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Estado de Minas NATUREZA

Veja a hist�ria de supera��o da on�a-pintada Amanaci, v�tima das queimadas

Animal tornou-se um dos principais s�mbolos da neglig�ncia humana, quando inc�ndios devastaram parte do Pantanal. Ap�s um ano, as feridas se recuperaram


21/09/2021 09:28

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(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
O olhar de Amanaci traz uma hist�ria de luta e supera��o. H� um ano,  a on�a-pintada tornou-se um dos principais s�mbolos da neglig�ncia humana  que ocorreu no Pantanal, quando inc�ndios destru�ram parcialmente o para�so de biodiversidade.

Em  meio a milh�es de hectares de mata queimados e milhares de animais mortos , a felina quase teve suas pegadas para sempre apagadas da hist�ria: precisou enfaixar as patas ap�s sofrer queimaduras de terceiro grau. As feridas, hoje, recuperadas, deixaram marcas profundas, pois a on�a-pintada n�o poder� voltar a vagar livremente pelo Pantanal brasileiro. Apesar disso, segue fazendo hist�ria no mundo animal.

Amanaci iniciou o tratamento no Nex no Extinction, um criadouro cient�fico para fins de conserva��o que funciona em Girassol (GO), no Entorno do Distrito Federal. A felina chegou em 21 de agosto, em grande agonia. O fogo destruiu completamente os coxins das quatro patas. A estrutura se assemelha a almofadinhas e permite melhor apoio do animal. A pele estava em carne viva, com exposi��o dos ossos. Ela chegou ao instituto junto com o macho Ousado, que tamb�m tinha feridas das chamas, mas recebeu alta e foi reinserido no Pantanal.

Amanaci n�o p�de ter o mesmo fim. "Ela perdeu parte dos tend�es, e as garras j� n�o saem da pata, ent�o n�o pode mais ca�ar ou se defender, por isso, n�o voltar� ao Pantanal", explica a diretora-executiva Cristina Gianni. A felina dever� continuar no criadouro. "Ela se adaptou bem. Agora, tem um recinto s� dela e, apesar de n�o correr, porque ainda tem um pouco de sensibilidade, se recuperou da queimadura de terceiro grau", garante.

De acordo com a equipe de tratadores, o motivo de Amanaci ter sofrido tantas escoria��es ocorreu porque tentava proteger das chamas uma cria, nascida h� pouco tempo. A conclus�o se deu a partir da observa��o das mamas, que indicavam que ela estava em fase de amamenta��o. "Come�amos a questionar o porqu� da Amaneci ter ficado tanto tempo exposta ao fogo. � um animal predador, que tem os seus sentidos mais avan�ados, ent�o percebe o cheiro da fuma�a, o barulho do fogo. O animal poderia fugir, mas ela n�o o fez. Imaginamos que ela estava com filhote, v�rios ind�cios mostravam isso. A m�e n�o abandona o filhote nunca. Ela tentou, lutou pela sua cria at� o fim", explica o cuidador da Amanaci, Rog�rio Silva.

Futuro promissor

Apesar de n�o retornar ao Pantanal, o futuro da on�a-pintada tende a ser promissor. H� uma semana, mudou de recinto e foi morar ao lado de Guarani, um macho da mesma esp�cie. "Queremos que eles se conhe�am devagarinho para se reproduzirem e, se poss�vel, reintroduzi-lo no Pantanal", explica o diretor-executivo do Nex no Extinction, Silvano Gianni. De acordo com ele, tudo ser� feito com calma. "Deixamos eles perto para que, quando ela entrar no cio, ele j� sinta o cheiro e passe a ter interesse. Vamos esperar cerca de dois ciclos at� abrir as portas e tornar o criadouro um s�", completa.

Guarani faz parte do grupo de on�as-pintadas "humanizadas", ou seja, teve uma rela��o direta com seres humanos. "Quando ele era mais novo, se separou da m�e em um inc�ndio, tamb�m no Pantanal. Se ele for solto, sai em busca de humanos, o que n�o pode acontecer. Tamb�m o colocamos perto da Amanaci para que seu instinto de on�a aflore", detalha Silvano.

Em caso de cria, o diretor-executivo diz que haver� o monitoramento dos filhotes por meio de um colar de GPS. "N�o interferimos na vida dele, mas sabemos onde ele est�. Dessa forma, o pesquisador v� se tem fezes, se comeu. Ou seja, trabalha remotamente com o acompanhamento do indiv�duo que soltamos", diz.

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(foto: AFP / EVARISTO SA)

Recupera��o

A on�a-pintada passou pelo tratamento de aplica��o de c�lulas-tronco. "N�s j� usamos c�lulas-tronco em outra on�a que teve fratura exposta. O material guardado foi usado em Amanaci, at� que reproduziu c�lulas-tronco pr�prias. Isso, provavelmente, foi o que a salvou", avalia Silvano. Al�m disso, a recupera��o contou com os procedimentos de ozonioterapia e laserterapia, que ajudaram a curar a pele queimada das patas. Ao todo, foram 36 sess�es, com anestesia.

A on�a-pintada foi encontrada h� quase dois meses, escondida em um galinheiro em Pocon� (MT), onde se abrigou do fogo. De acordo com o cuidador da Amanaci, Rog�rio Silva, muitos animais que tinham o estado de sa�de semelhante ao dela foram sacrificados. "Amanaci chegou a ir para o corredor da morte, mas � um animal que chama muito a aten��o. � muita responsabilidade de quem d� a ordem no caso de abatimento. At� ent�o, n�o existia nenhum protocolo de como cuidar de um animal queimado. Por meio do tratamento de Amanaci, do que ela nos ensinou, j� existe um protocolo", comemora.

NEX: n�o � extin��o

O Instituto NEX � uma associa��o sem fins lucrativos que mant�m um criadouro cient�fico para fins de conserva��o, definido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov�veis (Ibama) como empreendimento. Com a finalidade de criar, recriar, reproduzir, e manter esp�cimes da fauna silvestre nativa em cativeiro objetivando realizar e subsidiar programas de conserva��o, recebe felinos que ficam abrigados provisoriamente.

Atualmente, o espa�o cuida 24 felinos, sendo 23 on�as de diferentes esp�cies e uma jaguatirica. "S�o animais, de forma geral, que viram suas m�es serem mortas e t�m bastantes sequelas de sofrimento. Quando chegam aqui, a gente tem n�o s� que abrigar, mas tamb�m reabilitar", diz a fundadora e diretora-executiva, Cristina Gianni. A logomarca oficial do instituto � uma on�a-pintada sob a mira de uma arma. De acordo com a fundadora, a escolha pelos felinos surgiu em 2000, quando, at� ent�o, ningu�m os acolhia. "A gente tenta ajudar na conserva��o da on�a-pintada. O cativeiro das on�as que ficam aqui n�o pode ser em v�o. Aqui, aprendemos com elas. Aprendemos que n�o podemos destruir o ambiente, que precisamos preservar", alerta. Para mais informa��es sobre a institui��o,  acesse o site .


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