro, que geram 37.497 postos de trabalho. Em seguida, aparecem as firmas de extra��o de pedra, argila e areia (1.277 empresas), com 11.039 empregados. O estado tem ainda 75 empresas da extra��o mineral de met�licos n�o ferrosos (10.038 empregos) e 235 empresas de extra��o de minerais n�o met�licos (4.940 empregos).

Peso econ�mico e pedidos de mudan�a

O professor C�sar Diniz, especialista em an�lise espacial do MapBiomas, ressalta que a atividade mineral brasileira � “absolutamente essencial” para a economia do pa�s. Ao mesmo, ressalta a necessidade de investimentos em seguran�a para que trag�dias como as ocorridas em Mariana e Brumadinho n�o se repitam.

Mobilização povos indígenas em Brasília cobrou em agosto preservação de terras
Mobiliza��o povos ind�genas em Bras�lia cobrou em agosto preserva��o de terras (foto: EVARISTO S�/AFP)


“Os insumos gerados pela minera��o representam 5% do PIB, o que � muita coisa. Mas, numa atividade que movimenta muito dinheiro, espera-se um pouco mais de exig�ncia do ponto de vista do rigor ambiental para esse tipo de atividade”, comenta. “Vejo no Brasil a possibilidade de termos uma minera��o de alta tecnologia, de absurda rentabilidade, mas com grandioso respeito pelo meio ambiente. Essas coisas precisam andar juntas para os desastres n�o ocorrerem. Todos os ganhos econ�micos caem por terra com situa��es como as de Mariana e de Brumadinho”, afirma Diniz.

"As nossas minera��es industriais n�o evolu�ram do ponto de vista de seguran�a no mesmo tanto que evolu�ram do ponto de vista da efici�ncia da produ��o mineral"

C�sar Diniz, professor especialista em an�lise espacial do MapBiomas



C�sar Diniz ressalta que a minera��o industrial � um ramo da economia que vem evoluindo h� algum tempo, buscando melhores resultados na atividade. “Ent�o, o que a gente precisa � se esfor�ar para que as grandes mineradoras, assim como evolu�ram absurdamente na sua capacidade de rendimento da extra��o mineral, fa�am da mesma forma uma evolu��o abrupta na import�ncia dada � seguran�a dos seus trabalhadores, t�o importantes quanto ao meio ambiente.”

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O analista do MapBiomas cobra maior atua��o dos �rg�os fiscalizadores para coibir irregularidades e mudan�as na legisla��o brasileira para aumentar o rigor e puni��es. “A gente precisa fazer de fato, fazer um mecanismo de monitoramento. N�o adianta, por exemplo, no caso dos garimpos, a gente esperar que eles se instalem para, ent�o, verificar o dano in loco. E n�o adianta a gente esperar que mais barragens se rompam para se  verificar como � a situa��o do saneamento dos problemas criados”, comenta Diniz. 


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